Revista Música Hodie, Goiânia - V.13, 362p., n.1, 2013

MADUREIRA, B. C. P. Silva Dionísio no Brasil com a Banda Sinfônica da GNR: o nascimento de uma cooperação musical?

Revista Música Hodie, Goiânia, V.13 - n.1, 2013, p. 242-256.

Silva Dionísio no Brasil com a Banda Sinfônica da GNR:

o nascimento de uma cooperação musical?

Bruno César Pinto Madureira (Universidade de Coimbra / Universidade Nova de Lisboa, Coimbra/Lisboa, Portugal) brunofcsh@gmail.com

Resumo: Em 1965 a Banda Sinfónica da Guarda Nacional Republicana (GNR) deslocou-se ao Brasil a fim de repre- sentar Portugal nas comemorações do “IV Centenário da Fundação da Cidade do Rio de Janeiro”. Além do enorme sucesso artístico alcançado nas apresentações públicas, foram lançadas as bases para uma posterior colaboração e intercâmbio artístico entre ambos os países, muito graças ao chefe desta banda – o maestro Manuel da Silva Dioní- sio (1912-2000). Para fazer o levantamento das informações relativas a este maestro e a esta banda e em concreto à viagem efetuada ao Brasil em 1965, percorremos o espólio pessoal do maestro Silva Dionísio, que se encontra no Arquivo da Banda Sinfónica da GNR ainda por catalogar. Este trabalho pretende contribuir para o conhecimento e a compreensão da relação musical existente entre Portugal e o Brasil nas décadas de 60 e 70 do século XX, particular- mente a ligação do maestro Silva Dionísio e da Banda Sinfónica da GNR com aquele país, bem como os posteriores frutos dos contatos lá estabelecidos.

Palavras-chave: Silva Dionísio; Banda Sinfónica da GNR; Música Brasil.

Silva Dionísio in Brazil with the Symphonic Band of GNR: the birth of a wave of musical cooperation?

abstract: In 1965 the Symphonic Band of the Portuguese National Republican Guard (Guarda Nacional Republicana, or GNR) travelled to Brazil in order to represent Portugal in the celebration of the “IV Centennial Anniversary of the Foundation of the City of Rio de Janeiro”. In addition to the remarkable artistic success achieved with its public ap- pearances, this tour provided the groundwork for much ensuing cultural collaboration and exchange between the two countries, which owed much to the head of that band, maestro Manuel da Silva Dionísio (1912-2000). In order to collect information on this maestro, his band, and particularly to the trip to Brazil in 1965, we have surveyed mae- stro Silva Dionísio’s personal archive, which is kept amidst the still uncatalogued Archive of the Symphonic Band of GNR. With this work, we intend to contribute toward expanding the knowledge and understanding of the musi- cal relations between Portugal and Brazil in the 60s and 70s of the 20th century, and most particularly the connec- tion of maestro Silva Dionísio and the Symphonic Band of GNR with that country, as well as the later results of the contacts established on that occasion.

Keywords: Silva Dionísio; Symphonic band of GNR; Brazilian music.

1. Introdução

Foi sob a direção do maestro Manuel da Silva Dionísio (1912-2000) que a Banda Sinfónica da Guarda Nacional Republicana (GNR) de Portugal atingiu um dos seus períodos mais áureos, apresentou-se nas salas mais importantes de Portugal e atuou em diversos pa- íses. Um desses países foi o Brasil, em 1965, cujo sucesso foi estrondoso, como comprovam os artigos dedicados a este agrupamento em vários jornais brasileiros da época, os quais se- rão aludidos mais à frente. Foram também inúmeros e posteriormente frutíferos os contac- tos que Silva Dionísio estabeleceu além atlântico, destacando-se a amizade duradoura com os compositores José Siqueira e Camargo Guarnieri.
Após uma breve descrição sobre quem foi o maestro Silva Dionísio, será feita men- ção à primeira viagem da Banda Sinfónica da GNR ao Brasil, realizada em 1930, e serão des- critos, na secção seguinte, os preparativos para a segunda viagem, a qual se insere no nosso objeto de estudo.
Seguidamente são descritas as atuações em solo brasileiro, nomeadamente os locais de atuação, o reportório executado e os respetivos compositores, que eram maioritariamente portugueses e brasileiros. Nesta secção é ainda descrito a tentativa de participação num fes-

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tival de bandas militares organizado na cidade do Rio de Janeiro, sendo que a secção subse- quente é dedicada ao enorme relevo que as atuações da Banda Sinfónica da GNR tiveram na imprensa brasileira, incluindo após a mesma banda ter regressado a Portugal.
Podemos considerar a derradeira secção como a mais relevante, pois é nela que é estudado objetivamente o intercâmbio musical luso-brasileiro no período em estudo. Nesta secção são descritas as colaborações profissionais entre o maestro Silva Dionísio e algumas das maiores personalidades musicais do Brasil1, fruto das amizades que lá tra- vou. Ainda nesta secção é referenciado o convênio assinado entre a União de Músicos do Brasil e o Estado Português para a ida e permanência no Brasil de vários instrumen- tistas com objetivos pedagógicos, um projeto idealizado por Silva Dionísio, bem como a forma como foi divulgada a música dos compositores brasileiros e portugueses em am- bos os países.
Descrever toda esta viagem, a respetiva preparação, atuações musicais e receções pela crítica brasileira, bem como compreender a existência de um intercâmbio musical entre Portugal e Brasil e entre Silva Dionísio e alguns músicos brasileiros durante e após essa viagem, é, pois, o principal objetivo deste artigo, apoiado essencialmente em pesquisa documental.

