Revista Eletrônica de Enfermagem - Vol. 04, Num. 01, 2002 - ISSN 1518-1944
Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás - Goiânia (GO - Brasil).
 

QUALIDADE DE VIDA DO PORTADOR DE MARCAPASSO CARDÍACO DEFINITIVO: ANTES E APÓS IMPLANTE1

 Virginia Visconde Brasil2


BRASIL, V. V. Qualidade de vida do portador de marcapasso cardíaco definitivo: antes e após implantes. Revista Eletrônica de Enfermagem (on-line), v. 4, n.1, p. 64, 2002. Disponível em http://www.revistas.ufg.br/index.php/fen


RESUMO: A estimulação cardíaca artificial que utiliza o marcapasso cardíaco definitivo é uma das alternativas para o tratamento das arritmias. Entretanto, o uso do marcapasso tem provocado reações singulares e alterações nos hábitos de vida dos portadores, o que, indiretamente, pode afetar sua qualidade de vida. Este estudo teve por objetivo verificar como o paciente portador de marcapasso cardíaco definitivo avalia sua qualidade de vida antes e após o implante do marcapasso. Foram entrevistados 80 pacientes imediatamente antes e após quatro meses de implante. Para avaliação da qualidade de vida, utilizou-se o Índice de Qualidade de Vida (IQV) de Ferrans e Powers: versão cardíaca (1992), que foi traduzido e adaptado para portadores de marcapasso. A maioria dos pacientes era do sexo masculino (65,0%), maior que 61 anos (52,5%) e referiu como principais sintomas falta de ar (62,5%), cansaço (51,3%), tontura (45,0%), precordialgia (42,5%) e dor ou edema nas pernas (41,3%). Os demais sintomas referidos no pré-implante foram palpitação (26,3%), fraqueza (26,3%), síncope / desmaio (21,3%), turgor jugular (5,0%), inapetência / insônia (5,0%),  hipertensão / nervosismo / suor frio (5,0%), cefaléia (3,8%). Todos os sintomas regrediram significantemente após o implante, exceto o turgor jugular. Dentre as atividades que deixaram de fazer pós-implante, 25,0% deixaram de pegar peso e 23,3% de trabalhar. O uso de eletrodomésticos foi mantido por 60,0% dos pacientes, 25,0% deixaram de usar ferro elétrico, 13,4% não usam mais chuveiro elétrico e 10,0% não usam mais telefone celular nem ligam a televisão. Os incômodos referidos por serem portadores de marcapasso foram atrapalhar o sono, interferir no trabalho, gerar medo, dor no sítio do gerador e interferência das pessoas na própria vida. As variáveis que mais influenciaram na mudança da qualidade de vida foram as dos Domínios "Saúde e Funcionamento" e "Psicológico / Espiritual" do IQV. Conclui-se que existe diferença entre a qualidade de vida antes e após o implante de marcapasso cardíaco definitivo, sendo maior, o Índice  de Qualidade de Vida após o implante (14,88 versus 17,43).


1 Tese apresentada ao Programa Interunidades de Doutoramento em Enfermagem da Universidade de São Paulo para obtenção do Título de Doutor. São Paulo, 2001, sob orientação da Profª DrªTamara Iwanow Cianciarullo;

2 Enfermeira, Doutora em Enfermagem, Professora Adjunto da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás. virginia@fen.ufg.br