INTRODUÇÃO
A aspiração
endotraqueal é um recurso mecânico simples e importante na rotina
hospitalar. É amplamente utilizado em pacientes em Unidade de
Terapia Intensiva, sob ventilação mecânica ou não, ou em pacientes
de leito hospitalar que não conseguem expelir voluntariamente
as secreções pulmonares traqueobrônquicas, sangue e vômitos,
sem traumatismos, com a finalidade de manter as vias aéreas
permeáveis, prevenir infecções, promover trocas gasosas, incrementar
a oxigenação arterial e melhorar a função pulmonar (COSTA, 1999).
Este procedimento
expõe a sérios riscos, especialmente em pacientes sob ventilação
mecânica, devendo ser cuidadosa e criteriosa para evitar complicações
sérias como hipoxemia, atelectasia, arritmia e infecção, entre
outras (COSTA, 1999).
Para realizar
a aspiração das vias aéreas, se faz necessário que se tenha
à mão: estetoscópio, fonte de oxigênio e conexões, sistema de
vácuo e conexões, monitor cardiorrespiratório e saturímetro,
óculos protetores, máscara facial, avental descartável, luva
estéril, sondas de aspiração traqueal adequada à idade ou a
compleição física, solução fisiológica a 0,9 %, compressa estéril,
gaze estéril, seringas e ambu (HINRICHSEN, 2004).
Na aspiração
devem ser usadas sondas traqueais maleáveis, descartáveis, nos
tamanhos 12 ou 14, com três orifícios (no mínimo) na extremidade
distal, dispostos lateralmente e na ponta, para que não haja
colabamento da traquéia, que poderia provocar ulcerações e sangramentos.
É recomendável que possua válvula digital para controle da pressão
do vácuo e que o diâmetro externo não exceda 1/3 do diâmetro
interno do tubo endotraqueal ou traqueóstomo. Durante a aspiração
pode ser necessário o suporte de oxigênio de acordo com o quadro
clínico do paciente (COSTA, 1999).
Para que seja
realizada de forma asséptica, devemos antes de iniciar o procedimento
lavar as mãos com técnica correta, abrir a ponta do papel da
sonda estéril, adaptá-la à conexão do vácuo, abrir o vácuo e,
em seguida, calçar luvas estéreis, segurando-a com uma das mãos
e com a outra desconectando o respirador. Em seguida, introduz-se
o cateter na traquéia do paciente através do tubo endotraqueal
ou traqueostomia o qual deverá estar ligado a um sistema aspirador;
a aspiração será realizada quando a ponta do cateter estiver
no interior da traquéia (DREYER et al, 2003).
O tempo da
introdução da sonda deve ser o mais rápido possível, e sua retirada
deve ser feita com movimentos circulares, produzidos com os
polegares e indicador, permitindo a limpeza das secreções com
o mínimo de dano à parede traqueal. A duração não deve ser superior
a 10 segundos, pois o fator tempo é um determinante muito importante,
uma vez que o conteúdo aéreo nos pulmões fica reduzido, podendo
levar a hipóxia, já que, juntamente com as secreções, aspira-se
ar (DREYER et al, 2003).
Após o término
do procedimento, a mesma sonda pode ser utilizada para a aspiração
nasal e, em seguida, oral. Naqueles pacientes que estão recebendo
nutrição enteral, interromper a sua administração durante o
procedimento, para prevenir vômitos e aspiração pulmonar (OLIVEIRA
et al, 2001; DREYER et al, 2003).
Para fluidificar,
mobilizar as secreções e estimular a tosse deve ser instilada
intrabronquicamente pequenas quantidades de soro fisiológico
(até 5ml). Quando há risco de formação de atelectasia, devido
às rolhas de secreção, associa-se a utilização do ambu, sempre
seguindo os cuidados de assepsia indicados (COSTA, 1999).
Se o tampão
persistir, instilar solução bicarbonatada (0,5 ml de bicarbonato
de sódio mais 2,5 de água destilada), seguida de ventilação
com ambu (OLIVEIRA et al, 2001).