2. Maestro Silva Dionísio

Considerado uma das personalidades mais relevantes e influentes do século XX no âmbito da história da música para sopros em Portugal, Silva Dionísio (1912-2000) foi maestro, compositor, promotor, professor e clarinetista. Foi sob a sua direção que a Banda Sinfónica da GNR atingiu um dos seus períodos mais áureos, tendo obtido inúmeros êxitos, tanto em Portugal como nas digressões feitas ao estrangeiro. Pertenceu também aos qua- dros da Fnat/Inatel2 e foi durante a sua passagem por este organismo, que o mesmo teve a sua fase mais profícua e relevante no âmbito do apoio à música amadora, particularmente às bandas filarmônicas.
Silva Dionísio foi uma personagem multifacetada. Além da sua carreira de mú- sico militar, esteve ligado ao Inatel e colaborou com a Fundação Calouste Gulbenkian, a Academia dos Amadores de Música, a Academia de Música de Luanda, com o Conselho Português da Música, com a Orquestra Filarmónica de Lisboa e Orquestra do Instituto de Angola, com o Departamento de Orquestras da Radiodifusão Portuguesa (RDP), com o Montepio Filarmônico, com a Associação Portuguesa de Educação Musical (APEM), com a Secretaria de Estado da Cultura e com várias bandas filarmônicas. Tem também publicada uma vasta obra musical e literária, parte dela ainda hoje considerada como referência.

3. Antes da viagem

Antes do maestro Silva Dionísio ir ao Brasil pela primeira vez com a Banda Sinfónica da GNR já a reputação e o prestígio deste agrupamento musical era muito aprecia- do pelo povo brasileiro graças, sobretudo, à visita que a mesma fez aquele país em Outubro e Novembro de 1930, dirigida então pelo reputadíssimo maestro Joaquim Fernandes Fão (1877-1947), ilustre maestro que dirigiu também a Orquestra Sinfônica de Lisboa entre 1920 e 1930. Nesse ano a banda efetuou concertos no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Santos,

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todos eles muito divulgados e amplamente elogiados na imprensa. Magdalena da Gama
Oliveira escreveu no Diário Carioca do dia 15/11/1930 que,

(...) Tudo forma um total mais que arrebatador, quase que podemos qualificar de ele- trizante, pois nossos nervos ficam possuídos de tal vibratilidade, como se nós mesmos fossemos outros tantos instrumentos, postos em harmonia por o arco sobre-humano e incomparável.

Imbassaby referiu no Jornal do Brasil de 16/11/1930 que,

(...) Não se pode fazer uma ideia justa do que é esse agrupamento artístico sem que o veja e ouça. Depois disso fica-se-nos forçosamente o dever de o aplaudir, estendendo as nossas palmas ao bravo maestro Fernandes Fão, pelo seu incontestável valor.

Numa tentativa de repetir o êxito alcançado três décadas e meia antes e, também, de aproximar a relação entre os dois países num período particularmente conturbado para as relações externas portuguesas, a Banda Sinfónica da GNR deslocou-se pela segunda vez ao Brasil em 1965, já sob o comando e direção do maestro Manuel da Silva Dionísio. O gran- de pretexto desta nova ida ao Brasil foi a missão de representar Portugal nas comemorações do “IV Centenário da Fundação da Cidade do Rio de Janeiro”3, nas quais Portugal foi convi- dado a participar. Este evento despertou imenso interesse também em Portugal, facto com- provado pela iniciativa da Fnat em patrocinar a viagem, via marítima, a uma delegação de cerca de 100 pessoas, entre estudantes, autoridades, trabalhadores, artistas e especialmente convidados da entidade.4

4. Preparativos para a viagem

A segunda viagem da Banda da GNR ao Brasil começou a ser pormenorizadamen- te planeada com vários meses de antecedência de forma a evitar qualquer episódio ou inci- dente que pudesse colocar em causa o nome da Banda Sinfónica da GNR e, por conseguinte, de Portugal. A mesma foi abordada, inclusivamente, em Conselho de Ministros e o maes- tro Silva Dionísio foi informado antecipada e pormenorizadamente acerca do pensamento governativo quanto à atuação da banda no Brasil. Foi informado, entre outras coisas, que o governo esperava da atuação da banda, não só uma mensagem artística, como também uma ação pessoal psico-patriótica5. Para tal, foi sugerido que a banda fosse na sua máxima força e impecavelmente fardada, executasse apenas música portuguesa e brasileira e que os seus elementos fossem mentalizados do sentido histórico dos principais factos portugueses liga- dos à história brasileira e até mesmo da “continuidade ultramarina” portuguesa. Era impe- rativo que qualquer um dos executantes que fosse abordado por um brasileiro tivesse meios de se defender sem a intervenção do seu chefe.6 Para isso, um dos elementos da banda, o
1º Sargento José dos Santos Pinto, foi encarregue pelo maestro Silva Dionísio de elaborar um pequeno livro de indicações úteis a fim de ser distribuído um exemplar a cada elemen- to da banda de forma a evitar qualquer embaraço quando algum destes fosse abordado por
brasileiros7.

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Exemplo n.l: Capa do livro de indica oes fornecido a todos os elementos da Banda Sinf6nica da GNR para a viagem ao Brasil.

