TERAPIAS ALTERNATIVAS DE SAÚDE X ALOPATIA: TENDÊNCIAS ENTRE ACADÊMICOS DE MEDICINA
Maria Alves Barbosa; Andiara Pereira Martins Fonseca; Maria Márcia Bachion; Joaquim Tomé de Souza; Ruth Minamisawa Faria; Lizete Malagoni de Almeida Cavalcante Oliveira; Lourdes Maria Silva Andraus *
BARBOSA, M. A.; FONSECA, A. P. M.; BACHION, M. M.; SOUZA, J. T.; FARIA, R. M.; OLIVEIRA, L. M. A. C.; ANDRAUS, L. M. S. - Terapias alternativas de saúde x alopatia: tendências entre acadêmicos de medicina. Revista Eletrônica de Enfermagem (online), Goiânia, v.3, n.2, jul-dez. 2001. Disponível: http://www.revistas.ufg.br/index.php/fen
RESUMO: Influenciadas
pelo paradigma newtoniano-cartesiano, as teorias médicas se fundamentam no modelo
biomédico de assistência à saúde, onde o indivíduo deixa de ser visto como uma
parte integrante do cosmo. Entretanto, a partir do final do século XIX desponta
o grande paradigma holístico que revela um universo holístico, vivo, sistematizado,
interligado e dinâmico. Neste contexto emergem as Terapias Alternativas que,
na sua maioria enfocam o indivíduo de uma forma global (mente, corpo, comportamento
e meio-ambiente). O presente trabalho é um estudo descritivo-exploratório do
qual participaram acadêmicos de medicina com o propósito de identificar a influência
do paradigma atual na formação profissional e a percepção dos acadêmicos acerca
das Terapias Alternativas, em relação ao conceito, críticas, credibilidade e
aceitação. Constatou-se que a influência do paradigma newtoniano-cartesiano
na formação profissional dos acadêmicos de medicina é evidente, que a maioria
tem preferência pela terapêutica alopática e que as Terapias Alternativas são
pouco abordadas durante a graduação. Observou-se também a preocupação quanto
à cientificidade das Terapias Alternativas. Entretanto, existem acadêmicos preocupados
e insatisfeitos com a compartimentalização do indivíduo. Concluímos que, devido
às influências do modelo biomédico no ensino da graduação existe preferência
pela terapêutica alopática, apesar do crescente número de pessoas que utilizam
e crêem nas Terapias Alternativas de saúde e da constatação da existência de
vários trabalhos científicos que comprovam sua eficácia, ou abordam a temática,
o que reforça nossa convicção de que o paradigma newtoniano-cartesiano está
sendo superado.
Palavras Chaves: Práticas Alternativas, Modelo biomédico, Holismo.
Abstract: ALTERNATIVE
HEALTH THERAPIES VERSUS ALLOPATHY: TENDENCIES AMONG MEDICAL STUDENTS. Influenced by the Cartesian-Newtonian paradigm,
medical theories are based on the biomedical pattern of health assistance, where
the individual is not seen as being part of the cosmos. However, by the
end of the XIX century the great holistic paradigm emerged to reveal a universe
which is holistic, alive, systematized, dynamic and all inter-linked.
The Alternative Therapies arise in this context and, in general, they focus
on the individual in a global manner (mind, body, behavior and environment).
The present work is an exploratory-descriptive study in which medical students
participated for the purpose of identifying the influence of the present paradigm
on professional academic training and the students’ perception of Alternative
Therapies, with regard to their concepts, criticism, beliefs and acceptance.
It was observed that the influence of the Cartesian-Newtonian paradigm on the
professional development of medical students is evident, and that the majority
has a preference for allopatic therapy and also that the Alternative Therapies
are seldom treated during the undergraduate period. It was also observed
that there is great concern about the scientific value of Alternative Therapies.
