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BERSUSA, Ana Aparecida Sanches; ZANIN, Maria de Lourdes, ESCUDER,
Maria Mercedes Loureiro - Quem é o aluno PROFAE?
Revista Eletrônica de Enfermagem, v. 06, n. 01, 2004. Disponível
em http://www.revistas.ufg.br/index.php/fen |
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Quem é o aluno PROFAE? Who’s the PROFAE student? ¿Quién es el alumno PROFAE? |
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Ana Aparecida Sanches Bersusa¹; Maria de Lourdes Zanin²; Maria Mercedes Loureiro Escuder³ |
Abstract: The main objective
of this study was to describe the profile of students from the Ipiranga Hospital,
studying the technical course named Project for Capacitating as Professionals
the Nursing Area Workers, or PROFAE, linked to the Training Center of Human
Resources (CEFOR) of the Health Secretariat of the State of São Paulo. Two
questionnaires were applied, one at the beginning of the course, with 36 responses,
and the other in the end, with 30 responses. Six students abandoned the course.
Besides the personal and professional information, the subjects were asked
about their expectations of professional changes (improvement of knowledge,
in the quality of their work, of wage and satisfaction) measured in scales
from 1 to 10. The analysis
showed that students were in average 40 years old, and lived nearby. The majority
had become nursing assistants in private schools, from 1994 to 1997. Their
professional experience was attained in clinical wards, intensive care units
and Emergency Rooms, and they were currently responsible for giving medicine,
dressing wounds, and verifying vital signs and hygienic.The students reported positive changes for
the quality of their work, their satisfaction and knowledge, in the beginning
as well as at the end of the course; as for their wage, the initial positive
expectation was inverted by the end of the course, when the students realized
how little it would change. Most of the students had positive changes in their
practice, as reported by the R.N. nurses of their workplace, but this did
not imply in a promotion. In regard to the meaning of the course for themselves,
most believed they had become professionally updated and that the course was
of good quality. The results of this study may be important to subsidize the
organizers of teachers’ training, as well as course coordinators, about technical
nurse’s qualification.
Keywords: Technical Education in
Nursing; Nursing Team.
Resumen:
El
objetivo principal de este estudio fue verificar el perfil del alumno técnico
de enfermería del Curso del Proyecto de Profesionalización de los Trabajadores
en el Área de Enfermería (PROFAE) desarrollado en el Hospital Ipiranga vinculado
el Centro Formador de Recursos Humanos (CEFOR) de la Secretaria de Estado
de Salud del Estado de São Paulo. Capacitación Hicieron 2 cuestionarios,
uno el inicio del curso con la devolución de 36 preguntas y el otro, al final,
con 30 preguntas. Hubo 6 desistencias. Apenas del perfil personal y profesional
de los alumnos, se incluyeron preguntas referentes a las expectativas de cambios
profesionales (calidad, conocimiento, sueldo y satisfacción) medidos
en escala de 1 a 10. Al analizarlos verificamos que los alumnos tenían una
media de 40 años y procedían de aquella misma región. La mayor parte se diplomó
en auxiliar de enfermería entre 1994 y 1997 en academias particulares. En
cuanto a la actuación profesional, predominaran las áreas de medicina interna,
terapia intensiva, pronto socorro, administración de medicamentos, curas,
verificación de señales vitales y cuidados de higiene. Los alumnos se mostraron
positivos en la referente a la cambios de calidad, satisfacción y conocimiento
tanto el inicio como al final del curso. La cuestión salarial tuvo una inversión
entre la expectativa inicial con la final de curso cuando comprobaron que
poco mudarían las sueldo. Verificamos que la mayoría de los alumnos tuvo cambios
positivos relatados por las enfermerías de la local de trabajo y que no serían
incorporadas a su nueva categoría profesional. Cuanto al significado del curso
en se verifico que la mayoría cree en el conocimiento profesional y que el
curso de buena calidad, Este estudio puede servir de ayuda y materia de reflexión
para profesionales y coordenadotes sobre la formación de técnicos de enfermería.
TERMINOS Clave: formación; capacitación; equipe de
enfermería.
INTRODUÇÃO
O Hospital Ipiranga tem demonstrado um compromisso com a formação de recursos humanos na área da saúde na capital do estado de São Paulo. No inicio da década de 80, atendendo a solicitação do então secretário de estado da saúde, foram autorizadas a instalação e o funcionamento das classes descentralizadas em municípios de São Paulo e grande São Paulo, vinculando-se aos Centros Formadores de Recursos Humanos do Estado (CEFOR), desde então essa instituição tem participado ativamente na profissionalização dos trabalhadores na área da saúde instalando-se a primeira turma em outubro de 1989 e tendo sido desde então realizado 9 cursos de auxiliares de enfermagem. Nesses anos, passaram muitos alunos vinculados aos diversos projetos implementados pela Secretaria de Estado da Saúde até culminar no Projeto de Formação dos Trabalhadores da Área de Enfermagem (PROFAE) implantado em 2000, que já efetuou um curso para auxiliar de enfermagem e outro para técnico de enfermagem.
O PROFAE é uma iniciativa do Ministério da Saúde que através da Secretaria de Gestão de Investimentos da Saúde (SIS), objetiva a melhoria da qualidade dos serviços hospitalares e ambulatoriais prestados por meio da oferta de qualificação profissional, reduzindo assim o déficit de auxiliares de enfermagem e da complementação da Qualificação Profissional de Técnico de Enfermagem.
OBJETIVOS
Objetivos Específicos:
Material e Método
O estudo foi realizado no Hospital Ipiranga – Unidade Geral II onde foi aplicado um inquérito ao conjunto de alunos participantes do curso de técnico de enfermagem do PROFAE. Inicialmente a turma era composta por 36 alunos, durante o curso houve desistência de 6 alunos restando 30 alunos no seu final. Os critérios de inclusão desses alunos ao projeto, foram: estar cadastrado na lista de interessados em cursar PROFAE do Ministério da Saúde; ser auxiliar de enfermagem e estar trabalhando na área; ter o segundo grau completo.