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Na primeira página desse livro de indicações o autor expõe o grande objetivo desta viagem, nomeadamente, “Provocar a amizade e uma maior comunhão entre as duas gran- des Pátrias com a mesma língua”. Para a concretização deste objetivo o autor considera fun- damental que “a presença militar da GNR seja da maior correção e que a presença artística da banda imponha-se pela música, para assim honrar não só a Pátria como também os ca- maradas que a compunham há 35 anos, quando da 1ª viagem da Banda ao Rio de Janeiro”. Nas páginas seguintes o autor menciona o nome dos componentes da banda, a organização instrumental da mesma e as atividades musicais paralelas de alguns dos seus componentes que dignificam a banda, nomeadamente professores de conservatório e componentes de or- questras profissionais. Segue-se um extenso texto sobre o Brasil, nomeadamente a sua divi- são administrativa, o clima, a orografia, a economia, a educação e cultura, a religião e um resumo da história política e social desse país. O autor também faz uma pequena aborda- gem à história da música brasileira e uma resenha da primeira viagem da banda aquele país, na qual são incluídas várias transcrições de críticas da imprensa brasileira. Este pequeno livro termina com um pequeno estudo histórico sobre a própria Banda Sinfónica da GNR, isto porque, certamente não ficaria bem a qualquer um dos seus elementos não ter um co- nhecimento profundo sobre a sua banda.
Essa preparação para a viagem também foi visível através da elaboração, por parte de Silva Dionísio, de vários documentos que demonstram a atenção que foi dada aos por- menores, para que nada corresse mal. No espólio pessoal de Silva Dionísio existem vários documentos que recordam os “artigos que necessitam de ser consertados”, os “acessórios de reserva que será necessário levar”, os “artigos acessórios que convém levar”, a “relação dos artigos indispensáveis para a viagem”, os “artigos que se aconselha serem levados no saco do pessoal”, o “reportório que nos acompanha”, a “relação de instrumentos que vão ao Brasil”, a “previsão de custos”, a “lista de ofertas”, que incluía galhardetes da GNR com alu- são ao “IV Centenário”, entre outros. Foram ainda encomendados diversos objetos, nomea- damente discos gravados pela banda, fotos da banda, coleções de selos da emissão GNR com alusão ao “IV Centenário”, entre outros, a fim de serem ofertados a diversas personalidades e instituições brasileiras.
Quanto ao reportório também foram elaboradas várias listas, nomeadamente de “música portuguesa”, de “música brasileira, de “obras de reserva”, de “marchas”, de “obras para concertos ligeiros”, de “obras para concertos populares”, de “obras sinfónicas”, etc8. Ainda quanto ao reportório, Silva Dionísio solicitou às autoridades competentes que fosse levantado o veto à execução da música de Joly Braga Santos “devido à dificuldade em arran- jar boa música portuguesa para tantos concertos”9.
Nos dias 18 e 19 de Setembro de 1965 a Banda da GNR, dividida em dois grupos, partiu de Lisboa em dois aviões militares portugueses, rumo ao Rio de Janeiro (Aeroporto do Galeão), tendo lá chegado um dia depois e tendo os seus elementos ficado instalados nos hotéis Rex e Nelba10.

5. As atuações em solo brasileiro

O primeiro concerto (de Gala) foi realizado no dia 23 de Setembro no Teatro Municipal do Rio de Janeiro e foi transmitido pela Rádio Ministério da Educação e filma- do pela TV. No dia 9 de Outubro a banda voltou a atuar neste teatro. Também realizaram-
-se concertos no Teatro do Clube Ginástico Português (25 e 26 de Setembro e 8 de Outubro)
e vários concertos populares na Feira da Previdência (26 de Setembro), no Maracanãzinho

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(29 de Setembro), no Clube de Regatas Vasco da Gama (12 de Outubro) e na exposição Portugal de Hoje (13 de Outubro). No dia 1 de Outubro a banda apresentou-se no Teatro Municipal de São Paulo, num concerto que foi transmitido no programa “Caravela da Saudade” do Canal
2 e no dia 2 executou um concerto popular no átrio monumental da Gazeta Desportiva, ten- do no dia 5 inaugurado solenemente o auditório do Palácio dos Bandeirantes, perante mais de 2000 pessoas e na presença do Governador Ademar de Barros. No dia 4 de Outubro, no Ginásio do Clube Atlético Santista, em Santos, em virtude da grande aglomeração de públi- co que não cabia mais na sala (mais de 7000 pessoas), mesmo com entradas pagas, a ban- da teve de fazer dois concertos seguidos, somente com o intervalo necessário para a entra- da do novo público, que estava à espera na rua. Também realizou concertos em Petrópolis (no Teatro do Santapaula Quintadinha Clube) no dia 10 de Outubro, em Aracaju (no audi- tório do Colégio Estadual) no dia 19 de Outubro, dois concertos em Salvador da Baía (na Televisão Itapoã e na Concha Acústica do Teatro Castro Alves) no dia 17 de Outubro e dois no Recife (Auditório da Televisão Jornal do Comércio e na Praça do Derby) em 21 e 22 de Outubro. O primeiro foi transmitido pela televisão para todo o Brasil.11 Nos concertos de es- treia nas cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo, a Banda da GNR contou com a colabo- ração da pianista brasileira Cristina Ortiz, que interpretou o concerto para piano do portu- guês Armando José Fernandes12.
Paralelamente realizaram-se algumas apresentações pela Orquestra de Exibição da Banda Sinfónica da GNR13, constituída por elementos deste agrupamento e dirigida pelo ma- estro Vítor Bonjour. No dia 26 de Setembro esta orquestra apresentou-se no Rio de Janeiro, no Salão Nobre do Teatro do Clube Ginástico Português e no dia 2 de Outubro em são Paulo, onde participou no programa televisivo “Caravela da Saudade”14.
Também foram realizados seis desfiles militares. Em 24 de Setembro, no Rio de Janeiro, após um desfile foram colocadas flores no busto do compositor Heitor Villa-Lobos e também na estátua do compositor Carlos Gomes, tendo sido ainda realizada uma cerimó- nia militar no Monumento aos Mortos da 2ª Guerra Mundial. No dia 3 de Outubro, em São Paulo, efetuou-se uma cerimónia aos mortos de 1932. Foram também realizados desfiles em Santos, em Aracajú e no Recife, num desfile de honra juntamente com as bandas da Base Aérea, Fuzileiros Navais, 14º Regimento de Infantaria e Polícia Militar15.
Ao longo de um mês e meio a Banda da GNR percorreu cerca de 4000 quilómetros para visitar as cidades de Rio de Janeiro, São Paulo, Santos, Petrópolis, São Salvador da Bahia, Aracaju e Recife. Realizou 22 concertos, participou em 6 desfiles militares, interpre- tando, no total, 49 obras de autores portugueses, 37 de compositores brasileiros e 46 de mú- sica diversa16, o que demonstra a permanente preocupação manifestada pelo maestro Silva Dionísio em interpretar e divulgar a música portuguesa além-fronteiras.
De entre os compositores brasileiros foram executadas obras de José Siqueira (Toada,
3ª Sinfonia, Duplo Quinteto para Instrumentos de Sopro e Carnaval do Recife), Camargo Guarnieri (Brasiliana, Homenagem a Villa–Lobos e Abertura Festiva), Carlos Gomes (Abertura do Guarany e Prelúdio do Escravo), Lorenzo Fernandez (Imbapara e Batuque Malagarte), padre José Maurício (Abertura), Villa-Lobos (Alvorada na Floresta Tropical), Nepomuceno (Série Brasileira), entre outros17.
Entre os portugueses foram “tocados” Frederico de Freitas (Ribatejo, Dança da Menina Tonta, Severa e Danças portuguesas), Joly Braga Santos (3ª Sinfonia, Variações Sinfónicas e Abertura), Ruy Coelho (Entrada de Belkiss em Jerusalém, Camoneana nº 2, Rapsódia Portuguesa, Rapsódia de Águeda e Suite nº 1), Duarte Pestana (Flocos de Neve), Silva Marques (Madrigalesca, Rapsódia Portuguesa, Panorama Lusíada e Capricho vari- no), Fernando Lopes Graça (Danças Portuguesas), Joaquim Luís Gomes (1ª Fantasia Popular

