MÚSICA BRASILEIRA ERUDITA PARA FLAUTA DOCE E PIANO: AMPLIAÇÃO DO REPERTÓRIO E ORGANIZAÇÃO DE CATÁLOGO DE OBRAS

Brazilian concert music for recorder and piano: the broadening of the repertoire and organization of a catalogue of works

Daniela Carrijo Franco (UFU)

danicfranco@hotmail.com

Betiza Fernandes Landim (FCU)

betizalandim@hotmail.com

Resumo: É notável que a música erudita brasileira ainda está pouco presente nas salas de concertos no Brasil. A falta de conhecimento por parte de professores e alunos de música, a dificuldade em editar obras e o difícil acesso a elas ainda são fatores que dificultam a divulgação desta música. Este trabalho busca divulgar o repertório da música brasileira para flauta doce e piano através da ampliação e organização do repertório, da produção e publicação de um catálogo das referidas obras e da gravação de um CD. Palavras-chave: Flauta doce; Piano; Música brasileira.

Abstract: It is notable that the Brazilian classical music is still very little performed in the country’s concert halls. The lack of knowledge about it by music teachers and students, the difficulties to publish the works and to access them are also facts that make this music hard to reach. This work provides the accessibility to the repertoire of Brazilian music for recorder and piano, through the acknowledgement and organization of the repertoire, the production and publication of a catalogue of works and of a CD recording. Keywords: Recorder; Piano; Brazilian music.

Introdução

As pesquisas realizadas na área de música erudita brasileira estão sempre destacando o fato de esta música estar pouco presente nos recitais e grandes concertos no Brasil. A música brasileira, em especial, a contemporânea, muitas vezes, se limita às grandes bienais e festivais, onde o público é bastante específico e restrito. De acordo com Mendes (2002), em seu trabalho sobre a música brasileira para viola, “o repertório continua praticamente desconhecido devido às dificuldades de acesso às obras, tanto através das partituras, quanto de audição em concerto” (p. 1).

A pouca presença desta música nas salas de concerto nos levou a focalizar este estudo em questões ligadas à música erudita brasileira, em especial, ao repertório de Flauta Doce e Piano. Vários fatores influem na má ou quase inexistente divulgação dessas obras – a falta de instrumentistas interessados neste repertório, a ausência de obras não editadas, o pouco interesse de editoras na divulgação, a falta de gravações por instrumentistas e a falta de conhecimento por parte de alunos e professores.

Harry Crowl (apud SAMPAIO, 2002) afirma que:

“Se por um lado, há falta de obras editadas e de materiais adequados para a execução, por outro – acreditando ser este o principal motivo que explique o entrave na hora de divulgar as obras –, há o desconhecimento por parte da maioria dos músicos do repertório do século XX, tanto brasileiro quanto estrangeiro, já que este não faz parte da educação musical no Brasil. (...) A maioria dos estudantes brasileiros vive em uma redoma acreditando que vai ser reconhecido se executarem obras barroco-clássico-românticas européias, mentalidade ‘amplamente propagada nas nossas escolas de música por professores mal preparados e totalmente desinformados’.” (p. 2)

Muitas obras de compositores brasileiros não conseguem ser editadas no Brasil, e isso dificulta o conhecimento dessas obras até mesmo por parte dos estudantes de música. Alguns compositores são mais conhecidos no exterior, com obras editadas e até gravadas por músicos estrangeiros. Além das poucas obras editadas no Brasil, os manuscritos são de difícil acesso, não comercializados e tampouco executados.

