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OLIVIERA, Agnes Schutz de; ANTONIO, Priscila da Silva.
SENTIMENTOS DO ADOLESCENTE RELACIONADOS AO
FENÔMENO BULLYING: POSSIBILIDADES PARA A ASSISTENCIA
DE ENFERMAGEM NESSE CONTEXTO. Revista
Eletrônica de Enfermagem, v. 08, n. 01, p. 30 – 41,
2006. Disponível em http://www.revistas.ufg.br/index.php/fen |
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SENTIMENTOS DO ADOLESCENTE RELACIONADOS AO FENÔMENO
BULLYING: POSSIBILIDADES PARA A ASSISTENCIA DE ENFERMAGEM NESSE
CONTEXTO1
THE ADOLESCENT FEELINGS RELATED TO THE BULLYING
PHENOMENA: POSSIBILITIES TO THE NURSING ASSISTANCE IN THIS CONTEXT
SENTIMIENTOS DEL ADOLESCENT FRENTE AL FENÓMENO BULLYING:
POSSIBILIDADES PARA LA ASISTENCIA DE ENFERMERIA EN ESE CONTEXTO
Agnes Schutz de Oliveira2
Priscila da Silva Antonio3
RESUMO: O bullying é um fenômeno
devastador podendo vir a afetar a auto-estima e a saúde mental
dos adolescentes. Geralmente ocorre quando o adolescente é mais
suscetível ou vulnerável às agressões verbais ou morais que
lhes causam angústia e dor, principalmente quando ocorrido em
ambiente escolar traduzindo-se como uma forma de exclusão social.
Pode desencadear alguns problemas de saúde tais como a anorexia,
bulimia, depressão, ansiedade e até mesmo o suicídio. A enfermagem,
pautada com princípios de prevenir agravos de diversos males,
preocupa-se também com esta intercorrência traumática na adolescência.
O objetivo deste estudo foi identificar sentimentos que possam
estar relacionados com o bullying em adolescentes alunos
de 5ª a 8ª séries. Tratou-se de uma pesquisa descritiva de abordagem
qualitativa, realizada em uma escola de segmento religioso conveniada
com o estado. A coleta de dados ocorreu auxiliada por entrevistas
gravadas, posteriormente transcritas e submetidas à análise
temática. Os resultados mostraram que os sentimentos relacionados
ao fenômeno são múltiplos e variados, sendo categorizados como
aspectos de caráter positivo, aspectos de caráter negativo e
aspectos de caráter necessário.
PALAVRAS-CHAVE: Saúde Escolar; Enfermagem
Pediátrica; Saúde do Adolescente; Violência.
ABSTRACT: Bullying is a devastating
phenomenon that can affect the adolescent’s self-esteem and
mental health. Generally occurs in school environment when the
adolescent is more susceptible or vulnerable to verbal or moral
aggressions that cause to them anguish and pain, meaning as
a status of social exclusion. Most of time, health problems
as anorexia, bulimia, depression, anxiety and also the suicide,
appears. By the way, nurses are able to prevent injuries to
various problems, and also concerns about this traumatic incident
in adolescence. The aim of this study was to identify feelings
that can be related to” bullying “in adolescent students in
5th to 8th classes. It is a descriptive research by qualitative
approach, developed in a religious setting state school. Data
was collected by taped interviews and, after transcribed, submitted
to thematic analysis. The results showed that feelings related
to this phenomena are multiple and varied, being categorized
as positive aspects character, negative aspects character and
necessary aspects character.
KEY WORDS: School Health; Pediatric Nursing;
Teen Health; Violence.
RESUMEN: El bullying es un fenómeno
devastador que puede afectar la auto-estima y la salud mental
de los adolescentes. Ocurre generalmente en el ambiente de la
escuela cuando el adolescente es más susceptible o vulnerable
a las agresiones verbales o morales que les causan angustia
y dolor, significando como una manera de exclusión social. En
la mayoría de las veces, aparecen problemas de salud como la
anorexia, bulimia, depresión, ansiedad y también el suicidio.
A propósito, la enfermería puede prevenir lesiones y agravantes
a los varios problemas, y preocupase también, con esta ocurrencia
traumática en la adolescencia. El objetivo de esta investigación
fue identificar sentimientos que pueden estar relacionados con
el bullying en los estudiantes adolescentes del 5ª al 8ª grado.
Se trata de una pesquisa descriptiva de abordaje cualitativo,
realizada en un liceo de segmento religioso mantenido por el
estado. La coleta de datos ocurrió auxiliada por entrevistas
gravadas, posteriormente transcriptas y sometidos a análisis
temático. Los resultados mostraron que los sentimientos relacionados
al fenómeno son múltiples y variables, segundo las categorías
temáticas: aspectos de carácter positivo, aspectos de carácter
negativo y aspectos de carácter necesario.
PALABRAS-CLAVE: Salud Escolar; Enfermería
Pediátrica; Salud del Adolescente; Violencia. |
INTRODUÇÃO
Mais que uma
etapa no ciclo de vida do indivíduo, a adolescência é uma fase
especial no decorrer do desenvolvimento do homem, determinando
mudanças no adolescente e conduzindo-o à maturidade dentro dos
parâmetros normais no ciclo da evolução humana.
Não obstante,
poderá haver obstáculos que influenciarão esta escalada rumo
a uma vida adulta saudável, principalmente aqueles relacionados
à construção da auto-estima e do fortalecimento de um alicerce
sólido diante de sua saúde mental, indispensável frente aos
desafios da vida. A inserção em grupos sociais, a necessidade
do reconhecimento de seus valores, o companheirismo dos amigos
de grupo e o apoio familiar servem como “tijolos” de uma construção,
interligando auto-estima e sociabilidade, impulsionadoras de
futuros cidadãos ativos e operantes dentro da sociedade.
O fenômeno
conhecido como bullying, palavra oriunda do inglês
“bully” assemelhando-se ao termo em língua portuguesa
como “valentão” ou “machão”, caracteriza-se como um desses obstáculos
ameaçadores, com o quadro característico de adolescentes excluídos
e discriminados, agredidos e/ou machucados por outra(s) pessoa(s)
(LOPES NETO, 2005).
Descrito como
um estressante psicossocial aos adolescentes, o bullying
emerge com ações discriminatórias e práticas freqüentes de violência
no cotidiano escolar, tratando-se de um tipo de exclusão social
capaz de oprimir, intimidar e machucar aos poucos, sem nunca
ser declarada de fato. A origem pode estar num apelido de mau
gosto, em ameaças de agressão ou simplesmente em atitudes de
desprezo, onde a escola, um importante agente socializador para
o adolescente, pode vir a tornar-se um “campo inimigo” para
o mesmo, e levá-lo a ser ridicularizado pelo grupo e conseqüentemente
torna-lo mais frágil.
Encarado por
várias gerações como “bobeira de criança”, hoje o fenômeno é
uma das maiores preocupações para pedagogos e psicólogos, e
em se tratando de acarretar danos à saúde como um todo, o enfermeiro
se encarrega também de sensibilizar-se e acompanhar essa intercorrência
traumática da adolescência(LOPES NETO, 2005).