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Portuguesa), Canongia (4º Concerto de Clarinete), Sousa Morais (Hilariana), Álvaro Cassuto (Sinfonia Brevis), Luís de Freitas Branco (Fandango), Brandão (Alentejo), Santos Pinto (Canção da Serra), Rebocho (Fantasia Negra) e Manuel P. Figueiredo (Rapsódia Portuguesa)18.
Além de música portuguesa e brasileira, a Banda Sinfónica da GNR também execu- tou aberturas, poemas sinfónicos, sinfonias, concertos, números ligeiros e marchas de com- positores de outras nacionalidades.
Aproveitando a viagem ao Brasil, Silva Dionísio achou por bem inscrever a Banda da GNR num reputado Concurso Internacional de Bandas Militares, organizado pela Secretaria de Segurança Pública, no âmbito das festividades do “IV Centenário”, concur- so a realizar entre os dias 7 e 13 de Junho de 1965. Silva Dionísio chegou a pedir autoriza- ção superior, que lhe foi concedida, e a elaborar vários documentos necessários à inscrição no referido concurso escolhendo, inclusive, as obras que, entre as obrigatórias, iria execu- tar, nomeadamente Benvenuto Cellini (abertura de Berlioz) e o 1º andamento da 5ª sinfonia de Beethoven19. No entanto, e para desgosto do maestro e de todos os executantes, a Banda Sinfónica da GNR não partiu para o Brasil a tempo de participar no referido concurso, uma vez que partiu para o Brasil apenas em Setembro.
Como prova do prestígio do concurso, o júri internacional foi presidido pelo ma- estro Eliazarde de Carvalho e, além de outros, dele faziam parte o maestro Legley, profes- sor do Conservatório Real de Bruxelas e o maestro James Stagliano, regente da Orquestra Sinfônica de Boston20.

6. Os elogios da crítica

A estadia da Banda Sinfónica da GNR no Brasil não passou despercebida a nin- guém e o seu desempenho foi muito divulgado pelos mass media, sempre de forma muito elogiosa. O periódico carioca A voz de Portugal escreveu em 26/09/65,

O espetáculo de quinta-feira no Teatro Municipal constituiu, por todos os títulos, uma das mais expressivas manifestações de cultura musical portuguesa no Brasil, nos últimos tempos. Se bem que famosa, esta banda ultrapassou todas as expetativas (...) Os mais conhecedores de música equipararam a Banda da GNR a uma autêntica orquestra sinfónica e reconheciam, sem a menor dúvida, que esta era a melhor banda da Europa, superior às que aqui se exibiam no ano do IV centenário.

O mesmo jornal escreveu a 10/10/65,

(...) A banda conquistou gloriosamente o Brasil. O seu êxito não teve precedentes em realizações semelhantes, chegando a arrebatar os milhares de pessoas que compa- receram em todas as suas exibições. (...) O êxito foi absoluto, consagrador, glorioso. O extraordinário maestro Silva Dionísio (...) conseguiu superar as exibições anterio- res da banda que dirige, coroando-as com o maior brilhantismo na noite de despe- dida. Os adjetivos e as expressões de admiração que ouvimos à nossa volta, esgotam todo o vocabulário e definem claramente o invulgar triunfo que a Banda da GNR está alcançando no Brasil.

A Gazeta, jornal de São Paulo, escreveu em 04-10-1965,

(...) À primeira execução d´“A Portuguesa”, homens e mulheres, alguns de idade já avançada, como que hipnotizados pelo eco da sua terra, talvez depois de muito tem- po, reencontraram-se com Portugal.

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Já o Jornal de Portugal de São Paulo escreveu em 08/10/65,

(...) Sob a batuta do maestro Silva Dionísio (cuja arte, sentimento e sensibilidade ex- travasou como fragmentos de alma vibrante em todo o seu ser) e com um agrupamen- to dos mais disciplinados que já vimos a Banda da GNR marcou uma passagem das mais brilhantes presenciadas na capital paulista.

Em 19/10/65 o Jornal da Bahia escreveu,

Os baianos assistiram no domingo, a um espetáculo que há muito não assistiam, com a apresentação na Concha Acústica do Teatro Castro Alves, da Banda de música da Guarda Nacional Republicana de Lisboa. Cerca de três mil pessoas lá estiveram e durante todo o tempo aplaudiram a maravilhosa banda que interpretou desde Wagner até autores populares de Portugal.

Por sua vez, a Gazeta de Sergipe escreveu a 21/10/65,

Ainda repercute o êxito sensacional da apresentação da Banda da GNR (...). Toda a so- ciedade sergipana se fez presente ao inesquecível sarau de arte. (...) O público delirou e durante três minutos a banda foi aplaudida de pé.

Por fim, A Cruzada de 23/10/65 refere que,

Marcou pleno sucesso nesta capital, a apresentação da Banda da GNR. O famoso con- junto de 102 músicos empolgou o auditório repleto, pelo alto valor artístico de suas execuções.

Já aos microfones da Rádio Cultura (Sergipe)21 foi mencionado que,

(...) O que ali estava enchendo o palco do auditório, não era uma banda de música, no sentido comum do termo, mas uma orquestra de primeiro nível, executando peças clássicas do melhor gosto e da mais requintada apresentação (...).