Entretanto
autores como PASSOS et al (2000), DREYER et al (2003) e GONZÁLEZ
et al (2004) afirmam que a adequada umidificação dos gases inspirados
e a hidratação do paciente evitam a formação de rolhas de secreção.
Não é recomendada a instilação rotineira de soro fisiológico
a 0,9% na traquéia para fluidificar as secreções, exceto após
avaliação da real necessidade do paciente. Esse procedimento
provoca hipoxemia, além de infecções, podendo prejudicar o bem
estar psicológico do paciente.
É importante
ressaltar a existência de sistemas fechados de aspiração que,
ligados diretamente ao circuito respiratório, permitem realizar
este procedimento sem desconectar o paciente do ventilador mecânico,
mantendo a Pressão Expiratória Positiva (PEEP) e diminuindo,
assim, o risco de hipoxemia. No entanto, alguns estudos mostraram
que sua utilização não influencia a incidência de infecções.
Após o término da aspiração, retirar luvas, descartá-las e lavar
as mãos em seguida (DREYER et al, 2003).
Reconhecendo
a importância deste procedimento e a utilização de diretrizes
que venham a minimizar os riscos para o agravo à saúde destes
pacientes, consideramos uma questão fundamental para ser investigada.
Objetivamos
nesse estudo caracterizar os profissionais que realizam o procedimento
de aspiração das VAS nas unidades de urgência e UTI de um Hospital
Público da grande Natal/RN e identificar os cuidados executados
durante esse procedimento nos setores em estudo.
MÉTODOS
A pesquisa é do tipo
exploratório descritivo com dados prospectivos e abordagem quantitativa,
realizada nas Unidades de Urgência e Terapia Intensiva de um
Hospital da grande Natal-RN.
A população estudada
constou de 14 enfermeiros, 22 técnicos de enfermagem, 14 auxiliares
de enfermagem, 03 médicos e 07 fisioterapeutas que realizaram
o procedimento de aspiração das VAS no período em estudo.
Para elaborarmos
o instrumento ou protocolo de cuidados de aspiração das VAS,
tomamos como base os fundamentos preconizados por vários autores,
sendo o Guidelines for Prevention of Nosocomial Pneumonia (CDC,
1997) o principal.
A coleta de dados
foi realizada nos meses de janeiro e fevereiro de 2005, durante
os três turnos, em pacientes com uso de ventilação mecânica.
Para tanto, seguimos os princípios éticos e legais que regem
a pesquisa em seres humanos, preconizados na Resolução do Conselho
Nacional de Saúde Nº. 196/96, manifestada pela aprovação do
protocolo registro do Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) - UFRN
101-04 (BRASIL, 2000).
Por ser uma pesquisa
na qual os dados deveriam ser coletados nas 24 horas, ininterruptamente,
necessitamos de uma equipe composta de 07 alunas de iniciação
científica do curso de graduação em Enfermagem que se revezaram
nos três turnos de trabalho. Antes de começarmos a coleta dos
dados, fizemos um treinamento com a finalidade de orientar a
equipe, de maneira que todos falassem a mesma linguagem, evitando
os vieses na pesquisa. A técnica de coleta de dados utilizada
foi a observação estruturada não participante. Para completar
os dados durante as observações, utilizamos também um diário
de campo.
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO
DOS RESULTADOS Quadro 1 - Distribuição das aspirações das
vias realizadas durante o estudo. PSCS - Natal/RN, 2005.
Foram pesquisados
20 passos na realização do procedimento da aspiração das VAS,
sendo observados 334 procedimentos.
Como pode
ser visto no Quadro 1, das 334 aspirações realizadas, em 269
(80,24%) os profissionais não lavaram as mãos antes do procedimento.
Esses resultados
contradizem o que é preconizado pela literatura, quando afirma
que as mãos devem ser lavadas sempre antes e após qualquer procedimento,
independente do uso de luvas, pois estas são o principal meio
de transmissão das infecções hospitalares (CDC, 1997; ANVISA,
2000, BLOOM & LIMA, 2003).