É notório
que adolescentes afetados pela violência sinalizada pelo bullying
podem vir a se tornar adultos com saúde mental desequilibrada,
podendo ser desencadeados, dentre outros, transtorno do pânico
e crises de ansiedade, e, quando não, auto-extermínio ou homicídios
cometidos pelos mesmos, fragilizando o jovem em sua totalidade.
Demonstrada
a morbidade que cerca este fenômeno, esta pesquisa buscou identificar
a ocorrência de sentimentos que possam estar relacionados com
o bullying, subentendido como uma ocorrência quase
corriqueira em ambiente escolar, onde muitas pessoas encaram-no
com “vistas grossas” fazendo com que o adolescente afetado tenha
um sofrimento solitário e angustiante. Desse modo, procurou
viabilizar um conhecimento mais sólido diante do perfil adolescente,
o qual muitas vezes é passado despercebido pelos profissionais
de saúde, por se tratar de um cliente que se encontra no meio
termo, nem criança, nem adulto.Entretanto, o adolescente está
numa fase de mudanças e escolhas muito importantes que podem
determinar o futuro de sua vida.
O período da adolescência O período da adolescência
para o ser humano é o momento de desabrochar para a vida, ter
novas aspirações e, sobretudo, vivenciar o frescor da juventude
com tudo de melhor que ela tem a oferecer. Trata-se daquela fase
em que a menina-moça se enfeita com primazia querendo tornar-se
mais atraente e o jovem rapaz se empenha para ser reconhecido
o mais rapidamente por suas qualidades e atributos físicos.
Segundo SILVA
& SILVA (2004, p. 24), “Adolescência é o período da vida
que se caracteriza entre a infância e a idade adulta. Tem início
na puberdade com o surgimento das características sexuais secundárias
e termina com o fim do crescimento”.
Entretanto,
BEE (1997), relata fazer mais sentido pensarmos na adolescência
como o período que se situa, psicológica e culturalmente, entre
a meninice e a vida adulta, ao invés de uma faixa etária específica.
Abastando-se
destas máximas, podemos identificar que a adolescência vem a
ser um período de transformações tanto físicas quanto psíquicas,
envolvendo o indivíduo cultural e socialmente, provocando mutações
orgânicas e psicológicas abrangendo-o em um todo.
Podemos atribuir
ainda ao adolescente a característica semelhante a uma “esponja”,
conforme compara ABERASTURY & KNOBEL (1981), com uma capacidade
extraordinária de absorver tendências e comportamento estimulado,
de maneira a tornar-se indispensável, uma “supervisão” acirrada
sobre as fontes de estimulação que são observadas pelo mesmo.
Torna-se então
explícito ser a adolescência um período de descobertas bombásticas
sobre si mesmo, seu corpo e sobre o futuro que agora deverá
ter direcionamento e metas antes impensadas. Seu elemento principal,
o adolescente, encontra-se vulnerável tanto às mudanças de caráter
positivo, quanto negativo, dependendo do que sua receptividade
ao meio resolver absorver para si.
A importância da
família, da escola, dos amigos e dos círculos sociais
Podemos nos pautar segundo
OSÓRIO (1992, p. 15) em que “o adolescente tem como tarefa básica
a aquisição do sentimento de identidade pessoal, por isso diz-se
que a crise evolutiva é, sobretudo, uma crise de identidade”.
Seqüenciando seu postulado, o autor ainda aponta questões como
a de que o sentimento de identidade do adolescente é função de
um equilíbrio dinâmico entre estes três vértices: o que eu penso
que sou? O que os outros pensam que sou? O que eu penso que os
outros pensam que eu sou?
Desta forma,
podemos observar que uma necessidade de constante auto-afirmação
e aceitação caminham paralelas no cotidiano do adolescente,
e em primeira instância, apóia-se na família e posteriormente,
em um grupo de amigos, os quais fortalecem seu auto-conceito
e formação de identidade.
De acordo
com este cenário, vê-se a importância da família junto ao adolescente
apresentando-se junto a ele com dualidade, hora como refúgio,
outrora vista como dissociável perante a necessidade de busca
por um grupo de identificação, desvencilhando-se da imagem de
criança. Em contraste a essa necessidade familiar, a necessidade
do grupo de amigos se faz indispensável para a socialização
do adolescente. Todavia ele utiliza seu grupo de amigos de outra
forma, isto é, está batalhando para realizar uma transição lenta
da vida familiar protegida para a vida independente do adulto,
e o grupo de amigos torna-se o veículo para essa transição (BEE,
1997).
Assim sendo,
é no ambiente escolar, onde passa a maior parte de seu tempo,
que o adolescente está à caça de um “grupo de iguais” para se
auto-afirmar como indivíduo e tornar-se mais independente da
família, mesmo que ainda precise muito dela. Por isso há grande
frustração quando é rejeitado por grupos ou pessoas específicas.
Analisando
esta visão sobre o círculo adolescente - família, escola, amigos
-, ressalta-se a importância de se ter conhecimento dos estressores
potenciais relacionados à escola, e o profissional de enfermagem
deve ajudar os pais a planejarem um modo de minimizá-los. Compreende-se
ser estes os estressores: a adaptação às expectativas dos professores
e ações disciplinares, a manutenção do auto-conceito, a competição
com companheiros, o teste de novos comportamentos, o compromisso
com responsabilidades e o estabelecimento de padrões de comportamento
(POTTER & PERRY, 2001).
O adolescente e o bullying Não há como negar os danos
desencadeados pelo bullying e direcionados aos adolescentes,
uma vez que simplesmente não podemos virar as costas a esse problema
de ordem social. CAVALCANTE (2004) cita uma pesquisa realizada
em onze escolas cariocas, revelando que 60,2 % dos casos acontecem
em sala de aula. Daí a importância de identificar o bullying
e saber como evitá-lo:
“As ações
realizadas por intermédio do bullying são verdadeiros
atos de intimidação preconcebidos, ameaças, que, sistematicamente,
com violência física e psicológica, são repetidamente impostos
a indivíduos mais vulneráveis e incapazes de se defenderem,
o que os leva a uma condição de sujeição, sofrimento psicológico,
isolamento e marginalização” (CONSTANTINI, 2004, p. 69).
Apresenta-se
devastador o efeito do bullying ao indivíduo afetado.
Este fenômeno vem arrastando vítimas em larga escala, fazendo-nos
relembrar de um dos mais famosos casos a nível internacional,
ocorrido em 1999, no qual dois adolescentes, de 17 e 18 anos,
provocaram a tragédia de Columbine, Colorado, EUA, quando, com
explosivos e armas de fogo, assassinaram doze companheiros,
um professor e deixaram centenas de feridos, suicidando-se em
seguida (FANTE, 2005).
