TRILHAS ECOLÓGICAS COM ORIENTAÇÃO PARA PESSOAS SURDAS

Rubens Venditti Jr.*
Paulo Ferreira de Araújo**

“Sempre que possível, o homem deve realizar as coisas com conhecimento e sabedoria. Caso não o seja, deve fazer a opção pela sabedoria”. (ARAÚJO apud BALBINO e PAES, 2007, p.15)

RESUMO

Esta pesquisa analisa a viabilidade de se relacionar pessoas surdas com práticas em ambientes naturais (“trekkings”). A estruturação destas trilhas ecológicas adaptadas como atividade orientada aos surdos contribuiu ao desenvolvimento de habilidades motoras e estimulação sensório-perceptiva. Resultados: práticas físicas regulares e contato com a natureza, muito restritos aos surdos; utilização da comunicação de sinais para resolução de tarefas motoras pelo grupo; intensificação das relações interpessoais e oportunidades de convívio social, reforçando assim a inclusão e participação sociocultural, dentre elas o acesso ao lazer e ecoturismo.

PALAVRAS-CHAVE: trilha ecológica - surdo - meio ambiente - desenvolvimento sensoriomotor - atenção sensorial-perceptiva - orientação motora

No meio acadêmico, a busca por métodos e técnicas que possibilitem intervenções mais seguras, sempre foi uma das premissas, na tentativa de atender às especificidades do público pretendido, principalmente levando em conta a filosofia “inclusivista”.

Nesta linha de pensamento, a Educação Física tem sido uma área acessível, por permitir múltiplas interfaces. Isso tem possibilitado inúmeras reflexões em torno dos temas referentes à atividade física em geral. Sejam estas movidas pelas diversas possibilidades de intervenção junto a diferentes populações; ou pelas novas propostas que são focadas no redirecionamento e adequações das propostas pedagógicas e não mais nas categorias e segregações estigmatizadas (GOFFMAN, 1980). Não obstante, o enfoque dado através de novas propostas para pessoas com necessidades especiais tem sido outra busca intensa, no tocante à qualidade e especificidade de cada público.

Ao abordarmos a Pessoa Surda, com uma proposta de tarefa diferente das experimentadas até então, foi o nosso propósito inicial estabelecer também um ponto de reflexão em torno dos resultados obtidos através de uma experiência pedagógica com enfoque no desenvolvimento sensorial e motor através da estimulação perceptiva, orientação e resolução de problemas espaço-temporais pelas práticas esportivas em ambientes naturais (atividades de trilhas ecológicas com orientação*), utilizando os ambientes naturais como agentes facilitadores do desenvolvimento destes indivíduos.

O objetivo desta investigação foi desenvolver estratégias metodológicas* para as pessoas portadoras de surdez praticarem modalidades esportivas em meio ambiente “natural”, compreendendo a adequação destas atividades de lazer e contribuir na construção de bagagens motoras diversificadas e contextualizadas com as necessidades deste público. Ao mesmo tempo, esta se torna uma prática esportiva regular e saudável, trazendo momentos de lazer, entretenimento e satisfação pessoal aos participantes; além do contato e interação (particip)ativa com o meio ambiente.

Daremos início a esta viagem através da percepção e do contato com as possibilidades que os ambientes naturais podem proporcionar para o desenvolvimento humano, “trilhando” e desbravando esse universo externo, com seus símbolos e sinais codificados em nossos corpos, na busca de reencontrar nossa simplicidade e essência interior... Essência que, adormecida, espera silenciosa que percebamos seus “gritos e clamores”, ansiosa na compreensão da existência do Todo Holístico em cada um de nós... Através de algo mais que sinais, mas diálogos de corpos completos, críticos e conscientes de seu tempo, espaço e sociedade. Strnadova (2000), em sua obra ressalta as questões desta linguagem, desde as dificuldades, até as situações pitorescas e interessantes a respeito da pessoa surda e sua comunicação social.

TESTEMUNHAS DO SILÊNCIO
APRENDENDO A “VER VOZES” E “OUVIR IMAGENS*
Referencial Teórico.

A partir de uma bagagem motora já intrínseca ao indivíduo, procurou-se otimizar suas capacidades e habilidades para ampliar seus gestos motores básicos, de modo a desenvolver verticalmente estas habilidades em habilidades específicas (TANI, 1988) e diversamente aplicadas e utilizadas nas práticas das trilhas ecológicas, o que promove também o desenvolvimento e ampliação horizontal (GALLARDO, 1997) de sua bagagem motora.

Além do pleno desenvolvimento motor destes sujeitos ocorre também a utilização cotidiana destes novos gestos e padrões para as tarefas e solução de problemas motores do cotidiano da pessoa portadora de deficiência, o que caracterizamos como “transferibilidade” (BAYER, 1992)* de funções e diversidade de utilizações de gestos motores, tanto antigos, quanto novos e/ou remodelados ou aprimorados.

Complementa-se o embasamento através das obras literárias do médico neurologista Dr. Oliver Sacks.