Este patrimônio cultural deve ser explorado para que as produções musicais deste período não se percam com o tempo. Neves (1995) nos mostra que é necessário

“Que sejam incentivados todos os esforços para fazer com que a musicologia histórica se voltasse – não de modo exclusivo, mas de modo preferencial – para a produção musical de nosso país e de nosso tempo. Esquecemo-nos de que a história avança até o presente e que uma das contribuições que os estudos de musicologia histórica podem trazer será a promoção (no sentido de difusão e estudo aprofundado) da nova música, aumentando o conhecimento sobre ela. Neste sentido, o musicólogo estará prestando permanente serviço à sua comunidade, e estará atuando como elo entre os criadores e os intérpretes e o público. [grifo nosso]

Com o apoio da Secretaria de Cultura da Prefeitura Municipal de Uberlândia, este trabalho constou de três partes: a coleta de dados para elaboração de um catálogo, a seleção de obras para realizações de recitais didáticos, e a gravação de um CD com algumas obras selecionadas. Inicialmente foi realizado um trabalho de coleta de dados através de contato com compositores nascidos no século XX. Foram encontrados alguns catálogos publicados com as obras completas, mas a maioria deles se encontra desatualizada. Desta forma, o contato direto foi essencial para a atualização de dados e de informações sobre compositores que ainda não possuem catálogo de obras publicado. Este período foi selecionado por ter a música de câmara no Brasil o seu grande crescimento nesta época. O período embrionário da música de câmara brasileira é o período de transição do séc. XIX para o XX, e este é o período que requer uma atenção maior por parte dos pesquisadores (MASCARENHAS JUNIOR, 1999). “Podemos considerar que a produção camerística brasileira se torna expressiva a partir da década de 1880” (+ apud MASCARENHAS JUNIOR, 1999, p. 30).

1. Levantamento de compositores de obras camerísticas

A coleta direta com os compositores vivos abre a oportunidade de se divulgar obras que nunca foram executadas, editadas ou ainda comercializadas, além de estimulá-los para composição de novas obras nesta formação. É uma oportunidade de o compositor poder colocar a obra em circulação para ser conhecida. Neste trabalho foram selecionados e pesquisados 138 compositores. Vale destacar que dois compositores nascidos antes de 1900 foram incluídos pelo fato de terem sido encontradas obras nesta formação. Foram pesquisados os seguintes compositores:

Relação dos 138 compositores pesquisados
Acácio Tadeu Adelaide Pereira Adolfo Almeida Agnaldo Ribeiro Alceo Bocchino Alda Oliveira Alexandre Eisemberg Alexandre Ulbanere Alfredo Barros Almeida Prado Amaral Vieira Andersen Viana Antônio Celso Ribeiro Armando Albuquerque Ernst Widmer Estércio Márquez Cunha Esther Scliar Felipe Adami Fernando Ariani Fernando Cerqueira Fernando Iazzetta Fernando Lewis de Mattos Flávio Oliveira Flo Menezes Frederico Richter (Frerídio) Gilberto Carvalho Gilberto Mendes Guerra Peixe Marcus Siqueira Maria Helena Rosas Fernandes Mário Ficarelli Mário Tavares Mário Trompowsky Marisa Rezende Marlos Nobre Martin Heuter Maurício Dottori Michel Scheir Murillo Santos Najla Jabor Nestor Hollanda Cavalcanti Neusa França
Relação dos 138 compositores pesquisados (continuação)
Arthur Kampela Ascendino Teodoro Nogueira Aylton Escobar Brenno Blauth Bruno Kiefer Bruno Ruviaro Calimério Soares Camargo Guarnieri Carlos Almeida Carlos Cruz Celso Loureiro Chaves Celso Mojola Cirlei Holanda Cláudia Alvarenga Cláudio Santoro Conrado Silva Cyro Pereira Daniel Magalhães Daniel Wolff David Korenschendler Denise Garcia Dimitri Cervo Dinorá de Carvalho Edino Krieger Eduardo Campolina Eduardo Escalante Eduardo Guimarães Álvares Eduardo Ribeiro Eli Eri L. de Moura Emílio Terraza Ernani Aguiar Ernst Mahle Guilherme Bauer Harry Crowl Heitor Alimonda Henrique de Curitiba Hubertus Hofmann Ignácio de Campos Ilza Nogueira Jamary Oliveira James Correa João Guilherme Ripper Jocy de Oliveira Jorge Antunes José Augusto Mannis José Alberto Kaplan José Penalva José Siqueira José Vieira Brandão José Wilson Malheiros Kilza Sett Kim Ribeiro Lina Pires Campos Lindenbergue Cardoso Lourival Silvestre Luís Carlos Csekö Luís Carlos Vinholes Luís Cosme Lycia de Biase Biart Marcelo Juliano Marco Padilha Marcos Câmara Marcos Mesquita Marcos Vieira Lucas Nilson Lombardi Osvaldo de Souza Osvaldo Lacerda Paulo Costa Lima Paulo Zuben Radamés Gnattali Raul do Vale Ricardo Bordini Ricardo Tacuchian Roberto Martins Roberto Victorio Robson Santos Rodolfo Caesar Rodolfo Coelho de Souza Rodrigo Cicchelli Veloso Ronaldo Miranda Roseane Yampolschi Rubens Ricciarci Rufo Herrera Sérgio de Vasconcelos Corrêa Sérgio Freire Sérgio Igor Chnee Sílvia de Lucca Souza Lima Suely Brígido Tato Taborda Vânia Dantas Leite Villani Cortes Waldemar Henrique Wellington Gomes Willy Correia de Oliveira Yves Rudner Schmid