Em estudo
realizado com enfermeiras sobre a técnica de aspiração, foram
encontrados dados semelhantes, quando observaram que somente
56% delas lavavam as mãos antes do procedimento. As autoras
atribuem o fato a algumas crerem que ao usar luvas já estão
utilizando uma barreira contra a infecção, o que é um conceito
errôneo, já que está demonstrado que o uso de luvas não substitui
a lavagem das mãos (GONZÁLEZ et al, 2004).
Em relação
a esses passos, chamamos a atenção àqueles que dizem respeito
a informar ao paciente previamente à aspiração, percebemos
que dos 334 procedimentos em 310 vezes (92,81%) essa ação não
foi realizada.
Complementando
as considerações acerca desse dado, acrescentamos que no estudo
de GONZÀLEZ et al (2004) apesar de haver uma concordância em
100% sobre o fato das enfermeiras na teoria acharem que devem
informar ao paciente previamente sobre o procedimento, um pequeno
número não o fez na prática. Esse dado é atribuído ao fato de
que a alteração do nível de consciência e o menor grau de comunicação
das enfermeiras ao paciente com nível de consciência alterado
as levam a tomar esse tipo de atitude (GONZÁLEZ et al, 2004,
OLIVEIRA et al, 2005).
No que se
refere à interrupção da dieta enteral antes da aspiração,
das 176 vezes que estava sendo administrada dieta durante o
procedimento, em 141 vezes (80,12%) esta não foi interrompida.
Sobre esse
aspecto, vários autores advertem que a nutrição enteral deve
ser interrompida durante o procedimento de aspiração, para prevenir
vômitos e aspiração bronco pulmonar (CDC,1997; OLIVEIRA et al,
2001; COLOMBRINI et al, 2003).
Quanto ao
uso de EPIs, das 334 vezes que foi realizado o procedimento
de aspiração, em 309 (92,52%) os profissionais não usaram essa
medida de profilaxia, isto é, não utilizaram todos os equipamentos
durante a aspiração, que compreendem luvas, gorros, óculos,
máscaras e capotes.
Em relação
ao uso dos óculos, o Ministério da Saúde diz que devem ser usados
durante os procedimentos passíveis de respingo de sangue ou
de fluidos corpóreos nas mucosas oral, nasal e ocular do profissional
(BRASIL, 1999).
Sobre esse
item, GONZÀLEZ et al (2004) obtiveram dados semelhantes, quando
avaliaram a competência prática de enfermeiros sobre aspiração.
Identificaram nesse estudo que as enfermeiras na teoria consideravam
o uso dos óculos necessário, porém, na prática, não os utilizaram.
Quanto ao
uso do capote, ele é utilizado, porém os profissionais vestem
no início do plantão, só retirando no final. O mesmo capote
é utilizado em todos os procedimentos realizados e em diferentes
pacientes. Essa prática contradiz as recomendações de pesquisadores
(GOMES, 2003; PEREIRA et al, 1999), os quais afirmam que este
deve ser imediatamente retirado após o uso e que caso necessite
fazer procedimentos em pacientes diferentes deve substituí-lo
para evitar infecções cruzadas.
Em relação
a FiO2 ser dobrada ou elevada a 100% antes
da aspiração, esse procedimento não foi realizado em 296 vezes
(88,62%). Sobre essa técnica DREYER et al (2003) salientam que
devemos hiperoxigenar o paciente para prevenir hipoxemia e não
agravar o seu quadro clínico.
Em relação
ao uso de luvas estéreis, a grande maioria, 310 vezes
(92,11%), fez uso desse passo. Ressaltamos que mesmo sendo essa
técnica uma medida profilática no controle das infecções, foram
usadas luvas de procedimento não estéril por 12 vezes (3,83%).
Nesse estudo,
observamos que o cateter utilizado na instituição não era próprio
para aspiração das VAS, sendo usada sonda uretral. Quanto ao
calibre, estava adequado em 321 (96,11%) vezes. No entanto,
em 13 (3,89%) esse cateter foi substituído por sonda nasogástrica
ou mesmo sonda uretral de calibre maior ou menor do que o recomendado
para o paciente.
