ARTIGOS ORIGINAIS / ORIGINAL PAPERS / ARTICULOS ORIGINALES |
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MARQUES, Elisângela
de Souza; MENDES, Dione Alves; TORNIS, Nicolly Helen
Morais; LOPES, Carmen Luci Rodriques; BARBOSA, Maria
Alves. O CONHECIMENTO DOS ESCOLARES ADOLESCENTES
SOBRE DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS/AIDS.
Revista Eletrônica de Enfermagem, v. 08, n. 01, p. 58
– 62, 2006. Disponível em http://www.revistas.ufg.br/index.php/fen |
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CONHECIMENTO DOS ESCOLARES ADOLESCENTES SOBRE
DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS/AIDS
THE
KNOWLEDGE OF THE SCHOOL ADOLESCENTS ABOUT SEXUALLY TRANSMITTED
DISEASES/AIDS
EL
CONOCIMIENTO DE LOS ADOLESCENTES ESCOLARES SOBRE ENFERMEDADES
DE TRANSMISSIÓN SEXUAL/SIDA
Elisângela de Souza Marques1
Dione Alves Mendes1
Nicolly Helen Morais Tornis1
Carmen Luci Rodriques Lopes2
Maria Alves Barbosa3
RESUMO: O objetivo desta pesquisa
foi verificar o conhecimento do escolar adolescente de uma escola
pública de Goiânia-Goiás sobre as DST/AIDS. O estudo caracteriza-se
como descritivo e foi realizado no período de janeiro a outubro
de 2003, com alunos de 7ª e 8ª séries do ensino fundamental
e 2ª e 3ª séries do ensino médio, da referida escola. Os dados
foram coletados por meio de questionário estruturado. Dos 113
participantes, 46% eram do sexo masculino e 54% do sexo feminino,
a idade variou entre 12 e 19 anos, 15% informaram já ter praticado
relação sexual. Observou-se que, apesar de 90,43% dos estudantes
terem relatado informações prévias sobre o assunto, quando interrogados
quanto ao conhecimento sobre as DST/AIDS, muitos deles responderam
incorretamente. Desta forma, sugere-se a implementação efetiva
de programas educativos sobre o tema em todas as escolas do
ensino fundamental e médio.
PALAVRAS–CHAVE: Enfermagem em Saúde Pública;
Saúde do Adolescente; Doenças Sexualmente Transmissíveis.
ABSTRACT. The purpose of this research was
to verify the knowledge of the school adolescents, of a public
school in Goiânia – Goiás, about STD/Aids. The research is characterized
as descriptive and was made from 2003 January to October, with
students of the related school 7th and 8th classes’ and 2nd
and 3rd high school classes. The data had been collected by
structuralized questionnaire. The research had evaluated 113
students and 46% of them were male and 54% were female. The
age goes to 12 to 19 years old. 15% of the students told that
they already had sexual relations. It was observed that, although
90,43% of the students have showed previous knowledge of the
subject, when they were asked about how much they knew about
DST/AIDS, many of them had answered incorrectly. The research
suggests an effective implementation of educative programs about
the theme in all the schools and school levels.
KEYWORDS: Public Health Nursing; Teen Health;
Sexually Transmitted Diseases.
RESUMEN. El objetivo de esta pesquisa fue verificar
el conocimiento del escolar adolescente, de una escuela pública
de Goiania-Goiás, sobre las Enfermedades de Transmisión Sexual/SIDA.
La pesquisa se caracterizó como descriptiva y fue realizado
en el periodo de enero a octubre de 2003, con alumnos de 7ª
y 8ª series de la enseñanza primaria y 2ª y 3ª series del bachiller,
de la referida escuela. Los datos fueron colectados por medio
de cuestionario estructurado. De los 113 participantes, 46%
eran do sexo masculino y 54% do sexo femenino, la edad varió
entre 12 y 19 años, 15% informaron que ya han tenido relación
sexual. Se observó que a pesar de 90,43% de los estudiantes
hubiera relatado informaciones previas sobre el asunto, cuando
interrogados cuanto al conocimiento sobre as las enfermedades
sexualmente transmisibles/CIDA, muchos de ellos respondieron
incorrectamente. De esta manera, se sugiere la implementación
efectiva de programas educativos sobre el tema en todas las
escuelas de la enseñanza primaria y bachillerato.