A coleta de dados foi realizada em dois períodos distintos, inicialmente, primeira semana do curso (abril de 2002), com aplicação do instrumento A e final, ultima semana de curso (fevereiro 2003), com aplicação do instrumento B e C.
Os instrumentos A e B foram construídos e norteados pelo guia instrucional oferecido ao professor para minimizar “erros de interpretação” que o aluno por ventura ora teria.
O instrumento A consiste de perguntas que visam caracterizar o perfil do aluno e da unidade onde trabalha, verificando sua expectativa com relação a qualidade da assistência que presta, o conhecimento técnico, o salário e a satisfação no seu trabalho mensurando através de uma escala numérica criada onde 1 corresponde a pouca expectativa e 10 a muita expectativa. Neste instrumento solicitou-se também, que o aluno escrevesse em poucas palavras a diferença entre o auxiliar e o técnico de enfermagem.
O instrumento B teve as mesmas perguntas com relação as expectativas e a diferença entre o auxiliar e o técnico de enfermagem, só que agora vendo a real percepção do aluno após ter terminado seu curso; acrescidas ainda de perguntas sobre: avaliação de mudança profissional relatada pela chefia de onde trabalha, adequação de cargo depois da formatura, significado do curso para esse aluno e mensuração da qualidade do curso.
Os dados dos instrumentos A e B foram categorizados e inseridos em um banco de dados e trabalhados estatisticamente no SPSS 8.0 "for Windows".
O instrumento C consiste em uma prova de conhecimentos específicos, com 50 questões, idealizada segundo o conteúdo teórico oferecido e sua carga horária, conforme quadro a seguir:
Tabela 1: Conteúdo programático, Carga horária e Número de questões.
Conteúdo programático oferecido (disciplina) |
Carga Horária |
Número de questões elaboradas |
Relações interpessoais |
20 |
1 |
Psicologia Aplicada à Enfermagem |
20 |
1 |
Farmacologia |
20 |
1 |
Microbiologia e Parasitologia |
15 |
1 |
Nutrição e Dietética |
15 |
1 |
Técnicas e Procedimentos de Enfermagem |
30 |
3 |
Física Aplicada à Enfermagem |
15 |
1 |
Química Aplicada à Enfermagem |
15 |
1 |
Enfermagem em Clínica Médica |
20 |
2 |
Enfermagem em Doenças Transmissíveis |
20 |
2 |
Enfermagem em Unidade de Pacientes Graves / UTI |
30 |
3 |
Enfermagem em Clínica Cirúrgica |
40 |
4 |
Enfermagem em Centro Cirúrgico |
25 |
2 |
Enfermagem em Urgências e Emergências |
30 |
3 |
Enfermagem Obstétrica |
20 |
2 |
Enfermagem Pediátrica |
20 |
2 |
Enfermagem Neonatal |
20 |
2 |
Ética Profissional |
20 |
2 |
Enfermagem em Saúde Mental |
15 |
1 |
Enfermagem Neurológica |
20 |
2 |
Enfermagem Psiquiátrica |
20 |
2 |
Políticas Nacionais de Saúde |
10 |
1 |
Administração de Serviços de Saúde e da Unidade de Enfermagem |
30 |
3 |
Noções de Administração Hospitalar |
20 |
2 |
Saúde Individual e Coletiva |
20 |
2 |
Vigilância Epidemiológica |
20 |
2 |
As questões continham um enunciado e quatro alternativas com uma única escolha. Depois de corrigidas conforme o gabarito elaborado foram classificadas de acordo com indicadores criados conforme quadro abaixo.
Tabela 2: Conceito, Menção e definição operacional.
Conceito Indicadores |
Menção |
Definição Operacional |
Ótimo |
O |
Aproveitamento igual ou superior a 80% dos conteúdos teóricos oferecidos |
Bom |
B |
Aproveitamento igual ou superior a 65% dos conteúdos teóricos oferecidos |
Satisfatório |
S |
Aproveitamento igual ou superior a 50% dos conteúdos teóricos oferecidos |
Insatisfatório |
I |
Aproveitamento inferior a 50% dos conteúdos teóricos oferecidos |
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO:
A – Perfil dos alunos no inicio do curso
Quanto a idade temos:
Gráfico 1- Idade dos alunos do curso Técnico de Enfermagem PROFAE do Hospital Ipiranga, São Paulo, 2003.
Em dados do cadastro de inscrição no Ministério da Saúde verificamos que as idades são equivalentes das encontradas neste estudo, quando descrevem que 37% dos inscritos tem idade entre 31 a 40 anos e 30 % entre 41 a 50 anos (BRASIL,2001).
Tabela 3- Estado Civil dos alunos do curso Técnico de Enfermagem PROFAE do Hospital Ipiranga, São Paulo, 2003.
Estado Civil |
Freqüência |
Porcentagem |
Solteiro |
13 |
36,1 |
Casado |
13 |
36,1 |
Divorciado |
5 |
13,9 |
Separado |
3 |
8,3 |
Desquitado |
1 |
2,8 |
Viúva |
1 |
2,8 |
Total |
36 |
100,0 |
Quanto ao estado civil verificamos um equilíbrio entre os solteiros e casados mas também notamos um número de desquitados, divorciados, separados e viúvos (10 alunos) relativamente importante o que vem demonstrar que a procura para o aprimoramento profissional, muitas vezes é a chance que essas pessoas tem de melhorar sua inserção no mercado de trabalho e ter um sustento financeiro mais adequado para si e ou sua família .
Tabela 4- Sexo dos alunos do curso Técnico de Enfermagem PROFAE do Hospital Ipiranga, São Paulo, 2003.
