ARTIGOS ORIGINAIS/ORIGINAL PAPERS/ARTICULOS ORIGINALES |
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SILVA,
Cesar Cavalcanti da; SILVA, Ana Tereza M. C. da; LOSING,
Agnes. A INTEGRAÇÃO E ARTICULAÇÃO ENTRE AS AÇÕES
DE SAÚDE E DE EDUCAÇÃO NO PROGRAMA DE SAÚDE DA FAMÍLIA
– PSF. Revista Eletrônica de Enfermagem,
v. 08, n. 01, p. 70 – 74, 2006. Disponível em http://www.revistas.ufg.br/index.php/fen |
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A
INTEGRAÇÃO E ARTICULAÇÃO ENTRE AS AÇÕES DE SAÚDE E DE EDUCAÇÃO
NO PROGRAMA DE SAÚDE DA FAMÍLIA – PSF
THE
INTEGRATION ARTICULATION BETWEEN THE EDUCATION AND HEALTH ACTIONS
IN THE FAMILY HEALTH PROGRAM – PSF
LA
INTEGRACIÓN E ARTICULACIÓN ENTRE LA EDUCACIÓN Y LAS ACCIONES
EN EL PROGRAMA DE LA SALUD DE LA FAMILIA – PSF
Cesar Cavalcanti da Silva1
Ana Tereza M. C. da Silva2
Agnes Lonsing3
RESUMO: O artigo discute as ações
práticas de uma equipe do Programa de Saúde da Família - PSF
em uma cidade do interior nordestino e, revela a falta de integração/articulação
dessas ações com a dimensão educativa. A desarticulação dos
conhecimentos dos membros da equipe de saúde sobre os princípios
teóricos, metodológicos e filosóficos do PSF é apontada como
um dos determinantes do pouco envolvimento do trabalho da equipe
com a área educativa. A análise dos dados coletados foi realizada
através da técnica da análise crítica dos discursos que conduziu
à categoria empírica: contradição teórica x prática nas ações
das equipes de saúde do Programa de Saúde da Família.
PALAVRAS-CHAVE: Educação em Saúde; Programa
de Saúde da Família, Enfermagem de Saúde Pública.
ABSTRACT: The article discusses the practical
actions of a team of the Family Health Program-PSF in a city
of the Northeastern Brazilian region and, it reveals the lack
of integration/articulation of those actions with the educational
dimension. The disarticulation of the team members’ knowledge
of health on the theoretical, methodological and philosophical
principles of PSF is pointed as one of the determinant of the
little involvement of the team work with the educational area.
the analysis of the collected data was accomplished through
the technique of the critical Analysis of the speeches that
led to the empiric category: contradiction theoretical x practice
in the actions of the health teams of the Family Health Program.
KEY
WORDS: Health Education, Family Health Program; Public
Health Nursing.
RESUMÉN:
El artículo discute las acciones prácticas de un equipo
del Programa-PSF de la salud de la familia en una ciudad del
interior del noreste brasileño y, revela la carencia de la integración/de
la articulación de esas acciones con la dimensión educativa.
El desarticulación conocimiento de los miembros del equipo'
de la salud en los principios teóricos, metodológicos y filosóficos
de PSF se señala como uno del determinante de la pequeña implicación
del trabajo del equipo con el área educativa. el análisis de
los datos recogidos fue logrado con la técnica del análisis
crítico de los discursos que ése condujo a la categoría empírica:
práctica teórica de la contradicción x en las acciones de los
equipos de la salud del programa de la salud de la familia.
PALABRAS-CLAVE: Educación en la salud; Programa
de la salud de la família; Enfermería de Salud Publica. |
INTRODUÇÃO
O resgate
da dívida social do governo para com as camadas excluídas da
população brasileira nos setores da saúde e da educação pressupõe
a realização de reflexões sobre as políticas sociais implementadas
em face do resgate dessa dívida.