SACKS, representado na pesquisa por seus inúmeros livros* a respeito da questão paradoxal da doença e sua forma muito especial de analisar a questão da deficiência e a superação de limitações (através da adaptação, criatividade e potencialidades remanescentes ao indivíduo portador de deficiência) trouxe referenciais que se enquadraram inteiramente nesta forma metodológica e intenções sociais da pesquisa, uma vez que procura-se compreender as nuances da deficiência e os vários aspectos que repercutem da situação da necessidade especial, nos âmbitos psicológico, social, cultural e bio-fiosiológico, bem como suas inter-relações.

Aprendendo a linguagem de sinais (LIBRAS)*

Um primeiro fator dificultador foi a necessidade do preparo e capacitação para o trato com pessoas surdas. Uma vez que pretendia-se estabelecer uma relação direta entre os sujeitos desta pesquisa e o agente pedagógico, partiu-se então para uma etapa de capacitação e aprendizado da Linguagem Brasileira de Sinais* (LIBRAS), o que contribuiu muito para nossa formação, currículo e principalmente à pesquisa.

Quanto à descoberta da Linguagem de Sinais, tivemos contato com um novo universo, rico e maravilhoso que é a comunicação dos surdos, permitindo a capacitação para lidar, comunicar e trabalhar com este público.

A lógica dos sinais, a forma da comunicação, além de muito eficiente é muito bonita e torna o trabalho muito próximo, ocorrendo a troca de aprendizado.

O projeto durou 12 meses (de Agosto no ano de 2001 até Julho de 2002), sendo que pode-se destacar dois grandes momentos da pesquisa: o 1.º e 2.º semestres.

No primeiro semestre ocorreu o embasamento teórico e construção da matriz metodológica, além do aprendizado de Linguagem de Sinais (LIBRAS) e análise das características e necessidades especiais dos indivíduos surdos. Já nos últimos seis meses da pesquisa, no início do ano de 2002, pode-se observar o período de intervenção e aplicação prática da pesquisa, culminando ao final nas trilhas ecológicas reais e efetivas com os sujeitos.

Depois de estruturado o referencial teórico, partiu-se então para a seleção do grupo de trabalho da pesquisa nas instituições e obras sociais de atendimento à população surda na região de Campinas-SP.

Chegamos ao Centro de Pesquisas em Reabilitação - o CEPRE/FCM, instalado dentro da Universidade Estadual de Campinas, no qual são desenvolvidos projetos educacionais, profissionais e assistenciais às pessoas com necessidades especiais. A instituição teve conhecimento do projeto e sua coordenação estava disposta ao desafio.

Construindo a metodologia

A princípio, sugeria-se 10 integrantes, ambos os sexos, entre 12 e 25 anos, com horários a definir, de acordo com a grade de horários da instituição, uma vez que o acordo feito no início do projeto foi de que as atividades da pesquisa deveriam servir como atividades complementares, facultativas e abertas aos usuários da instituição. Porém, reformulando o projeto piloto e devido a diversos fatores dificultadores, desenvolvemos a pesquisa com 2 voluntários da instituição que participaram integralmente da pesquisa e do programa de atividades. Estipulou-se com os alunos sessões semanais de duas horas de duração*.

De acordo com o cronograma, desenvolveu-se a metodologia em 10 encontros programados, dirigidos, ou seja, 20 (vinte) horas de intervenção sistematizada, que ocorreram de março a junho de 2002, antes das práticas efetivas de trekkings na natureza.

Colhemos em campo diversas interpretações do ambiente*, bem como aspectos interessantes para a estruturação e feedback das atividades desenvolvidas.

Podemos dividir as atividades em 4 grandes grupos:

a)avaliação motora inicial;

Na qual realizamos uma avaliação sensoriomotora e dos padrões gestuais dos indivíduos, sendo estes o ponto de partida para a intervenção. Consistia de testes simples -adaptados de SEABRA JR.(1995)- que avaliam as habilidades básicas da locomoção, equilíbrio, percepção e atenção. Esta avaliação motora, adaptada e aplicada aos surdos, demonstrou que os participantes da pesquisa apresentavam uma rica bagagem motora, o que contribuiu para que desenvolvessem aceleradamente suas habilidades verticais*, no que condiz à especificidade dos gestos, voltados ao objetivo das trilhas, ou seja, padrões motores básicos (tais como andar, saltar, lançar e agarrar, dentre outros) que passam a se adequar e serem aperfeiçoados para um determinado fim ou meta, no nosso caso as trilhas ecológicas.

