Revista Eletrônica de Enfermagem - Vol. 06, Num. 02, 2004 - ISSN 1518-1944
Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás - Goiânia (GO - Brasil).
 

 LINO, A. I. A.; LOPES, C. L. R.; MARQUES, E. S.; SANTOS, M. A. M.; MORAIS, N. H. F. - O trabalho da enfermagem no rastreamento da hipertensão arterial em crianças e adolescentes de uma escola da rede pública de Goiânia-Goiás. Revista Eletrônica de Enfermagem, v. 06, n. 02, 2004. Disponível em http://www.revistas.ufg.br/index.php/fen

Relato de caso / Case report / Relato de vivencia 
 

O TRABALHO DA ENFERMAGEM NO RASTREAMENTO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES DE UMA ESCOLA DA REDE PÚBLICA DE GOIÂNIA-GOIÁS

THE NURSING WORK ON THE HIGH BLOOD PRESSURE´S TRACKING IN CHILDREN AND ADOLESCENTS  OF A PUBLIC SCHOOL OF GOIÂNIA-GOIÁS
EL TRABAJO DE  ENFERMAJE EM EL RASTREAMIENTO DE  HIPERTENSIÓN ARTERIAL EM NIÑOS  Y ADOLECENTES DE UMA ESCUELA DE LA RED PÚBLICA DE GOIÂNIA-GOIÁS

Alexandra Isabel de A. Lino2
Carmen Luci R. Lopes1
Elisângela de Souza Marques2
Maria Aparecida M. dos Santos2
Nicolly Helen F. Morais2

RESUMO: Este trabalho foi realizado durante o desenvolvimento de um projeto de extensão da Faculdade de Enfermagem/Universidade Federal de Goiás e teve como objetivo investigar a prevalência da hipertensão arterial em 160 crianças e adolescentes de uma Escola Estadual de Goiânia-Goiás da 5ª a 7ª série no período de agosto de 2002 a fevereiro de 2003. Dos escolares examinados, 84 eram do sexo masculino e 76  do sexo feminino, e destas, 4% apresentaram pressão arterial fora do padrão de normalidade, sendo portanto encaminhadas para consulta na Liga de Hipertensão Arterial Infantil do Hospital das Clínicas.
PALAVRAS-CHAVES: Crianças; Adolescentes; hipertensão arterial.

SUMMARY: This paper was written during the development of an assistance project by students of the Federal University of Goiás Nursing College. The purpose was to investigate the prevalence of the high blood pressure in 160 children and preadolescents students from 5th to 7th high classes in Goiânia – Goiás state school., from August – 2002 to February - 2003. 4% of the students evaluated had out of standard blood pressure. All of them were lead to health appointment to the Youth High-Pressure League of the Federal University of Goiás Clinical Hospital.
KEYWORDS: Youth; Adolescents; High blood pressure

RESUMEN: Este  artículo fue escrito durante el desarrollo de un proyecto asistencial por los estudiantes de Enfermería de la Universidad Federal de Goiás.  El propósito era  investigar el predominio de la tensión arterial alta en 160 niños y preadolescentes estudiantes en la  5ª asta 7ª clase de Escuela pública de Goiânia - Goiás, en el periodo de Agosto – 2002   asta Febrero - 2003.  La tensión arterial de 4% de los estudiantes tienen valores fuera del estándar e todos fueran conducidos al servicio de asistencia de la Liga de Hipertensión Arterial de la Juventud del Hospital de Clínicas de la Universidad Federal de Goiás.
TERMINOS CLAVES: Niños; adolecientes; hipertensión arterial

INTRODUÇÃO

A idade escolar representa para a criança e adolescente, um marco importante, com alterações significativas não só no aspecto físico como também psíquico e social. É uma fase na qual o organismo deve contar com uma série de condições favoráveis para o seu pleno desenvolvimento.

Apesar dos avanços significativos no reconhecimento e no controle da hipertensão, ela continua sendo o maior fator de risco para as doenças vasculares e renais (PERONE et al, 1996; THE FIFTH REPORT, 1993; KANNEL, 1996) A hipertensão arterial não é doença exclusiva do adulto, portanto, segundo (BASTOS et al., 1991) não se pode negligenciá-la. As crianças também são vítimas da doença que atinge cerca de 1% da população infantil do pais (BARREIRA et al., 2003).

