IDENTIDADE, CONHECIMENTOS MUSICAIS E
ESCOLHA PROFISSIONAL: UM ESTUDO COM
IDENTITY, MUSICAL KNOWLEDGE AND PROFESSIONAL CHOICE: A STUDY WITH STUDENTS OF THE MUSIC EDUCATION PROGRAM
Teresa Mateiro - UDESC
c2tanm@desc.br
Juliana Borghetti - UDESC
ju_borghetti@yahoo.com.br
Resumo: Este artigo apresenta dados sobre o perfil dos estudantes do curso de Licenciatura em Música da UDESC, o conhecimento musical prévio à universidade, a escolha profissional, a vida laboral durante o período de formação docente, as expectativas, o vestibular, entre outros. Como instrumentos de coleta de dados foram utilizados questionários, entrevistas focais e documentos escritos. A pesquisa foi orientada teórica e metodologicamente a partir do trabalho conjunto de sete grupos de pesquisadores (Grupo ALFA-EVEDMUS). Estudos semelhantes realizados no Brasil foram também considerados. Como resultados enumeram-se: mais da metade dos estudantes de Licenciatura são homens, têm mais de vinte anos e exercem atividades profissionais paralelas; a maioria escolheu o curso de Licenciatura como segunda opção com o objetivo de ampliar os conhecimentos musicais e, principalmente, para estudar um instrumento musical; boa parte deles não manifestou interesse em trabalhar na rede pública de ensino, mas como professores particulares de instrumento. Trata-se de um estudo que pretende contribuir para o debate acerca da formação do professor de educação musical e, em conseqüência, subsidiar as reformas curriculares dos cursos de Licenciatura. Palavras-chave: Educação musical; Formação inicial; Reforma curricular.
Abstract: This article presents data concerning the profile of the students of the Music Education Program at UDESC, their prior musical knowledge, their choice of education, their labor activities during the university years, their expectations, their university entrance exam and so forth. The research was carried out over one year in the form of questionnaires, focus interviews and written documents. The investigation was theoretically and methodologically based on the work of seven research groups (ALFA-EVEDMUS). Similar studies carried out in Brazil were considered as well. The results show that more than half of the students are boys, they are more than twenty years old and have parallel professional activities; a majority chose the Music Education Program as second option with the objective to develop their music knowledge and mainly to study a music instrument; others did not express interest to work in public schools but as private instrument teachers. It is a study that aims to contribute to the debate about the education of music teachers and, as consequence, support the reforms of Music Education Programs. Keywords: Music education; Initial education; Curricular reform.
ᆳᆳtar questões relevantes à formação de professores de educação musical, foi proposto e desenvolvido durante dois anos (2005-2006) o projeto de pesquisa1 intitulado ‘Educação Musical e Formação Inicial: investigando a partir do currículo’.
ᆳdades (ALFA-EVEDMUS, 2007): Universidad de Granada e Universidad Publica de Navarra (Espanha), Lund University (Suécia), Escola Superior de Educação de Lisboa (Portugal), Universidad Autónoma de Yucatán (Méᆳxico) e Universidad Nacional de La Plata ᆳve tais instituições superiores de ensino está inserido no Programa ALFA (Programa de Cooperação Acadêmica entre a União Européia e América Latina) e tem como principal objetivo cooperar no melhoramento da gestão institucional e acadêmica através da avaliação de programas curriculares de formação de professores de educação musical.
ᆳsil. CERESER (2003) realizou um estudo com quatorze licenciandos de três universidades federais do Rio Grande do Sul para investigar a adequação da formação universitária em relação às demandas pedagógico-musicais na atuação do professor. LOURO (2006a, 2006b) estudou a construção das identidades profissionais dos licenciandos, tendo como ponto de partida a ᆳversidade Federal de Santa Maria.
A reforma curricular do Curso de Licenciatura em Música da ᆳzes e Bases nº 9.394 de 1996, às necessidades regionais e às demandas de estudantes e professores do Departamento de Música. O novo currículo teve início em março de 2005 e o referido projeto de pesquisa iniciou em agosto do mesmo ano2ᆳjeitos participantes, uma vez que são eles os praticantes do currículo em questão.
O curso está estruturado em quatro anos e o regime didático é de créditos semestrais. O total de horas da proposta curricular é de 2.880
horas, sendo 2.280 horas para disciplinas obrigatórias e 600 horas entre as disciplinas eletivas – 390 horas, e as atividades complementares – 210 horas. O projeto político pedagógico estabelece as diretrizes pedagógicas do curso, definindo procedimentos científicos, didático-metodológicos e de gestão educacional.
A estrutura curricular foi proposta a partir dos seguintes eixos: a) ᆳᆳral; c) Conhecimentos que compõem a abordagem pedagógica da docência; d) Prática pedagógica; e, e) Estudos independentes.