Atravessando
fronteiras, observamos este fenômeno aos poucos se introduzindo
em terras brasileiras, trazendo terror à realidade de nossos
adolescentes. Na cidade de Taiúva, interior do estado de São
Paulo, um jovem humilde e tímido de 18 anos foi vítima de seus
companheiros de escola durante 11 anos por causa de sua obesidade,
propondo-se, então, a emagrecer. Se não bastasse ser chamado
de “gordo”, “mongolóide” e “elefante cor-de-rosa”, ainda adquiriu
o apelido de “vinagrão”, por ingerir vinagre de maçã todos os
dias pela manhã para ajudar no emagrecimento. Não podendo mais
resistir, feriu e feriu-se para sempre encerrando tragicamente
sua vida repleta de humilhações e sofrimentos. Catastroficamente,
no dia 27 de janeiro de 2003, entrou na sua ex-escola durante
o recreio ferindo uma professora, seis alunos e o zelador (FANTE,
2005).
O futuro é
palavra deveras doce e ao mesmo tempo assombrosa aos ouvidos
do adolescente. O medo e as incertezas dele diante do que há
de vir se tornam quase que inevitáveis, principalmente por tratar-se
de não saber ainda quem ele é e o que “vai ser” em anos vindouros.
Somando-se a esse turbilhão de inseguranças, o bullying
poderá vir a contribuir de maneira nefasta frente às expectativas
ao futuro, ocasionando uma visão frustrante em relação aos seus
horizontes.
“O bullying,
que sutilmente vem se disseminando entre os escolares, cresce
e envolve, de forma quase epidêmica, um número cada vez maior
de alunos. Sua ação maléfica traumatiza o psiquismo de suas
vítimas, provocando um conjunto de sinais e sintomas muito específicos,
caracterizando uma nova síndrome denominada Síndrome dos Maus-Tratos
Repetitivos” (SMAR) (FANTE, 2005, p. 9).
Evidenciando
o peso negativo desta prática, FANTE (2005) ressalta a importância
de compreendermos este fenômeno através de estudos e pesquisas
devido aumento grave e severo da incidência em terras brasileiras.
“Estudos e
pesquisas comprovam que o bullying está presente nas escolas
de todo o mundo, assim como nas escolas brasileiras, porém só
agora vem se tornando notório a partir das pesquisas pioneiras
empreendidas por esta autora e em função das recentes tragédias
ocorridas em escolas brasileiras como Taiúva (SP) e Remanso
(BA), noticiadas pelos meios de comunicação” (FANTE, 2005, p.
11).
Realizando
um entrelaçamento sob os pontos de vista de CONSTANTINI (2004)
; PAPALIA & OLDS (2000), devemos visualizar a importância
de nos ocuparmos com fenômenos estressores ao adolescente como
o bullying, com o intuito de prevenir comportamentos
anti-sociais futuros; devemos aliar nosso discernimento de que
alguns jovens têm problemas para lidar com tantas mudanças e
situações, devendo ainda, ajudá-los a superar os perigos ao
longo do caminho.
Nos dias atuais,
aparatos tecnológicos podem ser adquiridos com uma maior facilidade
por classes sociais de poderes aquisitivos diversos. O que antes
era “sonho de consumo” para muitos lares, hoje se tornou realidade.
Há a invasão da tecnologia na vida do brasileiro, sendo um forte
fator contribuinte às mudanças sócio-culturais e, por conseguinte,
do ambiente social. Uma vez instituído este panorama mundial
vivenciado com excesso de informações, ser vítima, testemunha
ou agente de violência são condições que podem ser tecidas na
história do desenvolvimento de uma pessoa. Mesmo as experiências
não vividas pessoalmente são trazidas à tona em detalhes pela
mídia, ou seja, a exposição às drogas, gangs, armas,
problemas raciais, atividades terroristas, e mesmo os desastres
naturais (BRASIL; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002).
Portanto,
a mídia pode vir a reforçar este sobrepeso negativo, e o bullying
se tornar cada vez mais presente no meio dos adolescentes, facilitado
pelo advento de uma sociedade moderna e suas peculiaridades,
pela banalização das situações de violência, pela desigualdade
social, econômica e cultural,pela prática de atividades ilícitas
e pela cultura de consumo (BRASIL; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002).
RAPPAPORT
et al (1992), ressaltam que indubitavelmente não podemos menosprezar
os meios de comunicação em massa, notadamente a televisão, como
transmissores de atitudes, normas e valores. Devido a toda esta
contextualização, juntamente com a problemática da violência
cada vez mais disseminada, o suscetível jovem poderá vir a necessitar
de cuidados, sobretudo se estiver sob alvo do bullying.
BRASIL, Ministério da Saúde (2002) reforça esta afirmação redigindo
que as informações veiculadas afetam em algum grau a visão de
mundo, e de si mesmo, que o jovem constrói. Os ritos da
moda, a sensualidade e a violência explícita na tela são tidos
por diversas vezes como sinônimo de poder e imposição de respeito,
passando a ser desnorteadores de virtudes, negativando assim
a aquisição de caracteres de “boa” personalidade.
Seja qual
for a programação referida - telenovelas, filmes, seriados de
TV, Reality Shows ou novelas teen (destinadas
aos adolescentes) - grande parte das mensagens emitidas pela
televisão sugere apelação para o lado erótico/sensual, ou ainda,
revela o lado grotesco das drogas, trapaças, maus-tratos entre
pais e filhos. Enfim, evidencia a violência nas mais variadas
formas. Esse veículo de comunicação promove os fatos violentos
até convertê-los em cotidiano e mantém um modelo passivo da
violência como meio de resolver conflitos e adquirir o poder,
alterando a consciência moral do jovem (Fernandes, 2000 apud
FANTE, 2005).
O que podemos
constatar de um modo geral é a ambigüidade na qualidade dos
conteúdos das programações de TV e musicais, salas de bate-papo
na internet, entre outros. Se por um lado favorecem a
troca de informações, dinamizam a socialização e asseguram ao
adolescente estar atualizado com o mundo, por outro podem viabilizar
uma formação errônea e despudorada de caráter marginal, características
coniventes ao bullying.
A enfermagem e o adolescente
diante do fenômeno bullying Fazendo uma interligação
do bullying como agente estressor ao adolescente com a
possibilidade da enfermagem intervir como terapêutica, podemos
ressaltar a viabilidade de resultados positivos quando da atuação
do enfermeiro em nível de prevenção.
Pautemo-nos
ainda sobre a meta dos profissionais de saúde, em especial na
do enfermeiro, em relação a mudanças positivas em atitudes e
hábitos de vida do ser humano, impulsionadoras do bem estar.
Contudo, a enfermagem encontra-se em vias de preocupação constante
diante da atenção primária à saúde do seu objeto de cuidado,
o cliente, sobretudo estando o mesmo nesta delicada fase da
adolescência.