Esta bagagem, trazida com os surdos, contribuiu no que condiz ao desenvolvimento horizontal*, que possibilita que os mesmo ampliem e transformem seus gestos e padrões motores, sua “bagagem gestual”, para que se utilize todo esse conteúdo em diversas aplicações e finalidades. Esse tipo de desenvolvimento permite a exploração e o conhecimento de novas ações e gestos derivados dos padrões motores assimilados anteriormente, levando a um nível mais avançado de desenvolvimento sensorimotor, tanto voltado e específico a uma meta (vertical e habilidades específicas); quanto generalizado, ampliado e diversificado (horizontal e básico) em suas formas de execução, finalidades e aplicações (GALLARDO, 1997).

b)atividades básicas e iniciais (desenvolvimento horizontal);

Passada a fase de contato inicial e de avaliação motora, passamos a trabalhar com os gestos motores básicos/fundamentais (GALLAHUE, 1987) e ampliar o conteúdo de cada gesto objetivado na trilha ecológica.

Pudemos contar com a excelente estrutura e materiais de apoio da Faculdade de Educação Física da Unicamp. Aproveitamos os materiais, equipamentos e aparelhos de ginástica* rítmica e olímpica que dispunha o local. Estudamos e trabalhamos nas aulas: diversas formas de andar, locomoção e deslocamentos; deslocamentos em bipedia (frente, costas, laterais); quadrupedias e reptações (andar de gato, 4 apoios, rastejamento, ventrais e/ou dorsais); e saltos*, quedas e aterrissagens (situações de perigo e segurança).*

c)Atividades simulativas (desenvolvimento vertical);

De preparação para as práticas reais de campo, utilizando os gestos já assimilados dos surdos e adequando-os para a contextualização nos esportes na natureza de acordo com as especificidades da modalidade esportiva (trekkings).

Executamos atividades externas à instituição, o que torna as práticas mais aproximadas às situações reais de trilhas em ambientes ditos “naturais”*. Acrescentamos também à modalidade um componente mais lúdico, para que se oportunize a prática e satisfação da modalidade para este público.

Iniciou-se o trabalho das habilidades específicas para o trabalho de orientação, trabalhando principalmente com Equilíbrio, Tato, Visão e Percepção, também inseridos nas atividades físicas. Outros tópicos de trabalho são da Memorização Espacial e Domínio Corporal, bem como trabalhos com habilidades para a orientação: a Lateralidade e Deslocamentos.

Buscávamos sempre fazê-los refletir e entender o porquê daqueles gestos e variações motoras, e como aplicaríamos em prática e em nossos objetivos finais aqueles exercícios. Isso levava a uma compreensão mais clara e das utilizações tanto do desenvolvimento horizontal e vertical, atendendo às expectativas destes indivíduos, permitindo que o indivíduo passe a ser mais autônomo, crítico e seletivo em suas ações motoras.

Dentro desta etapa, destacamos as atividades em ambientes naturais urbanos, como é o caso dos bosques e parques nas proximidades da Faculdade de Educação Física, e que tivemos contato . Estas práticas são as atividades simulativas mais próximas da real finalidade da pesquisa, pois se assemelham totalmente às trilhas em ambientes naturais que realizamos ao final

Dentro desta etapa, destacamos as atividades em ambientes naturais urbanos, como é o caso dos bosques e parques nas proximidades da Faculdade de Educação Física, e que tivemos contato*. Estas práticas são as atividades simulativas mais próximas da real finalidade da pesquisa, pois se assemelham totalmente às trilhas em ambientes naturais que realizamos ao final da metodologia.

Os surdos passaram a entender as finalidades dos diferentes tipos de deslocamentos para a utilização nos momentos oportunos de uma trilha real; a formação do grupo (filas indianas, transmissão de informações); sinais de comunicação, situações de observação, sinais de alerta e situações emergenciais e/ou de perigo; treinamos situações de risco e procedimentos de alinhamento, deslocamento e formação, para quando fizéssemos as trilhas. Destacou-se a importância da cooperação e comunicação assertiva, para assim obter uma harmônica relação integrante-ambientes, além de uma interpretação rica e consistente do ambiente compartilhada através da comunicação entre os surdos, através de suas interpretações, percepções e linguagem de sinais.*

d)Atividades complementares;

Às simulações que serviriam para ampliar a bagagem motora dos indivíduos da pesquisa, servindo como complemento motor; bem como atividades relacionadas à atuação e preparação do educador (aprendizagem de sinais, aulas na instituição com a turma de praticantes, convívio, etc.).

Uma ferramenta da cultura corporal muito utilizada e que foi complementar, contribuindo na motivação, desenvolvimento motor e interação com o grupo, foram os jogos e brincadeiras ao final dos encontros e a utilização do trampolim acrobático (cama elástica) para lazer e aprendizagem.

Contribuíram indiretamente para a ampliação da bagagem motora, além de colaborarem também para o fortalecimento de relações interpessoais, das relações dos sujeitos com os materiais e ambientes simulativos*.

Uma vez trabalhada esta seqüência, pudemos dar início às práticas reais de campo, ou seja, às trilhas ecológicas efetivas.

PELAS TRILHAS DA PERCEPÇÃO...
Trilhas Ecológicas em Joaquim Egídio

Partimos então para as práticas efetivas e reais de campo, executando diversos trajetos nas trilhas ecológicas de Joaquim Egídio, próximo a Sousas, subdistrito de Campinas, município do interior do estado de São Paulo.