Visto que, dos 138 compositores pesquisados, alguns já se encontram falecidos, algumas informações foram adquiridas através de outras fontes. Os contatos foram: através de e-mail com os próprios compositores (91 contatos), de telefone (3), de familiares (7), de cartas (4), de contato direto pessoal (2), de pesquisadores (8), de catálogos completos publicados de compositores falecidos (17) e de sites na internet (6). Foram recolhidas obras editadas, publicadas ou não e obras em manuscritos. Não foram considerados arranjos ou transcrições.

A elaboração do catálogo foi idealizada com o objetivo de facilitar e colaborar na divulgação dessas obras de uma forma ordenada e organizada. Segundo Cotta (2000), um “catálogo descreve um fundo arquivístico em sua totalidade. Através do catálogo, o pesquisador pode facilmente saber da existência de um documento que lhe interessa” (p. 94). Alves da Silva (2002) defende que “a elaboração de catálogos de repertórios musicais é uma das atividades mais importantes e pouco exploradas pela musicologia brasileira” (p. 8). Também Mascarenhas Júnior (1999) afirma que “a grande questão do catálogo é permitir a interação entre determinado assunto e o seu provável usuário: ele pode proporcionar acesso por assunto, autor, ou qualquer outra entrada que se torne relevante” (p. 3). Segundo o mesmo autor, a catalogação por autor constitui o maior grupo de catálogos publicados encontrados, enquanto a catalogação por instrumento é o que menos se encontra. Em sua pesquisa este autor localizou apenas dois catálogos por instrumento: o catálogo de obras para contra-baixo, organizado por Sônia Ray (1996) e o catálogo de obras pianísticas organizado por Salmomea Gandelman (1997) (MASCARENHAS JUNIOR, 1999). Desta forma, a elaboração deste catálogo justifica-se por facilitar a divulgação das obras de compositores brasileiros que escreveram para a formação de Flauta doce e Piano, e, registrando este repertório, facilitar o acesso, o manuseio e o conhecimento do mesmo pelas escolas de música, alunos e/ou interessados. Isso contribuirá futuramente para novas performances nos teatros brasileiros.

Num segundo momento, a partir do recolhimento dessas peças, estão sendo realizados recitais didáticos em algumas cidades, conservatórios, escolas de música, visando a divulgação e possibilitando aos alunos, músicos e ainda ao público não específico, o conhecimento dessa música e dos compositores brasileiros. Nestes recitais são apresentadas uma breve biografia e características composicionais do compositor, além de características da obra a ser executada. Com duração de 45 a 60 minutos, o recital consta, quase sempre, de sete a oito obras. Desta forma, estaremos resgatando obras que são pouco tocadas, que nunca foram tocadas ou ainda que já estejam esquecidas.