Deve-se ressaltar, contudo, que a grande maioria das crianças portadoras de Hipertensão Arterial não apresenta causas evidentes que justifiquem a elevação arterial, são, portanto, portadoras de hipertensão arterial essencial.Estas crianças, em praticamente 100% dos casos  são geneticamente  predispostas, obesas ou com sobrepeso, negros ou mestiços, comedoras compulsivas de alimentos ricos em sódio e lipídios,estressadas e apresentam resistência  à insulina, portanto, na investigação diagnóstica em crianças e jovens, deve partir da premissa de que pode haver um fator etiológico responsável pela hipertensão arterial (PORTO,2001).

Tem se observado nos últimos anos o aumento da medida da pressão arterial em crianças como parte  dos cuidados básicos de saúde e a incorporação dessa medida como parte do exame físico da criança, bem como a publicação de normas para a sua avaliação na infância,o que possibilita  a detecção não somente da hipertensão arterial  secundária assintomática previamente não detectada, mas também das elevações discretas da pressão arterial (NETO, 1990).

Uma criança portadora de hipertensão arterial tem pela frente uma vida limitada, por isso, ensinar a ela suas possibilidades e seus limites é essencial. Consegue-se sua adesão ao tratamento e controle adequado dos níveis tencionais, através da conscientização e da educação continuada.Crianças conscientes, educadas, que trabalham  bem seus limites tornam-se adultos saudáveis com qualidade de vida normal (PORTO,1998).

Desse modo, este trabalho teve como objetivos: verificar a prevalência de hipertensão arterial em escolares do ensino fundamental de uma escola pública de Goiânia-Goiás, e encaminhar a um serviço especializado, as crianças e adolescentes com pressão arterial acima do padrão de normalidade.

 METODOLOGIA

O trabalho foi desenvolvido com 160 crianças/ pré-adolescentes da 5ª a 7ª, da Escola Estadual Dom Abel de Goiânia-Goiás, no período de agosto de 2002 a fevereiro de 2003. Os escolares foram entrevistados através de um questionário padronizado, contendo dados de identificação e fatores associados à hipertensão arterial e em seguida  aferiu-se a pressão arterial de cada participante. Os alunos que apresentaram alteração na pressão arterial, tiveram consultas agendadas na Liga de Hipertensão Infantil do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Goiás.

RESULTADOS E DISCUSSÃO 

A tabela 1 mostra as características dos participantes do estudo, sendo que a maioria ( 52,5%) era do sexo masculino e a minoria (47,5%) era do sexo feminino. Em relação à idade, mais da metade (70%) dos alunos tem idade entre os 09 e 12 anos. Quanto à série que cursavam, 73 escolares eram da 5ª série, 53 da 6ª série e 34 alunos da 7ª série.

Tabela 1 – Características das crianças adolescentes de uma Escola Pública Estadual de Goiânia-Goiás.
 

Características

F

%

Alterações

 

Sexo

   

F

%

Masculino

84

52,5

2

1,68

Feminino

76

47,5

4

3,04

 

Idade

       

09-12

112

70,0

-

-

12-15

35

21,9

5

1,75

15-18

13

8,1

1

0,13

 

Série

       

73

45,6

-

-

53

33,1

4

2,12

34

21,3

2

0,68

Da população correspondente ao sexo masculino, 84 crianças, 1,68% apresentaram pressão arterial fora do padrão de normalidade. Apesar da quantidade de escolares do sexo feminino avaliado ser menor que o masculino, a proporção de alteração correspondeu a 3,04%. A idade de maior prevalência de alteração na pressão arterial foi entre os 12 e 15 anos, 2,12% dos casos.

MORETTO et al. (1988) concluíram que as médias pressóricas permaneceram praticamente iguais dos 7 aos 11anos, elevando-se a partir daí em ambos os sexos, primeiro no sexo feminino e após no masculino.

Das 160 crianças examinadas, 84 eram do sexo masculino e 76 do sexo feminino, destas, 6 (4%) apresentaram  pressão arterial alterada, como mostra o gráfico a seguir. CERVANTES et al. (2000), encontraram em estudo realizado no México com escolares de até 19 anos, uma prevalência de hipertensão sistólica de 8% e diastólica de 9%. MOURA et al (2004), encontraram em estudo realizado com escolares na cidade de Maceió (Alagoas, Brasil), com idade entre 7 e 17 anos, uma prevalência de 9,4% de hipertensos. Pode-se apreender, assim, que os estudantes da escola em que foi realizado o estudo encontram-se dentro de um limite comum considerando a literatura.