Sexo |
Freqüência |
Porcentagem |
Feminino |
33 |
91,7 |
Masculino |
3 |
8,3 |
Total |
36 |
100,0 |
Quanto ao sexo temos mais uma vez um percentual grande de mulheres, como já é notório nessa profissão, mas verificamos que tem surgido os homens a busca desse trabalho que até então era quase que exclusividade do sexo feminino. Acreditamos que a busca de um espaço no mercado de trabalho tem impulsionado também os homens a procura dessa profissão que vem mostrando que ela pode ser exercida por ambos os sexos com a mesma competência, desmistificando aquela condição maternal de exercê-la.
Este dado não foi explorado no cadastramento do PROFAE, embora ressalte a importância desta variável na caracterização da população, visto que partiu-se do pressuposto que a quantidade de mulheres nessa profissão, sempre supera o de homens (cerca de 30 mulheres para cada homem) bem semelhante dos dados encontrados por este estudo. A participação feminina entre os trabalhadores de enfermagem é de 86,6% para o Brasil (BRASIL,2001).
Tabela 5 – Escolaridade dos alunos do curso Técnico de Enfermagem PROFAE do Hospital Ipiranga, São Paulo, 2003.
Escolaridade Freqüência PorcentagemSegundo Grau 34 94,4Superior 2 5,6Total 36 100,0
A maioria dos alunos tem o segundo grau completo e nem poderia ser diferente pois é exigência para inclusão no projeto, mas vemos que há alunos que tem grau superior e que teoricamente deveriam estar inseridos em um mercado de trabalho, o que não deve ter acontecido, pois procuraram um aprimoramento a nível técnico para talvez galgar um espaço no mercado de trabalho. Neste inquérito não nos preocupamos em saber a área de curso.
Em estudo de ANSELMI et al (2003) verificamos que os alunos empregados tem maior nível de escolaridade que os desempregados, sendo portanto a escolaridade um determinante para melhorar o acesso e a inserção do indivíduo no mercado de trabalho.
Tabela 6- Procedência dos alunos do curso de Técnico de Enfermagem PROFAE do Hospital Ipiranga, São Paulo, 2003.
Procedência |
Freqüência |
Porcentagem |
Sudeste |
30 |
83,3 |
Nordeste |
3 |
8,3 |
Não respondeu |
3 |
8,3 |
Total |
36 |
100,0 |
Quando solicitamos a procedência pedimos para relatar o Estado de nascimento do aluno e assim verificamos que a maioria deles é procedente da mesma região do curso e poucos são os que migraram para esta região muitas vezes em busca de melhor aprimoramento e trabalho.
O PROFAE alcança uma cobertura de 86,0% dos municípios brasileiros, em todas as regiões foram cadastradas pessoas em mais de 80% dos municípios existentes. As capitais concentram um grande número de inscritos em todos os estados, em São Paulo por exemplo, há 28,4 % de inscritos na capital porém nos municípios de até 500 mil habitantes esse percentual chega a 60 % de inscritos (BRASIL,2001).
Tabela 7- Escola de formação dos alunos do curso de Técnico de Enfermagem PROFAE do Hospital Ipiranga, São Paulo, 2003.
Escola
de Formação |
Freqüência |
Porcentagem |
Privada |
21 |
58,3 |
Classes
Descentralizadas |
9 |
25,0 |
SENAC |
3 |
8,3 |
Suplência |
2 |
5,6 |
Pública |
1 |
2,8 |
Total |
36 |
100,0 |
Na Tabela 5 verificamos que a maioria dos alunos formou-se auxiliar de enfermagem, pré-requisito para inclusão no curso, vindo de escola privada (SENAC e privadas em geral) e pouco percentual de escolas públicas (pública, classes descentralizadas), 5,6% fizeram exame de suplência. Esse quadro nos revela o quanto foi parco, nesses últimos anos, cursos na rede pública para formação e aperfeiçoamento desses profissionais, tendo quase que sempre buscá-lo na rede privada com custos altos para arcar.
No período inicial de estruturação do SUS, a carência de formação de pessoal de nível médio foi suprida por meio de desenvolvimento de incentivos próprios advindos tanto do setor privado como do público, dentro deste último, cabe ressaltar que a partir de 1981, tivemos a formação de auxiliares de enfermagem utilizando a metodologia de educação em serviço (Projeto Larga Escala) e posteriormente também pelas Classes Descentralizadas, tal como ocorreu no Hospital Ipiranga. Esse déficit persiste até hoje tanto na dificuldade de alcançar a educação fundamental necessária para admissão em cursos profissionalizantes de nível médio, quanto a insuficiência na oferta de cursos nesta área (insuficiência quantitativa associada a uma distribuição irregular no território nacional) (BRASIL,2001).
Gráfico 2 - Ano de formatura em auxiliares de enfermagem dos alunos do curso de Técnico de Enfermagem PROFAE do Hospital Ipiranga, São Paulo, 2003.
No Gráfico 2notamos que a maioria dos formandos são do ano de 1995 ou em torno dele, acreditamos que houve um maior interesse e procura pelos profissionais de enfermagem, principalmente os atendentes, pelos cursos de auxiliar de enfermagem neste período, porque segundo a Lei 7498/86 que regulamenta o Exercício Profissional de Enfermagem (BRASIL, 1986), em seu parágrafo único considera que as atividades de enfermagem só podem ser exercidas privativamente pelo Enfermeiro, pelo Técnico de Enfermagem, pelo Auxiliar de Enfermagem e pela Parteira “extinguindo” os atendentes de enfermagem que só poderiam exercer atividades elementares. Na preocupação de perder os postos de trabalho, esses atendentes buscaram cursos de formação em auxiliares de enfermagem para tentar se manter no mercado, ou escaparem da fiscalização do Conselho Regional Profissional que em uso de suas atribuições enquadrariam os atendentes no exercício ilegal da profissão (BRASIL,2001).
Gráfico 3 - Tempo de exercício da função dos alunos do curso de Técnico de Enfermagem PROFAE do Hospital Ipiranga, São Paulo, 2003.