Além da crítica musical aos concertos, a banda portuguesa foi também alvo de vá- rias reportagens, bem como de várias entrevistas individuais, nomeadamente ao seu chefe, maestro Silva Dionísio, que correspondeu sempre de forma muito cordial22.
Como forma de agradecer a presença da Banda Sinfónica da GNR no Brasil, a
Assembleia Legislativa do Estado de Guanabara, na sessão plenária de 19 de novembro de
1965, aprovou um voto de congratulações à mesma banda, a qual os membros do plenário consideram uma das mais completas organizações do gênero em todo o mundo23.

7. O intercâmbio musical luso-brasileiro

Na ótica de Silva Dionísio esta deslocação ao Brasil deveria ser apenas um ponto de partida para um maior estreitamento das relações musicais entre os dois países as quais, até à data, eram circunstanciais. Por isso a estadia desta banda, em particular do seu maestro, naquele país não se resumiu apenas a apresentações musicais. Foram imensos os contactos que Silva Dionísio lá conseguiu, não só de pessoas ligadas ao universo musical, mas tam- bém de pessoas ligadas à diplomacia, à vida política, ao associativismo e ao sistema educa- tivo. Todos esses contatos mantidos no Brasil foram fulcrais para o posterior intercâmbio musical entre os dois países.

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Entre as muitas e duradouras as amizades que Silva Dionísio fez naquele país des- taca-se a relação, não só profissional mas também de amizade, com o compositor Camargo Guarnieri, considerado um dos maiores compositores brasileiros do século XX. Foi através de um amigo comum, o Dr. Ivo Cruz, então Diretor do Conservatório Nacional de Lisboa, que Silva Dionísio conheceu Camargo Guarnieri. A partir daí, essa amizade e colaboração profissional frutificaram e conduziram à transcrição para banda sinfónica, por parte de Silva Dionísio, de várias obras de C. Guarnieri, com autorização do próprio, nomeadamen- te a Abertura Festiva, e até mesmo a pedido do próprio Guarnieri, como aconteceu com a Suíte Brasiliana. Graças a Siva Dionísio e à sua banda, este consagrado compositor brasilei- ro ouviu pela primeira vez a sua obra Homenagem a Villa Lobos, através de uma gravação da Banda Sinfónica da GNR, a qual o deixou extremamente satisfeito, como refere numa das cartas enviadas a Silva Dionísio24.
Outra personalidade com quem Silva Dionísio travou uma grande amizade e uma for-
te e duradoura cooperação profissional foi o compositor José Siqueira que, curiosamente tam- bém passou por uma banda filarmónica. Deste compositor, Silva Dionísio transcreveu para banda sinfónica o bailado Senzala, a 3ª Sinfonia e Carnaval do Recife. Esta última obra foi gra- vada pela Banda Sinfónica da GNR, tendo sido enviada uma cópia em fita magnética ao autor25.
Dionísio também colaborou com o compositor General Venturelli Sobrinho, o qual lhe facultou uma partitura do Hino luso-brasileiro, entre outras obras, para este elaborar uma instrumentação para banda sinfónica. Além de apresentar esta obra em diversos con- certos, a mesma também foi gravada pela Banda Sinfónica da GNR e posteriormente fa- cultada ao compositor, que se encarregou de a divulgar em várias emissoras radiofónicas. O próprio compositor enviou cópias da partitura para diversos orfeões do Brasil26.
Além dos já citados, Silva Dionísio conheceu e contatou com outras referências da música brasileira, nomeadamente com os compositores José Guerra Vicente e Eduardo Escaldante, com os pianistas Arnaldo Estrela e Cristina Ortiz, com a maestrina e musicóloga Clêofe Person de Mattos e com a Professora Catedrática do Conservatório Brasileiro de Música Helena Galo. Com estas e outras personalidades musicais brasileiras trocou correspondência durante vários anos, além de muitas outras pessoas não ligadas diretamente à música27. Além das inúmeras transcrições para banda de obra brasileiras originalmente compostas para or- questra, Silva Dionísio também preocupou-se em aceder a música escrita originalmente para banda por compositores brasileiros, tendo encetado vários contatos a fim de a adquirir28.
Uma das primeiras tentativas de intercâmbio musical entre portugueses e brasilei- ros, após a viagem de 1965, deu-se em Julho de 1966. José Siqueira, que à data era Presidente da União dos Músicos do Brasil, a pedido de Silva Dionísio entrou em contacto com os rei- tores das universidades dos estados do norte e do nordeste acerca da possibilidade de al- guns executantes da Banda Sinfónica da GNR, juntamente com o seu chefe, deslocarem-se ao Brasil a fim de orientarem cursos intensivos para aperfeiçoamento de professores de ins- trumentos de sopro e diretores de bandas de música29. O grande objetivo deste projeto era a formação de uma orquestra sinfónica em Belém, a qual era um desejo de há vários anos, mas difícil de efetivar por falta de, entre outras coisas, músicos e maestros suficientemen- te credenciados. A ida de instrumentistas e professores portugueses tinha como propósito primordial preparar futuros instrumentistas brasileiros de elevada qualidade a fim de pre- encherem lugares nas orquestras brasileiras30.
No entanto, só em 1970 foi estabelecido um convênio entre a União de Músicos do Brasil e o Estado Português para a ida e permanência no Brasil de vários instrumentistas, nomeadamente, um executante de flauta, um de oboé, um de clarinete, um de fagote, um de trompa, um de trompete, um de violino, um de viola, um de violoncelo e um de contrabai-

