POR QUE OS TRIATOMÍNEOS SÃO CHAMADOS DE “BARBEIROS”?

Autores

  • Joffre Marcondes de Rezende
  • Anis Rassi Rassi

DOI:

https://doi.org/10.5216/rpt.v37i1.4035

Resumo

Comumente se atribui o nome de “barbeiro”, dado ao triatomíneo transmissor da doença de
Chagas ao homem, ao fato do inseto picar principalmente a face por ser a mesma mais acessível,
em virtude de permanecer descoberta durante o sono. A associação de face com barba teria dado
origem à denominação de “barbeiro”. Esta explicação, no entanto, não parece correta. O próprio
Carlos Chagas que a mencionara em seu primeiro artigo escrito em alemão, em 1909, descartou-a
no trabalho seguinte, escrito em português em 1910, e concluiu que o nome de “barbeiro” estaria
relacionado com a função deste profissional de praticar sangrias e aplicar sanguessugas no passado.
Na história da medicina brasileira dos tempos coloniais, o profissional barbeiro, além de cortar
o cabelo e a barba, era um humilde profissional da medicina, cabendo-lhe, entre outros misteres,
praticar a sangria, então usada como panacéia para todas as doenças. “Em numerosas vilas e
povoados, o barbeiro foi, por muito tempo, o único profissional da medicina existente”, registra o
historiador Lycurgo Santos Filho. A literatura médica realça a espoliação de sangue como um dos
aspectos mais importantes na transmissão vetorial da doença de Chagas. O inseto, ao sugar o sangue
de sua vítima, imita o profissional barbeiro quando este realiza uma sangria e não quando corta a
barba de seus clientes. Embora aceita pela maioria das instituições oficiais de saúde, os autores
discordam da interpretação de atribuir o nome de “barbeiro” dado ao inseto por ele picar mais vezes
a face e defendem a que foi dada por Chagas em seu trabalho de 1910, segundo a qual o nome
procede da prática da sangria por aquele profissional no passado.

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Publicado

2008-06-09

Como Citar

DE REZENDE, J. M.; RASSI, A. R. POR QUE OS TRIATOMÍNEOS SÃO CHAMADOS DE “BARBEIROS”?. Revista de Patologia Tropical / Journal of Tropical Pathology, Goiânia, v. 37, n. 1, p. 75–83, 2008. DOI: 10.5216/rpt.v37i1.4035. Disponível em: https://revistas.ufg.br/iptsp/article/view/4035. Acesso em: 2 maio. 2024.

Edição

Seção

LINGUAGEM MÉDICA / MEDICAL LANGUAGE