Fez-se um prévio reconhecimento* dos locais das práticas, para antecipação e detecção de riscos, perigos e situações que o grupo enfrentaria nas práticas efetivas.

Passamos a ter preocupação com as formas de comunicação e transmissão das informações, uma vez que os mesmos têm informação visual, e muita atenção perceptiva quanto aos detalhes visuais, bastando a eles apenas que a informação seja assertivamente transmitida, assimilada e compreendida, para eventuais providências e ações motoras rápidas e eficazes.

Finalmente, o grande dia do desafio... Agendamos a data para colocar em prática as experiências acumuladas no decorrer de nossos encontros.

Os aspectos ambientais: a trilha, dia de sol, estável, temperatura amena. Partimos para desbravar as matas de Joaquim Egídio localizado municípios de Campinas-SP, nas proximidades do Distrito de Sousas.

Ao final da manhã partimos mata adentro em meio a morros, areia, lama, árvores, folhas, flores e exuberantes paisagens e vistas naturais. Estima-se o trecho ter sido cerca de 8 a 10 km, numa trilha circular. Anteriormente fizemos o reconhecimento do local*, com a preocupação de demarcar e registrar o caminho a ser seguido, para não depararmos com nenhum imprevisto, assegurando as condições de realização de uma atividade contemplativa dos objetivos almejados, uma vez que existem diversas e múltiplas trilhas pelo caminho. Ao estipular a rota, procuramos por diferentes tipos de vegetação: matas fechadas, descampados, morros, terrenos pantanosos, beiras de riachos, pedras, visando analisar a resposta dos surdos aos estímulos e exigências das trilhas. Os alunos demonstraram excelente preparo físico, pouco cansaço e muito entusiasmo.

Na trilha, relembravam-se sempre das vivências durante os preparativos no ginásio e das atividades na Unicamp. Explicava-se a aplicabilidade e as possibilidades de cada situação, fazendo-os encontrar as melhores formas de superar os obstáculos naturais, as dificuldades das trilhas e vencer as limitações através de suas potencialidades.

Os alunos foram sempre descontraídos e muito comunicativos. Durante o percurso, fazíamos algumas intervenções pertinentes a aspectos de plantas e vegetação, além de lhes sugerir que notassem as diferenças sensoriais nestes ambientes, (o clima, o ar, os odores das plantas, da mata, etc.)*. Estavam sempre se comunicando em sinais, mostrando a descontração e satisfação de estarem ali experimentando aquele ambiente. Este aspecto foi muito interessante, pois estávamos na trilha em 2 ouvintes que dialogavam, ao mesmo tempo em que os 2 surdos também se comunicavam por LIBRAS, sem contar com as comunicações entre surdos e ouvintes que também ocorriam.

Isto demonstra a possibilidade e oportunidade da inclusão destes indivíduos não somente na sociedade, mas também nas manifestações de cultura corporal que podem ter acesso e estarem inseridos nestas práticas. Os mesmos não demonstraram dificuldade alguma em realizar a trilha. Estavam motivados, tranqüilos, atentos e ativos.

Várias foram as situações engraçadas e descontraídas na trilha. Todos escorregaram e se sujaram, alguns caindo mais que outros, o que justifica a preocupação com o critério de segurança e simulação das quedas, aterrissagens e proteções - aprendidos nos módulos de preparação e simulação das trilhas*.

A cooperação ao se vencer obstáculos naturais, a solidariedade, a colaboração e preocupação com o companheiro foram exteriorizadas em vários momentos, na partilha da água, na divisão do peso das mochilas, na refeição comunitária e na troca de impressões sensoriais destes ambientes, nas conversas e comentários. Valores ecológicos - como preservação do ambiente, cada um guardando seu próprio lixo, questões de queimadas e desmatamentos - também vieram à tona no percurso e nos comentários dos alunos.

Pode-se definir estes ambientes naturais das atividades como os espaços para possibilidade destas experiências (BRUHNS,1999), vivenciadas através destas práticas que convergem na interpretação da percepção e sensibilidade de cada indivíduo em relação ao seu corpo e os demais corpos deste ambiente. BRUHNS (op. cit, p. 12) descreve a idéia do “conjunto de relações interativas, composto de afetos e emoções” nestas atividades, nas quais emerge o desejo de experimentar emoções em comum (formação de vínculos grupais e afiliações), “sentimentos que se esgotam, num presente intenso, repousando no jogo dos sentidos (...) incorporando o sonho, o lúdico, o imaginário e o prazer dos sentidos”.

Dentre os sentidos, a pele passa a ter papel fundamental na relação entre a subjetividade emergente e as informações do mundo exterior, constituindo-se no horizonte de comunicação, “...construindo novas epidermes protetoras e informantes entre o mundo natural e a cultura, restabelecendo a comunicação entre as pessoas e a natureza” (ibid:13).

A estruturação desta prática deve ser organizada e sistematizada, para que a relação homem/natureza, bem como as intervenções ocorridas no ambiente com as práticas estejam de acordo com as premissas de equilíbrio e respeito ecológicos e, sobretudo, os praticantes devem estar previamente informados e dotados de valores críticos quanto à educação e conscientização ambiental.