However, there are some medical students worried and unhappy about the compartmentalization
of the individual. We conclude that due to the influences of the biomedical
model on undergraduate teaching there is preference for the allopatic therapy,
despite the increasing number of people who use and believe in Alternative Health
Therapies. Furthermore, there is evidence of the existence of various
scientific works that prove their efficiency, or treat this theme, which reinforces
our conviction that the Cartesian-Newtonian paradigm is being surpassed.
KEY WORDS: Alternative therapies; biomedical model, Holism.
1 - INTRODUÇÃO
Influenciadas pelo paradigma newtoniano-cartesiano, as teorias médicas enfatizam, desde o século XVII, os mecanismos biológicos e as estruturas histoanatômicas alteradas pelas doenças em várias partes do organismo. Este paradigma contribuiu tanto para a espetacular eficiência tecnológica, como também para a mutilação e compartimentalização da ação humana em várias áreas de conhecimento, inclusive na área de saúde. De acordo com CAPRA (1982), o homem é visto como uma máquina a ser consertada em suas partes, quando necessário. Segundo KOLLER; MACHADO (1992), esse paradigma, na área de saúde denominado modelo biomédico, fez com que o profissional deixasse de ver o ser humano como um todo integrante do cosmos. A busca do real desequilíbrio se baseia na relação causa-efeito.
Entretanto, uma nova realidade começa a surgir a partir do final do século XIX, superando aos poucos o paradigma newtoniano-cartesiano. Esse paradigma emergente desvela um universo holístico, um universo vivo, sistematizado, interligado e dinâmico. Conforme CAPRA (1982), "o universo deixa de ser visto como uma máquina, composta de uma infinidade de objetos, para ser descrito como um todo dinâmico, indivisível, cujas partes estão essencialmente interrelacionadas e só podem ser entendidas como modelo de um processo cósmico".
A mudança do conceito mecanicista, para o conceito integral ou holístico, vem em resposta às limitações do paradigma newtoniano-cartesiano.
Neste contexto emergem as terapias alternativas de, que, na sua maioria, preocupam-se com as diferenças individuais de cada paciente e evidenciam o enfoque global: mente, corpo, comportamento e meio-ambiente.
No Brasil as Terapias Alternativas estão sendo institucionalizadas. Seria interessante que todo o setor de saúde conhecesse diferentes modalidades terapêuticas que permitissem ampliar sua atuação na promoção da saúde, prevenção e tratamento de doenças. Apesar de pouco contempladas nos currículos de graduação, as Terapias Alternativas estão sendo muito procuradas pelos mais diversos segmentos da sociedade e adotadas por muitos profissionais. Além disto, muitas terapias possuem credibilidade e apoio da Organização Mundial de Saúde- O.M.S. à sua implantação e utilização em atendimento primário.
Segundo NOGUEIRA (1984), a busca de práticas alternativas, pelos profissionais de saúde, seriam uma reação à frustração e desencantos provocados pela ciência ortodoxa, ou talvez, seria a conscientização, desses profissionais, dos riscos do uso exagerado dos medicamentos industrializados. Se estas práticas não são ensinadas, qual seria, por exemplo, a postura de acadêmicos do curso de Medicina frente a uma possível utilização de Práticas Alternativas? Quais são suas tendências quanto à(s) abordagem(s) terapêutica(s) a ser(em) adotada(s) por eles? E ainda, por que apesar da expansão das Terapias Alternativas e do grande interesse da clientela muitos profissionais de saúde insistem em rejeitá-las?
Deste modo, consideramos interessante discutir um pouco sobre a influência que os paradigmas científicos exercem entre os alunos do curso de medicina no momento de se decidirem quanto à abordagem terapêutica a adotar.
2 - OBJETIVOS
1) Discutir a influência dos paradigmas científicos no ensino de graduação do curso de medicina.
2) Identificar tendências quanto às abordagens terapêuticas a serem adotadas pelos acadêmicos do quinto ano de medicina, a partir da percepção dos próprios alunos.