Esses processos
reflexivos se revestem de grande importância nesse momento histórico,
principalmente nos municípios do interior nordestino, em razão
das necessidades decorrentes da implementação do Sistema Único
de Saúde – SUS e de suas necessidades em termos de perfis profissionais
para atender seus princípios norteadores, tanto doutrinários
quanto organizativos.
Universalidade,
Equidade e Integralidade constituem os princípios doutrinários
do SUS. O primeiro, garante a atenção de saúde a todo e qualquer
cidadão brasileiro, enquanto o segundo e o terceiro, asseguram
a igualdade de todos perante o sistema de saúde, reconhecendo
o homem como ser integral e prevendo seu atendimento como ser
bio-psico-social.
No aspecto
organizacional, o SUS encontra-se amparado pelos princípios
da Regionalização e Hierarquização; Resolubilidade; Descentralização,
Participação dos Cidadãos e Complementaridade do setor privado,
esses princípios asseguram que os serviços de saúde devem ser
organizados em níveis de complexidade tecnológica crescente
e dispostos numa área geográfica delimitada. Os princípios organizacionais
asseguram ainda, que os serviços devem resolver os problemas
até o nível de sua competência e que haja inclusão da população
na formulação das políticas de saúde e no controle de sua execução,
através dos Conselhos de Saúde, além da contratação de serviços
privados mediante insuficiência do setor público, desde que
respeitadas as normas do Direito Público (BRASIL, 1990).
A estratégia
definida para a efetivação do SUS, enquanto política social
de saúde, materializada no Programa de Saúde da Família – PSF
requer o trabalho engajado de todos os seus colaboradores e,
sobretudo, a compreensão de seu alcance e necessidades nos planos
da saúde e da educação.
No âmbito
da formação de força de trabalho com perfis que atendam aos
requerimentos do SUS/PSF, essa compreensão e engajamento constituem
elemento fundamental para o sucesso da Política e Estratégia,
pois, um de seus principais objetivos é ampliar as condições
de saúde e vida da população usuária dos serviços públicos,
acarretando mudança da lógica e da prática do sistema.
O PSF propõe
uma nova dinâmica para a estruturação dos serviços e ações de
saúde, bem como sua relação com a comunidade e entre os diversos
níveis de complexidade assistencial. Essa estratégia assume
o compromisso de prestar assistências universais, integrais,
equânimes, contínuas e resolutivas à população, tanto nas unidades
de saúde quanto nos domicílios, identificando os fatores de
risco aos quais ela está exposta e neles intervindo de forma
apropriada (SOUZA, 2000).
Fazer avançar
esse processo de inclusão social é o que se reclama no presente
e o grande desafio que se coloca é a ampliação desse compromisso
de intervenção a partir das necessidades da população, bem como,
o fomento dos processos de articulação com os demais setores
da sociedade, particularmente, o da educação.
Não há fórmulas
específicas para o estabelecimento de articulações entre o PSF
e as instituições de qualquer setor, entretanto, vale ressaltar
a importância da parceria entre esse Programa e os estabelecimentos
educacionais das comunidades onde atuam, a partir de algumas
ações a serem desenvolvidas, tais como: Visita dos profissionais
às escolas para a realização de palestras sobre aspectos relacionados
à promoção da saúde e à prevenção de doenças; Realização de
reuniões periódicas com pais e mestras sobre assuntos de relevância
para a comunidade e Planejamento de ações conjuntas com o objetivo
de ampliar os resultados das atividades educativas, principalmente
junto aos jovens e adolescentes com ênfase na necessidade da
participação social (MAIA et al, 2003).
Nesse sentido,
o Programa de Saúde da Família, objetiva a integração e a organização
das atividades em um território definido, com o propósito de
enfrentar e resolver os problemas identificados, com vistas
a mudanças radicais no sistema, de forma articulada e perene.
Foge da concepção usual dos programas tradicionais concebidos
no Ministério da Saúde, por não se tratar de intervenção pontual
no tempo e no espaço e tampouco de forma vertical ou paralela
às atividades rotineiras dos serviços de saúde (MAIA et al,
2003).
