O DESAFIO DE UM GRUPO DE ALUNOS DE MESTRADO EM BUSCA DE UM VIVER SAUDÁVEL
Maria Emilia de Oliveira, Rosangela Maria Fenilli, Odaléa Maria Brüggemann *
OLIVEIRA, M. E.; FENILLI, R. M.; BRÜGGEMANN, O. M. - O desafio de um grupo de alunos de mestrado em busca de um viver saudável. Revista Eletrônica de Enfermagem (online), Goiânia, v.3, n.2, jul-dez. 2001. Disponível: http://www.revistas.ufg.br/index.php/fen
RESUMO - O trabalho
mostra como alunas do Curso de Mestrado em Assistência de Enfermagem da Universidade
Federal de Santa Catarina, turma 96/01, conseguem manter o grupo unido e mentalmente
saudável, durante a fase de elaboração do trabalho de conclusão de curso. Em
encontros mensais, em locais pré-estabelecidos, vivem momentos de descontração
e alegria, numa estratégia de enfrentamento, integração do grupo, troca de experiências
e reforço do self. Mesmo não havendo participação efetiva de todo grupo nos
encontros, está sendo possível construir uma relação baseada na amizade, companheirismo,
respeito e valorização do outro, que vem contribuindo sobremaneira no processo
de viver saudável.
UNITERMOS: grupo de alunos, viver saudável, sentimento, enfrentamento.
ABSTRACT: This work
shows how students of UFSC’s Master’s Course in Nursing Assistance,
96/1 class, succeeding in keeping the group together and mentally healthy during
the elaboration phase of the conclusion’s course work. In monthly meetings
in locals that were chosen by the group in advance, we had informality and happy
moments, with a facing strategy, group integration, experiences exchange and
a reinforcement of the “self”. That even not having all the group
participation in the meetings, it has being possible to build a relationship
based on friendship, companionship, respect, and the valuing of others, which
has been contributing in our healthy living process.
KEYWORDS: students group, healthy living, feeling,
facing.
1. INTRODUÇÃO:
Durante o Curso de Mestrado em Assistência de Enfermagem, os alunos da turma 96/01, empenharam-se no sentido de manterem-se unidos e coesos, trocando experiências e vivenciando juntos alegrias e tristezas, onde cada um mostrava preocupação com o outro. Não foi uma tarefa fácil, muitas vezes sentíamos que esmorecíamos, e que os interesses próprios sobrepujavam os do todo. Neste sentido, o próprio grupo percebeu-se e expressando um desprendimento quanto a interesses individualizados, fomentou aberturas para o crescimento de cada um, dentro do todo. ZIMERMAN & OSÓRIO (1997) reforçam que o ser humano é um ser gregário e está sempre em busca de pessoas, levando isso a uma formação espontânea de grupos.
Esta relação foi crescendo, e na fase final do curso, este sentimento de “grupo” tornou-se não só uma realidade, mas uma necessidade, principalmente no momento de elaboração do trabalho de conclusão. Este se caracteriza normalmente, como um momento solitário, com muitas dúvidas, inquietações e incertezas, levando a um distanciamento do grupo e enfraquecimento do self.
Preocupados em manter o grupo unido e mentalmente saudável nesta fase, buscamos uma estratégia de enfrentamento, integração do grupo, troca de experiências e reforço do self.
Entendemos enfrentamento, como um processo através do qual a pessoa lida com situações desafiantes cotidianas, sejam elas esperadas ou inesperadas, de natureza agradável ou desagradável.
Os estudiosos do assunto (LAZARUS & FOLKMAN, 1984), concebem o enfrentamento como um processo multidimensional e neste caso, a vivência de uma situação pode envolver a cognição, afetividade e espiritualidade.
Sem dúvida, existem maneiras mais saudáveis e outras menos saudáveis de enfrentar uma situação estressante, para um viver saudável.