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xo. Esses músicos deveriam exercer a dupla função de executantes e professores e viriam acompanhados pelo maestro Silva Dionísio, que seria o diretor responsável e o professor do curso de direção de banda. O curso iniciar-se-ia na segunda ou terceira semana do mês de agosto de 1971 e teria a duração de dois a três meses por ano. O curso constaria das se- guintes matérias: direção de banda; composição musical; instrumentação e teoria musical e conhecimento teórico e prático dos instrumentos. O maestro Dionísio decidiu que só seria executada música portuguesa e brasileira, de câmara e de concerto. O Governo Português comprometeu-se a colaborar com 50 % das despesas desse empreendimento31.
Subsidiado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, em Agosto de 1970 Silva Dionísio deslocou-se ao Rio de Janeiro para, desta vez, dirigir a Banda do Batalhão de Guardas do 1º Exército num concerto de música luso-brasileira com a colaboração de dois solistas (soprano e baixo) e do Coro da Universidade de Guanabara32. É bastante plausível que esta sua nova ida ao Brasil tenha sido resultado da estreita relação que estabeleceu com várias personalidades brasileiras aquando da sua passagem pelo Brasil.
O êxito alcançado neste último intercâmbio com o Brasil levou Silva Dionísio a en- cetar vários contatos a fim de realizar em Lisboa uma repetição do concerto coral sinfóni- co realizado no Brasil com a obra A festa do Cauim de Oswaldo Cabral para solistas e coro misto, bem como outras obras brasileiras, nomeadamente o Hino para a Comunidade do compositor Venturelli Sobrinho, obra que costuma constituir a abertura dos concertos de música luso brasileira. Em dezembro de 1970 o maestro Dionísio entrou em contato com a Embaixada do Brasil em Lisboa, sugerindo que fossem contatados os estudantes brasileiros em Lisboa, bem como os membros do Club Brasileiro para a formação de um coro. Pediu ainda que a embaixada comparticipasse as despesas para a deslocação a Lisboa dos solistas Lídia Podorolsky, Diva Mendes Abalada e Daniel Pinheiro, todos professores da Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro e ainda da professora do coro da mesma escola, Yara Coelho, para ensaiar o coro brasileiro. No entanto, meramente por imperativos financeiros, este evento não foi avante33.
Era constante a preocupação do maestro Silva Dionísio em divulgar a música bra-
sileira em Portugal, como é possível constatar na correspondência trocada, nos programas de concerto e nos jornais da época. Numa das cartas que o maestro Dionísio enviou ao Adido Cultural da Embaixada do Brasil em Lisboa, refere que já se tornou clássico, no mês de abril, a realização por parte da Banda Sinfónica da GNR de um concerto inteiramente preenchido com obras de compositores portugueses e brasileiros a fim de, segundo o pró- prio, vincular a ideia de uma comunidade luso Brasileira34. Estes concertos eram realiza- dos no âmbito das comemorações do dia da “Comunidade Luso-brasileira”, efeméride insti- tuída após a visita da Banda Sinfónica da GNR ao Brasil em 1965. Numa outra carta Silva Dionísio refere que desde que foi ao Brasil, em 1965, tem tido a preocupação de apresentar nos seus concertos obras de compositores brasileiros35.
A música portuguesa e brasileira foi apresentada e divulgada no Brasil não apenas em concerto mas também nos meios de comunicação social, sobretudo na rádio. Depois da Banda Sinfónica da GNR ter regressado a Portugal foram ofertadas inúmeras gravações des- ta banda a várias emissoras de rádio do Brasil36, além das que foram oferecidas durante a estadia no Brasil. Também foram transmitidas na rádio reportagens sobre esta banda, bem como alguns concertos realizados37.
Após a deslocação da banda portuguesa ao Brasil em 1965 sucederam-se as tenta- tivas, por parte de Silva Dionísio, de uma nova viagem aquele país com a sua banda. Entre
1971 e 1972 Silva Dionísio encetou vários contatos a fim de ver realizado esse seu objetivo elaborando, inclusive, uma proposta/exposição ao Chefe de Estado-maior da GNR expondo

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a importância da visita38. Um dos pretextos para uma nova visita era a participação nas co- memorações do 150º aniversário do Brasil.39 Porém, por motivos por nós desconhecidos e para desgosto dos seus elementos, tal acabou por não se concretizar.
Contrariamente a presença de músicos brasileiros em Portugal foi mais efémera. Ainda assim, em 1967, o compositor brasileiro Camargo Guarnieri foi convidado para fazer parte do corpo docente, como professor de composição, instrumentação e interpretação de música brasileira, nos reconhecidos Cursos Musicais Internacionais de Férias da Costa do Sol, em Cascais. Não sabemos exatamente se o convite endereçado a este compositor se de- veu apenas ao seu reconhecido mérito artístico ou se também o mesmo deveu-se à relação que o mesmo tinha com várias personalidades da vida musical portuguesa, nomeadamen- te com o Maestro Ivo Cruz, com Joly Braga Santos e, evidentemente, com o Maestro Silva Dionísio, com o qual muito contactou aquando da sua primeira passagem no Brasil.
Além da cooperação musical e artística, a viagem ao Brasil da Banda Sinfónica da GNR, a fim de participar nas comemorações do “IV Centenário da Fundação da Cidade do Rio de Janeiro”, teve também objetivos políticos, tal como já foi mencionado, numa época particularmente crítica para o Governo Português devido, sobretudo, às guerras coloniais em África e às pressões internacionais para que Portugal “libertasse” as colónias africanas. Implicitamente a digressão pelo Brasil contribuiu de alguma forma para uma maior aproxi- mação a vários níveis e uma maior afinidade entre ambas as nações, o que constituía o pen- samento governativo português40. Assim, segundo O Globo de 20-03-1967 foi,

(...) Aprovado por unanimidade o projeto originário do Senado e apresentado pelo Senador Vasconcelos Torres, consagrando o dia 22 de Abril como a data da comunida- de luso-brasileira. O projeto institucionaliza a comunidade com todas as suas impli- cações políticas e económicas e (...) estabelecerá comemorações oficiais nas escolas, quartéis e repartições públicas.

Não cremos, porém, que esses objetivos “políticos” se tenham sobreposto aos obje- tivos musicais e artísticos de Silva Dionísio, mas sim estes àqueles, sendo que a eventual concretização de algum objetivo político terá sido meramente uma consequência do sucesso artístico e musical da digressão da banda ao Brasil.
A maneira como o povo brasileiro acolheu a Banda Sinfónica da GNR está perfeita- mente definida nas palavras do maestro Silva Dionísio ao afirmar no seu relatório da viagem,

Desde a comunidade portuguesa que chorava ao ouvir o Hino Nacional e delirava com as sucessivas audições (...), até ao erudito auditório que se confessava encantado com a técnica instrumental e afinação, e perturbado por ver uma banda e ouvir uma orquestra – tudo foi êxito e louvores (...)41.