Considerando
que as escolas podem assumir um papel fundamental na disseminação
de informações de saúde no meio familiar e comunitário no sentido
de produzir uma nova cultura em relação ao processo saúde-doença,
justifica-se a investigação do tema proposto para a promoção
desse processo de integração/articulação, de forma ordenada
e criteriosa.
Dada a importância
do compartilhamento das informações de saúde visando à tomada
de decisões sobre ações no âmbito individual e coletivo em uma
comunidade, questionamos: As equipes do Programa de Saúde da
Família atuam de modo integrado e articulado junto às escolas
da comunidade?
OBJETIVOS
- Compreender
a atuação das equipes de saúde do PSF no âmbito da integração/articulação
entre as ações de saúde e de educação.
- Verificar
a integração/articulação entre as equipes de saúde da família
e as escolas da comunidade onde atuam.
CAMINHO METODOLÓGICO
Estudo do
tipo descritivo-exploratório com abordagem qualitativa sobre
a atuação de uma equipe de saúde do PSF, tendo em vista a necessidade
de atuação de forma integrada e articulada nos setores da saúde
e da educação.
Partimos do
pressuposto de que a integração/articulação entre as atividades
do PSF (âmbito da saúde), junto às escolas da comunidade (âmbito
da educação), constitui-se fator significativo para a ampliação
do alcance de suas ações na comunidade.
O estudo foi
realizado no município de Coité do Nóia, localizado a vinte
e dois quilômetros de Arapiraca/PB, local de trabalho de um
dos pesquisadores. No âmbito da educação, esse município possui
três escolas, sendo duas na área urbana e uma em área rural.
A maior escola do município atende ao ensino fundamental e médio,
contando atualmente com quinhentos alunos matriculado nos três
turnos. O setor saúde dispõe de uma Unidade Básica de Saúde,
na qual atuam quatro equipes do PSF. Uma equipe responsabiliza-se
pela área urbana do município e fornece suporte às três restantes,
cuja atuação restringe-se a área rural.
A pesquisa
pautou-se pela Resolução 196/96 e teve início após sua liberação
pelo Comitê de Ética do Centro de Ciências da Saúde da Universidade
Federal da Paraíba. Para proceder a coleta de dados utilizou-se
a técnica da Entrevista Semi-Estruturada que parte de certos
questionamentos básicos, estimulando o informante a seguir seu
pensamento dentro do foco principal colocado pelo investigador.
Foram entrevistados três auxiliares de enfermagem e um médico.
A sistemática
adotada pelo pesquisador para a realização das entrevistas foi:
agendar o encontro, explicar os objetivos e propósitos da entrevista,
solicitar a leitura e assinatura do termo de consentimento livre
e esclarecido, solicitar permissão para gravação dos depoimentos
e, finalmente, proceder à entrevista.
A análise
dos dados coletados foi realizada através da técnica da Análise
de Discurso, que é indicada nas pesquisas qualitativas pelas
possibilidades de relacionamento dos materiais que envolvem
juízos e valores, como argumentos ou meios, conduzindo a um
fazer crer relacionado à totalidade do contexto sócio-histórico
(FIORIN, 1990).
A pertinência
da análise de discurso neste estudo decorreu da possibilidade
dessa técnica revelar as características da atuação dos membros
de uma equipe de saúde da família e conseqüentemente, confirmar
ou negar um trabalho de articulação/integração entre as atividades
de saúde, via ações do PSF e de educação, por meio das atividades
de responsabilidade das escolas locais.
Após a transcrição
dos depoimentos, os textos foram impressos e catalogados por
ordem de coleta. Na seqüência, procedeu-se a várias leituras
dos textos, identificando-se e separando-se os trechos discursivos
que versavam sobre a atuação prática da equipe. A recorrência
de alguns posicionamentos permitiu a identificação de cinco
sub-temas, a saber: distorção na filosofia de trabalho do PSF;
não aplicação dos princípios teóricos do PSF; afinidade com
o trabalho do PSF; interferências externas no trabalho do PSF;
falta de recursos materiais dificultando o trabalho do PSF.