O bullying
como um desarticulador em potencial a desequilibrar o ritmo
de vida do jovem, torna-se mais um fenômeno visado pelo profissional
de enfermagem que o focaliza como um elemento negativo e extremamente
necessário de ser identificado e erradicado. Para tanto, o enfermeiro
dotado de olhar holístico, entremeando saber prático e teórico,
encontra-se amplamente capacitado para lidar com mais este empecilho
na otimização da qualidade de vida. Tem como um de seus diversos
objetivos reduzir o estresse para uma facilitação no processo
de recuperação, centralizando-se em desfazer efeitos de estresses
reais ou potenciais como o bullying, sendo este uma barreira
à habilidade de adaptação. Relembremo-nos ainda do atributo
do enfermeiro quando da utilização da comunicação para auxiliar
na adaptação positiva entre o cliente e o meio ambiente, podendo-se
ainda estender esta conversa terapêutica/educativa aos familiares,
dando assim uma cobertura mais ampla de atenção à saúde dos
mesmos, abrangendo um todo.
Portanto,
salientamos o compromisso que a enfermagem tem de salvaguardar
o bem estar do próximo, estando a mesma capacitada para tal.
Cabe-lhe ainda em suas ações junto aos adolescentes basear-se
nos princípios da articulação interinstitucional, da interdisciplinaridade,
da instrumentalidade de ações de capacitação e mobilização para
a construção de práticas emancipatórias e da transversalidade
do compromisso com a promoção à saúde do adolescente nos inúmeros
espaços de atuação (BRASIL; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001).
Observamos
então a ação do enfermeiro utilizando-se de abordagens diversificadas,
podendo o mesmo escolher a mais apropriada para determinado
caso em quaisquer desequilíbrios desencadeados pelo bullying.
Será a enfermagem amparando o adolescente e ativa em prol da
comunidade, refletindo respectivas melhoras na qualidade de
vida da população e em especial do adolescente.
Diante os
aspectos até aqui apresentados e, com vistas a aprofundar a
discussão sobre o fenonomeno bullying na Enfermagem, desenvolvemos
neste estudo o objetivo de identificar sentimentos que possam
estar relacionados com o bullying em adolescentes alunos de
5ª a 8ª séries de uma escola pública do interior do estado de
Goiás, Brasil.
METODOLOGIA Trata-se
de um estudo descritivo de abordagem qualitativa, entendido
como aquele onde é realizado um levantamento das características
conhecidas que compõem o fato/fenômeno/processo [...] feito
na forma de levantamentos ou observações sistemáticas do fato/fenômeno/processo
escolhido (SANTOS, 2004). Essa linha de estudo é útil para entendimento
sobre o contexto em que algum fenômeno ocorra, e permite observações
de vários elementos em um mesmo grupo simultaneamente, propiciando
conhecimento aprofundado de um evento possibilitando explicação
de um comportamento (MINAYO, 1992; VÍCTORA et al 2000).
Este tipo
de pesquisa permite uma maior aproximação das experiências dos
sujeitos, no caso, focalizando especificamente a individualidade
do adolescente, seus sentimentos, frustrações e desejos, sem
se preocupar com as generalizações do grupo em questão (MINAYO,
1992).
A investigação
ocorreu em uma escola conveniada com o estado e dirigida por
uma Ordem de Congregação Salesiana (católica), na cidade de
Anápolis, interior do estado de Goiás, Brasil. Nesta instituição
inserem-se alunos do ensino básico e fundamental, onde as aulas
ocorrem em turnos matutino e vespertino, sendo a maioria das
entrevistas realizadas neste segundo turno. Entretanto, alguns
sujeitos preferiram ser entrevistados em seus domicílios, havendo,
portanto, esta opção de escolha para os pesquisados.
A população
amostra para estudo foi de dezessete adolescentes, especificamente
em curso da 5ª a 8ª série do ensino fundamental, pois consideramos
que desta forma teríamos uma abrangência maior de adolescentes
para o estudo. A escolha dos participantes foi através de uma
pré-seleção feita pela diretoria da escola que utilizou como
critérios de inclusão, alunos que de alguma forma apresentavam
sinais do bullying, ou seja, como praticantes /agressores,
como vítimas ou testemunhas. Além da pré-seleção, outros critérios
de inclusão foram adotados, como: estar cursando entre 5ª e
8ª séries, disponibilidade e aceitação tanto por parte do estudante
como de seus pais e/ou responsáveis.Critérios como sexo, condição
sócio-econômica, nível cultural dos pais e religião, foram desconsiderados.
Para a coleta
de dados utilizamos a entrevista semi-estruturada para o registro
das informações. Esta forma de coleta facilitou a exploração
das experiências e dos sentimentos vivenciados pelo adolescente
e propiciou um campo rico para analisar as percepções e subjetividade.
As entrevistas foram gravadas, transcritas e posteriormente
analisadas. Partimos de perguntas norteadoras que facilitaram
ao adolescente verbalizar se já sofreu algum tipo de rejeição
ou se foi alvo de “chacota”, de escárnios de colegas, professores,
e também a maneira como ele se relaciona com tais indivíduos
e com a sua família.
Este estudo
foi previamente encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa do
Hospital Geral de Goiânia, recebendo um parecer favorável para
a sua execução (protocolo nº134/05), seguindo à risca as orientações
da portaria 196/ 96 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) sobre
as pesquisas com seres humanos.
Ressalta-se
que foi garantido o sigilo da identidade dos participantes,
impossibilitando quaisquer riscos aos mesmos, A instituição
e o pesquisador, ambos responsáveis pelo desenvolvimento da
pesquisa, trabalharam no sentido de garantir todos os preceitos
éticos em todas as etapas da pesquisa.
Para análise
dos dados, utilizamos a técnica de análise temática proposta
por BARDIN (1977), onde passamos por três etapas no processo:
pré-análise, descrição analítica e interpretação inferencia.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Iniciamos
nossa pesquisa com adolescentes previamente selecionados pela
escola, de maneira que se encontravam inseridos nas ocorrências
de bullying, ora como alvos, ora como autores ou somente
testemunhas das situações. Gostaríamos de ressaltar que os mesmos
não sabiam o motivo da escolha para a participação no estudo.
Este cuidado se deu para que as respostas e opiniões dos entrevistados
não fossem alteradas.
Como o nome
dos entrevistados deve permanecer no anonimato, decidimos utilizar
pseudônimos para a identificação dos diferentes depoimentos.
A escolha do pseudônimo foi feita pelos próprios sujeitos, que
escolheram entre os personagens de desenhos animados apresentados
pelos pesquisadores.
Percebemos
que a aceitação para coleta de dados superou expectativa numérica
prévia à mesma, em razão de uma maior quantidade de sujeitos
que se dispôs a participar da pesquisa, tornando-a mais rica
em dados coletados. Um dado comprobatório desta aceitação
positiva foi a extensão da pesquisa a adolescentes da 5ª série,
estando a princípio restrita aos alunos de 6ª a 8ª série, ampliando-se
devido grande disponibilidade e aceitação de participação por
parte dos alunos da 5ª série.
Em somatória
a este aumento considerável de sujeitos, os responsáveis pelos
mesmos também contribuíram, mostrando-se interessados quanto
à realização das entrevistas, relatando por diversas vezes reconhecerem
o perigo potencial do bullying e a já inserção dos menores
em intercorrências ligadas ao fenômeno.