O regresso da Banda Sinfónica da GNR a Portugal fez-se também em aviões milita- res que partiram do Aeroporto do Recife nos dias 24 e 25 de Outubro de 196542. Após o re- gresso, que foi anunciado em quase todos os jornais nacionais da época, foram dezenas os elogios que Silva Dionísio recebeu, incluindo os que foram enviados através de correspon- dência. Muitos destes foram provenientes do Brasil por parte de amigos do maestro.

8. Notas conclusivas

Segundo muitas das pessoas que privaram com o maestro Silva Dionísio, este era uma pessoa muito educada, sociável e de fácil relacionamento. Silva Dionísio cativava as

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pessoas de tal forma que muito facilmente travava amizades. Sem pretender menosprezar a personalidade que foi Joaquim Fernandes Fão é um facto que, apesar do estrondoso sucesso que a Banda Sinfónica da GNR teve na sua viagem ao Brasil em 1930, não se conhece qual- quer cooperação ou intercâmbio musical entre os dois países nas décadas seguintes, con- trariamente ao que aconteceu do ponto de vista político e económico. Com Silva Dionísio o caso foi bastante distinto. Foram várias as cooperações e intercâmbios musicais posteriores, entre personalidades e instituições de ambos os países, que tiveram “o dedo” deste maes- tro, bem como dos seus amigos brasileiros, além de outros projetos e iniciativas que não se realizaram por motivos alheios. No entanto, é justo não descurar as maiores facilidades de transporte e comunicação 35 anos depois da primeira viagem!
Quanto ao período que passou no Brasil, há que realçar a divulgação da música por- tuguesa nos concertos realizados, sendo que a maioria das obras foram executadas em pri- meira audição naquele país. Sem a ação da Banda Sinfónica da GNR e do seu maestro, a mú- sica de Joly Braga Santos, Fernando Lopes Graça, Luís de Freitas Branco, Frederico de Freitas e de muitos outros compositores portugueses talvez ainda hoje não tivesse sido executada na- quele país, sobretudo nas cidades do interior. Destaque para o facto de muitas dessas obras te- rem nítidas influências nacionalistas e folcloristas, comprovadas desde logo pelas denomina- ções atribuídas pelos compositores (Rapsódia Portuguesa, Danças Portuguesas, Camoneana, Rapsódia de Águeda, Panorama Lusíada, Fantasia Popular Portuguesa, Alentejo, etc.).
Também os compositores brasileiros foram beneficiados com esta visita, pois as suas obras foram executadas pela Banda Sinfónica da GNR em muitas cidades e vilas que nunca tinham recebido uma orquestra permitindo, desta forma, que muitos brasileiros ou- vissem in loco obras dos seus compositores. Além disso, após essa viagem ao Brasil também muitos compositores brasileiros passaram a ser executados pela Banda Sinfónica da GNR nas principais salas do país, após a realização da transcrição para banda de muitas das suas obras pelo maestro Silva Dionísio, muitas vezes a pedido dos próprios.
Com esta despretensiosa investigação foi descrita uma viagem que consideramos fulcral para o posterior intercâmbio musical realizado entre ambos os países. Foram tam- bém estudados pela primeira vez alguns assuntos que ainda não tinham sido objeto de qual- quer estudo, nomeadamente a personagem do maestro Silva Dionísio e parte da história da Banda Sinfónica da GNR. Seria do maior interesse um estudo mais aprofundado sobre este maestro e, sobretudo, sobre este agrupamento artístico e militar que tantos êxitos nacionais e internacionais tem alcançado ao longo da sua já longa história. Seria de todo o interesse investigar, por exemplo, se de facto o compositor húngaro Franz Liszt dirigiu esta banda quando passou pela sua sala de ensaios no Quartel do Carmo (Lisboa) em 1845, ou se ape- nas assistiu a um ensaio/concerto.

Notas

1 Entre as quais se destacam Camargo Guarnieri e José Siqueira.

2 Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho (denominação utilizada durante a ditadura) / Instituto Nacional para o Aproveitamento dos Tempos Livres (denominação utilizada após a revolução democrática).

3 Dionísio, Silva: “Resenha da 2º viagem da banda ao Brasil”, sem data, em Espólio documental de Silva Dionísio,

fundo não catalogado, Arquivo da Banda Sinfónica da GNR.

4 Autor desconhecido: “Mil portugueses virão para o IV Centenário”, Globo do Brasil, 09-10-1965, em Espólio do- cumental de Silva Dionísio, fundo não catalogado, Arquivo da Banda Sinfónica da GNR.

5 Dionísio, Silva: “Relatório de um encontro com um responsável do Secretariado Nacional da Informação”, 14-01-

1965, em Espólio documental de Silva Dionísio, fundo não catalogado, Arquivo da Banda Sinfónica da GNR.

6 Ibid.;

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7 Apesar de este livro nunca ter sido publicado, existem vários exemplares no espólio pessoal do maestro Silva Dionísio.

8 Todas estas listas encontram-se no espólio pessoal já referenciado.

9 Joly Braga Santos (1924-1988) é considerado um dos principais compositores portugueses do século XX, o qual compôs, sobretudo, música para orquestra. O veto à música deste compositor está relacionado, segundo informa- ção da sua filha, com o facto de o Secretariado Nacional da Informação (organismo ligado ao Estado Novo) não querer pagar direitos de autor, por isso vetou a execução das obras que lhe tinha encomendado;.

10 Dionísio, Silva: “Resenha da 2º viagem da banda ao Brasil”, sem data, em Espólio documental de Silva Dionísio,

fundo não catalogado, Arquivo da Banda Sinfónica da GNR.

11 Ibid.

12 Dionísio, Silva: “Carta para Felner da Costa – Diretor da Casa de Portugal o Brasil”, 23-08-1965, em Espólio do- cumental de Silva Dionísio, fundo não catalogado, Arquivo da Banda Sinfónica da GNR.