Corroboramos com ARANHA & FRADE (p.29) que dizem que “os adultos trabalhadores possuem uma rica fonte de aprendizagem e construção de conhecimentos, bem como de socialização e emoções diversas: o seu próprio trabalho. Portanto, ao contrário de enxergar o trabalho como elemento dificultador da atividade escolar, procuramos criar formas e mecanismos de fazê-lo cada vez mais presente no processo de aprendizagem e não criar nenhum esquema punitivo, em virtude das dificuldades advindas dessa atividade. Ao contrário procuramos flexibilizar espaços e tempos escolares que dessem conta dessa diversidade.”
Tabela 8 - Áreas que já atuaram os alunos do curso de Técnico de Enfermagem PROFAE do Hospital Ipiranga, São Paulo, 2003.
Áreas que já atuaram |
Alunos |
Clinica Médico Cirúrgica |
25 |
UTI
infantil ou adulto |
11 |
Pronto Socorro |
11 |
Maternidade |
6 |
Berçário |
4 |
Material
Central |
3 |
Centro Cirúrgico |
3 |
Obstetrícia |
3 |
Pediatria |
2 |
Ambulatório |
2 |
Hemodiálise |
1 |
Laboratório |
1 |
Home - Care |
1 |
Posto
de Saúde/Unidade Básica de Saúde |
1 |
Na tabela 6 verificamos que o grupo de alunos desse curso estão mais voltados para a área hospitalar, sendo que a maioria já teve experiência profissional em unidades de clínica-cirúrgica. O UTI e pronto socorro também foram citados como áreas que já atuaram. Acreditamos que este grupo tenha uma riqueza de experiências profissionais de áreas diversas, servindo de ponto importante para as problematizações o que vem engrandecer as discussões durante as aulas.
Esses dados também nos levam a crer, o quanto o trabalho nessas unidades mobilizaram o aprimoramento desses auxiliares, pois elas requerem um conhecimento mais aprofundado, tais como dos trabalhadores de UTI e pronto socorro, o qual estimula o aluno a procurar uma melhor qualificação profissional, encaminhando-o para o curso de técnico de enfermagem.
O objetivo central desse projeto, é melhorar a qualidade da assistência a nível hospitalar , mas vale ressaltar que o curso de técnico de enfermagem tem sua validade para quem trabalha em saúde coletiva, pois acreditamos que essa melhoria é para o cidadão, esteja ele na atenção básica como na assistência hospitalar.
Tabela 9 - Tipo de instituição de trabalho dos alunos do curso de Técnico de Enfermagem PROFAE do Hospital Ipiranga, São Paulo, 2003.
Tipo Instituição |
Freqüência |
Porcentagem |
Pública |
31 |
86,1 |
Privada/pública |
4 |
11,1 |
Privada |
1 |
2,8 |
Total |
36 |
100,0 |
Na tabela anterior, verificamos que a grande maioria dos alunos estão trabalhando atualmente no serviço público, alguns ainda acumulam dois vínculos um público e outro privado e apenas um aluno trabalha em vínculo privado. È importante que os trabalhadores sejam da própria rede pública pois a melhoria da qualidade da assistência é extremamente premente. Porém nos preocupamos a absorção desse profissional, que por enquanto não pertence ao quadro de categorias funcionais do Estado de São Paulo. Acreditamos que este projeto seja um estimulo à reflexão dos gestores de recursos humanos, a fim de repensarem a inclusão desta categoria, absorvendo esses formandos que sem adequação de sua função vão se evadir para empresa privada a fim de melhores salários e adequação de sua função profissional, levando consigo todo o conhecimento e formação que o serviço público lhe proporcionou. Sabemos que o SUS será contemplado, seja o aluno trabalhador do público ou privado, mas entendemos que o funcionário do serviço privado poderá ter mais facilidade de aprimorar-se, sendo as parcerias nesses locais mais facilitadas, do que o funcionário da rede pública que depende quase que exclusivamente de política vigente.
De modo geral, no Brasil a inserção desses trabalhadores ocorre predominantemente em serviços públicos (78,8%), à exceção de São Paulo, no qual a distribuição é semelhante entre serviço publico (55%) e privado 40,8% (ANSELMI et al, 2003).
Quanto a unidade que atuam no momento 34 alunos trabalham em área hospitalar, 1 em ambulatório e outro em Unidade Básica de Saúde e exercem a função de auxiliares de enfermagem e estão dispersos nas seguintes áreas.
Tabela 10 - Área de trabalho atual dos alunos do curso de Técnico de Enfermagem PROFAE do Hospital Ipiranga, São Paulo, 2003.
Áreas de atuação no momento |
Alunos |
Clinica Médico-Cirúrgica |
14 |
UTI |
5 |
Maternidade |
4 |
Pronto Socorro |
3 |
Ambulatório |
2 |
Obstetrícia |
2 |
Central de Material |
2 |
Banco Sangue |
1 |
Posto de Saúde |
1 |
Berçário |
1 |
Centro Cirúrgico |
1 |
Total |
36 |
Verificamos na Tabela 7, que a maioria dos alunos estão em áreas consideradas chave na instituição hospitalar, embora haja uma dispersão grande em várias unidades. Esse quadro pode ser muito útil internamente para a educação continuada que poderá ter uma visão ampla do quadro interno de pessoal com melhor qualificação no atendimento das demandas complexas. Essa avaliação servirá de subsidio para transferências internas e melhor readaptação dos funcionários.
Além da melhoria da assistência prestada,
esses locais também oferecem uma excelente experiência profissional que
é importante para a formação em trabalho, como é recomendado por este projeto.
Tabela 11 - Atividades desenvolvidas no trabalho atual pelos alunos do curso de Técnico de Enfermagem PROFAE do Hospital Ipiranga, São Paulo, 2003.