Ressaltamos
que a literatura consultada recomenda que o cateter ou sonda
deva ser macio, de material transparente, com ponta arredondada
e múltiplos orifícios em contra-abertura na extremidade distal,
que possua válvula digital para controle de pressão do vácuo
e que o diâmetro externo não exceda 1/3 do diâmetro interno
do tubo endotraqueal ou traqueóstomo (SAMPAIO & FARIA, 1998;
COSTA, 1999; THE ROYAL..., 1999; PASSOS et al, 2000; THOMPSON,
2000; GONZÁLEZ et al, 2004).
O cateter
de aspiração estéril foi utilizado em 325 vezes (97,30).
O cateter de aspiração traqueal pode introduzir microorganismos
no trato respiratório baixo. Portanto, deve ser estéril e de
uso único (OLIVEIRA et al, 2000).
No que diz
respeito seguir a seqüência da aspiração (tubo, nariz e boca),
em 281 vezes (84,13%) os profissionais seguiram os passos preconizados
por alguns autores (OLIVEIRA et al, 2001). A ANVISA (2000) recomenda
que quando houver necessidade de aspirar a boca do paciente
intubado, esse procedimento deve ser realizado usando uma nova
sonda após aspiração traqueal.
Das 228 vezes
que foi utilizada gaze para limpar as secreções do cateter
durante a aspiração, em 196 (80,83%) estava estéril. É
importante ressaltar que alguns profissionais usaram os invólucros
das luvas para limpar as secreções.
Em relação
à observação sobre se o ventilador era conectado ao paciente
nos intervalos de aspiração, vimos que em 270 (80,84%)
vezes esse procedimento foi realizado de forma correta, isto
é, o paciente era ventilado em intervalos para então introduzir
novamente o cateter e aspirar outra vez, evitando, assim, a
hipóxia.
Por outro
lado, observamos que em relação ao tempo de aspiração
em 212 (63,47%) vezes os profissionais excederam os 15 segundos
de permanência da sonda na traquéia, preconizados pela literatura
(SAMPAIO & FARIA, 1998; COSTA, 1999; THE ROYAL..., 1999;
PASSOS et al, 2000; THOMPSON, 2000; GONZÁLEZ et al, 2004). Alguns
autores, como SMELTZER & BARE (2002) e DREYER et al (2003)
recomendam um tempo máximo de 10 segundos. Nesse estudo, o tempo
mínimo de aspiração das secreções foi de cinco segundo e o máximo
de um minuto e trinta segundos.
A bibliografia
revisada ressalta amplamente a não instilação de Soro Fisiológico
(SF) 0,9% para fluidificar as secreções. Porém, no nosso
estudo, quando buscamos identificar se as secreções eram fluidificadas
com SF estéril, das 276 vezes que essa solução foi utilizada
em 239 (86,59%) era estéril.
Na meta-análise realizada por OH & SEO (2003) sobre a aspiração
endotraqueal, os autores referem que somente em três dos estudos
analisados utilizam o SF.
SOLE et al
(2003) em ampla avaliação em 27 hospitais dos Estados Unidos,
com 1.665 enfermeiras e fisioterapeutas respiratórios, observaram
que 74% dos centros estudados incluíam nos protocolos a instilação
de SF quando as secreções estavam espessas.
THOMPSON (2000)
e DREYER & ZUÑIGA (2003) afirmam que a instilação de solução
salina pode ter efeito adverso na Saturação de Oxigênio (SaO2),
além do risco de infecção, não devendo ser utilização como rotina3,17.
Nesse mesmo aspecto, COLOMBRINI et al (2003) ressaltam que a
instilação com SF, além de causar hipoxemia e infecções, pode
prejudicar o bem-estar psicológico do paciente. Para prevenir
a oclusão do tubo traqueal é recomendado fazer a umidificação
dos gases inspirados e hidratar o paciente adequadamente.