PALABRAS–CLAVE: Enfermería en Salud Pública;
Salud de los Adolescentes; Enfermedades de Transmisión Sexual. |
INTRODUÇÃO
A adolescência
é um momento especial da vida humana e é concebida como um período
de transição entre a infância e a vida adulta. Este período
é caracterizado por importantes modificações bio-psico-sociais
(ABEASTURY & KNOBEL, 1992).
De acordo
com o BRASIL (1998), os adolescentes estão cada vez mais cedo
se deparando com novos valores comportamentais, relacionados
com a afetividade e a vida sexual. Além de experimentarem rápidas
mudanças em seus corpos, sentimentos e relações com a sociedade,
também passam a se tornar responsáveis por sua saúde e bem-estar.
De uma maneira geral, os jovens estão em busca de uma identidade,
entretanto, a insegurança, a influência dos meios de comunicação
e as fantasias que se deparam no início da prática sexual, associados
com a pouca percepção de risco e limitada informação que têm
sobre sexualidade e doenças sexualmente transmissíveis (DST),
coloca-os na condição de presa fácil das mais diferentes situações
de risco como, o uso de drogas, gravidez precoce e indesejada,
violência, DST/AIDS, evasão escolar e outros (FERREIRA et al.,
2000; OSELKA, 2002).
As DST e a
AIDS, marcam os tempos atuais, exigindo dos educadores uma postura
inovadora, suscitando a participação, o diálogo aberto e franco,
com meios didáticos adequados suficientes para favorecer o processo
de ensino-aprendizagem no trabalho pedagógico e científico destas
questões com a população em geral e, em particular, com a criança
e o adolescente.
Desenvolver
ações de prevenção voltadas para os jovens é uma prioridade
para o controle de doenças, e a compreensão do contexto é fundamental
no planejamento de intervenções educacionais para o alcance
dessas práticas e, por isso, está intimamente relacionado à
questão da vulnerabilidade, que não se restringe a comportamentos
de riscos individuais, mas também aos fatores políticos e econômicos.
Percebe-se
que, mesmo sendo a informação parte importante na educação sobre
sexualidade e prevenção das DST/AIDS, a disseminação do conhecimento
para promover o sexo seguro e sadio continua sendo ignorado
e não tem conseguido provocar a mudança de comportamento desejada
entre os jovens. Portanto, este trabalho teve como objetivos:
verificar o conhecimento dos escolares adolescentes sobre DST/AIDS,
e contribuir efetivamente com o planejamento da orientação e
manutenção da saúde dos mesmos.
METODOLOGIA
De acordo
com o objeto de investigação proposto, foi realizado um estudo
descritivo com abordagem quali-quantitativa em uma escola pública,
localizada na Região Leste, Setor Universitário, Goiânia-Goiás,
no período de janeiro a outubro de 2003. A população foi constituída
por 113 alunos, sendo estes da 7ª e 8ª série do ensino fundamental
e 2ª e 3ª série do ensino médio do turno matutino. A idade dos
participantes variou entre 12 e 19 anos.
Os dados foram
coletados através de questionário contendo perguntas abertas
e fechadas, o qual foi previamente validado quanto ao seu conteúdo,
pertinência e objetivos. Para participar do estudo, o aluno
deveria estar devidamente matriculado no período matutino nas
referidas séries, sendo excluídos os que não estavam presentes
no momento da aplicação do questionário.
Na realização desta pesquisa foram respeitados os preceitos
éticos legais baseados na Resolução CNS-196/96. O projeto da
mesma foi enviado à direção da escola, recebendo autorização
para sua realização, assim como, apreciado e aprovado pelo Comitê
de Ética e Pesquisa Humana do Hospital das Clínicas da Universidade
Federal de Goiás.
Os dados coletados
foram analisados quali-quantitativamente e os resultados foram
apresentados em gráficos e tabelas e de forma descritiva de
acordo com a percepção e opinião dos alunos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após sistematização
das informações, verificou-se que a maioria dos escolares era
do sexo feminino (54%), cursava a 8ª série e o 2º ano (54%)
e a faixa etária variou entre 12 e 19 anos, sendo a média de
idade de 15 anos (Tabela 1).
Com relação à prática sexual, a maioria dos escolares (65%),
não mencionou opinião sobre esta questão, e dos que opinaram,
20% disseram que já haviam experimentado relações sexuais, enquanto
15%, relataram que não tinham vivenciado esta prática.