Os estudantes, ao término do curso, devem ser capazes de exercer atividades destinadas preferencialmente à educação musical em diversas faixas etárias e níveis sociais. Dessa forma, a Licenciatura em Música não ᆳrária relevante no currículo para tal formação. O perfil do estudante está descrito no Projeto Político Pedagógico (2004) da seguinte forma:
ᆳciando deverá estar apto a atuar como um agente da educação musical na sociedade, promovendo a consolidação do conhecimento musical junto à rede escolar, às instituições culturais e a grupos artísticos. ᆳᆳfessor. (p. 24)
ᆳᆳᆳdos foram: entrevistas, questionários, observação, portfólio e documentos oficiais. Além dos questionários, cujos dados foram analisados também ᆳram elaborados a partir de perspectivas que não se utilizam de modelos matemáticos e sim da descrição, análise e interpretação de dados.
Foram realizadas entrevistas focais com os estudantes do Curso ᆳdantes participaram voluntariamente dos encontros que se realizaram em média duas vezes por mês durante todo o semestre. As entrevistas semiestruturadas seguiram um roteiro previamente elaborado. Também foram ᆳtrevistas foram gravadas em mini-disco ou diretamente no computador do estúdio do Departamento de Música. Posteriormente, foram passadas para CD e transcritas o mais literal possível.
Este mesmo grupo de estudantes respondeu a dois questionários a fim de fornecer dados complementares que não foram contemplados nem nas entrevistas e nem nas observações. Um, respondido no final do primeiro ᆳᆳse período; o outro questionário de múltipla escolha, respondido no final do ᆳde, preferências musicais, horas de estudo, horas de trabalho, entre outros.
ᆳplinas oferecidas para a segunda fase do Curso de Licenciatura em Música. As aulas foram gravadas em fitas 8mm e depois passadas para DVD. Todas ᆳcordaram e autorizaram a filmagem das atividades em sala de aula.
Ressaltamos que foram transcritas 13h30min de entrevistas e 41h20min de vídeos, resultando em uma grande quantidade de material ᆳmente, para os bolsistas deste projeto que não mediram esforços para ouvir, revisar, ouvir novamente e formatar todos os textos. Todas as transcrições ᆳdo em GASKELL (2004), LOIZOS (2004), MYERS (2004) e ROSE (2004).
ᆳᆳnas, confeccionado pelos estudantes voluntários e, o outro, foi o portfólio ᆳᆳᆳlação de trabalhos, textos e partituras trazidos pelos estudantes referentes às mais diversas disciplinas e acompanhados de diferentes argumentos e ᆳbém ser uma compilação de partituras executadas durante as aulas, está acompanhado de entrevistas e reflexões individuais dos estudantes.
ᆳᆳᆳcos, e das provas do vestibular, dados referentes ao corpo docente, projeto político pedagógico, projetos de pesquisa e de extensão e correspondente participação docente e discente.
ᆳᆳᆳzagem e sobre o programa educativo e acadêmico.
ᆳcais, questionários e documentos para descrever e refletir sobre o perfil dos estudantes do curso de Licenciatura em Música, o conhecimento musical prévio à universidade, a escolha profissional e a vida laboral durante o ᆳtionamentos sobre os programas curriculares direcionados à formação de professores de educação musical.
O grupo pesquisado ingressou no curso de Licenciatura em Música da UDESC no primeiro semestre de 2005, momento em que foi implantado
o novo currículo. O referido curso oferecia trinta vagas. Os primeiros trinta ᆳᆳᆳram o curso. Dois estudantes trancaram a matrícula no segundo semestre, sendo que um deles abandonou o curso no primeiro semestre de 2006.
ᆳᆳnos. Vale ressaltar que três estudantes entraram nesta mesma turma por diferentes modalidades: dois deles através de Retorno aos Portadores de Curso de Graduação, e uma aluna por convênio entre universidades internacionais. Assim, este grupo estava formado, naquele momento, por vinte e oito alunos, nove mulheres (32%) e dezenove homens (68%). Da turma original, cinco estudantes abandonaram o curso, quatro do sexo masculino e apenas uma representante do sexo feminino.
Entre os vinte e sete estudantes consultados – um deles, apesar de matriculado, não foi encontrado para colaborar com a pesquisa – a maioria (44%) tinha entre vinte e vinte e quatro anos de idade quando ingressaram no curso, no primeiro semestre de 2005. Apenas 11% estavam acima dos trinta anos e 30% não haviam completado vinte anos. Estes dados podem ser vistos no gráfico a seguir:
Gráfico 1: Faixa etária
A maior parte dos estudantes vive na residência dos pais (56%). Entre os pesquisados é mais freqüente viver com um(a) companheiro(a) (18%) do que com amigos (11%). Apenas três moram totalmente sozinhos (11%), o que indica que grande parte deles tem, possivelmente, com quem dividir tarefas domésticas e os assuntos cotidianos. Poderíamos afirmar que a maioria dos estudantes que ingressaram no Curso de Licenciatura em Música, aqueles que vivem com os pais, são provenientes de Florianópolis ou da região da grande Florianópolis, cidade onde está situada a universidade e, possivelmente, muitos dos demais estudantes são provenientes de outras cidades do Estado de Santa Catarina ou cidades de outros estados brasileiros. Porém, esta informação não foi explorada em nossa investigação.