RESULTADO E DISCUSSÃO
O refinamento dos
principais sub-temas visando a compreensão dos depoimentos mais
relevantes relacionados ao objeto do estudo evidenciou uma contradição
interna no fenômeno estudado, qual seja, a ausência de qualquer
referência à realização de atividades educativas pelos membros
da equipe de saúde do PSF, durante sua atuação prática, precisamente
em um programa cuja principal função é trabalhar na prevenção
primária de saúde, por meio de atividades educativas, tendo
em vista as necessidades do SUS nessa área.
A exclusividade do
desenvolvimento de ações pontuais no âmbito da atenção secundária
de saúde em programa concebido como estratégia de reforço ao
SUS, aponta para uma contradição interna entre teoria e prática
no processo de trabalho das equipes do PSF da realidade investigada.
Vale salientar que na experiência vivida foi possível identificar
a interferência da dimensão político-partidária no processo
de trabalho das equipes do PSF e seu papel determinante, nas
ações e reações dos profissionais e ocupacionais locais. Vale
salientar que a verificação desse fenômeno se constituirá objeto
de estudo de futuras investigações.
Contradição Teoria x Prática
nas ações das equipes de saúde do Programa de Saúde da Família
Segundo a Conferência
de Alma-Ata a saúde quando tratada no nível primário de atenção
vincula-se aos cuidados essenciais, baseados em metodologias e
tecnologias práticas, cientificamente válidas e socialmente aceitas,
devendo ser acessíveis a todas as famílias e membros de uma dada
comunidade, com custos compatíveis com os recursos econômicos
que a sociedade disponha (OMS, 1978).
Também deriva dessa
Conferência, o entendimento de que as ações desenvolvidas no
nível primário de atenção à saúde devem assegurar práticas educativas
nesse âmbito, incluindo o repasse de conhecimentos essenciais
para prevenir ou reduzir riscos, presentes ou encontráveis,
nas distintas áreas de atuação. A assistência no nível primário
de atenção à saúde deve estar, portanto, calcada nas atividades
preventivas e de vigilância à saúde, realizada principalmente
através da orientação/educação dirigidas à população.
No Brasil, o Programa
de Saúde da Família – PSF, criado em 1994, é o veículo por meio
do qual o Ministério da Saúde – MS vem tentando fortalecer o
nível primário de atenção a saúde (atenção básica) como estratégia
de apoio para a efetivação do Sistema Único de Saúde na perspectiva
da Reforma Sanitária. Dentre as principais ações do PSF no âmbito
de atuação local, está a reorganização das unidades básicas
de saúde com o objetivo de torná-las resolutivas, por meio da
criação de vínculos de compromisso e responsabilidade entre
profissionais, serviços de saúde e população em uma prática
profissional participativa e integral (SOUZA, 2000).
Dessa forma, o PSF
tem seu trabalho voltado para a assistência ao nível primário
realizado com base na aproximação dos profissionais de saúde
com as famílias e as comunidades, sendo essa, sua principal
característica e diferencial em relação aos programas tradicionais
do Ministério da Saúde.
A implantação do PSF significou a reorganização do Sistema de
Saúde em alguns municípios, substituindo antigas práticas, tanto
técnicas quanto administrativas e implementando novos princípios,
com foco na promoção da saúde e incentivo à participação da
comunidade nas ações de saúde (SOUZA, 2000).
A implementação de
uma Política de Saúde da Família como estratégia de apoio ao
SUS em resposta às demandas do movimento pela a Reforma Sanitária
propiciou o repensar das práticas profissionais no âmbito da
saúde e uma profunda reflexão sobre os valores e conhecimentos
de todos os envolvidos no processo de produção social da saúde
(MAIA et al, 2003).
Cabe salientar, entretanto,
que a inserção das equipes de saúde no processo de trabalho
do PSF, nas diferentes regiões brasileiras, apresenta diferenças
significativas em relação ao trabalho técnico e sua prática
cotidiana, além de seus posicionamentos políticos em relação
ao processo de produção social da saúde, configurando o surgimento
de inúmeras contradições no âmbito da teoria e da prática.