Segundo dados da
Organização Mundial de Saúde, grande parte dos adolescentes
torna-se sexualmente ativos antes dos 20 anos e a capacidade
reprodutiva tem início mais cedo, com uma maior exposição à
gravidez na adolescência (BRASIL, 2003). Neste estudo, a idade
de início da prática sexual, variou de 12 a 19 anos, sendo a
média de idade de 14 anos. TRAJMAN et al. (2003) e BELO et al.,2004
verificaram em estudo realizado que a média de idade da primeira
relação sexual foi de 15 e 16 anos respectivamente.
Tabela 1 - Características dos adolescentes
quanto ao sexo, faixa etária e escolaridade. Goiânia, 2003.
O início precoce
das relações sexuais é preocupante, porque na maioria das vezes
a adolescente não está preparada para o exercício da sexualidade,
expondo-se à gravidez e DST/AIDS. A precocidade cada vez mais
observada no início das relações sexuais é fruto, muitas vezes,
da empolgação e do momento. E esse comportamento nem sempre
vem acompanhado de informações sobre o funcionamento do próprio
corpo, sobre os métodos anticoncepcionais ou sobre o uso correto
desses métodos (FERREIRA et al., 2000).
Verificou-se
que dos adolescentes que informaram a prática de relação sexual,
a maioria (51%) refere ter parceiro fixo, enquanto 36% relataram
possuir diversos parceiros e 13% não possuíam parceiro no momento
da pesquisa (Gráfico 1). O dado encontrado em relação ao parceiro
fixo foi inferior quando comparado ao do estudo de FERREIRA
et al. (2000), realizado com 36 adolescentes.
A maioria
dos entrevistados (92,03%) relatou ter recebido algum tipo de
informação sobre DST, e as fontes de informações citadas foram:
revistas, jornais, livros, internet e outros (pais, família,
palestras, amigos e TV). Estudos de FERREIRA et al., 2000 e
SILVA et al., 2003 também encontraram resultados semelhantes.
Conforme a Organização Mundial de Saúde, o acesso à informação
nem sempre é fácil e poucos são os que sabem antes da "primeira
vez” o que é planejamento familiar ou métodos contraceptivos
(BRASIL, 2003).
Verifica-se
nos depoimentos abaixo, o conhecimento dos escolares sobre as
DST:
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“se não tomamos cuidado podemos nos contaminar e até
morrer” (7ª série);
“horrível por isso é melhor se proteger” (7ª série);
“nada” (7ª série);
“é uma doença transmitida pela Aids” (7ª série);
“sei o bastante para saber que todas são muito perigosas” (8ª
série);
”que elas são transmitidas através do sexo e também que é muito
fácil de pegar, mas é difícil para sair” (8ª série);
”são doenças causadas pela falta de cuidado como não usar camisinha”
(8ª série);
”são doenças que devem ter um cuidado especial” (2º ano);
”que são transmitidas através da relação sexual, ou sangue contaminado
etc” (2º ano);
”monte de cois”a (2º ano);
”o básico” (3º ano);
”o que aprendi nos livros, internet, é que podemos prevenir
usando camisinha” (3º ano);
”que não é uma coisa boa” (3º ano);
”é uma doença transmitida no ato sexual” (3º ano).
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Observa-se
pelas afirmações dos entrevistados, que é restrito o grau de
conhecimento que têm sobre as DST. Nota-se que a maioria deles
associa estas doenças ao ato sexual, e não relata outros meios
de contaminação. Outros estudos corroboram com este, pois também
mostraram que os adolescentes não possuíam informações suficientes
para assegurar comportamentos sexuais livres de riscos (OSELKA,
2002; SILVA et al.,2003).
Ao serem questionados
sobre as DST que conhecem, as respostas foram variadas e podem
ser verificadas a seguir: |
“AIDS“ (7a série);
“nenhuma“ (7a série);
“câncer, câncer de mama e outros“ (7a série);
“AIDS, gonorréia, sífilis, herpes genital, crista de galo“ (7º
série);
“eu conheço a AIDS e outras“ (8a série);
“AIDS o HIV etc“ (8a série);
“AIDS, sífilis, gonorréia, cancro mole, candídiase” (8a série);
“todas” (2º ano);
“gonorréia, sífilis, hemorróida” (2º ano);
“herpes, AIDS, seborréia, gonorréia” (2º ano);
“não lembro o nome delas são tão complicados de se falar” (2º
ano);
“AIDS” (3º ano);
“herpes e outras que agora não me lembro bem o nome” (3º ano);
“um monte” (3º ano).
