Os Regimes de Visibilidade no Jardim do Passeio Público no Rio de Janeiro

uma reflexão geográfica e arqueológica da paisagem

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5216/revjat.v5.77405

Palavras-chave:

Jardim. Rio de Janeiro. Paisagem. Imagem.

Resumo

O objetivo deste artigo é demonstrar os regimes de visibilidades construídos na forma configurada do jardim barroco do Passeio Público do Rio de Janeiro, do século XVIII. Assim, apresentamos como os elementos espaciais e a maneira como eles estão posicionados na paisagem servem para manipular e legitimar regimes de verdades ao submeter valores sociais de um grupo sobre outros. A base metodológica desta pesquisa advém do diálogo entre as concepções da Geografia cultural e da Arqueologia da Paisagem. Nesse sentido, destacamos dois regimes de visibilidades a partir da análise das plantas arquiteturais e diversos tipos de imagens como fotografias e pinturas do jardim em foco: o primeiro refere-se aos valores maçônicos através da representação de alguns de seus símbolos e o segundo, aos valores monárquicos e do mundo aristócrático por meio de uma geometria manipuladora e da relação entre luz e sombra. A disposição dos signos no jardim dirige movimentos, estimula afetos e determina pontos de vista.

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Biografia do Autor

Christiane, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, titichgs40@gmail.com

Possui graduação em Arqueologia pela Universidade Estácio de Sá (1998), Licenciatura em História pela Universidade Augusto Mota/RJ (2001), Especialização em Conservação e Restauro de Bens Patrimoniais Imóveis (2016) pelo Senai/RJ e Mestrado em Geografia pela UERJ (2020). Doutorado em Arqueologia pelo Museu Nacional/UFRJ, em andamento.Tem experiência nas áreas de Arqueologia histórica e Pré-histórica. Membro e pesquisadora do grupo de pesquisas Paisagens Híbridas/EBA/UFRJ. 

Rachel de Almeida Moura, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, rachel_amoura@yahoo.com.br

Doutora em Geografia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com Mestrado em Geografia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ - 2009), Bacharelado e Licenciatura em Geografia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ - 2006). Professora Docente I da Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro (SEEDUC) e da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro (SME) e aprovada em 1 lugar para professora substituta do departamento de geografia da UFRJ/2020. Atua principalmente nas seguintes áreas: Geografia Cultural, Geografia Histórica, Patrimônio Cultural. História Ambiental, História do Pensamento Geográfico e Ensino de Geografia.

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Publicado

2023-12-10

Como Citar

MARTINS, C. C.; MOURA, R. de A. Os Regimes de Visibilidade no Jardim do Passeio Público no Rio de Janeiro: uma reflexão geográfica e arqueológica da paisagem. Revista Jatobá, Goiânia, v. 5, 2023. DOI: 10.5216/revjat.v5.77405. Disponível em: https://revistas.ufg.br/revjat/article/view/77405. Acesso em: 18 maio. 2024.

Edição

Seção

Dossiê Documentação da Paisagem