A terceira etapa do trabalho foi a gravação de um CD na interpretação do Duo Betiza Landim e Daniela Carrijo com algumas obras selecionadas. A Secretaria de Cultura da Prefeitura Municipal de Uberlândia (Uberlândia-MG) apoiou o projeto, através da Lei Municipal de Incentivo à Cultura (Lei nº 8.332 de 11/06/2003), tornando possível a realização deste. Por não ter fins lucrativos, este projeto propôs uma distribuição gratuita dos CDs, juntamente com catálogos, para que a divulgação desta música possa estar registrada e atingir um número grande de pessoas. O material foi enviado a algumas universidades, escolas de música, conservatórios, associações de música, bibliotecas, à Academia Brasileira de Música e à Biblioteca Nacional.

A gravação de um CD é a oportunidade de registrar algumas obras na interpretação do Duo em questão, ajudando também na divulgação, que é o principal objetivo deste projeto. Sabe-se que Arnaldo Estrella, em 1968, “foi o primeiro pianista a gravar uma antologia sonora da música brasileira, com exemplos paradigmáticos de nossos principais compositores para piano” (TACUCHIAN, 2000, p. 34). As gravações de música brasileira são recentes e são poucas as obras que são registradas desta forma. Portanto, a gravação de um CD deve ajudar no registro deste acervo e no incentivo para que novos alunos estudem este repertório.

2. Compositores e suas obras para flauta doce e piano

Analisando os resultados, constatamos que dentre os 138 compositores pesquisados, somente 28 possuem alguma obra para flauta doce e piano. Os compositores que escreveram para esta formação foram: Adelaide Pereira (3 obras), Alexandre Ulbanere (1 obra), Amaral Vieira (1 obra), Antônio Celso Ribeiro (2 obras), Brenno Blauth (2 obras), Bruno Kiefer (1 obra), Calimério Soares (1 obra), Cláudia Alvarenga (1 obra), Daniel Magalhães (2 obra), Dinorah de Carvalho (1 obra), Eduardo Escalante (2 obras), Ernst Mahle (5 obras), Felipe Adami (1 obra), Frederico Richter (Frerídio) (3 obras), Henrique de Curitiba (1 obra), Hubertus Hofmann (1 obra), José Wilson (1 obra), Kilza Setti (1 obra), Martin Heuter (1 obra), Michel Scheir (1 obra), Murillo Santos (1 obra), Osvaldo Lacerda (1 obra), Sérgio de Vasconcelos Corrêa (5 obras), Sérgio Igor Chnee (1 obra), Souza Lima (2 obras), Suely Brígido (1), Villani Cortes (3 obras), Yves Rudner Schmid (4 obras e 1 desaparecida). Foram catalogadas 51 obras (Tabela 1) sendo que uma delas está desaparecida. 12 obras encontram-se em manuscrito, 23 obras editadas e publicadas e 15 editadas em programas de computador pelos próprios compositores.

Tabela 1: Catálogo de obras por autor com indicações de ano de composição, formação e edição.

Compositor Obra Ano Edição
Adelaide Pereira Silva Acalanto * 1973 Editora Ricordi
Noturno (como uma serenata) # 2001 Manuscrito
3 momentos 2003 Manuscrito

Alexandre Ulbanere Sonata quase uma fantasia !*+r 2006 Edição particular do compositor

Amaral Vieira Romance para flauta doce e piano op. 1976 Edição particular do compositor
87A *
Antônio Celso Ribeiro Saltarello pour aprés minuit ! 2002 Edição particular do compositor
Two baroque sadness y una vals 2006 Edição particular do compositor
‘desvairada’para él *

Brenno Blauth Minelopéia T 47 * 1973 Editora Ricordi Sonatina T 57 * 1976 Editora Novas Metas