Sobre a vida laboral constatamos que 78% dos estudantes atuam profissionalmente, sendo que como músicos são 56%, e os demais, representando 22% do grupo desenvolvem atividades em outras áreas não relacionadas à música, como por exemplo, informática. Considera-se aqui a atuação de músico aqueles que tocam em bares, orquestras, festas de casamento, regem e/ou cantam em corais. Acrescenta-se, ainda, que uma parcela considerável dos estudantes possui bolsa acadêmica (41%), seja de extensão, pesquisa ou trabalho. A semana laboral das bolsas é de dez ou vinte horas semanais.
Entretanto, o campo de atuação dos estudantes pesquisados é muito variado, como se pode observar no gráfico 2 (ressaltamos que todas as opções de respostas foram assinaladas pelo menos uma vez, evidenciando a variedade dos locais de atuação desses estudantes ainda nos seus primeiros semestres de graduação): 44% dão aulas particulares, a maior parte em suas casas ou na casa de seus alunos; 22% trabalham em escolas livres de música; 7% atuam em escolas da rede pública e/ou privada de ensino, igrejas ou estúdios; 19% tocam em bares e 11% dos estudantes tocam em orquestras; três estudantes indicaram outros espaços de atuação como corais e festas de casamento.
Gráfico 2: Local onde atuam (Questão com possibilidade de múltiplas respostas)
Considerando que 48% dos estudantes trabalham mais de dez horas semanais e as disciplinas obrigatórias do Curso de Licenciatura em Música ocupam vinte horas semanais, compreendemos a dificuldade em realizar plenamente as diversas tarefas e nos perguntamos sobre os motivos desta sobrecarga. Seria a pura satisfação de trabalhar com música? Ou a abundância de oportunidades? A subsistência, mesmo sabendo que a maioria vive na casa dos pais? O certo é que alguns estudantes sentem falta de tempo para o estudo e para o convívio social. Um estudante, durante uma das entrevistas, diz:
O sentimento é assim, parece que a gente não é colega, parece que a gente é colega de trabalho, a gente já vem para planejar, para trabalhar, e aí, o ambiente da universidade, assim, tanto as pessoas quanto a infra-estrutura tudo, assim, acaba ficando meio desestimulante. Se melhorasse só esse lado nosso... (Informante C2, Masculino, 20 anos)
Questionados se estudavam música antes de ingressarem no curso de Licenciatura, a grande maioria dos estudantes respondeu que sim (89%). A intenção desta pergunta era a de comprovar a hipótese de que todos os classificados no vestibular possuíam algum tipo de conhecimento musical formal anterior ao curso. Entretanto, três estudantes declararam não haver estudado música antes da faculdade, como podemos observar, em uma das entrevistas, na fala de um dos licenciandos:
Eu entrei na faculdade sem uma formação musical, sério, zero por cento. Foi bem legal, porque trabalhou bastante a minha escrita, eu comecei a trabalhar com umas partituras. Por mais que a galera já entre sabendo, não é uma crítica assim, mas eu acho que se acaba trabalhando pouco com a partitura. Em função disso todo mundo já entra sabendo, só o “Zé Mané” que não sabe [R1 ri], que é o meu caso, me ajudou bastante, trabalhei bastante com partitura, foi legal. (R1, Masculino, 23 anos)
Apesar de este estudante afirmar não saber música, ele fazia música quando prestou o vestibular e, por isso, foi aprovado. Neste sentido outro acadêmico confirma:
Muitos aqui já eram músicos antes da faculdade, acho que todo mundo já era músico e tal e tinha vários conhecimentos sobre percepção musical mais ou menos. E aqui meio que a gente sistematizou, organizou as coisas e sabe onde que está cada coisa: intervalos, ritmo é, assim.. (G2, Masculino, 17 anos)
Fica clara aqui a diferença entre ‘saber música’ (ler e escrever) e ‘fazer música’ (tocar um instrumento e/ou cantar). Interessante também é observar o conceito de ser músico. Poderíamos interpretar a fala deste estudante e arriscar dizer que ele assegura que para ser músico não é necessário possuir conhecimentos ‘teóricos’ musicais. Entretanto, deixaremos este debate para uma outra oportunidade.