Atividades que realizam |
Alunos |
Administração de medicação |
25 |
Verificação sinais vitais | 17 |
Curativos | 16 |
Cuidados de higiene | 14 |
Cumprimento de rotinas hospitalares | 9 |
Coleta de exames (sangue, urina) | 7 |
Atendimento de emergência | 6 |
Orientações à pacientes | 5 |
Admissão/Alta do paciente | 4 |
Sondagens | 4 |
Atendimento da Necessidade de alimentação e hidratação | 4 |
Exames (preparar, auxiliar) | 3 |
Observações | 2 |
Circular sala | 2 |
Mudança de decúbito | 2 |
Cuidados integrais | 2 |
Aspiração | 1 |
Balanço hidro-eletrolítico | 1 |
Amamentação | 1 |
Pré e pós -consulta | 1 |
Tricotomia | 1 |
Limpeza de unidade | 1 |
Vacinação | 1 |
Esterilização de materiais | 1 |
Agendamento consultas/exames | 1 |
Anotação | 1 |
Acreditamos que a tabela anterior seja um grande espelho e também um estimulo para os coordenadores, professores, diretores/gerentes de enfermagem pensarem na formação e nas atividades que este profissional vem exercendo, afinal são anos de informação e desgaste de ambos os lados (alunos e professores) além do gasto público, para que no trabalho cotidiano ele execute praticamente apenas 4 atividades (administração de medicamentos, verificação de sinais vitais, curativos, cuidados de higiene). Comparando essas atividades a grade curricular com os conteúdos programáticos que são oferecidos, esse profissional está muito aquém daquilo que lhe é oferecido.
Porque isto acontece? Creiamos que tanto os professores quanto os gerentes podem estar equivocados.
Os professores reforçam o modelo que aprenderam, biomédico, e acabam desestimulando o aluno a ver o paciente de uma forma integral, holística e mais humana sendo apenas um reprodutor de técnicas básicas que sustentam a “rotina de trabalho de uma instituição de saúde” . O trabalho tem sido a cada dia mais tecnicista, não que isso não seja importante, mas o que gostaríamos é que não fosse só isso, que o profissional pudesse ser sensato e pensasse em cada paciente atendendo as necessidades humanas afetadas individualmente com humanização, mas o que nos parece é que estamos formando robôs que executam aquilo que os gerentes lhes cobram, porque também não conseguem enxergar o paciente como objeto de sua profissão. A reflexão pelos enfermeiros é urgente e necessária pois senão estaremos desgastando o trabalhador, gastando mal o dinheiro público e não atendendo a necessidade do paciente. O planejamento do trabalho precisa ser adequado ao contexto de saúde que estamos vivenciando no nosso país sendo mais individualizado, além do investimento na humanização da assistência que tem se tornado tecnicista e cada vez mais afastada do indivíduo, precisamos de menos maquinas e mais humanidade.
A cobrança maior das instituições, serão sem sombra de dúvida, o estimulo necessário para a mudança do pensar do enfermeiro educador que enfatizará todos os conteúdos e não somente os básicos (sinais vitais , curativos etc.) que são os exigidos hoje no mercado de trabalho.
PELUSO (p.13), ao discutir a educação como instrumento de mudança relata que esse processo de construção e reconstrução do conhecimento é tarefa do aluno e professor e que “uma interpretação radical da educação como instrumento de mudança da realidade está fundamentada na visão pedagógica que favorece a criticidade do aluno adulto”.
Na terceira etapa do instrumento verificamos a expectativa do aluno com relação a mudança: da qualidade da assistência que presta, do conhecimento técnico, do salário e da satisfação no seu trabalho, para tanto solicitamos ao aluno que mensurasse essa expectativa em uma escala analógica que variava de 1, sendo pouca expectativa a 10, muita expectativa,
Para melhor verificarmos a avaliação dessa mudança apresentaremos a seguir o relato dos alunos no inicio e no final do curso
Gráfico 4 - Mudança na qualidade da assistência, dos alunos do curso de Técnico de Enfermagem PROFAE do Hospital Ipiranga no inicio e no final do curso, São Paulo, 2003.
No fim do curso os alunos continuarão a mensurar positivamente a mudança que eles enxergam de si mesmos quanto a qualidade da assistência que prestam. A maioria dos alunos deu um escore entre 7 a 10 o que vem a demonstrar que houve muita mudança com relação a qualidade da assistência que estavam prestando, pequena porcentagem de alunos ponderam um escore de 3.
A mudança da qualidade da assistência é desejada pela população em geral. Este projeto vem de encontro a esse objetivo qualificando melhor esses profissionais que já inclusos no mercado de trabalho vão aprimorando o cuidado que prestam imediatamente, na clientela atendida por eles.
Gráfico 5 - Mudança no conhecimento técnico, dos alunos do curso de Técnico de Enfermagem PROFAE do Hospital Ipiranga no inicio e no final do curso, São Paulo, 2003.
Quanto ao conhecimento verificamos que o entusiasmo não é tão grande quanto a mudança da qualidade, houve respondente que mensurou em 6 sua expectativa, não sendo essa uma nota positiva muito expressiva. Acreditamos que os alunos foram cautelosos, e preferiram vivenciar o curso para saber se os seus conhecimentos seriam acrescidos. No fim do curso percebe-se que a maioria dos alunos deram um escore entre 9 e 10 o que demonstra muita mudança com relação ao conhecimento que adquiriram, poucos foram os alunos que mensuraram com escore entre 6 e 8, houve somente 1 aluno que se absteve da resposta.
O conhecimento para estes profissionais indicam muitas vezes o seu próprio sustento pois sabem que é dele que vão conseguir galgar um emprego mais seguro para sustentabilidade pessoal e ou da família.
Gráfico 6 - Mudança no salário, dos alunos do curso de Técnico de Enfermagem PROFAE do Hospital Ipiranga no inicio e no final do curso, São Paulo, 2003.
