Escherichia coli ENTEROPATOGÊNICA (EPEC),AO CONTRÁRIO DA Escherichia coli COMENSAL,ADERE, SINALIZA E LESA ENTERÓCITOS
DOI:
https://doi.org/10.5216/rpt.v34i3.1925Resumo
Escherichia coli enteropatogênica (EPEC) é importante causa de diarréia infantil em comunidades de baixa renda, onde, de maneira perversa, estão associados fatores como subnutrição, condições precárias de habitação, falta de água potável e de rede de esgotos. Biópsias do intestino de pacientes infectados com EPEC mostraram que as bactérias aderem à superfície do epitélio intestinal, na forma de microcolônias localizadas localized adhesion (L/A), e, na célula infectada, causam lesões típicas denominadas attaching and effacing (A/E). Essas lesões caracterizam-se por gerar, na face apical da célula, destruição das microvilosidades e formação do pedestal. Modelos in vitro, usando células epiteliais como alvo e diferentes cepas ou mutantes de EPEC como agente infectante, revelaram que a adesão da bactéria à célula ocorre em três estágios. O contato inicial entre EPEC e a célula hospedeira é mediado por pili formadores de feixes tipo IV (BFP) codificados por genes encontrados em plasmídios de 50 MDa a 70 MDa, EAF, EPEC adherence factor (EAF). Seguem-se estágios intermediários de deslocamento de proteínas efetoras da bactéria para a célula alvo, mediados por fatores tipo III (TTSS). Os genes necessários para a formação de A/E e do pedestal encontram-se dentro de uma ilha de patogenicidade denominada locus of enterocyte effacement (LEE). Durante este estágio, ocorrem transdução de sinais na célula hospedeira para ativação do sistema NF-κB, produção de mediadores da inflamação e apoptose. No estágio final, EPEC adere mais intimamente à célula epitelial. Essa aderência íntima é mediada pela interação entre uma proteína da membrana externa da bactéria, a intimina, e seu receptor Tir, translocado da bactéria para a superfície das células epiteliais. A interação intimina-Tir provoca rearranjo dos componentes do citoesqueleto – α-actina, talina e ezrina – na região da adesão da célula infectada. EPEC induz vigorosa e persistente produção de anticorpos em seres humanos que vivem em áreas endêmicas e em modelos animais imunizados com vetores que expressam fatores de virulência ou com as proteínas recombinantes purificadas. Essas observações reforçam as recomendações de organismos ligados à saúde pública sobre a importância da amamentação do recém-nascido com leite materno e do desenvolvimento de vacinas e anticorpos protetores para prevenção e tratamento de infecções causadas por EPEC.
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