Praticamente todos os estudantes matriculados no curso de Licenciatura em Música, no primeiro semestre de 2005, prestaram o vestibular em dezembro de 2004, num total de 89%, com exceção de três estudantes que entraram no curso por outras modalidades de acesso, como já mencionado anteriormente. Como se pode ver no gráfico 3 muitos deles prestaram
o vestibular para o referido curso pela primeira vez, uma boa parte pela segunda vez (25%) e apenas 8% dos estudantes prestaram o vestibular três vezes ou mais.
Gráfico 3: Vestibular para o curso de Licenciatura em Música
É importante esclarecer que até o ano de 2004 os candidatos ao Curso de Educação Artística com Habilitação em Música – curso em extinção – realizavam uma prova de conhecimento específico composta por quatro questões dissertativas sobre música e, na segunda etapa, realizavam provas de Redação, Língua Portuguesa, Língua Estrangeira e de conhecimentos acerca do Estado de Santa Catarina. A partir daquele ano, os candidatos passaram a realizar uma prova objetiva de Língua Portuguesa, Língua Estrangeira, conhecimentos acerca do Estado de Santa Catarina, Matemática, Biologia, História, Física, Química e Geografia na primeira fase do vestibular. Na segunda fase acontecem as provas de Redação e prova de conhecimento específico, esta, contendo quatro questões discursivas e uma prova de prática musical (leitura musical e execução instrumental e/ou vocal).
Antes de 2004, a prova específica de música era eliminatória e, por isso, se realizava primeiro, enquanto que agora a nota desta mesma prova é somada às demais notas obtidas nas outras provas. Isso tem gerado algumas conseqüências, pois um candidato pode zerar na prova específica de música e ser aprovado devido às médias alcançadas nas provas de conhecimentos gerais.
Sabemos que é difícil formar uma turma com um nível homogêneo de conhecimentos musicais, pois a formação musical varia muito de candidato a candidato. Por exemplo, em uma escala de zero a noventa (0 a 90), a pontuação do último classificado na prova específica de música do vestibular em 2004/2 foi de cinqüenta pontos (50) e o primeiro lugar alcançou oitenta e quatro pontos e meio (84,5). Estes dados podem ser visualizados no gráfico a seguir:
Gráfico 4: Classificação no vestibular
Conversando sobre o curso e o vestibular durante uma das entrevistas coletivas realizadas com os licenciandos em música, algumas reclamações foram constatadas. Entre elas, registramos a fala de uma estudante que obteve pontuação inferior aos sessenta pontos na prova específica e se sentiu prejudicada na dinâmica do curso, pois reconhece que o curso exige mais conhecimentos do que aqueles que foram solicitados na prova específica de música do vestibular. Ela diz:
Eu acho que tem totalmente a ver com a forma como foi feito o vestibular, entendeu? Quer dizer, mudaram o currículo, mas fizeram um vestibular que a prova foi extremamente fácil. Aí você chega aqui, você se depara com uma coisa que está em outro nível e daí você, sabe? O professor olha pra ti como se... [estudante sente dificuldade em acompanhar o conteúdo e reclama pela falta de compreensão do professor]. (M1, Feminino, 25 anos)
Outro dado interessante, talvez complementar, a estas informações sobre o vestibular é sobre o local de realização do ensino médio. Costuma-se afirmar que os alunos que estudam em escolas particulares têm mais chance de entrar na universidade em virtude de terem recebido melhor preparação durante o ensino médio do que aqueles que estudaram em escolas públicas. Em nossa pesquisa isto se confirma, pois 59% dos estudantes estudaram o tempo todo em escolas particulares e 11% estudaram a maior parte do ensino médio. Um grupo menor (30%) estudou os três anos em escolas públicas.
Curiosos também são os resultados que encontramos sobre a vida universitária desses estudantes. Muitos deles (44%), antes de optar pelo Curso de Licenciatura em Música, já haviam iniciado outro curso superior e não o concluíram. Alguns estudantes (11%) já possuíam formação superior quando prestaram o vestibular para o curso de música e, o mesmo número de estudantes freqüenta outro curso e, a princípio, pretendem fazê-los simultaneamente.
No nosso estudo, o puro apreço pela música foi apontado por 96% dos estudantes como a razão principal de escolherem estudar música. A vocação foi o segundo motivo apontado (44%), embora não tenha sido atribuído nenhum significado específico para o termo, nem por parte da equipe de pesquisa, que elaborou as perguntas, nem pelos estudantes que assinalaram a opção. A escola e a religião (4% cada) tiveram influência na decisão de apenas dois indivíduos. Estes e outros dados podem ser conferidos no gráfico abaixo.