No cenário investigado,
uma das primeiras contradições identificadas diz respeito às
atividades meio do processo de trabalho, desenvolvida pela equipe,
em franco descompasso com os objetivos da estratégia, conforme
pode ser observado nos discursos a seguir:
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“Durante
todo dia eu passo aqui a realizar punções, curativos em cortes,
aplicação de injetáveis prescritos pelo médico” (A.2;
L.05/06)
“Procuro não me afastar de fazer o lado técnico quando estou
no PSF. Não adianta você exercer sua profissão fazendo só
o social, esquecendo o lado técnico”. (M.1; L.14/21)
|
Nesses
depoimentos foi possível verificar que alguns componentes da
equipe não fazem qualquer diferença entre as atividades relacionadas
aos níveis primário e secundário de atenção à saúde. A equipe
pesquisada encara as atividades preventivas, da mesma forma
e no mesmo patamar de importância, que o faz em relação ao agravo
já instalado, não considerando o componente social e muito menos
a interface educativa desse componente.
No que concerne
à preparação dos profissionais para o desempenho técnico da
equipe dentro da metodologia de trabalho do PSF, o atual processo
de especialização das profissões da área da saúde tem contribuído
fortemente para a ocorrência de severas distorções no âmbito
da assistência e extensão de cobertura.
Essas distorções
têm sido combatidas com a realização de cursos preparatórios
(Curso Introdutório) que visam à adaptação dos profissionais
às especificidades da metodologia de trabalho do PSF, na perspectiva
de superação das formações super especializadas, facilmente
encontradas nas universidades brasileiras, especialmente nos
cursos da área da saúde. Contudo, apesar dos constantes esforços
dos Pólos de Capacitação, essa metodologia ainda não se encontra
totalmente disseminada e a contratação de profissionais sem
formação na área da saúde coletiva tem gerado inúmeras contradições,
conforme se percebe no depoimento a seguir: |
“Minha
formação é anestesia e eu faço PSF também, que é medicina
comunitária social” (M1-L 011/02)
|
A
Medicina Comunitária foi um modelo assistencial concebido nos
Estados Unidos da América do Norte, na década de 60 do século
passado, e que chegou ao Brasil no início da década de 70, no
rastro do modelo assistencial da Medicina Integral e Preventiva.
Difundido por agências internacionais como a Organização Mundial
de Saúde - OMS e Organização Pan-americana de Saúde – OPAS,
esse modelo se implementou como uma prática complementar de
assistência a saúde, oferecida à parcela excluída do acesso
à medicina flexneriana, encontrando grande respaldo nas universidades
como projetos-piloto (ARANTES, 1999).
A Medicina
Comunitária, juntamente com o movimento preventivista, desenvolveu–se
nas Universidades por meio das propostas de Integração Docente
Assistencial – IDA, como parte de um grande esforço para a reformulação
do ensino em saúde, sobretudo da educação médica, vinculando-se
a programas de extensão de cobertura e expansão da rede básica
de serviços (MARSIGLIA & SPINELLI, 1985)
O grande mérito
do modelo assistencial da Medicina Comunitária foi o de possibilitar
o início das discussões sobre o verdadeiro alcance dos modelos
preventivistas e a inserção das Ciências Sociais nos grandes
debates sobre saúde. Esse momento histórico marcou o envolvimento
da dimensão social, na compreensão do processo saúde-doença
e culminou com o afastamento das concepções teórico-metodológicas
de origem funcionalistas, possibilitando o surgimento de concepções
histórico-estruturais, e com elas, a abordagem do Materialismo
Histórico e Dialético na Saúde Coletiva (MARSIGLIA & SPINELLI,
1985)
Contudo, embora
o Programa de Saúde da Família seja respaldado numa concepção
que procura atender tanto as necessidades individuais quanto
as coletivas, o que se constata na prática é a prioridade da
atenção individual sem o mesmo alcance para o componente coletivo
e, portanto, social.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base na
análise dos depoimentos dos membros de uma equipe de saúde do
PSF, em atividade no interior nordestino foi possível depreender
que o processo de integração/articulação entre as ações de saúde
e de educação no cenário investigado não se efetiva no plano
da prática profissional.