Bruno Kiefer Ventos incertos # 1970 Manuscrito

Calimério Soares Serenata n. 3 # 1980 Editora EDUFU

Cláudia Alvarenga Botão de sonho # 2006 Edição particular da compositora

Daniel Magalhães Canção de Ninar para Girassóis e 2003 Edição particular do compositor
Lágrimas *
Estória da velhinha de uma antiga 2006 Manuscrito
casa +

Dinorá de Carvalho Toada e cantiga de ninar # 1972 Editora Ricordi

Eduardo Escalante Noctius # 1972 Editora Ricordi Improviso # 1973 Editora Ricordi

Ernst Mahle Sonatina 1970 # 1970 Editora Ricordi
Sonatina 1973 * 1973 Editora Ricordi
Sonatina modal # 1956 Editora Ricordi
Melodias de Cecília # 1971 Irmãos Vitale
30 melodias modais # 1979 Edição particular do compositor

Felipe Adami Sonetos de amor *r 1999 Edição particular do compositor

Frederico Richter (Frerídio) Expressões expressivas I # 1986 Manuscrito
Suitezinha # 2005 Edições Frerídio
Canção para Daniela # 2005 Edições Frerídio

Henrique de Curitiba Sonatina # 1986 Manuscrito

Hubertus Hofmann Sonatina Brevaguda ! 1999 Goldberg Edições Musicais

José Wilson Duo n. 5 – Perimembeca # 2003 Edição particular do compositor

Kilza Setti Dois momentos para flauta doce e 1973 Editora Musicália piano #

Martin Heuser Três Peças para Flauta Doce e Piano *r 2001 Edição particular do compositor I – Gárgulas II – Métopas III – Cúpulas

Michel Scheir Stravinskyana opus 17 * 1987 Manuscrito

Murillo Santos Marcha Miniatura # 2006 Manuscrito

Osvaldo Lacerda Sonata para flauta doce soprano e 1967 Editora Ricordi piano #

Sérgio Chnee Tema com variações # 2005 Edição particular do compositor

Sérgio Vasconcelos Corrêa 10 cantos populares infantis # 1965 Editora Ricordi
9 Variações sobre A Maré encheu # 1963 Irmãos Vitale
Queromana # 1964 Edição particular do compositor
Toada # 1963 Edição particular do compositor
Bom dia minha senhorinha # 1965 Edição particular do compositor

Souza Lima 3 pequenas peças # 1973 Editora Ricordi Siciliana e variações * 1978 Edição particular do compositor

Suely Duo piano e flauta 1990 Manuscrito
Villani Côrtes 5 miniaturas # 1978 Editora Ricordi
Série Brasileira # 1991 Editora Arlequim
Pro Renato # 2001 Manuscrito
Yves Rudner Schmidt As criancinhas vêm (Ihr kinderlein Manuscrito desaparecido
kommen)
Folclore brasileiro # 1976 Irmãos Vitale
Folclore paulista # 1977 Irmãos Vitale
Momentos # 1976 Manuscrito
3 brincadeiras # 2006 Manuscrito

! Flauta doce sopranino e piano # Flauta doce soprano e piano

* Flauta doce contralto e piano r Flauta doce tenor e piano

+ Flauta doce baixo e piano

Vale destacar que 8 das obras publicadas por editoras foram compostas para os concursos (II e III) de Flauta doce promovidos pelo Conservatório Musical “Brooklyn Paulista” e pela Ricordi Brasileira. Alguns compositores se mostraram incentivados com o trabalho e se dispuseram a compor para o Duo. Foram eles: Alexandre Ulbanere (1 obra) , Antônio Celso Ribeiro (1 obra), Cláudia Alvarenga (1 obra), Daniel Magalhães (1 obra), Frederico Richter (2 obras), Murillo Santos (1 obra) e Yves Rudner Schmidt (1 obra). Foram catalogadas também obras que não são originalmente compostas para flauta doce e piano, mas que estão liberadas pelos próprios compositores a serem executadas nestes instrumentos.