Gráfico 5: Por que escolheram estudar música (Questão com possibilidade de múltiplas respostas)
Sobre a religião não cabe aqui algum comentário, porém sobre a escola vale ressaltar que, no Brasil, realmente não temos a música como disciplina curricular e, talvez pudéssemos arriscar dizer que poucas são as experiências musicais escolares que poderiam ter influência na vida dos alunos. Ainda que a LDB 9.394 promova o ensino da arte como componente curricular obrigatório desde 1996, efetivamente, mesmo antes dessa data, poucas escolas da rede pública de ensino contavam com um professor de música. Frente a esta realidade enfrentamos uma contradição quando oferecemos cursos superiores de música que preparam professores para atuar no ensino fundamental e médio das escolas da rede pública e privada de ensino. Esta não tradição somada a outros fatores, como baixos salários, más condições de trabalho, entre outros, acabam por desencorajar os jovens a trabalhar nas escolas.
Uma das questões do questionário perguntava sobre as razões que levaram o estudante a escolher o Curso de Licenciatura em Música e dava como alternativas as seguintes respostas: para ter acesso, de algum modo, à universidade e ter um curso superior; porque é a única possibilidade de dedicar-se a uma profissão relacionada com música; porque a prova específica no vestibular é mais simples que a do Bacharelado; para ser professor de música; por já atuar como professor; para aperfeiçoar os conhecimentos musicais; outra (razão), solicitando para especificar.
O aperfeiçoamento dos conhecimentos musicais foi a alternativa mais apontada. Esse resultado nos remete a duas questões. A primeira refere-se ao nível de conhecimento musical que os estudantes possuem ao ingressarem no curso de Licenciatura. E, a segunda questão, está relacionada ao tipo de conhecimento que eles mais buscam aperfeiçoar. Dos estudantes pesquisados 89% afirmam ter estudado música antes de ingressar no curso. Entretanto, três deles declararam não haver estudado música ‘formalmente’ antes da faculdade. Os resultados das provas dos vestibulares também nos mostram o nível de conhecimento musical de cada candidato, como vimos e comentamos anteriormente. Sobre a segunda questão, os candidatos demonstram o desejo de aperfeiçoar os conhecimentos musicais no estudo do seu instrumento.
Outros estudantes, explicaram, durante as entrevistas realizadas com o grupo, as razões que os levaram a escolher o curso de Licenciatura, deixando claro que gostariam de focar os estudos no instrumento. A seguir, transcrevemos dois segmentos extraídos de uma das entrevistas:
Eu acabei decidindo por ter visto, também, o currículo que era bem abrangente. A questão dos arranjos, de escrita musical, da linguagem mesmo. Então, eu pensei na Licenciatura como uma ferramenta de também, como eu falei, transmissão de conhecimento pro pessoal que já está tocando, pra aprimorar, assim. Depois de fazer meu curso eu quero estudar meu instrumento que é teclado, mas não sei, fins pedagógicos ou talvez mesmo como arte, mesmo porque também é contribuição para a sociedade. (G2, Masculino, 17 anos) Eu estudo guitarra desde os 14 anos. Eu sou fascinado, né. Eu sou apaixonado e eu queria estudar especificamente esse instrumento, não queria estudar violão. Gosto, tudo bem, é legal, é bonito, etc. Mas, eu quero estudar guitarra. Aí eu não, não tinha condições de me mudar pra São Paulo, que é o único lugar que tem um curso específico pra isso e não encontrei nenhum outro curso aqui na região. E, como aqui não tinha bacharelado no instrumento que eu toco, eu acabei optando pela Licenciatura, mas foi a opção que sobrou assim, né, por eliminação e eu pensei que ia ser um curso mais generalista, ia me ensinar um pouquinho de tudo e me dar uma noção de mercado. Depois, mais tarde, eu ia estudar meu instrumento e me dedicar só a ele. Por isso que eu entrei no curso. (C2, Masculino, 20 anos)
Mais de um entrevistado declarou que não teve muitas opções de escolha de cursos superiores de música, seja pelo grau de dificuldade das provas do vestibular ou pela localização geográfica. Escolheram a Licenciatura como um meio de alcançar outros objetivos. Além do estudo do instrumento, os estudantes falam sobre o estudo da música popular e interesses relacionados à tecnologia e à produção musical.
Eu estou aqui, só que também com a idéia de não ir direto pra educação pura, mas na questão de me especializar nas coisas que eu gosto que é, acho que é produção musical mesmo. Também para me dedicar mais ao meu instrumento. Eu até antes de entrar já estava me assanhando para essa área de educação, mas não educação pra turmas e tal. Mas, é aulas particulares de música que é uma coisa que eu estou fazendo mais agora e não sei se vai ficar nisso, se vai continuar, mas vamos ver. (A5, Masculino, 17 anos)
Observamos que 48% dos pesquisados afirmaram no questionário a vontade de se tornarem professores, porém, nas entrevistas, nenhum deles demonstrou interesse com a educação de crianças e jovens no ambiente escolar, apenas através de aulas particulares. Em nenhum momento assumiram o desejo de tornarem-se professores de ensino regular, como podemos observar também no testemunho seguinte: “A parte da música popular que é o que me interessa e a Licenciatura veio de bandeja porque eu gosto de dar aula e, vamos ver, não pretendo dar aula em escolas, assim, com criançada” (C3, Feminino, 25 anos).