Através das
reações dos entrevistados, percebemos vários tipos de posturas
diante das perguntas. Quase todos, de certa maneira, vivenciaram
ou conheciam indivíduos envolvidos com a problemática. Muitos
encararam a entrevista como uma forma de desabafo. As vítimas
quase sempre se mostravam extremamente ansiosas, com tiques
nervosos, maneirismos, disfonia (gagueira), e até mesmo silenciando-se
quando a pergunta o deixava reflexivo, conforme seu envolvimento
na ocorrência dos eventos de bullying.
Percebemos
também a indignação de quase a totalidade dos entrevistados
diante da disseminação do bullying no ambiente escolar,
a qual era expressa através de mensagens aos agressores diante
da possibilidade da troca de papéis com os alvos, e assim levá-los
a sentir na própria pele os sofrimentos dos mesmos.
Ao analisarmos
os relatos, identificamos três categorias caracterizando o contexto
pesquisado, tendo-os definido como aspectos de caráter positivo,
aspectos de caráter negativo e aspectos de caráter necessário,
implicados aos sujeitos da pesquisa.
Dentre os
aspectos de caráter positivo, destacaram-se a satisfação com
a escola e os professores, o lazer e a presença de sonhos positivos
ligados ao futuro.
Destacaram-se
entre os aspectos de caráter negativo, a presença de sentimentos
incoerentes com uma boa saúde mental como: agressividade, sofrimento
de rejeição por diferenças físicas e raciais, constrangimento
e tristeza por identificação por apelidos, citação de suicídio
como fuga para o problema, insatisfação com aparência física,
ocorrência de bullying partindo do próprio seio familiar
em relação ao adolescente, e a quase maciça identificação do
adolescente somente com a mãe, excluindo o pai como modelo.
Aos aspectos
de caráter necessário sobressaíram, os amigos, o respeito ao
próximo e a indignação diante da ocorrência do fenômeno bullying
na escola.
Aspectos de caráter positivo Efetuando a compreensão
de análise dos relatos, encontramos aspectos extremamente positivos
dentro da pesquisa, aspectos estes primordiais a uma boa passagem
pelo período da adolescência.
Dentre a maioria
dos relatos, a satisfação com a escola e os professores demonstra
uma interação positiva entre os mesmos, fator indispensável
para o crescimento fisio-sócio-psicológico do adolescente: |
“Eu gosto... é bom... eu gosto de vim prá escola
porque a gente aprende coisas novas... várias coisas... [...]
os professores são bons, explicam bem a matéria..”.(Cinderela)
“Eu acho bom ir porque a gente aprende e tamém, quando a
gente crescer, vai ficar sabendo de muita coisa... [...] os
professores são muito bons, não é daqueles que bate nos alunos...
tipo assim gosta mais de um, não gosta mais de outro... eles
gosta igual!” (Peter Pan)
|
A escola é um local onde
os adolescentes permanecem grande parte de seu dia, tornando-se
quase que uma segunda casa. Tem por objetivo a socialização centrada
no princípio da eqüidade onde todos têm os mesmos direitos, procurando
igualar as discrepâncias na sociedade (FANTE, 2005).
É fundamental
o estabelecimento de relações cordiais, íntegras e ao mesmo
tempo liberais entre professores e alunos, garantindo liberdade
de expressão para um e autoridade respeitável para o outro.
Este relacionamento impulsiona e motiva o aluno adolescente
a todo o momento, facilitando o encontro de seu papel de liderança.
O educador deve manter ainda autocontrole, serenidade e atitude
positiva, respeitando aqueles que apresentam dificuldades comportamentais,
ocupando-os num ambiente de cooperação, respeito e afeto (FANTE,
2005).
Em conformidade
a estas afirmações, ressaltamos que o ambiente escolar pesquisado
é satisfatório para o adolescente, facilitando sua partida para
um futuro promissor, conforme as experiências vivenciadas dentro
do mesmo. Para a maioria, o professor é um instrumento facilitador
ao sucesso devido sua atuação, enxergado de forma positiva dentro
do ambiente pesquisado.
Ainda apontamos
outro aspecto de caráter positivo dentro da pesquisa, o lazer,
algo citado pela maioria dos sujeitos e indiscutivelmente indispensável
para uma boa manutenção da saúde orgânica e mental do adolescente:
|
“Gosto
de brincar no meu computador [...] brinco de patinete... bicicleta...”
(Minnie)
“Fico ouvindo música, jogando jogo de computador, jogando
bola...” (Homem Aranha)A
“Faço hand ball na escola... Essas coisas de esporte..”(Mônica)
“Fico lendo... os livros que a professora dá....” (Alice)
|
Na
adolescência, os interesses e atividades das meninas e meninos
exibem um contraste agudo e a bicicleta torna-se essencial na
metade desta fase. Ambos os sexos gostam de filmes, concertos
de música, dança etc...
A leitura
é uma opção de lazer ainda preferida por muitos adolescentes,
sendo em forma de revistas, livros ou revistas em quadrinhos,
assim como a TV, o telefone e o computador. Entretanto, os interesses
e atividades dos adolescentes estão sujeitos a rápidas mudanças,
assim como eles próprios (WONG, 1999). Em nosso estudo, houve
apenas um relato de escolha da leitura como opção de lazer.
Complementando
a afirmação quanto às opções de lazer preferenciais dos adolescentes,
é importante emendarmos que atividades ditas como “ociosas”,
que não movimentam o corpo como a TV e o computador e videogame,
foram as mais citadas, entretanto, sempre permeadas de outras
opções como esportes, brincadeiras, sair com os amigos etc.
Dado à convergência,
mesmo com os avanços tecnológicos, pudemos constatar a diversificação
no lazer dos pesquisados, algo benéfico diante da possibilidade
de alienação por intermédio de modismos ditados pelos meios
de comunicação, dentre eles, a violência incitada por filmes,
jogos de computador violentos, sensualidade excessiva, dentre
outros.
Um outro aspecto
de caráter positivo com conotação bastante expressiva e baseada
nas respostas obtidas, levou-nos a crer que a maioria dos entrevistados
possui uma visão positiva do amanhã, tendo, portanto, a presença
de sonhos e pensamentos que o impulsionam a um futuro promissor: |
“Quero
ser juíza... minha mãe apóia!” (Cinderela)
“Eu sempre fico sonhando assim que eu vou ter um bom emprego...
eu gosto muito é de roupa... eu sonho em ser estilista!” (Dálmata)
|
É
na fase da adolescência que o indivíduo desenvolve mecanismos
defensivos que o confrontam no cotidiano. Isso obriga a recorrer
ao pensamento para compensar as perdas que ocorrem dentro de
si mesmo, as quais não pode evitar. A necessidade de intelectualizar
e fantasiar ocorre como forma típica do pensamento adolescente,
sendo este um hábito saudável expressado por ele em escritas,
versos, diários, atividades artísticas literárias e etc... (ABERASTURY;
KNOBEL, 1981).