3.0 - METODOLOGIA:
3.1 - TIPOLOGIA E LOCAL:
Estudo do tipo descritivo - exploratório com pesquisa de campo, realizado na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás.
3.2 – POPULAÇÃO/AMOSTRA
A população constituiu-se de acadêmicos do quinto ano do curso de medicina da UFG, fazendo parte da Amostra aqueles que concordaram em participar do estudo.
3.3 - COLETA DE DADOS
Foi realizada na Faculdade de Medicina da UFG e no Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTESP) da UFG, entre os horários de aula. O instrumento utilizado foi um Questionário semi-estruturado.
4 - ANÁLISE DOS DADOS
I - A EXPERIÊNCIA COM TERAPIAS ALTERNATIVAS.
A análise dos relatos dos acadêmicos do quinto ano de medicina revelou que a influência do paradigma newtoniano-cartesiano na formação profissional é evidente.
Muitos entrevistados negaram fazer uso pessoal de Terapias Alternativas de saúde, enquanto outros admitiram que as utilizaram em algum momento de suas vidas. Entre estes, as terapias mais citadas foram os chás medicinais, a homeopatia e massagem japonesa. Notou-se certa preocupação dos estudantes em justificar-se porque utilizaram ou utilizam os chás: durante a infância e, atualmente, por insistência familiar ou mesmo por crença na terapia durante os episódios de gripe.
"Chás
quando gripada, mas por insistência familiar "
"Durante a infância com chás "
Observou-se que as Terapias Alternativas são pouco abordadas durante o curso de graduação. A maioria dos alunos afirmou não ter tido nenhum conteúdo sobre essas terapias. Algumas delas foram citadas por professores e alguns alunos, como por exemplo, a medicina ortomolecular, "fototerapia", luz infravermelha e massagem. Percebe-se o desconhecimento, uma vez que alguns alunos até confundiram "fitoterapia" com "fototerapia".
Entre os motivos presumíveis para a ausência de abordagem de Terapias Alternativas em sua formação profissional foram encontrados: falta de comprovação científica dessas terapias, por discriminação, protecionismo, falta de tempo, além de desconhecimento sobre o que são as Terapias Alternativas.
Este fato reforça a crença de que essas terapias são menos eficazes que os métodos modernos.
Um sujeito do estudo afirmou que há falta de interesse em abordá-las:
" porque há uma sociedade mais voltada para a alopatia ".
Em BARBOSA (1994) encontra-se que o rechaço, a discriminação das Terapias Alternativas, poderiam ser em grande parte solucionadas, primeiro se elas constassem nos currículos das escolas e segundo, se houvesse o próprio respaldo legal mais ampliado.
Revelando suas opiniões sobre os motivos pelos quais as Terapias Alternativas não são ensinadas nas escolas, alguns acadêmicos assim explicitaram:
" Talvez uma grande parte não tem fundamento científico comprovado. "
" Ceticismo e falta de conhecimento de outras terapias, as ditas alternativas "
Segundo BARBOSA (1994), a preocupação com a cientificidade da Terapias Alternativas já se encontra discutido na literatura e que a cientificidade se relaciona com prática, pesquisa e sua divulgação e a autora recomenda que recomenda que os profissionais envolvidos nessa área invistam mais em pesquisas, comprovações e publicações, que permitam inserir este tipo de assistência no âmbito das práticas de saúde consideradas cientificamente válidas.
Investigando as reações que esses futuros profissionais teriam frente à adoção das Terapias Alternativas no ambiente hospitalar, encontramos: espanto, curiosidade, indiferença, satisfação, respeito pelo paciente, descrédito e protelação da terapia convencional em detrimento das Terapias Alternativas.
" Respeitaria o desejo do paciente em fazê-lo, apesar de não acreditar na maioria delas. "
Alguns consideraram que utilizar Terapias Alternativas no ambiente hospitalar seria:
" Protelar a terapêutica consagrada. "
Enquanto outros afirmaram que suas reações:
" Seriam de espanto e curiosidade. "
Entretanto, nenhum dos entrevistados presenciou a utilização de T.A. nos hospitais que freqüentaram como acadêmicos ou como paciente.
