ANÁLISES QUÍMICAS DOS BISCOITOS DE AZULEJOS IMPORTADOS DE PORTUGAL DO INTERIOR DE IGREJAS DOS SÉCULOS XVII E XVIII EM PERNAMBUCO, BRASIL

Autores

Palavras-chave:

Azulejos Portugueses, Difração de raio – X (DRX), Fluorescência de Raio – X (FRX)

Resumo

RESUMO:  Os azulejos portugueses foram bastante utilizados no período colonial como revestimento interno nas igrejas em Pernambuco. Esse tipo de revestimento passou por três fases estéticas e cada uma está associada a um modelo de produção. Assim, nesse estudo foram coletadas amostras de três igrejas, sendo cada uma delas de uma dessas fases. A primeira, do final do século XVII, era composta por azulejos policromos com temas geométricos e produzidos por artesãos. A segunda, da 1ª metade do século XVIII, era composta por azulejos azuis e brancos com temas religiosos e produzidos por mestres pintores. A terceira fase, da 2ª metade do século XVIII, era composta por azulejos policromos (de várias cores) com temas religiosos e pagãos, produzidos em fábricas manufatureiras. A caracterização tecnológica dos 28 fragmentos coletados dessas três fases históricas foi realizada por meio de dois tipos de análises: fluorescência por raio X e difração por Raio X. Esperava-se que as amostras apresentassem composições químicas e mineralógicas que corroborassem essas três fases, porém os resultados expuseram seis perfis tecnológicos independente da fase estética e do modelo de produção. Essa constatação da diversidade tecnológica denota que cada olaria, cada grupo, cada indivíduo trabalhava à sua maneira, embora dentro de padrões sociais, administrativos e estéticos sob a tutela e a fiscalização da coroa. Desta forma, embora o número de fragmentos analisados seja pequeno, apenas 28, em comparação aos azulejos existentes nas igrejas em Pernambuco, a amostragem expôs a diversidade de perfis tecnológicos.

ABSTRACT: Portuguese tiles were widely used in the colonial period as an internal covering in churches in Pernambuco. In this study, samples were collected from three churches, each one associated with an aesthetic phase and a production model. The first, from the end of the 17th century, consists of polychrome tiles with geometric themes and produced by artisans. A second, from the 1st half of the 18th century, composed of blue and white tiles with religious themes and produced by master painters. A third, from the 2nd half of the 18th century, consists of polychrome tiles with religious and pagan themes produced in manufacturing factories. The technological characterization of the 28 fragments collected from these three historical phases was carried out through two types of analysis: X-Ray Fluorescence, to determine the amounts of chemical elements, and X-Ray Diffraction, to identify the minerals. It was expected that the samples from each of these phases would present similar chemical and mineralogical compositions, but the results exposed six technological profiles regardless of the aesthetic phase and the production model. This verification of technological diversity denotes that each pottery, each group, each individual worked in their own way, although within social, administrative and aesthetic standards under the tutelage and supervision of the crown.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Paulo Martin Souto Maior, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Recife, Pernambuco, Brasil.

Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Recife, Pernambuco, Brasil.

Pablo Borba de Barros Goes , Universidade Federal do Pernambuco (UFPE), Recife, Pernambuco, Brasil

Universidade Federal do Pernambuco (UFPE), Recife, Pernambuco, Brasil

Maurílio Amâncio de Moraes , Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Recife, Pernambuco, Brasil.

Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Recife, Pernambuco, Brasil.

Referências

ALVES, Joaquim Jaime; FERREIRA, J. B. Elementos para a história das sociedades entre mestres pedreiros (séculos XVII e XVIII). Separata de: Revista da Faculdade de Letras, Porto, v. 9. 1992. II série.

S. BOUSSEN, D. SGHAIER, F. CHAABANI, B. JAMOUSSI, AND A. BENNOUR, “Characteristics and industrial application of the Lower Cretaceous clay deposits (Bouhedma Formation), SoutheastTunisia: Potential use for themanufacturingofceramic tiles andbricks,” Appl. Clay Sci., vol. 123, pp. 210–221, 2016, Doi: https://doi.org/10.1016/j.clay.2016.01.027

CAETANO, Marcello, Estudo. In: LANGHANS, F. P. de Almeida, As Corporações dos Ofícios Mecânicos: Subsídios para sua história. Lisboa: Imprensa Nacional, 1943. v. 1.