Dentro da
pesquisa realizada, poucos foram os entrevistados com relatos
de não possuírem sonhos promissores com o futuro, fato este
bastante favorável ao equilíbrio mental dos pesquisados. O futuro
é um evento inevitável a todos, sendo que enfrentá-lo com atitudes
otimistas torna-se ideal para o início de uma vida adulta saudável.
Aspectos de caráter negativo Em contra partida, encontramos
também múltiplos fatores de aspectos com caráter negativo. O primeiro
engloba a presença de sentimentos contraditórios a uma boa saúde
mental como a agressividade, expressada por alguns sujeitos da
pesquisa: |
“Eu
tinha vontade de “dá um soco” na cara deles, só que não tinha
jeito... Eles eram muito grande né? (Magali)
“O celular dele tava no bolso, aí ele tomou uma joelhada e
quebrou o cristal do celular dele [...] A mãe dele deu um
cacete nele...” (Homem Aranha)A
“Ela era gorda, os meninos colocavam o apelido nela de “Baleia
Assassina”, “Orca”, e ela começava a bater nos meninos e nem
queria mais ir prá escola...” (Magali)
|
É
notório o alto nível de agressividade desencadeado pelo bullying,
fator este que contribui para uma má formação de identidade,
ou seja, a busca do “eu” de todo ser adolescente: |
[...] O
padrão de problemas de comportamento mostrado por muitas crianças
agressivo-rejeitadas (desatenção, afetividade negativa e reação
de raiva), é indicativo de deficiências na elaboração das
interações. Elas correm o risco de um ajustamento escolar
pobre, mais do que a média de escolares evadidos, habilidades
sociais deficientes para resolver problemas e alta taxa de
indicação de problemas de saúde mental (SISTO, 2005, p.13).
|
A
problemática da agressividade poderá ainda refletir-se em anos
futuros do adolescente, quando da vivência da sua fase adulta,
como reforça BALLONE (2004), reafirmando que mesmo se esses
comportamentos da adolescência acabem por desaparecer com a
idade, deixam importantes cicatrizes policiais, jurídicas, familiares
e sociais que perduram por toda a vida adulta.
Podemos de
uma forma bem concisa enxergar a ferocidade das agressões incitadas
ou almejadas pelos adolescentes dentro da pesquisa, comprovando
o fato de que o bullying é o desencadeador dos eventos
ocorridos. Sendo assim, confirmam-se os dados científicos que
enfocam a agressividade como um meio do indivíduo interiorizar
sentimentos que mais tarde irão trazer-lhes dissabores e frustrações.
Um outro dado
importante revelou-nos mais um aspecto negativo, e, de uma forma
bem ampla, envolvendo boa parte dos sujeitos. Trata-se de sofrimentos
devido à rejeição pela aparência física e diferenças raciais,
insatisfação com a aparência física, bem como, constrangimento
e tristeza pela identificação por apelidos: |
Ah”... Uma brincadeira de mau gosto! Eles me chamaram
de “Preto da Favela”... Tem que acabar com esse racismo aí...
Esses preconceitos das pessoas... (Johny Bravo)
Eles ficavam me chamando por causa da novela de “Boi
Bandido” e eu não gostava... ficava chateada [...] por que eu
não sou tão magrinha assim tanto... [...] eu ficava brigando
com eles... [...] eu me sentia assim, triste né? (Dálmata)
Ano passado, um aluno lá, cheio de gracinha, gostava
de chamar eu de “Preto”, “Escravo”... “Cê tem que ficá escravo,
colocá você no tronco!” [...] Ah... ficava chateado “né véi”,
com aquele cara “prego”![...] Tem “Mixirica” (risos), “Puffão”
, “Pezão”... Aqui é assim, vai pondo apelido em todo mundo!
(Homem Aranha)A
Gozado, é que ela
é meio gordinha, e os meninos bota apelido nela de “Codorna”...
Ela ficou triste, abaixou a cabeça... ficou sem graça...(Bela)
|
Ser
diferente é algo que o adolescente na maioria das vezes deseja
para si, fato comprovado pelos comportamentos, adesão ao uso
de piercings, tatuagens, dentre outros. Entretanto,
quando esta diferença o caracteriza como “estranho” e não diferente,
interferindo em sua auto-estima (diferenças anatômicas, raciais,
padrões de beleza impostos pela mídia), torna-se uma difícil
questão de se lidar, e por vezes, o exclui do convívio social
com os grupos:
Algumas características
físicas, comportamentais, ou emocionais, podem torná-lo mais
vulnerável às ações dos autores e dificultar a sua aceitação
pelo grupo. A rejeição às diferenças é um fato descrito como
de grande importância na ocorrência de bullying (LOPES
NETO, 2005).
Em um país
com tantas miscigenações de raças, nada mais comum que a atual
prole de adolescentes tenha os mais variados biótipos. Tudo
isso, aliado à característica nata dos adolescentes em serem
observadores e críticos por natureza, podem impulsionar o bullying
sem que o próprio “colega” perceba que está ferindo o próximo.
Dentro da pesquisa ocorreu o fato de muitos relatarem não se
importarem com os apelidos, mas em outro momento deixavam escapar
ares de tristeza e insatisfação com a denominação recebida,
quase sempre ligada à aparência física: |
Eram
muitos amigos meus... me xingaram de “Macaco” porque eu tinha
muito cabelo assim... no braço, e por que eu tinha isso aqui
ó... um “topetinho”! [...] Não, não liguei! [...] Fiquei muito
triste... (Minnie)
|
Em
conformidade com os relatos ouvidos, vale à pena citar WONG
(1999), onde reafirma que o grupo percebe os defeitos e desvios
do adolescente a partir de suas médias e estes defeitos provavelmente
serão ampliados de maneira desproporcional pelo adolescente
e, ainda, que esta imagem corporal estabelecida durante a adolescência
será aquela que os indivíduos reterão durante toda a vida.
Ainda relacionado
à aparência física, outro aspecto de caráter extremamente negativo
foi a insatisfação com a aparência física, diante da qual grande
parte dos sujeitos se mostraram inconformados: |
“Mudaria meu cabelo... gostaria que fosse liso!”
(Johny Bravo)
“Ah... Eu tinha que mudar o meu temperamento... [...]
é muito forte... muito nervosa [...] meu sonho é emagrecer prás
pessoas pararem de falar... ponto de referência!” (Dálmata)
“Mudaria... O cabelo liso e “mais corpo”!” (Hello
Kity)
“Mudaria! Queria ser magra!” (Bela)
“Mudaria, queria ser mais alta e mais gorda um pouquinho..”.
(Magali)
“Mudaria a barriga!
Porque sou gorda!” (Barbie)
|
Seqüenciando
seu postulado, WONG (1999) expressa que o tempo dispensado pelos
adolescentes diante do espelho é enorme, observando, a partir
de seus reflexos, o que eles são e no que se assemelham às outras
pessoas. Desse modo, tentam avaliar o melhor meio para conseguir
um efeito máximo, e revelar sua própria identidade.