Enquanto na população adulta os parâmetros de normalidade dos níveis pressóricos estão bem estabelecidos, na infância existem controvérsias. Quando analisadas as curvas pressóricas de diversos estudos, estas não se superpõem traduzindo principalmente diferenças metodológicas, bem como, fatores sócio-econômicos e culturais das populações estudadas (FIXTER et. al, 1980; MOGGI, 2003).

A importância médico-social da hipertensão arterial tem sido claramente demonstrada através de diversos estudos epidemiológicos que ressaltam a necessidade de identificar precocemente os pacientes hipertensos e tratá-los convenientemente. (PORTO, 1998).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os pais/responsáveis dos estudantes em que foram encontrados valores pressóricos alterados foram devidamente orientados a cumprir agendamento para avaliação médica na Liga de Hipertensão Arterial Infantil do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás.

Considerando que a hipertensão arterial é uma doença crônica e que dura toda a vida, que pode ser controlada, mas não curada. Sugerimos que, a verificação da pressão arterial na infância, faça parte dos cuidados básicos de saúde e que essa medida seja incorporada como parte do exame físico da criança, para que possibilite a detecção não somente da hipertensão arterial secundária assintomática previamente não detectada, mas também das elevações discretas da pressão arterial.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARREIRA, A. K.; COUTO, G. B. C.; VASCONCELOS, M. V. B.; VIANA, R. B.C. Hipertensão arterial na infância. Jornal Brasileiro de Pediatria, v. 6, n. 30, p. 131-136, 2003

BASTOS, H. D.; MACEDO, C. S.; RIYUZO, M. C. Hipertensão arterial na infância: avaliação crítica. Rev. Paul. Ped., v. 9, n.35, p. 138-40, 1991.

CERVANTES, J.; ACOLTZIN, C.; AGUAYO, A. Diagnóstico y prevalencia de hipertensión arterial en menores de 19 años en la ciudad del Colmo. Salud Pública Méx., v.42, n. 6, p. 529-32, 2000.

FIXTER, D. E.; KAUTZ, J. A.; DANA,. Systolic blood pressure: differences among pediatric epidemiological studies. Hypertesion, v.2, n. 1, p.7, 1980.

KANNEL, W. B. Pressão arterial como fator de risco cardiovascular. JAMA, n.4, p. 689-696, 1996.

MOGGI, L. E. Hipertensión arterial en pediatria. Rev. Arg. Anestesiol., v. 61, n. 6, p. 399-405, 2003

MORETTO, L. C.; RIESGO, I.; ROESSLER, L. RADWANSKI, H. Pressão arterial em uma amostra da população escolar de Santa Maria – RS. Mom. & Perspec. Saúde, v. 2, n.2, p. 19-24, 1988.

MOURA, A. A.; SILVA, M. A.; FERRAZ, M. R.; RIVERA, I. R. Prevalência de pressão arterial elevada em escolares e adolescentes de Maceió. Jornal de Pediatr., v. 80, n. 1, p. 35-40, 2004.

NETO, J. P. M. R. Hipertensão arterial na criança. Pediatria Moderna, v.03, p.02,1990.

PEREIRA, R. Para abaixar a pressão, siga está seta, saúde é vital. São Paulo: Abril, 2002.

PERONE, C. H.; FOLLADOR, M. A.; TOPOROVSKI, J. Prevalência de hipertensão arterial na infância. população de baixo poder aquisitivo, ex-favelados; Revista Paulista de Pediatria, v.04, n.14, p. 100-104, 1986.

PORTO, C. C. Doenças do coração: prevenção e tratamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998.

THE FIFITH REPORT of the National Committee on Detection, Evaluation and Treatment of High Blood Pressure. Arch. Inter. Med., p. 153-154, 1993.

Texto recebido em 11/04/2004.
Publicação aprovada 31/0/2004

1Enfermeira. Mestre em Microbiologia. Professor Adjunto da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás. Rua 227 Qd 68 s/n (FEN-UFG); Setor Leste Universitário; CEP 74605-080; Goiânia – GO. clopes@fen.ufg.br.

2Alunas do Curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás. ale_bebel@pop.com.br; milacms@bol.com.br; milacms@bol.com.br; nyelen@pop.com.br

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