Acreditamos que uma vivência saudável de enfrentamento constitui-se em encontros festivos, onde cada ser acolhe o outro, procurando criar um ambiente agradável e favorável para facilitar a promoção tanto individual como grupal.
Um
grupo só se mantém, na cumplicidade do riso, do choro, da felicidade, da alegria
e do prazer. É comendo juntos que os afetos são simbolizados e é também uma
forma de conhecer o outro e a si próprio. É o espaço onde cada um recebe e oferece
ao outro o seu gosto, o seu cheiro, sua textura, seu sabor (GROSSI, 1996).
2. DESENVOLVIMENTO:
A estratégia utilizada para a integração tem sido através de encontros mensais, nos quais se busca a troca de experiências e reforço do self. Além disso, são comemorados os aniversários do mês com entrega de uma lembrança do grupo.
O primeiro encontro foi marcado com o grupo, ao término das disciplinas teóricas e, com o objetivo de estimular a participação, foram confeccionados cartões/convites com mensagens afetivas, lembrando data, local e horário. Os encontros subseqüentes são preestabelecidos pelos colegas presentes e acontecem em diferentes locais. Os cartões/convites continuam sendo utilizados também, para lembrar aos ausentes o quanto sente a sua falta e o quão importante e valiosa é a sua participação nestes momentos.
O encontro tem uma dinâmica própria, e se constituem de momentos festivos, onde o grupo se encontra para comer e beber juntos, compartilhando sentimentos e emoções que envolvem todo o processo vivenciado. Estes momentos de aconchego são retratados através de fotos.
Até o presente momento já vivenciamos 10 encontros, nos quais a presença dos colegas oscila, sendo que em nenhum deles houve a participação de todos. No entanto, sentimos que está sendo possível construir uma relação baseada na amizade, companheirismo, respeito, valorização, preocupação com o outro e muito amor, que vem contribuindo sobremaneira no nosso processo de viver saudável, o que se expressa nas falas a seguir:
Observamos
nas falas, ser possível construir em grupo, processos apropriados de enfrentamento,
percorrendo as trilhas da amizade, bom humor, prazer e alegrias como geradoras e propulsoras de forças saudáveis.
3. CONCLUSÃO:
Consideramos que esta vivência tem sido um fator propiciador de aproximação. Esta experiência tem sido percebida por nós como extremamente valiosa e saudável, permitindo um novo olhar para o outro e para nós mesmos.
A relação estabelecida e concretizada com o grupo provoca mudanças, pois as trocas são possíveis. A oportunidade de falar, de ouvir e ser ouvido com respeito, reconhecendo a singularidade de cada um e percebendo que na diversidade os movimentos acontecem, favorecem reflexões e o florescer de novos pensamentos e ações, em que cada um compromete-se e ajuda o outro a crescer.
A partir dessas considerações, cabe destacar a responsabilidade dos “grupos festivos” como uma estratégia de enfrentamento, gerando condições afetivas que vem favorecendo a troca de experiências e reforço do self.
Como estes encontros tem sido muito
significativos, sentimos que eles não podem terminar simplesmente, mas sim,
ultrapassar as fronteiras do mestrado. No entanto, para que isto ocorra, é necessário
que haja um fortalecimento do compromisso emocional do grupo. No momento, o
que podemos afirmar é que eles continuarão até a defesa de todos os trabalhos
de conclusão do curso.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
GROSSI, Esther Pillar; BORDIN, Jussara. Paixão de aprender. 8. ed. Petrópolis: Vozes, 1996.
LAZARUS, Richard; FOLKMAN, Susan. Stress, appraisal and copiies. New York: Springer, 1984.
ZIMERMAN, David E.; OSORIO, Luiz Carlos. Como trabalhamos com grupo. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
Maria Emilia de Oliveira, Rosangela Maria Fenilli, Odaléa Maria Brüggemann - Enfermeiras, Docentes do Departamento de Enfermagem da UFSC, Mestres em assistência de Enfermagem. - E-mail : mila@nfr.ufsc.br