É fato que
todas as pessoas em um contexto geral querem ser reconhecidas
e respeitadas pela sociedade. Com o adolescente isso não poderia
ser diferente. Dentro da pesquisa, esses sofrimentos diante
dos constrangimentos e chacotas aos alvos de bullying,
principalmente por causa da aparência física, forneceu-nos dados
de alerta acerca do problema. Por mais que tentassem disfarçar
e esconder os sentimentos, era visível a tristeza e o descontentamento
dos indivíduos afetados.
Outro aspecto
negativo de teor preocupante encontrado dentro da pesquisa foi
relacionado à família, aonde a ocorrência de bullying partiu
do próprio seio familiar em relação ao adolescente: |
Minha
família todinha, minha mãe principalmente... [...] fala prá
mim fechá a boca, fala prá mim fazê de tudo! [...] Faço muito
regime, dieta... fico com fome o dia inteiro... [...] A minha
mãe era que devia tá me apoiando e é a que mais me deixa chateada!
(Barbie)
|
Torna-se
também preocupante, a ausência da figura do pai nas identificações
dos sujeitos com o vínculo pai/mãe: |
“Ah... mais com minha mãe! [...] num sei “véi”... minha
mãe não tenho vergonha de falar nada não [...] meu pai também
não pára muito em casa...” (Homem Aranha)A
“Com minha mãe! [...]
minha mãe me dá mais carinho, eu sinto mais intimidade com ela...
[...] às vezes eu tenho vergonha de falar alguma coisa com ele!”
(Minnie)
“Com minha mãe, porque
meu pai vive muito fora... ele é caminhoneiro...”. (Alice)
“Com minha mãe... [...] tem mais diálogo entre eu e ela!”
(Nemo)
“Eu não conheço meu
pai... minha mãe separou dele, largou ele quando ela tava grávida...”
(Barbie)
|
A
família é a base de toda estrutura do ser humano, tal como relata
WONG (1999), onde qualquer alteração em um de seus membros cria
uma mudança causadora de disfunções que não repousam em um membro
específico , mas sim no tipo de interações utilizadas pela família.
De acordo
com CARTER & MC GOLDRICK (1995, p. 133), “As famílias experenciando
eventos e processos de ciclo de vida idiossincráticos correm
um risco especial de desenvolverem sintomas em seus membros”.
A convergência
da falta de apoio social, rompimentos relacionais, isolamento,
estigmas, segredos, sentimento de vergonha em um ou mais membros,
relacionamentos estressantes devem ser avaliados e a partir
de então, ser categorizadas soluções para a estabilização dos
efeitos negativos dos eventos a todos os membros (CARTER; MC
GOLDRICK, 1995).
A partir destas
supra citações, observamos ser de suma importância a compreensão
da estrutura familiar do adolescente, uma vez que a família
teve grande conotação nos relatos dos sujeitos dentro da pesquisa.
Torna-se importante para o entendimento de parte de sua problemática,
seja ela de qualquer espécie e conforme o tema, poderá chegar-se
à compreensão de atitudes co - relacionadas aos eventos do bullying
(pais separados, pai ausente, criação pelos avós, mães solteiras,
pressões psicológicas, dentre outros).
O último e
mais grave aspecto de caráter negativo foi a citação de suicídio
como opção de “válvula de escape” devido pressão psicológica
desencadeada pelo bullying: |
“Você
se levá pelo preconceito, porque senão a gente fica... as
outras pessoas têm vez que fica muito magoada... pode até
se matar por causa disso!” (Sininho)
|
Ao
analisarmos o estudo proposto por GOMIDE (2000), observamos
a violência sinalizada com grande carga diante dos adolescentes,
e a partir da mesma, o surgimento de pensamentos e ações bizarras
que podem levá-lo ao auto-extermínio.
Baseado neste
estudo relacionado aos adolescentes e à violência, extraiu-se
que das cinco principais causas de mortalidade, três estão relacionadas
com a violência: ferimento, homicídio e suicídio, e na classe
dos adolescentes negros a violência é a causa principal de mortalidade.
Em junção
aos parâmetros da violência, o bullying vem caminhando
paralelamente, razão pela qual não pudemos deixar de analisá-lo
no decorrer da pesquisa.
O ser humano
quando privado de algumas possibilidades ou sentimentos, alterando
suas perspectivas e decrescendo o valor de suas necessidades
(privação do alimento, retirada do afeto ou dos cuidados parentais,
provocação de dor física ou psicológica), resultará em um indivíduo
com altos índices de agressividade, quando comparado com outro
que vive em ambiente favorável (GOMIDE, 2000).
O bullying
age como um estressante que decresce o valor das necessidades
do adolescente e, portanto, poderá torná-lo parte desse vasto
universo da violência, incluindo o suicídio. Dentro desta pesquisa,
isso se tornou algo preocupante, sendo que quase a totalidade
dos sujeitos, de certa forma, citou episódios relacionados ao
fenômeno, bem como expressou tristeza ou sofrimentos por serem
alvos desta problemática.
Aspectos de caráter
necessário Na seqüência da análise
da pesquisa, encontramos no outro vértice os aspectos de caráter
necessários, expostos pelos entrevistados, os quais foram categorizados
como: a necessidade de inter-relação com amigos e a indignação
diante da ocorrência do bullying no ambiente escolar:
|
“Ah...
uma pessoa que não magoa a gente, que sempre tá do nosso lado,
que toda hora que a gente precisa tá junto com a gente!” (Alice)
“Ah... Tipo um irmão... um primo, um pai, uma mãe...”.
(Peter Pan)
“É aquela que eu
tenho confiança, amor”. (Ariel)
|
Ter
uma participação no grupo de iguais é vital para o indivíduo
nesta fase do desenvolvimento humano, como expõe BEE (1997),
citando a “panelinha”, turma, ou grupo, como uma base segura
da qual ele se apropria e movimenta-se em direção a uma solução
singular ao processo de identidade.
Conforme Gaurderer
apud COLAVITTI (2001, p.142), “a criança que não consegue fazer
parte de um grupo pode passar por sérios problemas emocionais”.
Partindo das
informações dos sujeitos sobre definições do que seja um amigo,
e observando a satisfação com a quantidade e qualidade dessas
amizades, compreendemos ainda mais a necessidade destes laços
no decorrer da adolescência. Observamos tratar-se de um mecanismo
efetivo no qual as interações funcionam como um elemento de
auto-afirmação e fornecedor de segurança emocional. Em alguns
relatos, sujeitos declararam que se porventura não tinham amigos,
ou ainda, possuíam em pouca quantidade, expressaram-se fortemente
quanto a necessidade dos mesmos, muitas vezes relacionando a
figura do amigo com familiares ou parentes próximos.
Por fim e
de grande importância dentro das observações no ínterim da pesquisa,
percebemos que os entrevistados compreendem como necessário
a contraposição às ações de bullying dentro do ambiente escolar: |
“Eles
tem que ver que eles também não são perfeitos... ninguém é
perfeito... o único perfeito é Deus!”(Cinderela)
“AH... Cada um tem
que ver a sua vida primeiro prá depois ver a do próximo né?!