Quanto ao salário verificamos que grande parte dos alunos tem uma expectativa de que irá ocorrer mudanças porém, parecem muito mais cautelosos, tendo alunos que mensuram em pouca expectativa de melhora. Esse parece-nos um indicador negativo, pois a esperança de melhorar o seu salário acaba por estimular a sua formação profissional, bem como sua inserção no mercado de trabalho
No fim do curso a maior parte dos alunos deram uma mensuração de 1 na escala analógica ou mesmo deixaram em branco (20 alunos), outros ainda escreveram no instrumento que a escala não contemplava a palavra nada de aumento em seu salário. Acreditamos esse ser um fator desmotivante do aluno que tinha uma expectativa inicial positiva de aumento salarial.
O mercado de trabalho ainda não tem incorporado essa categoria profissional, parcos são os locais privados, em São Paulo, que oferecem vagas para essa categoria com adequação salarial pois há instituições que contratam como técnicos, mais pagam salários de auxiliares de enfermagem, mesmo sendo esta uma condição ilegal. Nas instituições públicas o problema torna-se mais grave pois não há oferecimento de vagas para essa categoria profissional.
Esses alunos, em sua maioria estão vinculados ao setor público, portanto sua visão quanto ao salário é deturpada pois assiste na prática o técnico e o auxiliar ganhando o mesmo salário e por vezes executando as mesmas tarefas.
Aqueles alunos que conhecem companheiros ou mesmo que trabalham em instituições onde a equipe de enfermagem contempla a categoria de técnico de enfermagem, tem uma visão que seu salário será melhor bem como a adequação de suas tarefas diárias relacionada a sua função.
Gráfico 7- Mudança na satisfação, dos alunos do curso de Técnico de Enfermagem PROFAE do Hospital Ipiranga, no inicio e no final do curso, São Paulo, 2003.
Quanto a satisfação verificamos que para a maioria tem expectativa que melhore sua satisfação porém houve respondente que mensurou em 6 sua expectativa. Consideramos a satisfação uma alavanca pessoal para o seu crescimento, se ele demonstrar pouca expectativa na satisfação que irá sentir profissionalmente depois de formado, esse curso pode vir a se tornar um desestímulo e ele tenderá a abandonar ou mesmo "ir empurrando" até o fim.
No fim do curso verificamos que todos os alunos apontaram uma satisfação em estarem formados em técnico de enfermagem dando escores que variaram de 7 a 10.
A satisfação é um grande estimulo tanto na fase inicial para poderem fazer esse curso como também no final sendo um estimulo para a busca de mercado de trabalho adequado a sua categoria profissional.
Tabela 12- Diferenças relatadas entre ser auxiliar e ser técnico de enfermagem, dos alunos do curso de Técnico de Enfermagem PROFAE do Hospital Ipiranga, São Paulo, 2003.
Diferença entre AE e TE |
Freqüência |
Aprimoramento técnico; mais conhecimento |
14 |
Maior experiência em administração | 6 |
Não muda nada, somente para o COREN | 4 |
Prestação de cuidado com qualidade | 3 |
Maior experiência e segurança | 3 |
Poderá trabalhar na UTI | 3 |
Maior humanização da assistência | 1 |
Aumento de salário e conhecimento | 1 |
Maior responsabilidade | 1 |
Total | 36 |
A maioria dos alunos vêem o aprimoramento técnico como a principal diferença entre o auxiliar e o técnico de enfermagem, alguns citam a experiência na área administrativa como o diferencial das duas categorias. Nos preocupa o relato de não ver diferença nenhuma ou mesmo enxergar uma mudança só no documento quando eles relatam: "só muda para o COREN" , esse pode vir a se tornar um desestimulo para enfrentarem o novo curso.
Quanto a mudança profissional percebida pelo enfermeiro do local de trabalho, temos:
Tabela 13 - Mudança profissional percebida pós formatura dos alunos do curso de Técnico de Enfermagem PROFAE do Hospital Ipiranga, São Paulo, 2003.
Mudança Profissional |
Freqüência |
Porcentagem |
Sim |
17 |
56,7 |
Não |
8 |
26,7 |
Não respondeu |
5 |
16,7 |
Total |
30 |
100,0 |
Tabela 14 - Mudança profissional expressa pelo enfermeiro do local de trabalho dos alunos do curso de Técnico de Enfermagem PROFAE do Hospital Ipiranga, São Paulo, 2003.
Mudança Relatada |
Freqüência |
Porcentagem |
Melhorou o conhecimento técnico |
7 |
23,3 |
Melhorou a qualidade do trabalho e o desempenho |
5 |
16,7 |
Melhorou a agilidade |
2 |
6,7 |
Melhorou o envolvimento com o trabalho, e a atenção |
2 |
6,7 |
Melhorou o contato com pacientes, familiares e colegas |
1 |
3,3 |
Total |
17 |
56,7 |
Nas tabelas 10 e 11 verificamos que a maioria dos alunos teve uma mudança positiva que foi percebida pelos enfermeiros de seu local de trabalho. Solicitou-se também que fosse expressa essa modificação positiva (17 alunos) em palavras sucintas e desta forma surgiram os indicadores dessas mudanças classificados na Tabela 11. Esses indicadores exprimem o quanto esse curso influenciou a qualidade do atendimento que esse profissional vinham fazendo.
No caso da resposta negativa (8 alunos) mesmo não sendo necessária a avaliação dessa resposta, muitos registraram em outros locais sua indignação com relação a sua chefia no local de trabalho, houve respondentes que colocaram que nem mesmo sabiam que eram seus supervisores/chefes, outros ainda diziam que seu supervisor /chefe nada notava de diferença e achavam que ele nem sabia que fazia uma curso de técnico de enfermagem.
Acreditamos ser importante a participação dos enfermeiros do campo de trabalho do aluno, pois assim é a proposta desse curso, talvez esse seja um indicador que precisamos trabalhar com uma maior interação entre os enfermeiros de campo e os da escola, essa dicotomia é uma lacuna que não pode ser compreendida, principalmente quando os alunos são em sua maioria da própria instituição formadora. O trabalho institucional tem que ser melhor divulgado.