O curso de Licenciatura em Música destina-se à formação de professores para o ensino fundamental e médio, seja para atuarem em escolas da rede pública ou privada de ensino. Entretanto, o campo de atuação destes estudantes é, ainda, constituído de aulas particulares, a maior parte em suas casas ou na casa de seus alunos (44%), em escolas livres (22%), redes pública e privada, projetos comunitários e ONGs, Igreja e estúdios ficaram empatados com 7% dos estudantes atuando. Os músicos populares, que tocam em bares (19%) não são muitos mais do que os de orquestra (11%) e três estudantes indicaram outros espaços de atuação como corais e festas de casamento.
Gráfico 6: Atuação profissional (Questão com possibilidade de múltiplas respostas)
Considerando as declarações extraídas das entrevistas, a grande parte dos licenciandos não se identifica com a carreira de professor ou, pelo menos, não expressa. Porém, através do questionário, levantamos a informação de que 52% dos estudantes dão aulas de instrumento e 22% de matérias teóricas, ou seja, trabalham como professores. Contrapondo a afirmação de que a grande maioria deles não se refere à carreira do magistério com entusiasmo e como primeira opção, encontramos em uma das entrevistas um depoimento de uma estudante que demonstra certo envolvimento com a educação. Ela diz:
Dou aula de música pra criança, é, particular, pra criança, pra adulto, então faz tempo já, faz uns dez anos que eu dou aula. Então, é muito legal porque tudo que eu aproveito das aulas [referindo-se às aulas do curso de Licenciatura], eu aproveito pra eles [para os seus alunos] também. (C3, Feminino, 25 anos)
A partir deste fragmento de entrevista destacamos que tal depoimento veio de uma estudante mulher e não de um homem. Todos os demais depoimentos que temos são de estudantes homens que afirmam não terem escolhido o magistério como primeira opção – é importante aqui levar em conta que 68% dos estudantes são homens. Segundo, a estudante já atua como professora há alguns anos e, em conseqüência, sente-se motivada a estudar para continuar na profissão. Terceiro, estabelece relações entre o ‘aprendido’ nas aulas do curso de Licenciatura e a necessidade de aprendizagem de seus alunos, ou seja, está atenta e demonstra interesse em crescer como profissional.
Este estudo teve como principal objetivo subsidiar o processo de avaliação do programa curricular do Curso de Licenciatura em Música da UDESC implantado em março de 2005. Apresentamos aqui um recorte de uma pesquisa mais abrangente, ressaltando dados sobre os estudantes que, historicamente, sabemos que foram mudando. Por exemplo, poderíamos dizer que vinte anos atrás em uma turma do curso de Licenciatura em Educação Artística com Habilitação em Música, curso equivalente à atual Licenciatura em Música, a maioria eram mulheres. No grupo pesquisado, no primeiro semestre de 2006, estavam matriculados vinte e oito estudantes, dezenove homens e nove mulheres. Perguntamos se os homens buscam a Licenciatura para se formarem como professores ou para estudar música. Não descartamos a hipótese de considerar ambas alternativas, assim como fazemos a mesma pergunta sobre as mulheres. E acrescentamos outra: Quais os cursos superiores que estão sendo escolhidos pelas jovens estudantes?
A idade, a vida profissional e o curso de Licenciatura em Música como segunda opção também nos chamaram atenção. Se levarmos em conta que os estudos universitários podem iniciar aos dezoito anos, a idade média encontrada pode ser considerada ligeiramente mais elevada. Este ligeiro tardio início pode ser explicado a partir de diversos fatores: (a) estudos paralelos de música em conservatórios, escolas livres ou professores particulares; (b) não aprovação no primeiro vestibular; (c) participação regular em grupos musicais; (d) muitos dos estudantes já trabalham e, por diferentes motivos, desejam obter um curso superior.
O número de estudantes que trabalha é bastante significativo, alcançando 78%. Destes, 26% dedicam-se à vida profissional mais de dez horas por semana. A bolsa acadêmica não é considerada uma atividade profissional, mas está inserida neste argumento por também envolver trabalho e remuneração. Fomos surpreendidos com a porcentagem de 41% de estudantes que, ainda no terceiro semestre do curso já estão inseridos nos programas de bolsas oferecidas pela universidade. Poderíamos, assim, dizer que todos os estudantes do grupo pesquisado têm alguma atividade profissional. Como os programas curriculares de formação docente e, especificamente o da UDESC, foram concebidos ou estão sendo elaborados diante desta realidade? Como as experiências e os conhecimentos dos estudantes têm sido valorizados ao longo do curso?