Tem que reparar seus defeitos prá depois reparar os do próximo!”
(Nemo)
“O futuro a Deus pertence... o mundo dá muitas voltas...
prá isso acontecer com eles um dia, não custa nada, daqui
prá ali... uma pessoa já pode tá sofrendo a mesma coisa!”
(Barbie)
|
Os
dados fornecidos pelos sujeitos demonstram repúdio e indignação
aos eventos ocorridos no ambiente escolar protagonizados pelas
ações do bullying. Este é um fator necessário sob o
ponto de vista dos entrevistados, observado na forma de mensagens
enviadas aos agressores, incitando-lhes a se colocarem na posição
dos alvos do fenômeno e experimentarem os sofrimentos sentidos.
As mensagens, em sua maioria, expressavam conselhos para que
os agressores mudassem suas ações, fato este extremamente viável
e com grandes possibilidades de ocorrência:
“Todas as
crianças e adolescentes tem, individual e coletivamente, uma
prerrogativa humana de mudança, de transformação e de reconstrução,
ainda que em situações muito adversas, podendo vir a protagonizar
uma vida apoiada na paz, na segurança possível e na felicidade”
(LOPES NETO, 2005, p.13).
A pesquisa
forneceu-nos dados suficientes acerca da gravidade da problemática
existente dentro do ambiente escolar, possuindo todos os elementos
inclusos neste fenômeno: alvos, autores e testemunhas do bullying.
De acordo
com LOPES NETO (2005, p.13), “reduzir a prevalência de bullying
nas escolas, pode ser uma medida de saúde pública altamente
efetiva para o século XXI”.
Via de regra
torna-se necessário que as instituições de saúde e educação,
assim como seus profissionais, reconheçam a extensão e o impacto
gerado pela prática do bullying entre estudantes e desenvolvam
medidas para redução dessa ocorrência. Cabe aos profissionais
de saúde ser competentes para prevenir, investigar e adotar
condutas adequadas para todos os afetados pelo fenômeno (LOPES
NETO, 2005).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao propormos
este estudo, trabalhamos com o intuito de nos aprofundarmos
no universo adolescente e, intencionalmente, nos inteirarmos
quanto à possibilidade do mesmo estar sofrendo diante das ações
advindas com o bullying. Trata-se de uma temática bastante
complexa, uma vez que o próprio adolescente é um cliente especial,
extremamente delicado aos cuidados dispensados, muito permeável
ao aprendizado e podendo absorver rapidamente o conteúdo maléfico
que este fenômeno carrega consigo.
A pesquisa
nos permitiu um parecer bem amplo dos entrevistados acerca da
problemática, de onde extraímos três aspectos relativos aos
adolescentes pesquisados: positivos, negativos e necessários.
Dentre os
aspectos de caráter positivo, a satisfação com a escola e os
professores tiveram ótima conotação por parte dos entrevistados,
deixando-nos evidente que este fator seduz o adolescente, motivando-o
à freqüência escolar e favorecendo seu rendimento enquanto se
encontra na posição de educando.
Em segundo
lugar, o lazer vivenciado pelos entrevistados teve destaque,
sendo indispensável à saúde mental dos adolescentes. Percebemos
a diversidade de atividades de lazer praticadas, retirando como
foco principal lazeres ociosos como a televisão, computador
e videogame, que embora citados foram permeados com outras opções
esportivas.
Em continuidade,
a constatação da presença de sonhos e a esperança de um futuro
promissor, caracterizou-se como mais um aspecto de caráter positivo.
A empolgação nos relatos quanto suas futuras aspirações profissionais,
bem como compromissos sérios com o estudo, reforçaram em nós
a idéia de que os sujeitos encontram-se num bom estado de saúde
mental. Quanto aos fatores de caráter necessário, encontramo-los
fortemente expressos em relatos acerca da importância da amizade
e da indignação pela ocorrência do bullying no ambiente escolar.
A definição
de “amigo” que os sujeitos nos forneceram foi a de alguém com
quem “se pode contar” e visto como necessidade para todos os
entrevistados.
A indignação
com os atos de bullying também se destacou como aspecto de caráter
necessário, e muitos citaram ser de grande importância o respeito
com o próximo, colocando a inversão na troca de papéis como
exemplo para que os agressores saibam a dor desencadeada pelos
mesmos nos indivíduos atingidos.
Em seqüência,
encontramos os aspectos de caráter negativo. A citação de sentimentos
ruins e incoerentes com boa saúde mental foi fortemente evidenciada
nos relatos. Agressividade, tristeza e sofrimento devido rejeição
pela aparência física e diferenças raciais, por apelidos vexatórios
e pela insatisfação com a aparência física foram marcantes dentro
da pesquisa.
Estes relatos
confirmaram o que antes já havíamos considerado, que as marcas
deixadas pelo bullying no adolescente são profundas,
magoando-o no íntimo de seu ser, desestruturando áreas de sua
vida, principalmente relacionadas à auto-estima e socialização.
Surpreendeu-nos
ainda, o relato de bullying partindo do próprio seio
familiar coagindo o adolescente. O suporte familiar traduz-se
como um esteio, um amparo, e as famílias precisam ter muito
cuidado no trato com o adolescente. Deve procurar entendê-lo
e ajudá-lo e não induzi-lo à baixa auto-estima e carência afetiva,
devendo fornecer meios para uma otimização nesse período do
desenvolvimento humano.
De acordo
com os relatos dos sujeitos protestando contra a ocorrência
das más experiências por eles vivenciadas, observamos que, a
princípio, mudanças podem ser efetivadas contra a problemática,
entretanto, não se deve deixar evoluir sem implementação de
ações. Se porventura não houver efetividade no combate ao bullying,
vários indivíduos podem ser severamente absorvidos por este
fenômeno devastador, e, a partir de então, perder o encanto
desta fascinante fase do desenvolvimento humano.
Este estudo
teve uma repercussão positiva frente à direção da instituição
de ensino em questão, onde recebemos um convite para efetuarmos
um projeto de extensão anti-bullying com palestras
conscientizadoras aos estudantes. Acreditamos, desta forma,
que o tema deve continuar a ser debatido e estudado para que
o índice de agressões nas escolas brasileiras possa ser diminuído.
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Texto
recebido em 07/03/2006
Aprovado para publicação em 30/04/2006
1Artigo baseado em Trabalho de Conclusão de Curso
a ser apresentado ao Curso de Enfermagem da UniEVANGÉLICA –
Goiás, Brasil.
2Acadêmica do 8º período do curso de enfermagem
da UniEVANGÉLICA, Anápolis, Goiás, Brasil.Email: agneschutz@yahoo.com.br
3Enfermeira Especialista em Saúde Mental. Professora
da disciplina de enfermagem Psiquiátrica da UniEVANGÉLICA, Anápolis,
Goiás, Brasil. Endereço para contato: Av. Universitária Km 3,5-Cidade
Universitária – Anápolis –GO CEP: 75070-290 – Fone: (62) 3310-6600.
Email: priscilantonio@yahoo.com.br
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