PROPOSIÇÕES

Nossas trocas estiveram basicamente em torno do desenvolvimento sensorimotor da pessoa surda, enfatizando aspectos sensoriais e perceptivos; para, com eles, desenvolver habilidades motoras fundamentais, transformando-as simultaneamente em habilidades específicas às finalidades das trilhas e também diversificação de gestos motores, utilizados de modo mais abrangente nas atividades do indivíduo surdo.

O fator que acreditamos ser diferencial desta pesquisa está na escolha do embasamento teórico, por ter encontrado no autor OLIVER SACKS todos os subsídios teóricos para a facilitação da pesquisa.

Suas obras enfocam o paradoxo da doença e as oportunidades de adaptações bio-sócio-psicológicas de indivíduos acometidos por deficiências ou limitações, e como essas situações paradoxais despertam o homem para se adequar e dispor de sua criatividade e adaptabilidade em desenvolver mecanismos de auto-suficiência e superação*.

Ao mesmo tempo em que SACKS é profundamente biomédico em seus relatos, também consegue notar as sutilezas e correlações que vêm introjetadas nos paradigmas de deficiência física com aspectos muitas vezes segregados e isolados, que nunca dão a idéia do todo que é a problemática do portador de deficiência. O autor enfoca a necessidade de notar essas sutilezas e serem elas os diferenciais e as peças-chave para a compreensão do indivíduo a que estamos atendendo, trabalhando ou nos relacionando.

O que pode ser notado nesta sistematização também é a preocupação na ampliação e possibilidades de desenvolvimento da bagagem motora destes indivíduos, que já possuíam um ótimo vocabulário motor (desenvolvimento horizontal – GALLARDO, 1997).

Por outro lado, houve a especificidade vertical das habilidades motoras (TANI, 1988) que se direcionaram a uma meta, uma modalidade esportiva, fazendo com que os alunos buscassem dentro do que já caracterizamos como conteúdo horizontal de habilidades motoras básicas (andar, saltar, agarrar, lançar e suas variações), as melhores opções e possibilidades de gestos motores para as situações que estávamos nos capacitando: as trilhas ecológicas em ambientes naturais.

Surge assim a questão da transferibilidade (BAYER, 1992) plural e multifuncional dos gestos horizontais descobertos e ampliados, que passam a ser utilizados com metas específicas.

A transferibilidade promoveu o desenvolvimento vertical* e dirigido destes mesmos gestos horizontais– agora aplicados e utilizados no “trekking”. Mas também, esta especificidade, se desenvolvida e novamente ressignificada, passa a ser multifuncional e horizontalmente agregada à base motora, podendo ser utilizada em outras situações cotidianas dos surdos, pois os mesmos estariam com um amplo leque motor de gestos e movimentos diversificados.

Estes gestos deixando então de ser específicos e apenas aplicados às modalidades esportivas (modelos de “transfert” – BAYER, 1992), podem ser alternativas de soluções motoras para problemas motores urbanos, cotidianos ou outros ambientes que não das próprias trilhas.

A atenção visual destes indivíduos era um aspecto passível de análise e abordagem mais específica, para um futuro trabalho ou pesquisa.

Associada a esta atenção visual, analisando a questão do modelo motor, podemos traçar um paralelo de como é importante ter-se cada vez mais diferentes estímulos e meios sensoriais-perceptivos integrados de informação para nossos alunos, pois quanto mais estimulado e melhor a interação sensorial na transmissão de uma tarefa, através da modelação motora, melhor e mais facilmente o aluno assimilará esses novos gestos, compreendendo-os e introjetando-os de forma mais intensa e intrincada.* Devemos também estar atentos de não desestimular a criatividade e autonomia do aluno em encontrar e contextualizar seus gestos e movimentos, possibilitando também situações de descobertas autônomas de movimentos.

As intervenções do agente pedagógico ou profissional da educação física ficam em contribuir para que ampliem sua bagagem motora, otimizando a solução motora adequada, na busca pela solução orientada e dirigida.

O educador deve permitir que além da modelação motora, o aluno tenha situações que encontre e desenvolva suas próprias respostas motoras, através da descoberta autônoma dos movimentos.

Indubitavelmente as questões de desenvolvimento indireto de auto-estima, confiança, cooperação e afiliações sempre estão presentes nestes tipos de trabalho, através da estreita relação professor-aluno, uma vez que o projeto buscou não apenas o desenvolvimento de habilidades e aspectos puramente sensorimotores. Trouxe benefícios intensos nos aspectos psicológicos intrínsecos aos indivíduos portadores de necessidades especiais, no que condiz a sua aceitação, adaptação e comportamentos em situações inclusivas e de relacionamento humano.