Mais da metade dos estudantes escolheu o curso de Licenciatura em Música como segunda opção. Este dado nos remete a diversas reflexões e nos instiga a realizar outros estudos que possam aprofundar esta questão. Por hora nos limitamos a perguntar: O que leva os jovens a trocar de curso? Ou a não permanecer no curso que escolheram como primeira opção? É possível realizar, paralelamente e com qualidade, dois cursos superiores? Porque jovens já formados em outra carreira escolhem recomeçar os estudos acadêmicos? Sobre o vestibular podemos dizer que o processo adotado pela universidade não favorece o perfil de candidato desejado pelo Departamento de Música da UDESC, pois mesmo que o candidato tenha obtido zero nas provas específicas de música ele poderá ser aprovado.
Como mencionamos anteriormente, 89% dos estudantes estudavam música antes da faculdade e prestaram vestibular para o curso com o objetivo de formalizar e ampliar seus conhecimentos. O desejo por um aperfeiçoamento voltado para o instrumento ficou claro nos depoimentos que, eventualmente, cria uma contradição com o foco do curso, que é o de formar educadores musicais e não professores específicos de instrumento. A Licenciatura em Música da UDESC, para alguns, representa a única opção em cursos superiores de música na região, na ausência de um bacharelado no instrumento predileto, se fosse o caso. Ainda que a UDESC ofereça o curso de Bacharelado em Música com opções em Piano, Violino, Viola e Violão, parece não estar atendendo plenamente às demandas locais e regionais. Fica a pergunta: qual a relação entre a demanda dos estudantes e a criação de novos cursos?
Por outro lado, alguns jovens optam pelo curso de Licenciatura em Música ignorando a abrangência da educação musical e no decorrer do curso, mais especificamente quando iniciam os estágios curriculares, vão descobrindo o real objetivo: ser professor de música. Este grupo, objeto de nossa investigação, se formará somente no final de 2008, por isso, ainda não temos dados para saber quantos estudantes concluirão o curso e o que farão após essa etapa. Constatamos, a partir das entrevistas, que dentro do índice de 48% dos licenciandos que pretendem se tornar professores, nenhum deles manifestou espontaneamente a vontade de trabalhar na rede pública de ensino, mas sim como professores particulares de instrumentos e/ou professores em escolas livres de música. Daqueles 78% dos estudantes que afirmaram exercer alguma atividade profissional, 52% destes inclusive já ministram aulas de instrumento. Paralelamente a essa questão, contrapõe-se o Curso de Licenciatura em Música no contexto educacional brasileiro. O que significa estudar para ser professor de música em um país onde não há tradição alguma de educação musical no contexto escolar? Onde trabalham os profissionais graduados em Licenciatura? Esta seria outra questão a ser investigada no contexto do estado de Santa Catarina.
1 Pesquisa financiada pela PROPG/UDESC através do Programa de Apoio à Pesquisa (PAP), CNPq através do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC/UDESC) e Comissão Européia através do Programa de Cooperação Acadêmica entre a União Européia e América Latina (ALFA).
2 No segundo semestre de 2005 participaram deste projeto a professora Daniela Dotto Machado, como pesquisadora voluntária e os acadêmicos Juliana Lhullier Borghetti, Ramon Franco Sezerino e Person Francisco Schlickmann como bolsistas. No primeiro semestre de 2006 participaram, como bolsistas, os acadêmicos Juliana Lhullier Borghetti, Ramon Franco Sezerino e Romy Martinez.
3 Alguns destes dados foram apresentados na II Jornada de Pesquisa do CEART e XVI Seminário de Iniciação Científica da UDESC (2006), no 13º. Simpósio Paranaense de Educação Musical (2007) e no X Encontro Regional da ABEM – Região Sul (2007).
BORGHETTI, Juliana; MATEIRO, Teresa. Estudantes do Curso de Licenciatura em Música da UDESC. In: II JORNADA DE PESQUISA DO CEART e XVI SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UDESC, 2006, Florianópolis. Anais... Florianópolis: UDESC, 2006. Cd-rom.
CERESER, Cristina M. I. A formação dos professores de música sob a ótica dos alunos de licenciatura. Dissertação de Mestrado. Curso de Pós-Graduação Mestrado e Doutorado em Música, UFRGS, Porto Alegre, 2003.
GASKELL, George. Entrevistas individuais e grupais. In: BAUER, Martin W.; GASKELL, George. (Ed.). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som. 3. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004, p. 64-89.
LOIZOS, Peter. Vídeo, filme e fotografias como documentos de pesquisa. In: BAUER, Martin.W.; GASKELL, George. (Ed.). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som.
3. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004, p. 137-155.
LOURO, Ana Lúcia. Identidades Profissionais em construção: Tematizando as relações entre teorias e práticas. In: XV ENCONTRO ANUAL DA ABEM, 2006, João Pessoa. Anais... Porto Alegre: ABEM, 2006b. Cd-rom
_______. Velhas questões em um novo currículo: Estudando narrativas de licenciandos da UFSM. In: 12º. SIMPÓSIO PARANAENSE DE EDUCAÇÃO MUSICAL e IX ENCONTRO REGIONAL DA ABEM – REGIÃO SUL, 2006, Londrina. Anais... Londrina: UEL, 2006a. Cd-rom.
MATEIRO, Teresa. A formação do educador musical em tempos de mudança. In: 12º. SIMPÓSIO PARANAENSE DE EDUCAÇÃO MUSICAL e IX ENCONTRO REGIONAL DA ABEM – REGIÃO SUL, 2006, Londrina. Anais... Porto Alegre: ABEM, 2006. Cd-rom.
MYERS, Greg. Análise da conversação e da fala. In: BAUER, Martin W.; GASKELL, George (Ed.). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som. 3. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004, p. 271-292.
ROSE, Diana. Análise de imagens em movimento. In: BAUER, Martin W.; GASKELL, George (Ed.). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som. 3. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004, p. 343-364.
SEZERINO, Ramon; MATEIRO, Teresa. A formação instrumental dos estudantes do Curso de Licenciatura em Música da UDESC. In: II JORNADA DE PESQUISA DO CEART e XVI SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UDESC, 2006, Florianópolis. Anais... Florianópolis: UDESC, 2006. Cd-rom.
Documentos
Projeto Político Pedagógico do Curso de Licenciatura em Música da UDESC, 2004.
ALFA – EVEDMUS. Relatório do Grupo de Pesquisa. Material impresso, 2007.
INFORMANTE A5. Entrevista cedida a Teresa Mateiro em 26 de agosto de 2005. Florianópolis (SC). Gravação em mini-disco. Auditório do Departamento de Música da UDESC.
INFORMANTE C2. Entrevista cedida a Teresa Mateiro em 26 de agosto de 2005. Florianópolis (SC). Gravação em mini-disco. Auditório do Departamento de Música da UDESC.
INFORMANTE C2. Entrevista concedida a Teresa Mateiro em 21 de outubro de 2005. Florianópolis (SC). Gravação em mini-disco. Auditório do Departamento de Música da UDESC.
INFORMANTE C3. Entrevista cedida a Teresa Mateiro em 19 de agosto de 2005. Florianópolis (SC). Gravação em mini-disco. Auditório do Departamento de Música da UDESC.
INFORMANTE C3. Entrevista cedida a Teresa Mateiro em 26 de agosto de 2005. Florianópolis (SC). Gravação em mini-disco. Auditório do Departamento de Música da UDESC.
INFORMANTE G2. Entrevista cedida a Teresa Mateiro em 26 de agosto de 2005. Florianópolis (SC). Gravação em mini-disco. Auditório do Departamento de Música da UDESC.
INFORMANTE G2. Entrevista concedida a Teresa Mateiro em 19 de agosto de 2005. Florianópolis (SC). Gravação em mini-disco. Auditório do Departamento de Música da UDESC.
INFORMANTE M1. Entrevista cedida a Daniela Machado em 16 de setembro de 2005. Florianópolis (SC). Gravação em mini-disco. Auditório do Departamento de Música da UDESC.
INFORMANTE R1. Entrevista concedida a Teresa Mateiro em 11 de novembro de 2005. Florianópolis (SC). Gravação em mini-disco. Auditório do Departamento de Música da UDESC.
Teresa Mateiro – Doutora em Educação Musical pela Universidad del País Vasco, Espanha. Professora efetiva do Departamento de Música do Centro de Artes (CEART) da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Foi Coordenadora dos Cursos de Música durante o biênio 2003-2005. Foi Diretora Regional (2001-2003) e Tesoureira (2003-2005) da Associação Brasileira de Educação Musical (ABEM). Como pesquisadora tem coordenado e participado de projetos na área de formação de professores de educação musical.
Juliana Borghetti – Ingressou no curso de Licenciatura em Música na Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) em 2005. Foi bolsista de iniciação científica (PIBIC/UDESC). Integrou a direção da Associação dos Profissionais de Música de Santa Catarina (APMUSICA) de 2003 a 2005. Desde 1999, apresenta-se como cantora em casas noturnas e eventos em geral. Conquistou o 1º lugar em abril de 2003, no Show de Calouros de Santo Amaro (SC). Ministra aulas de Canto Popular e participa como monitora no Coral da UDESC.