Pode-se notar que a flauta doce mais utilizada pelos compositores é a flauta doce soprano. Dentre as obras encontradas, 03 utilizam a flauta doce sopranino, 35 utilizam a flauta doce soprano, 12 a flauta doce contralto, 03 a flauta doce tenor e 02 utilizam a flauta doce baixo.

Considerações finais

O repertório catalogado é composto de obras de diversos estilos e níveis de dificuldades, podendo ser explorado pelos alunos de música, por instrumentistas e por professores que têm o interesse na música de câmara.

O catálogo, “Projeto DuoBrasil: Música erudita brasileira para flauta doce e piano”, publicado sob o ISBN: 85-99939-02-5 encontra-se em ordem alfabética por nome artístico de cada compositor, seguido por uma breve biografia, o(s) nome(s) da (s) obra (s), e algumas informações como: ano em que foi escrita, edição, indicação da flauta doce utilizada e contato para aquisição das referidas partituras. Cabe ressaltar que um exemplar do material – catálogo de obras e CD – foi enviado aos cursos de música de Universidades em todo Brasil. Também, algumas obras catalogadas foram liberadas pelos compositores para fotocópias e doadas ao Departamento de Música da Universidade Federal de Uberlândia e ao Centro de Documentação de Música Contemporânea da Unicamp. As obras não encontradas nestas Instituições podem ser adquiridas diretamente com os compositores.

Por fim, esperamos com este trabalho que os jovens instrumentistas se interessem por este repertório, que os compositores se sintam incentivados a enriquecê-lo e que assim, chegue aos ouvidos do público a música rica e diversificada criada pelos compositores brasileiros. Desta forma, “a música brasileira estará muito bem quando não precisar apenas de mostras e festivais” (TACUCHIAN apud FERREIRA, 1996, p. 157).

Referências:

ALVES DA SILVA, Lélio Eduardo. Música brasileira do século XX: catálogo temático e caracterização do repertório para trombone, 2002. Dissertação (mestrado) – Escola de Música – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2002.

COTTA, André Henrique G. O tratamento da informação em acervos de manuscritos musicais brasileiros, 2000. Dissertação (mestrado) – Pós-graduação em Ciência da Informação da Escola de Biblioteconomia – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2000.

FERREIRA, Marcos de Souza. O ensino do piano através da música contemporânea brasileira: um estudo centrado em obras de Ernest Widmer, 1996. Dissertação (mestrado em música) – Centro de pós-graduação, pesquisa e extensão, Conservatório Brasileiro de Música, Rio de Janeiro, 1996.

MASCARENHAS JUNIOR, Mauro. Música para fagote e piano no Brasil: Histórico, Análise de obras selecionadas e catálogo, 1999. Dissertação (mestrado) – Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1999.

MENDES, André Nobre. Música Brasileira para viola solo, 2002. Dissertação (mestrado) – Centro de Letras e Artes, Universidade do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2002.

NEVES, José Maria. Musicologia Histórica para a Música de hoje. Disponível em: <http://www.anppom.com.br/anais/08anais%20PB%201995/muscofnmesa5.htm>. Acesso em 20/09/2006.

SAMPAIO, João Luiz. SBMC escolhe nova diretoria. O Estado de São Paulo, São Paulo, 06 abr. 2002. Caderno 2. Disponível em: <http://www.estado.estadao.com.br/editorias/2002/04/06/cad031.html>. Acesso em: 14/09/2002.

TACUCHIAN, R. Arnaldo Estrella, um defensor da música brasileira. Brasiliana, Rio de Janeiro, n. 6, p. 34, 2000.

Daniela Carrijo Franco Cunha – Licenciada e bacharel em piano pela Universidade Federal de Uberlândia.

Betiza Fernandes Landim – Licenciada em Flauta Doce pela Universidade Federal de Uberlândia e especialista em Educação Especial pela Faculdade Católica de Uberlândia.