Tabela 15 - Adequação da categoria profissional no local de trabalho, pós formatura, dos alunos do curso de Técnico de Enfermagem PROFAE do Hospital Ipiranga, São Paulo, 2003.
Adequação da categoria profissional |
Freqüência |
Porcentagem |
Não |
26 |
86,7 |
Sim |
3 |
10,0 |
Não respondeu |
1 |
3,3 |
Total |
30 |
100,0 |
Tabela 16 - Atitude frente adequação negativa na mudança da categoria profissional no local de trabalho, pós formatura, dos alunos do curso de Técnico de Enfermagem PROFAE do Hospital Ipiranga, São Paulo, 2003.
Atitude frente adequação negativa |
Freqüência |
Porcentagem |
Procurará outro emprego |
11 |
36,7 |
Permanecerá no cargo |
9 |
30,0 |
Aguardará concurso para a mudança |
6 |
20,0 |
Total |
26 |
86,7 |
Nas Tabelas 12 e 13 verificamos que os alunos, em grande maioria não terão uma adequação da categoria profissional em seus locais de trabalho, ou seja, não passarão de auxiliares para técnicos de enfermagem.
Ao solicitar para que digam qual atitude que tomarão frente uma decisão negativa do local de trabalho atual, alguns aguardarão concurso público para mudança interna lembrando que no estado não há, por enquanto, essa categoria profissional contemplada em seu quadro de pessoal. Alguns municípios tem incorporado essa categoria em seus quadros e aproveitado esses profissionais colocados no mercado, outros alunos ainda procurarão outro local de trabalho onde tenha uma política salarial onde contemple o profissional, técnico de enfermagem.
Quanto a diferença percebida pelo aluno em ser auxiliar e técnico de enfermagem pós formatura, temos:
Tabela 17 - Diferença percebida entre auxiliar e técnico de enfermagem, pós formatura, dos alunos do curso de Técnico de Enfermagem PROFAE do Hospital Ipiranga, São Paulo, 2003.
Diferença entre auxiliar e técnico de enfermagem |
Freqüência |
Porcentagem |
Maior conhecimento na área técnica |
18 |
60,0 |
Melhor desempenho, trabalho com mais qualidade |
3 |
10,0 |
Executa procedimentos mais complexos, tem maior responsabilidade |
3 |
10,0 |
Assumir com o enfermeiro ou em sua ausência a responsabilidade pelos auxiliares |
2 |
6,7 |
Desempenha o trabalho de forma mais humanizada |
1 |
3,3 |
Melhor conhecimento na área administrativa |
1 |
3,3 |
Enxerga o paciente de forma integral |
1 |
3,3 |
Não respondeu |
1 |
3,3 |
Total |
30 |
100,0 |
Na tabela anterior verificamos que esses alunos tem uma visão que seu conhecimento ficou acrescido com esse curso, que tem uma melhora em seu desempenho, que aumenta sua responsabilidade, enfim todos os indicadores apontam para uma diferença positiva que visa a melhoria da qualidade da assistência ao paciente.
Quanto ao que significou esse curso
para os alunos, tivemos os seguintes relatos:
Tabela 18 – Significado do curso, pós formatura, para os alunos do curso de Técnico de Enfermagem PROFAE do Hospital Ipiranga, São Paulo, 2003.
Significado |
Freqüência |
Porcentagem |
Maior confiança no trabalho, mais responsabilidade, crescimento profissional |
11 |
36,7 |
Atualização profissional, adquirir mais conhecimento |
7 |
23,3 |
Bom por ser gratuito |
4 |
13,3 |
Conquista social, profissional e econômica |
4 |
13,3 |
Ter mais satisfação com o trabalho |
1 |
3,3 |
Ter melhor chance no mercado de trabalho, novos horizontes |
1 |
3,3 |
Conhecer melhor o sistema de saúde |
1 |
3,3 |
Melhora da qualidade da assistência que presta |
1 |
3,3 |
Total |
30 |
100,0 |
Todos os indicadores de significado foram positivos porém a: confiança maior em seu trabalho, a maior responsabilidade e o crescimento profissional foi o mais apontado por esses alunos. Chama a atenção quando alguns colocam a conquista social, profissional e econômica como um indicador do que significou esse curso para si, a amplitude dessas palavras exprimem o quanto há de abrangência nesse projeto que tem um impacto social importante para a saúde e para o aluno enquanto um trabalhador da área que traz o sustento para si e família.
Gráfico 8 - Nota atribuída ao curso PROFAE pelos alunos do curso de Técnico de Enfermagem PROFAE do Hospital Ipiranga, São Paulo, 2003.
Tabela 19 – Conceitos obtidos, em prova de conhecimento especifico, para os alunos do curso de Técnico de Enfermagem PROFAE do Hospital Ipiranga, São Paulo, 2003.
Conceito |
Freqüência |
Porcentagem |
Bom (nota de 6,5à 7,9) |
17 |
57% |
Satisfatório (nota de 5,0 à 6,4) |
7 |
23% |
Ótimo (nota de 8,0 á 10,0) |
6 |
20% |
Insatisfatório (nota 0,0 á 4,9) |
0 |
0% |
Total |
30 |
100% |
O quadro anterior nos mostra que a maioria dos alunos teve um aproveitamento teórico bom pois obtiveram notas que variaram de 6,5 à 7,9. Foi gratificante verificarmos que não houve nenhum aluno que se enquadra-se em uma avaliação insatisfatória.
O resultado deste instrumento também demonstra o interesse e o aproveitamento que os alunos tiveram com relação aos conteúdos teóricos oferecidos. É interessante citar que a participação neste processo não foi obrigatória, mas houve um interesse coletivo de todos os alunos estarem participando elegendo este momento como um treinamento para posteriores concursos que certamente irão prestar para inclusão no mercado de trabalho.