As terapias são percebidas por alguns alunos como um fator que atuaria no psicológico exercendo sua função/influência no processo saúde-doença ou até mesmo como uma necessidade de se estar considerando a totalidade do ser humano no restabelecimento e manutenção da sua saúde.
" Acho importante aquelas que envolvem o poder da mente. "
" Acho importante aquelas que envolvem o poder da mente, pois penso que as doenças são alterações físicas quase sempre com componentes psíquicos, o que nunca é levado em conta quando aprendemos a arte da Medicina.
Consta em BARBOSA (1990) que o corpo deve ser visto como uma expressão de interação com a mente, corpo, comportamento e meio ambiente.
O tratamento do paciente como um todo é abordagem encontrada em SOUZA; SILVA (1992), KOLLER; MACHADO (1992), NOGUEIRA (1984), CAPRA (1982), CREMA (1989).
II - A CREDIBILIDADE NAS TERAPIAS ALTERNATIVAS:
Alguns entrevistados deste estudo percebem certas Terapias Alternativas como um processo de " enganação ", um " placebo ". Enquanto outros nem as conhecem.
" Não as conheço, portanto, não posso falar"
CAPRA (1982) diz que
" a crença na certeza do conhecimento científico está na própria base da filosofia cartesiana e na visão de mundo dela derivada, e foi aí, nessa premissa essencial, que Descartes errou. A física do século XX mostrou-nos de maneira convincente que não existe verdade absoluta em ciência, que todos os conceitos e teorias são limitados e aproximados. "
Dentre as terapias alternativas que, segundo os alunos, se enquadram nessa percepção de descrédito foram citadas a cromoterapia, os florais e Bach e a fitoterapia.
Quando indagados sobre quais terapias alternativas eles indicariam após sua formação, um respondeu:
" Daquelas que eu conheço eu indicaria nenhuma ".
Alguns afirmaram que rejeitariam todas aquelas (terapias alternativas) que não considerem os mecanismos fisiopatológicos das doenças.
Entretanto algumas terapias foram melhor consideradas quanto à eficácia no restabelecimento da saúde entre elas, a homeopatia, a acupuntura, a psicoterapia, a medicina ortomolecular e a musicoterapia. Vale ressaltar que a acupuntura alcançou maior aceitação científica a parti da realização de pesquisas que mostravam a existência da relação entre a analgesia gerada por ela e a liberação de endorfinas no sistema nervoso central. Pesquisas realizadas na área de neuroendocrinologia também contribuíram para aumentar a credibilidade.. Segundo alguns entrevistados,
" Homeopatia. Por experiência própria. "
" Acho que elas agem mais no lado psicológico. "
“Prefiro a alopatia "
A visão cartesiana considera real, apenas aquilo que pode ser visto, palpado, enfim o que é concreto. A fragmentação do pensamento, bem como o reducionismo na ciência e especializações na medicina ocidental, são decorrentes da influência do método cartesiano. Apenas um dos entrevistados afirmou que fará, além da especialização médica em oftalmologia, a musicoterapia.
CAPRA (1982) considera que, "os estudantes não são encorajados a desenvolver conceitos integrativos..."
A percepção dos alunos acerca das T.A. como abordagem terapêutica, talvez se limite a pensamentos que lhes foram de certa forma condicionados durante sua graduação baseada no modelo biomédico e à disponibilidade de inúmeras tecnologias para a assistência em saúde. Em CAPRA (1982) observa se que a crescente dependência da medicina em relação à alta tecnologia suscita um certo número de problemas de ordem não apenas de natureza técnica, mas também sociais, econômicas e morais muito mais amplas. Há ênfase na utilização da a tecnologia na área de saúde, entretanto, a medicina alivia, mas nem sempre cura, previne ou resolve problemas. Os entrevistados assim se expressaram:
" Atualmente diante dos avanços tecnológicos pelos quais a medicina passa, fica difícil manter métodos terapêuticos antigos e sem credibilidade. "
De acordo com BARBOSA (1994), "o sistema de saúde está cada vez mais voltado para as especializações, a sofisticação e os altos custos, ao mesmo tempo em que a sociedade brasileira passa por um momento de profundas dificuldades financeiras.