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Constatou-se
que grande parte dos entrevistados conhece apenas a AIDS como
doença sexualmente transmissível, alguns desconhecem as DST
e outros dizem que sabem de “um monte” mas não as especifica.
Percebemos que alguns confundem as DST com outras doenças, e
citam doenças que não fazem parte deste grupo, tais como: câncer,
câncer de mama, hemorróida e seborréia. Em estudo realizado
por KNIJINIK et al. (1990), os estudantes também identificaram
como DST outras doenças que não as são, entre outras a caxumba
e a piorréia.
Quanto à variável
conhecimento sobre medidas preventivas das DST/AIDS, as respostas
foram variadas e o método mais citado foi a orientação, seguido
do acesso a métodos seguros e alguns responderam que seria evitando
o contato sexual.
No que diz
respeito à condição sócio-econômica como fator de influência
no conhecimento e prevenção das DST, dos entrevistados que responderam
a esta questão, 60% acham que a condição sócio-econômica influencia
no conhecimento e prevenção das DST, enquanto 37% acham que
não influencia (Gráfico 2). De acordo com BRASIL (1998), as
questões sociais e econômicas influenciam sobremaneira no aumento
da infecção pelo HIV e outras DST, pela falta de acesso aos
meios de comunicação, serviços de saúde e aos meios de prevenção.
Em relação
a reação que os entrevistados apresentariam se fossem contaminados
por uma DST, a maioria respondeu que procuraria um médico, alguns
afirmaram que contaria aos pais, uma minoria respondeu que faria
auto medicação ou contaria a um amigo e nenhum informou que
não faria nada. Mesmo sendo a família o grupo social primário
e mais importante no que diz respeito à vida do jovem e que
deveria ser responsável pela sua formação sexual, porém não
é esta a realidade, talvez por falta de estrutura familiar ou
mesmo por não saberem como abordar o assunto com os mesmos (OLIVEIRA
et al., 1998).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando o conhecimento
dos escolares sobre as DST/AIDS observado neste estudo e, a
precocidade que os mesmos informaram estarem iniciando as atividades
sexuais, sugere-se, o planejamento e implementação efetiva de
programas educativos sobre o tema, inclusive que atenda à questão
da anticoncepção, nas escolas do ensino fundamental e médio.
Recomenda-se aos
jovens que procurem esclarecer suas dúvidas e resolver seus
problemas a respeito da sexualidade e DST por meio de leituras,
do diálogo com professores e pais e procurem participar ativamente
das atividades educativas organizadas pela escola.
Sugere-se às escolas
de ensino fundamental e médio que reservem tempo em seus calendários
para realização de atividades sobre o tema, e procurem ampliar
as informações para a família. E, aos pais, que mantenham o
diálogo com seus filhos sobre assuntos variados, incluindo a
educação sexual.
Acredita-se que,
a partir do momento que escolas e pais se empenharem conjuntamente
na preparação dos jovens sobre a sexualidade, será menor a prevalência
de DST entre o grupo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
|
ABEASTURY, A.; KNOBEL, M. Adolescência normal. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1992.
BELO, M. A. V. & SILVA, J. L.P. Conhecimento, atitude e prática
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Prevenir é sempre melhor. Brasília: Ministério da Saúde, 1998.
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desinformação [online]. Brasília, 2003. Disponível em: http://www.aids.gov.br
[Acesso em 27 ago 2003].
FERREIRA, L. S. M.; GALVÃO, M. T. G.; COSTA, E. S. Sexualidade
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KNIJINIK, J.; BERNARDI, C.; DUNCAN, B. B. et al. Necessidades
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OLIVEIRA, J. C.; PEREIRA, N.O.; CAMARANO, A. A. et al. Evolução
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127-133, 2003.
Texto
recebido em 20/12/2005
Publicação aprovada em 30/04/2006
1 Enfermeiro. Graduado pela Faculdade de Enfermagem
da Universidade Federal de Goiás. Goiânia, Goiás, Brasil.
2 Enfermeira. Mestre em Epidemiologia. Professora
Assistente da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal
de Goiás. Goiânia – Goiás, Brasil. E-mail: clopes@fen.ufg.br
3 Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora
Titular da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de
Goiás. Goiânia – Goiás, Brasil. E-mail: maria.barbosa@gmail.com
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