Foram analisados dois instrumentos A no inicio do curso, aplicados para 36 alunos (matriculados) e instrumento B e C aplicados no final do curso onde estavam presentes 30 alunos, sendo que 6 desistiram durante o curso por motivos particulares.
A idade mínima dos alunos foi de 24 anos e a máxima de 63 anos sendo a média em torno dos 40 anos.
No estado civil verificamos um equilíbrio entre os solteiros e casados (36,1%), mas também notamos um número de desquitados, divorciados, separados e viúvos (27,8%) representativos para esse grupo.
No sexo há uma predominância de mulheres 91,7 % contra 8,3% homens.
Quanto a escolaridade 94,4 % tem segundo grau completo, que era exigência formal para matrícula, e 5,6 tem nível superior.
A procedência demonstrou que a maioria é da própria região, 83,3 % são da região sudeste.
Na pergunta sobre escola de formação em auxiliares de enfermagem obtivemos que 58,3 % formaram-se em escolas privadas, 25% nas classes descentralizadas e o restante em outras escolas.
No ano de formatura temos que a maioria é formada no ano de 1995 . Quanto ao tempo de atuação como auxiliar de enfermagem a maioria tem 5 anos de trabalho na área.
As unidades que já atuaram, como auxiliares de enfermagem, são em sua maioria, unidades complexas tais como: clínica médica , UTI e pronto socorro sendo praticamente as mesmas que estão atuando no momento.
A maioria dos alunos estão com emprego vinculado a rede pública (86,1%), sendo que 11, 1 % acumulam vinculo público e privado e apenas 2,8%, estão no vínculo privado.
Quanto as atividades que executam obtivemos uma listagem de 26, porém 4 delas se destacam que são: a administração de medicamentos, verificação de sinais vitais, curativos, cuidados de higiene.
Na expectativa de mudança (inicio do curso) mensurada pelos alunos obtivemos registros de escore 10 em: mudança da qualidade 91,7 %, mudança do conhecimento 72,2 %, mudança de salário 55,6%, mudança de satisfação 88,9.
Na percepção da mudança obtida (final do curso) mensurada pelos alunos obtivemos registros de escore 10 em: mudança de qualidade 40, 0%, mudança do conhecimento 53,3 %, mudança do salário 6,7% , invertendo praticamente a expectativa inicial e a mudança de satisfação de 60,0 %.
Quanto as diferenças que o aluno percebe, no inicio do curso, em relação a ser um auxiliar de enfermagem e um técnico de enfermagem são: ter um melhor aprimoramento técnico, uma maior experiência em administração e também uma visão negativa onde para ele não muda nada somente para o COREN. No final do curso ele enxerga outras diferenças que não só as do aprimoramento técnico mas um trabalho com mais qualidade e executar procedimentos mais complexos.
Na percepção da mudança profissional, 56,6 % relataram que seus supervisores notaram mudanças que foram referenciadas nas seguintes palavras: melhorou o conhecimento técnico, a qualidade do trabalho e o desempenho, a agilidade, o envolvimento com o trabalho, e a atenção, o contato com pacientes, familiares e colegas.
Quanto a adequação de seu cargo 10% serão contratados como técnicos, 86,6 % não terão adequação de seus cargos e tomarão as seguintes atitudes: procurará outro emprego, permanecerá no cargo, aguardará concurso para a mudança.
No significado do curso para esses alunos obtivemos com respostas: maior confiança no trabalho, mais responsabilidade, crescimento profissional, atualização profissional, adquirir mais conhecimento.
Na nota dada ao curso tivemos uma pontuação de 10 com 60,0% e 9 26,7 % o que corresponde a um bom curso.
Quanto aos conceitos obtidos na prova de conhecimentos teóricos aplicadas para esses alunos tivemos 57% dos alunos com notas entre 6,5 à 7,9.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANSELMI, M.L. ; PEDUZZI, M. ; SALA, A ; COHEN, D.D. Análise do perfil da clientela do Projeto de profissionalização dos Trabalhadores da Área da Saúde (PROFAE). In BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE, Avaliação do impacto do PROFAE na qualidade dos serviços de saúde. Brasília, DF, 2003, 89-112p, (Formação, 7)
ARANHA, A . V.S. ; FRADE, I.C.A . da S. Educação profissional e básica: integração e omnilateralidade na construção de uma proposta de ensino para atendentes de enfermagem. In BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE, Escolarização, profissionalização e saúde: faces da cidadania. Brasilia, DF, 2001, 25-37p ( Formação, 3)
BRASIL. Lei 7498 de 25 de junho de 1986, que regulamenta o Exercício Profissional de Enfermagem. Brasília, 1986.
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Qualificação profissional e saúde com qualidade. Brasília, DF, 2001. 90 p (Formação,1)
PELUSO, T.C.L. A educação de adultos: refletindo sobre a natureza e sua especificidade. In BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE, Escolarização, profissionalização e saúde: faces da cidadania. Brasilia, DF, 2001, 5-16p ( Formação, 3)
1Enfermeira Pesquisadora Cientifica III do Núcleo de Investigação e Estudos em Epidemiologia do Instituto de Saúde e coordenadora pedagógica do PROFAE – técnico de enfermagem do CEFOR – São Paulo.
2Enfermeira, coordenadora do curso técnico de enfermagem PROFAE – técnico de enfermagem do hospital Ipiranga – São Paulo
3Enfermeira Pesquisadora Cientifica IV coordenadora do Núcleo de Investigação e Estudos em Epidemiologia do Instituto de Saúde
Agradecimentos especiais a Kimiko Kono, Maria Cristina Gurgel, Maria José da Silva, Sueli Melo da Rocha foram colaboradores imprescindíveis na execução deste estudo.
Texto original recebido em 27/02/2004
Texto aprovado em
30/04/2004