13 Esta Orquestra de Exibição era constituída por instrumentos de sopro, juntamente com contrabaixo, harpa, per-

cussão e voz masculina.

14 Dionísio, Silva: “Relatório do chefe da banda”, 08-11-1965, em Espólio documental de Silva Dionísio, fundo não catalogado, Arquivo da Banda Sinfónica da GNR.

15 Ibid.

16 Ibid.

17 Dionísio, Silva: “Lista de música brasileira”, sem data, em Espólio documental de Silva Dionísio, fundo não ca- talogado, Arquivo da Banda Sinfónica da GNR.

18 Dionísio, Silva: “Lista de música portuguesa”, sem data, em Espólio documental de Silva Dionísio, fundo não

catalogado, Arquivo da Banda Sinfónica da GNR.

19 “Boletim de inscrição” em Espólio documental de Silva Dionísio, fundo não catalogado, Arquivo da Banda Sin- fónica da GNR.

20 Ibid.;

21 Dionísio, Silva: “Resenha da 2º viagem da banda ao Brasil”, sem data, em Espólio documental de Silva Dionísio, fundo não catalogado, Arquivo da Banda Sinfónica da GNR.

22 Como podemos constatar no periódico “A voz de Portugal (2º caderno) ” de 17-10-1965, p. 3.

23 Paisana, António: “Carta para o Comandante da GNR”, 08-01-1966, em Espólio documental de Silva Dionísio, fundo não catalogado, Arquivo da Banda Sinfónica da GNR.

24 Guarnieri, Camargo: “Carta para Silva Dionísio”, 28-07-1968, em Espólio documental de Silva Dionísio, fundo

não catalogado, Arquivo da Banda Sinfónica da GNR.

25 Dionísio, Silva: “Carta para José Siqueira”, 23-09-1968, em Espólio documental de Silva Dionísio, fundo não ca- talogado, Arquivo da Banda Sinfónica da GNR.

26 Sobrinho, Venturelli: “Carta para Silva Dionísio”, 23-03-1967, em Espólio documental de Silva Dionísio, fundo

não catalogado, Arquivo da Banda Sinfónica da GNR.

27 Toda esta correspondência encontra-se no espólio pessoal do maestro Dionísio.

28 Martins, Guimarães: “Carta para Silva Dionísio”, 10-07-1966, em Espólio documental de Silva Dionísio, fundo não catalogado, Arquivo da Banda Sinfónica da GNR.

29 Siqueira, José: “Carta para Silva Dionísio”, sem data, em Espólio documental de Silva Dionísio, fundo não cata-

logado, Arquivo da Banda Sinfónica da GNR.

30 Dionísio, Silva: “Estudo sobre curso intensivo no Brasil”, 31-03-1970, em Espólio documental de Silva Dionísio, fundo não catalogado, Arquivo da Banda Sinfónica da GNR.

31 Ibid.

32 Dionísio, Silva: “Carta para Pinto Machado”, 21-04-1973, em Espólio documental de Silva Dionísio, fundo não catalogado, Arquivo da Banda Sinfónica da GNR.

33 Adido Cultural da Embaixada do Brasil em Lisboa: “Carta para Silva Dionísio”, 16-04-1971, em Espólio docu-

mental de Silva Dionísio, fundo não catalogado, Arquivo da Banda Sinfónica da GNR.

34 Dionísio, Silva: “Carta para o Adido Cultural da Embaixada do Brasil”, 17-12-1970, em Espólio documental de

Silva Dionísio, fundo não catalogado, Arquivo da Banda Sinfónica da GNR.

35 Dionísio, Silva: “Carta para o compositor Eduardo Escaldante”, 19-09-1968, em Espólio documental de Silva

Dionísio, fundo não catalogado, Arquivo da Banda Sinfónica da GNR.

36 Dionísio, Silva: “Carta sem nome de destinatário”, 13-11-1965, em Espólio documental de Silva Dionísio, fundo não catalogado, Arquivo da Banda Sinfónica da GNR.

37 Andrade, Alberto, “Carta para Silva Dionísio, 03-01-1966, em Espólio documental de Silva Dionísio, fundo não

catalogado, Arquivo da Banda Sinfónica da GNR.

38 Dionísio, Silva: “Carta para o Chefe de Estado-maior da GNR”, 03-08-1972, em Espólio documental de Silva Dio- nísio, fundo não catalogado, Arquivo da Banda Sinfónica da GNR.

39 Dionísio, Silva: “Carta sem nome de destinatário”, 21-08-1971, em Espólio documental de Silva Dionísio, fundo

não catalogado, Arquivo da Banda Sinfónica da GNR.

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40 Dionísio, Silva: “Relatório de um encontro com um responsável do Secretariado Nacional da Informação”, 14-01-

1965, em Espólio documental de Silva Dionísio, fundo não catalogado, Arquivo da Banda Sinfónica da GNR.

41 Dionísio, Silva: “Relatório do chefe da banda”, 08-11-1965, em Espólio documental de Silva Dionísio, fundo não catalogado, Arquivo da Banda Sinfónica da GNR.

42 Ibid.

Referências bibliográficas

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Silva Dionísio, fundo não catalogado, Arquivo da Banda Sinfónica da GNR, Lisboa.

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AUTOR DESCONHECIDO. Sem título, Jornal da Bahia, Salvador, 19/10/65.

AUTOR DESCONHECIDO. Banda de Portugal brilhou na SCAS. Gazeta de Sergipe, Aracaju,

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AUTOR DESCONHECIDO, Dia Luso-Brasileiro será a 22 de abril. O Globo, Rio de Janeiro, p. 3,

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BARROS, Adhemar de. A Banda da GNR é uma orquestra maravilhosa. A voz de Portugal

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OLIVEIRA, Magdalena da Gama. Sem título. Diário Carioca, Rio de Janeiro, 15/11/1930.

Bruno Madureira - Doutorando em Estudos Artísticos | Estudos Musicais na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Investigador no Instituto de História Contêmporanea da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.


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