COSTA Marcondes L., SANJAD, Thais A.B.C., PAIVA Rosildo S. The mineralogy and chemistry of the German and Portuguese tiles used to face a historic building in the Amazon region and their natural susceptibility to tropical weathering. Acta Amazonica VOL. 43(3) 323 – 330, 2013. Doi: https://doi.org/10.1590/S0044-59672013000300008

FANNING, Janis e JONES, Mike. A Arte e o Ofício do Azulejo. Editorial Estampa, Ltda. Lisboa, 2001.

FILHO, J. A. G, Silva, J. M. J, JUCÁ, J. M. T. The Movements in the Hills of Olinda, Brazil, In: International Symposium of Engineering Geology of Ancient Works, Monuments and Historical Site (Proceedings), Ed. IAEG - A. A. Balkema, Vol. 2, p. 191-199, Atenas, 1988.

HENRIQUES, Paulo. Museu Nacional do Azulejo. Roteiro. Instituto Português de Museus, 2ª Edição, Lisboa – Portugal, 2005.

LANGHANS, F. P. de Almeida. A Casa dos Vinte e Quatro de Lisboa: Subsídios para a sua história. Lisboa: Imprensa Nacional de Lisboa, 1948.

MAGALHÃES R. S., SANTOS R. M., SILVA A. A. M, MARQUES F. P GOMES E. R. Propriedades e aplicações industriais de argilas do estado do Maranhão / Properties and industrial applications of clays from Maranhão/Brazil. Brazilian Journal of Development Vol 7, No 8 (2021). doi: https://doi.org/10.34117/bjdv7n8-425

MERCURY, J. M. R., PEREIRA, D. D. C., VASCONCELOS, N. D. L. S, CABRAL, A.A. ANGELICA, R.S. Chemical and mineralogical characterization of portuguese ceramic tiles in the historic center of Sao Luis do Maranhao (Brazil): an approximation of the mineralogy and firing temperature of the raw materials. REM-REVISTA ESCOLA DE MINAS. Volume 66Edição 1Página 91-98, 2013. doi: https://doi.org/10.1590/S0370-44672013000100012

PANOZZO, Juliane. Ensinamentos e Aprendizados nas Corporações de Ofício em Portugal entre os Séculos XVI e XIX na Produção Azulejar, Revista, (artigo) CESCON, Temporalidades – Revista de História, ISSN 1984-6150, Edição 23, V. 9, N. 1, p. 294.

PILEGGI, Aristides. Cerâmica no Brasil e no Mundo. Ed. Livraria Martins, São Paulo, 1958

REIS, LYSIE. A liberdade que veio do ofício: práticas sociais e cultura dos artífices na Bahia do século XIX / Lysie Reis, Salvador: EDUFBA, 2012. 329 p.

SANTOS, Reynaldo dos. O Azulejo em Portugal, Ed. Lisboa, Lisboa, 1957.

SIMÕES, J. M. dos Santos. Azulejaria Portuguesa no Brasil (1500-1822), Ed. Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1965.

TEROL, Marylène. Azulejos em Lisboa. Ed. Hervas, Paris, 2002.

The Classification of Terrigenous Sandstones with Matrix and the Problem of Their Nomenclature in Brazil and Portugal: Conceptsand Evolution, Anuário do Instituto de Geociências, 2021, v. 44, 36992.

Downloads

Publicado

2022-07-06 — Atualizado em 2022-12-27

Versões

Como Citar

MARTIN SOUTO MAIOR, P.; BORBA DE BARROS GOES , P.; AMÂNCIO DE MORAES , M. ANÁLISES QUÍMICAS DOS BISCOITOS DE AZULEJOS IMPORTADOS DE PORTUGAL DO INTERIOR DE IGREJAS DOS SÉCULOS XVII E XVIII EM PERNAMBUCO, BRASIL. REEC - Revista Eletrônica de Engenharia Civil, Goiânia, v. 18, n. 1, p. 81–94, 2022. Disponível em: https://revistas.ufg.br/reec/article/view/72247. Acesso em: 19 abr. 2024.