Das 100 vezes
que foi necessária a utilização de ambu estéril ou desinfectado,
em 72 (72,00%) esse artefato estava estéril. FERNANDES et al,
(2000) ressaltam que o ambu é usado para ventilar o paciente
intubado, em situações de urgência, durante o transporte, para
hiperinsuflação nos intervalos das aspirações das VAS e na fisioterapia
respiratória; para tanto deverá estar estéril ou desinfectado.
Acrescentando
a esses dados, HINRICHSEN (2004) ressalta que as secreções depositadas
nesse equipamento podem ser aerolizadas para dentro da árvore
traqueobrônquica do paciente ou contaminar as mãos da equipe
de atendimento, favorecendo a contaminação cruzada.
Quanto a descartar
o cateter após sua utilização, em 305 (91,31%) ele foi
descartado, outras 29 vezes (8,69%) deixaram o cateter conectado
no látex e pendurado no frasco de aspirador, o que poderia contaminar
os outros materiais que estão sendo utilizados ou mesmo o chão;
no que se refere a lavar o látex com ABD ou SF no final do procedimento,
em 245 vezes (73,35%) foi realizado de maneira correta.
Quanto a proteger o látex com embalagem limpa e seca após aspiração,
em 278 (83,23%) esse preceito foi seguido. Essa técnica visa
evitar a contaminação do ambiente (DREYER et al, 2003).
Quanto a retornar
a FiO2 inicial após a aspiração, das 38 vezes
em que foi elevada, em 32 (84,21%) vezes esse procedimento foi
realizado. A concentração muito elevada de oxigênio pode levar
a efeitos tóxicos, como alterações da fisiologia normal, depressão
da respiração, diminuição da eritropoese e débito cardíaco,
vaso dilatação pulmonar, vaso constrição sistêmica, alteração
da formação de surfactante, efeitos cito tóxicos e traqueobronquite
(DAVID et al, 2000, SMELTZER & BARE, 2002).
No que se
refere à lavagem das mãos após o procedimento, em 168
vezes (50,29%) os profissionais cumpriram esse passo essencial
na prevenção de infecções.
Ainda sobre
a aspiração das VAS, observamos no prontuário se eram feitas
e como eram realizados essas anotações. Em 242 das aspirações
(72,46%) esses dados não foram anotados. OCHOA et al (2003)
salientam a importância dos registros de enfermagem no prontuário,
informando que os mesmos devem incluir a declaração dos problemas
freqüentemente referidos pelos pacientes, os diagnósticos de
enfermagem, os tratamentos e as respostas tanto à assistência
médica como à de enfermagem, expressa o reflexo da avaliação
periódica do paciente.
Complementando
esses dados, PASSOS et al (2000) reforça a importância de se
registrar as características da secreção, descrevendo tipo,
cor e odor, podem indicar infecção pulmonar ou fístula traqueoesofágica.
Quando buscamos
identificar quais os profissionais que faziam esses procedimentos,
vimos que, do total das 334 aspirações realizadas, 162 (48,50%)
foram realizadas pelos técnicos de enfermagem, 82 (24,55%) auxiliar
de enfermagem, 75 (22,46%) fisioterapeuta, 12 (3,59%) enfermeiro
e 03 (0,90%) pelo médico.
RIBEIRO &
PEDRÃO (2005) ressaltam que o pessoal de nível médio, apesar
de ser o menos qualificado, é executor da maior parte das ações
na assistência direta aos pacientes internados e que necessitam
de cuidados intensivos. Quanto ao enfermeiro, mesmo em unidades
que prestam cuidado à pacientes graves, continua delegando tarefas,
atuando mais na administração da unidade do que nos cuidados
direto ao paciente.
Completando
os dados sobre o procedimento da aspiração das secreções das
VAS, observamos que não havia um horário pré-determinado e que
na maioria das vezes o paciente só foi aspirado quando apresentava
secreção visível no tubo. Com exceção do fisioterapeuta, os
demais profissionais aspiravam ao paciente sem que tivesse sido
feita uma ausculta prévia ou após o procedimento.