Esses aspectos tornam o trabalho rico e gratificante do ponto de vista profissional, devido aos resultados alcançados com a pesquisa e também no ponto individual e subjetivo desses alunos, que passam a compreender antes de tudo suas oportunidades, e com estas experiências superarem as limitações, dificuldades e obstáculos, além de adequarem-se às diversas situações, adaptando-se, transformando-se e desenvolvendo-se; caracterizados como os melhores retornos a um educador.

A comunicação corporal desses alunos também merece destaque, pois devido à necessidade de se expressarem pela linguagem de sinais, os mesmos possuem uma expressividade formidável.

Percebem fisionomias* e suas mensagens e sinais são codificações não apenas manuais, mas de corpo inteiro. Mesmo no início do aprendizado de sinais, muitas foram às vezes que sem conhecer o sinal transmitido, conseguíamos compreender a intenção ou a informação que o aluno transmitia.

Em questões de expressão corporal, influenciados por esta forma de comunicação, os surdos têm muito para nos ensinar. Sendo que a assertividade na comunicação e expressividade corporal destes é muito acentuada, e felizmente contribuíram para nossa formação profissional e para o desenvolvimento do projeto.

Verificamos então com a pesquisa a possibilidade de viabilização e elaboração da trilha ecológica para pessoas surdas como prática física através da adequação de instrumentos e técnicas, além de programas metodológicos para a capacitação motora e o desenvolvimento sensorial e perceptivo no reconhecimento e exploração do meio ambiente. Além de enfatizar a necessidade de reflexão e reestruturação da formação profissional e capacitação acadêmica para o preparo dos professores que atuarão com este público.

Encerram-se aqui os relatos das atividades, enfatizando o compromisso e a dedicação desses alunos no compartilhamento desta experiência. O interesse, a pontualidade, a paciência em se comunicar com um iniciante em LIBRAS como era o caso do professor-pesquisador também recebem destaque. As lições e aprendizado que tivemos foi positivo tanto para estes indivíduos quanto para nossa formação pessoal e profissional.

Realmente, concretizamos o projeto percebendo que iniciou-se um diálogo silencioso, uma percepção aguçada, através dos sinais, símbolos e contatos com estes indivíduos. Percebemos detalhes sutis desta calma melodia corporal, escondida pelos sinais, por mãos curiosas e atentas, expressões e olhares famintos por informações, sensações e contato; que cantam, afinadamente, com o meio ambiente a sinfonia do viver, restando a nós basicamente aprender, conhecer e desvendar esse universo do silêncio e das inúmeras possibilidades que é o mundo dos surdos.

“A educação física deve desprender-se do movimento para centrar sua atenção no ser que se move.”
(Pierre Parlebas)

NOTAS

* Possui graduação (licenciatura e bacharelado) em Educação Física, é Mestre em Pedagogia do Movimento na área de Aspectos Psicológicos do Movimento Humano e atualmente aluno de doutorado no mesmo departamento na Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas.

** Licenciado em Educação Física pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas - PUC Campinas; Mestrado em Administração Escolar pela Universidade Metodista de Piracicaba; Doutorado em Educação Física, na área de Atividade Física e Adaptação (Faculdade de Educação Física da Unicamp).

* Entenda-se aqui por “trilha(s) ecológica(s)” a(s) prática(s) efetivamente realizada(s) em meio ambiente natural, oriunda(s) do desenvolvimento de modalidades nas quais sua prática ocorre em contato com a natureza. Dentre estas atividades, determinadas como “eco-esportivas” ou algumas vezes “ecofísicas”, podemos caracterizar a caminhada (ou trilha) com orientação, uma derivada do “Trekking” - no qual seus praticantes exploram e reconhecem o ambiente em caminhadas e percursos a pé, trilhando as várias possibilidades de percursos de um ambiente natural (VENDITTI JR., 2001).

* A estruturação abrange também o preparo e capacitação do profissional de Educação Física, encontrado despreparado e inapto a exercer suas atividades com públicos portadores de surdez. Esta população é então deixada ao acaso e excluída das atividades de Educação Física, Recreação e Lazer nos ambientes sociais em que vivem, sendo este despreparo e falta de profissionais capacitados e atuantes com a população surda, fatores que caracterizam esta situação; associados à restrição e carência de pesquisas e trabalhos na área de atividade física adaptada a esta população.

* Adaptado de SACKS, O. VENDO VOZES – Uma viagem ao mundo dos surdos. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

* Termo adaptado de BAYER(1992), que discorre sobre a “transfert” nos jogos desportivos coletivos, na qual os gestos aprendidos em determinada modalidade podem colaborar e serem transferidos para gestos semelhantes em outras modalidades, permitindo ampliação motora e opções nas tomadas de decisões e escolhas de respostas motoras no jogos coletivos.

* Além de serem excelentes livros e narrativas sobre adaptações em indivíduos que tiveram alguma doença ou portadores de deficiência, e como os mesmos se comportam e superam situações negativas, trazem ótimos dados sobre as questões da deficiência e suas implicações fisiológicas, sociais, culturais e psicológicas; que o indivíduo passa para conseguir resolver seus conflitos, problemas e continuar no ambiente de relacionamento humano.