Surgem desta forma, pensamentos de descréditos, de carência de comprovação científica e dificuldade em implementá-las junto à alopatia devido ao caráter empírico das T.A. A educação e a prática médica mantêm as atitudes e os padrões de comportamento de um sistema de valores que desempenha um importante papel na causa de muitas das enfermidades que a medicina pretende curar CAPRA (1982).
" Estas terapias ainda guardam um caráter empírico muito acentuado o que dificulta sobremaneira sua utilização em acordo com as terapias convencionais. "
Alguns não emitiram opinião alegando falta de conhecimento.
" Não tenho opinião formada até o momento, pois falta-me subsídios para tal. "
Enquanto outros lamentaram porque também por desconhecimento não poderão indicá-las, apesar de crerem em sua veracidade.
" Tenho total credibilidade, por experiência própria. "
" Acho que são válidas e é uma pena não conhecê-las para que eu possa recomendá-las. "
Foram observadas manifestações de aceitação das Terapias Alternativas, enquanto método complementar às terapias convencionais.
Nos estudos de BARBOSA (1994) nenhum dos enfermeiros pesquisados tiveram posição radical a ponto de considerar que só as Terapias Alternativas resolveriam os problemas de saúde, ao contrário, eles as consideravam alternativas, por entenderem que elas também possuem limitações e admitiam que a alopatia era e será necessária.
BARBOSA (1990) afirma que numa época em que a evolução da ciência chega a assustar ao homem, tornando-se ela própria uma ameaça à vida na terra, parte da população no Brasil se volta às práticas naturais, inclusive na área de saúde, valorizando e utilizando remédios naturais, considerados menos tóxicos e, consequentemente, menos agressivos. Deste modo, a procura pelas medicinas alternativas pode significar uma resistência à distância, e à falta de diálogo profissional-cliente.
" Está tendo grande aceitação agora neste final de século. Como se tem observado durante a história, nestes períodos próximos à virada do século, o povo volta-se a práticas esotéricas, que são muito relacionadas com estas medicinas alternativas, vindas algumas, do Oriente, fonte de esoterismo. "
Isto evidencia que os entrevistados percebem que as Terapias Alternativas preocupam não só com o aspecto biológico do indivíduo, Contudo, revela também que consideram a aceitação Deste tipo de assistência como modismo, “coisa de outra realidade”, de outra dimensão.
De acordo com BARBOSA (1990) Com o descrédito na alopatia, de um lado, e a necessidade de assistência médica, do outro, a população se vê impelida a buscar outros recursos para resolver seus problemas de saúde.
5 - CONCLUSÃO
Os dados apresentados evidenciam a influência do paradigma newtoniano-cartesiano entre os acadêmicos pesquisados.
Há certa resistência quanto à adesão ou crédito nas T.A., talvez mesmo devido ao pouco conteúdo que é oferecido sobre essas terapias durante o curso. Há que se compreender realmente a preocupação da escola com o que é repassado. Entretanto, nem sempre o que é ensinado é seguido pelos alunos e não oferecer conteúdo de Terapias Alternativas é negar-lhes o direito de conhecê-las. Segundo CREMA (1989), essa resistência tem razão de ser. “Afinal, não é fácil ao ser humano aceitar a falência de seus pressupostos, principalmente se ela ocorre entre profissionais e especialistas que dedicaram parte da sua vida ao antigo paradigma. "
Somente o ensino das duas linhas de terapia (alopatia e a alternativa), sem protecionismo ou discriminação em nenhum dos casos, proporcionará a verdadeira escolha e percepção sobre a terapêutica a adotar, tornando, portanto, o ensino democrático com o aluno.