A inaplicabilidade
dos princípios teóricos, metodológicos e filosóficos do PSF,
bem como seu curto alcance em termos de ações para além do setor
saúde, interfere frontalmente nos resultados das ações implementadas
e dificulta as tentativas de integração/articulação do trabalho
do PSF com a dimensão educativa visando a orientação/educação
para a população.
Afirma-se
com base nos resultados desse estudo, que o entendimento da
saúde como produção social e construção coletiva, passa pela
participação da dimensão educativa, uma vez que esse espaço
possibilita a produção e reprodução do conhecimento e congrega
os principais alvos da política pública atual.
O social como
foco de atenção nas ações da equipe de trabalho do PSF ainda
pode ser considerado por muitos uma mera utopia, entretanto
as bases e os elementos necessários para a implementação de
atividades nessa dimensão já estão postos. A busca de parcerias
e de ações intersetoriais, em prol da melhoria das condições
de saúde da comunidade é uma das atribuições do PSF e está relacionada
à promoção da saúde e ao processo de trabalho para efetivá-la.
Reafirmamos
que, a integração/articulação PSF x Escola pode resultar em
benefícios para ambos os setores, visto que, a grande transformação
proposta pelo modelo de atenção do Programa de Saúde da Família
está calcada na participação popular e nos diversos setores
responsáveis pelo desenvolvimento da comunidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÀFICAS
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ARANTES, C.I.S. Saúde Coletiva: os (des) caminhos da construção
do ensino de enfermagem. 1999, 202p. Tese (Doutorado). Escola
de Enfermagem da Universidade de São Paulo, São Paulo.
BRASIL. Ministério da Saúde (BR) Secretaria Nacional de Assistência
à Saúde. ABC do SUS – Doutrinas e princípios. Brasília
(DF); 1990.
FIORIN, J.L. Elementos de Análise do Discurso. São Paulo:
Contexto - Edusp, 1990.
MAIA, D; DANTAS, M. R; ROCHA. Saúde na escola e qualidade de vida.
Departamento de Atenção Básica. Secretaria de Políticas de Saúde.
Ministério da Saúde (BR). Os programas Saúde da Família e
Agentes Comunitários de Saúde e sua Interface com a Escola.
Brasília (DF); 2003. mimeo.
MARSIGLIA, R.G; SPINELLI, S.P. As ciências sociais em saúde e
o ensino. IN: CANESQUI, A.M. (org) Dilemas e desafios das
ciências sociais na saúde coletiva. São Paulo: Hucitec/Rio
de Janeiro, ABRASCO, 1995. p.123–132.
OMS - Organização Mundial de Saúde. Conferência Internacional
sobre Cuidados Primários de Saúde, Alma Ata, 1978.
SOUZA, M.F. A enfermagem reconstruindo sua prática: mais que uma
conquista no PSF. Rev. Bras. Enferm v. 53, (nº. esp):
p. 25-30, 2000.
Artigo
original recebido em 13/03/2006
Aprovado para publicação em 30/04/2006
1 Enfermeiro. Professor Doutor do Departamento
de Enfermagem de Médico-Cirúrgica e Administração do Centro
de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Paraíba – DEMCA/CCS/UFPB.
Av. Umbuzeiro 209 – Manaíra – João Pessoa/PB. CEP 58038-180
profccs@yahoo.com.br
2 Enfermeira. Professora Doutora do Departamento
de Enfermagem de Saúde Pública e Psiquiatria do Centro de Ciências
da Saúde da Universidade Federal da Paraíba – DESPP/CCS/UFPB.
anatmc8@yahoo.com.br
3 Enfermeira. Aluna do Curso de Especialização
em Administração dos Serviços de Saúde e de Enfermagem do CCS/UFPB.
lonsing@uol.com.br
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