* LINGUAGEM BRASILEIRA DE SINAIS pode ser encontrado na abreviatura LIBRAS, tanto na literatura especializada quanto ao longo deste texto.

* Para assim viabilizar as práticas em trilhas ecológicas sem a necessidade de um intérprete, ou melhor, entendendo, interlocutor entre o pesquisador-professor e a população de alunos surdos deste trabalho.

* Esta redução de alunos tornou-se muito importante para a aceitação e interação coletiva, pois a comunicação foi valorizada e se tornou o mecanismo de integração e aprendizado. As conversações em LIBRAS foram muito mais acentuadas entre o agente pedagógico(pesquisador) e cada aluno, uma vez que havia menos participantes e podíamos nos comunicar mais um com outro (“conversando com as mãos”), pois as oportunidades aumentaram devido ao pouco “quórum” da pesquisa.

* Utilização do Diário de Campo e um minigravador para registro de depoimentos e impressões importantes para a construção teórica da pesquisa. Fotografias também se integraram ao projeto como formas de registros das atividades e aspectos de análise.

* As habilidades vão progredindo em uma hierarquia piramidal, ou seja, verticalmente: de habilidades motoras básicas para específicas de acordo com as necessidades, das mais simples às mais complexas (TANI, 1988).

* Desenvolvimento horizontal é o trabalho de ampliação das habilidades básicas e fundamentais (andar, saltar, agarrar, arremessar, suspender-se, etc.), os quais passam a ser repensados, transformados, ampliados e ganhando variações para atender finalidades novas e/ou enriquecer o vocabulário motor deste indivíduo, que aumenta e incrementa seus padrões gestuais, sem especificar os gestos e sim buscando novas possibilidades a partir de um padrão motor já dominado.

* Seguindo as metodologias e embasamentos teórico-práticos para Ginástica Artística e Ginástica Rítmica Desportiva de CARRASCO(1982), LEGUET(1987) e GALLAHUE(1987) - vide referências bibliográficas ao final do relatório.

* Os saltos foram muito estimulados, tanto em plano horizontal, saltos a fundo, distância, com pés unidos, afastados, em um pé só, dentre outros; quanto em diferentes planos – salto de planos mais altos para as bases, planos inclinados e salto para superfícies superiores. Trabalhamos também lançamentos, suspensões de corpo, arremessos e agarres que são utilizados nas trilhas.

* As aulas eram sempre pré-programadas, reavaliadas e descritas tecnicamente no diário de campo. A sistematização, inclusive as anotações, os exercícios aplicados, as séries motoras e a estrutura de aula estão armazenadas em fichamentos contendo a seqüência de aula, os materiais utilizados, as dificuldades, os comportamentos, as metas e objetivos gerais e específicos de cada aula, dentro do cronograma geral da pesquisa.

* Procuramos nestas metodologias fazer sempre cortes e adaptações de ambientes gradativas, sendo que os primeiros contatos e as aulas iniciais são sempre em ambientes dos alunos, de conhecimento e convívio dos mesmos, para que assim se sintam seguros e adaptados. Gradativamente, transferimos os locais de práticas para ambientes externos e novos aos mesmos, depois de adquirida confiança inicial adequada, além de motivação de conhecer o novo. Por estas razões a metodologia segue as aulas inicialmente em classes (própria sala de aula) e locais conhecidos, para depois irmos para ambientes simulativos ou estruturas externas de treinamento e preparação, indo gradativamente até locais a céu aberto, com paisagens, áreas verdes e que se assemelham cada vez mais aos locais futuros de prática real de ecoturismo, as trilhas ecológicas.

* Parque Ecológico Hermógenes F. Leitão Filho, o “laguinho” da Unicamp, sob administração do Depto. Parques e Jardins, da Prefeitura Municipal de Campinas.

* Além dos sinais padronizados no código brasileiro, foi muitas vezes necessário criar-se um sinal para determinada ação para a futura trilha, alterando ou criando uma variável do sinal tradicional de determinada ação; ou para transmitir uma informação ao grupo de maneira assertiva durante a ocorrência da mesma.

* Ofereceram situações de êxito, experiências motoras diversificadas e a própria utilização dos conteúdos assimilados em aula para novos problemas motores. Essas atividades também contribuíram para a auto-estima e confiança dos alunos, deixando incidir no estreitamento da relação professor-aluno. Passaram a ter mais confiança no agente pedagógico e participar com mais dedicação e empenho às atividades propostas.

* Este prévio conhecimento do local, a preocupação com a definição da trilha e o roteiro a ser seguido, é de responsabilidade do profissional e responsável pela trilha, pois deste preparo depende grande parte do sucesso da trilha real. O monitor, o guia ou o responsável deve ter plena confiança e tomar sempre as decisões corretas a respeito dos caminhos e orientação a seguir nos locais de ecoturismo, estando sempre alerta aos perigos, garantindo a integridade global de seus alunos, antevendo-se aos problemas, riscos e acidentes de percurso. É fundamental que o profissional de ecoturismo, além de preparar seu público, também esteja preparado, empenhado e arrojado em suas práticas, confiante, seguro e tranqüilo, para poder exercer as lideranças plausíveis em situações de “trekking”.