O ensino de T.A. nos cursos de graduação torna-se importante se considerarmos que, a população utiliza e acredita nas T.A. Se a medicina popular resiste é porque seus mecanismos de cura ainda resolvem problemas e atendem necessidades da população. De acordo com QUINTANA (1996), a medicina popular em suas diferentes formas, é um fenômeno em aumento constante, não se restringindo às pequenas cidades do interior, apresentando-se também, de maneira intensa nos grandes centros populacionais. Se estas práticas existem, se mantêm e até se ampliam é porque respondem a interesses de determinados setores da sociedade; caso contrário já teriam desaparecido. Apesar de muitas vezes combatidas pela medicina oficial, elas sobreviveram como saber popular. Deste modo, o profissional de saúde irá se deparar com esse modelo de terapêutica no seu cotidiano profissional e social.
O uso de T.A. associadas ou não à alopatia é uma forma holística e mais humana de assistir. Nesse novo paradigma de assistência o profissional, também considerado ser total, cuida de outro ser na sua totalidade.
6.0 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBOSA, M.A. - A fitoterapia como prática de saúde: o caso do Hospital de Terapia Ayurvédica de Goiânia. Rio de Janeiro, dez. 1990, 257 p. Dissertação (Mestrado) Escola de Enfermagem Ana Nery, Universidade Federal do Rio de Janeiro.
BARBOSA, M.A. - A utilização de terapias alternativas por enfermeiros brasileiros. São Paulo, 1994. Tese (Doutorado).
CAPRA, Fritjof - O ponto de mutação: a ciência, a sociedade e a cultura emergente. - Cultrix. São Paulo, 1982.
CREMA, Roberto - Introdução à visão holística: breve relato de viagem do velho ao novo paradigma. Summus, São Paulo, 1989.
KOLLER, E.M.P.; MACHADO, H.B. - Reflexões sobre a prática atual da enfermagem e prenúncios de mudanças para o século XXI. Rev. Bras. Enf., Brasília, 45 (1): 74-79, jan/mar., 1992.
LANDMANN, Jayme - As medicinas alternativas: mito, embuste ou ciência?: homeopatia, medicina herbal, acupuntura, meditação, ioga biofeedback e cura pela fé. Guanabara - Rio de Janeiro, 1989, 185 p.
MACHADO, A. da C. C. - A fitoterapia como uma necessidade do cliente: uma perspectiva de assistência de Enfermagem - Tese de Mestrado - Rio de Janeiro, ago. 1996.
NOGUEIRA, M.J.C. Recursos naturais nas práticas caseiras de cuidados à saúde: utilização pela enfermeira. 1984.
QUINTANA, A. M. - Entre chás e benzimentos: a cura como outorgação de sentido. - In: SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA CIÊNCIA, 48, São Paulo, ANAIS, São Paulo, 1996, p.132.
SOUZA, D. de; SILVA, M.J.P. da - O holismo espiritualista como referencial teórico para o enfermeiro. Rev. Esc. Enf. USP, v. 26 (2), p. 235-42, ago., 1992.
Maria Alves Barbosa - Doutora em Enfermagem. Tutora do Programa Especial de Treinamento (PET), Professora Titular da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás
Maria Márcia Bachion - Doutora em Enfermagem Professora Titular da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás (FEN-UFG). Co-Orientadora do trabalho
Joaquim Tomé de Souza; Ruth Minamisawa Faria; Lizete Malagoni de Almeida Cavalcante Oliveira; Lourdes Maria Silva Andraus – Professores da Faculdade de Enfermagem da UFG
Andiara Pereira Martins Fonseca – Enfermeira. Ex-Bolsista do Programa Especial de Treinamento (PET) da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás (FEN-UFG).