Sobre essa
temática, COLOMBRINI et al (2003), COSTA (1999), PASSOS et al
(2000) e THOMPSON (2000) afirmam que a aspiração expõe o paciente
a riscos como hipóxia, lesões da mucosa traqueal, atelectasia
e infecções e só deve ser realizada quando necessário. ZEITOUN
et al (2001) ressaltam que a necessidade de aspiração é determinada
principalmente pela observação visual do acúmulo de secreções
e pela ausculta pulmonar, para determinar a presença de secreções
ou obstruções das vias aéreas. Alguns autores estipulam uma
freqüência de 4/4 horas e quando necessário para que o paciente
seja aspirado (OLIVEIRA et al, 2001). Outros justificam a necessidade
de estipular um tempo porque geralmente esse procedimento é
realizado por técnicos ou auxiliares de enfermagem, a priori
por não terem o preparo para fazer um julgamento clínico através
da ausculta pulmonar, passa a realizá-la somente quando necessário
(WILLEMEN & CRUZ, 2004).
CONCLUSÕES
Observamos 334 aspirações
das VAS, das quais em 269 (80,24%) os profissionais não realizaram
lavagem prévia das mãos; os procedimentos não foi informado
previamente em 310 (92,81) pacientes; em 176 dietas administradas
no momento da aspiração, em 141 vezes 80,12%) não foram interrompidas
durante a aspiração; 309 vezes (92,52%) os profissionais não
utilizaram todos os EPIs; em 296 (88,62%) a FiO2 não foi dobrada
ou elevada a 100%; em 310 vezes (92,81%) os profissionais utilizaram
luvas estéreis; 325 (97,30%) fomos usados cateter de aspiração
estéril; 281 (84,13%) fomos seguidas a seqüência de aspiração
(tubo, nariz e boca); das 228 vezes que foi utilizado gaze para
limpar as secreções, em 196 (80,83%) esse material estava estéril;
o ventilador mecânico foi conectado no paciente nos intervalos
de aspiração em 270 (80,84%); o tempo de aspiração excedeu 15
segundos em 212 (63,47%) das vezes; mesmo sendo incorreto o
uso do SF, este foi utilizado por 276 vezes, em 239 (88,89%)
estava estéril; das 100 vezes que foi necessário à utilização
de ambu, em 72 (72,00%) estava estéril; o cateter foi descartado
após sua utilização, em 305 (91,31%); a lavagem do látex com
ABD e SF no final da aspiração ocorreu em 245 vezes (73,35%);
278 vezes (83,23%) o látex foi protegido com embalagem limpa
e seca; das 38 vezes que a FiO2 foi elevada, foi retornada em
32 (84,21%) das vezes; as mãos foram lavadas, após o procedimento
em 168 vezes (50,29%). 162 procedimentos (48,50%) foram realizados
pelos técnicos de enfermagem; 82 (24,55%) auxiliar de enfermagem,
75 (22,46%) fisioterapeuta, 12 (3,59%) enfermeiro e 03 (0,90%)
pelo médico.
Inferimos, pois,
que o procedimento de aspiração realizada pelos profissionais
de saúde nas unidades estudadas, isto é, na UTI e setor de urgência,
não utilizam os passos adequadamente como preconiza a ANVISA
(2000), entre outros autores consultados, no momento da aspiração
das secreções endotraqueal, especialmente no que se refere à
lavagem das mãos. Sendo assim, os pacientes submetidos a esse
procedimento correm um sério risco de adquirirem infecção nosocomial.
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Artigo
original recebido em 10/04/2006
Aprovado para publicação em30/04/2006
1 Trabalho da Dissertação de Mestrado em Enfermagem
do Curso de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal
do Rio Grande do Norte.
2 Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora
da Graduação e Pós-graduação da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN), Natal, RN, Brasil. E-mail: glaucea@digizap.com.br
3 Enfermeira Intensivista, Mestra do Departamento
de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(UFRN), Natal, RN, Brasil. E-mail: izaurafreire@hotmail.com
4 Enfermeira. Mestranda em Enfermagem do Departamento
de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(UFRN), Natal, RN, Brasil. E-mail: mailto:cristiane_ramos@hotmail.com
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