*Ao realizar o reconhecimento do local, o principal risco do local não era a estrutura e a dificuldade natural das trilhas, consideradas de nível médio, tendo diversos planos inclinados, devido aos morros da região, e o terreno irregular e solo variável. O principal aspecto de risco da região era que a mesma é freqüentada por mountainbikers e motoqueiros “off-road”, que partilham as trilhas e permeiam as matas do local, dividindo as experiências nestes ambientes. Por isso, nos preocupamos para a questão de sinalizar em tempo eficaz aos surdos quando fosse necessário sair das trilhas e possibilitar a passagem dos ciclistas ou dos motoqueiros, situação esta que já vivemos noutra pesquisa anterior com o grupo de deficientes visuais.

*Fizemos um mini-estudo do meio ambiente, explicando-lhes muitos aspectos de plantas (fungos, árvores, espinhos, venenos etc.) e também do ecossistema como um todo, o que faz notas a riqueza de trabalhos em ambientes naturais, pois com as práticas físicas, pode-se trabalhar com a interdisciplinaridade e ter-se maiores experiências em assuntos vistos em aula nas áreas de Biologia, Geografia, História dentre outras, que são mais assimiladas se extrapolarem ao âmbito da sala de aula.

* Tivemos até situações que um pássaro do local, ao alçar vôo, lançou projéteis fecais na cabeça de um dos alunos, o que foi motivo de alegria e brincadeira por toda a trilha. Isto mostra que as trilhas deixam realmente suas marcas nesses corpos, permitindo literalmente ricas experiências perceptivas e de contato.

*SACKS (1995), através de sua ótica da situação paradoxal surgida com a doença e a necessidade de adaptação do ser humano mediante situações conflitantes trouxe respostas de como poderia se desenvolver a pesquisa. Buscamos exatamente desenvolver esta situação paradoxal nas pessoas portadoras de deficiência, e as atividades físicas e de lazer em meio ambiente propiciam despertar essa população para suas potencialidades, superando suas dificuldades e limitações. Assim motivadas, suas relações interpessoais, bem como a auto-estima e desenvolvimento sensório-perceptivo, a atenção e comunicação teriam benefícios diretos.

* Abordagem desenvolvimentista (TANI, 1988) e neuro-comportamental (GALLARDO, 1997).

* Quanto à questão do modelo motor e da excelente percepção desses surdos no que diz respeito à transmissão de informações e estímulos, reprodução de modelos gestuais e atenção perceptivo-visual-motora, podemos criar situações que o aluno possa tanto reproduzir gestos motores já criados, como reinventar e remodelar autonomamente esses modelos, ampliando novamente seu conteúdo motor e também encontrando diversas finalidades para os gestos e expressões corporais.

* Um aspecto que sempre nos atentava era quanto ao rito de nomeação às pessoas que eles conheciam. A pessoa ouvinte se apresentava, soletrando seu nome. Os surdos então o analisavam fisicamente e davam a ele um sinal característico, individual e autêntico a este indivíduo, que era a inicial do seu nome em LIBRAS, mais algum traço marcante em sua fisionomia facial ou corporal. Era muito curioso, pois os mesmos determinavam características que realmente diferenciava o indivíduo dos demais.

ABSTRACT

This research analyses viability of interacting deaf people in trekkings, discussing within academic area methods allowing contact with activities and sports in nature. The building of adapted trekkings as assisted physical activities contributed to motor skill development and sensory-perceptive stimulation of them. Results and scores: regular physical activities and contact with nature restricted to deafs; sign comunication to solve proposed tasks; intensifications of relationships and oportunities of social companionship, colaborating for its policy interacting, empowering inclusion and sociocultural participation, specially access to leisure and ecotourism.

KEYWORDS: trekkings - deaf people - nature - sensorimotor development - sensorial-perceptive atention - orientation and motor activities.

RESUMEN

Ésta pesquisa analiza la viabilidad de relacionarse personas sordas con prácticas en ambientes naturales (“trekking”). La estructuración de ésas trillas ecológicas adaptadas como actividad física orientada a los sordos contribuye para el desarrollo de habilidades motoras y para la estimulación sensorio-perceptiva. Resultados: prácticas físicas regulares y contacto con la naturaleza, muy estricto a los sordos; utilización de la comunicación de señas para la resolución de tareas motoras por el grupo; intensificación de las relaciones interpersonales y oportunidad de convivencia social, reforzando la inclusión y participación sociocultural, entre ellas el acceso al entretenimiento y ecoturismo.

PALABRAS-CLAVE: trilla ecológica - sordo - medio-ambiente - desarrollo sensorio motor - atención sensorial-perceptiva - orientación motora

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Recebido em: 24/04/2008

Revisado em: 20/05/2008

Aprovado em: 30/05/2008

Contato: rubensjrv@yahoo.com>

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