A RE-SIGNIFICAÇÃO DO CORPO PELA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR, FACE AO ESTEREÓTIPO CONSTRUÍDO NA CONTEMPORANEIDADE
ANDREIA SANTOS GONÇALVES *
ALDO ANTONIO DE AZEVEDO **
RESUMO
O presente artigo, de cunho interpretativo, apresenta uma reflexão acerca do papel da Educação Física Escolar na re-significação do corpo, face ao estereótipo construído na contemporaneidade. Recorre-se, às contribuições de alguns estudiosos do corpo, em especial, Le Breton, e de algumas idéias de sociólogos como Durkheim e Foucault e do antropólogo Mauss. Aborda-se, também, reflexivamente a questão do corpo, no “fazer” Educação Física, onde o professor e os alunos reúnem possibilidades de re-significação do corpo pela conscientização, superando a fragmentação e propondo a interdisciplinaridade na sua constituição. A reflexão exige, portanto, o reconhecimento da realidade da prática pedagógica da Educação Física na escola, enquanto espaço social emancipatório e não apenas mero reprodutor de práticas a-críticas.
PALAVRAS-CHAVE: corpo – contemporaneidade – re-significação – mídia – Educação Física Escolar.
APROXIMANDO-SE DA TEMÁTICA
Nos últimos anos as discussões e os debates sobre a relação corpo homem-sociedade tornaram-se primordiais àqueles que, de alguma forma, lidam com o corpo em diversos espaços sociais, dentre os quais a escola. Considerado por Breton (2006, p. 9) como fenômeno social, cultural e biológico, eixo de ligação do homem com o mundo, fundamento da existência individual e coletiva, o corpo, nos dias atuais, vem se constituindo como um objeto obscuro, ambíguo e confuso, em razão do discurso da modernidade. Este prima pela apologia do corpo como um objeto, apoiado numa materialidade física, que incorpora em si a forma de mercadoria.
Nesse sentido, a corporeidade, segundo o autor supracitado, é socialmente moldável, ainda que seja vivida de acordo com o estilo particular do indivíduo. Desse modo, os outros indivíduos contribuem para modular os contornos de seu universo e dar ao corpo o relevo social que necessita. O corpo torna-se, então, um produto, um rascunho a ser corrigido, um acessório da presença, testemunha de defesa usual daquele que o encarna, sendo, assim, a descrição da pessoa deduzida da feição do rosto ou das formas de seu corpo (BRETON, 2006, p. 9).
Embutidos nesta discussão estão os resultados das inovações tecnológicas e suas conseqüências para o corpo, pois a tecnologia, constantemente presente no cotidiano dos indivíduos, o atinge, demasiadamente, tornando-o aprisionado.
Dentre as conseqüências imediatas dessa condição, temos percebido um grande apelo e idolatria à imagem narcisista do corpo, que se traduz social e culturalmente nas instituições e nos discursos que nelas são produzidos. A escola, enquanto instituição social, não está imune a tais concepções, incorporando práticas que suscitam a crítica com fundo ideológico. Essas concepções contribuem para sedimentar a visão do corpo como uma superfície de inscrição de eventos, práticas e relações de poder, sem apontar perspectivas distintas da simples crítica pela crítica, capazes de mostrar novos caminhos de re-significação do corpo nos espaços sociais.
A Educação Física, por sua vez, constitui não apenas uma prática pedagógica onde professor e aluno se relacionam num espaço dinâmico; mas uma área de conhecimento presente na grade curricular da escola, onde o corpo, como seu objeto de intervenção, é o principal referencial a ser considerado no trabalho do professor e na ação do aluno. Desse modo, a Educação Física deveria servir para formar, criticamente, o sujeito (aluno) em seu processo de aprendizado, de conscientização e de aquisição de conhecimentos e experiências para a vida, respeitando as diferenças, o próprio corpo e o corpo do outro.
Daólio (2005), 1 por exemplo, um dos estudiosos da Educação Física, considera que os alunos, independente de suas diferenças, são iguais quanto ao direito à prática de atividades físicas, pois a valorização excessiva do rendimento corporal nas aulas privilegia apenas um grupo de alunos que possuem melhores aptidões físicas, incentivando a competição e a formação de elites de forma desnecessária. O papel pedagógico da Educação Física deve visar à libertação integral do ser humano e à recuperação de sua dignidade corporal, buscando autonomia de movimentos corporais.
A essência desse posicionamento e de outros que apontam críticas e denunciam o que está sendo feito, constantemente vêm à tona e levam-nos a refletir e a repensar o corpo na Educação Física diante desses rápidos avanços tecnológicos, em especial, no que se refere à prática escolar. Desse modo, justifica-se no presente artigo a tentativa de apresentar condições e possibilidades para uma re-significação do corpo, avançando da concepção de objeto para a de sujeito.
Diante dessa premissa, o debate teórico aqui proposto nos remete, inicialmente, a desvelar aspectos relacionados aos significados do corpo ao longo da história humana, a constituição das aparências corporais e as conseqüências dessa busca incessante pelo corpo ideal, pois esse sentimento de insatisfação e insuficiência em relação ao corpo leva o ser humano a buscar estratégias tecnológicas para modificá-lo, constantemente, e assim atender às exigências sociais e individuais.
Portanto, a prática da Educação Física na escola hoje confere significados contemporâneos ao corpo? Que significados podem ser identificados nessa prática? Tais significados estão permeados pelos valores da concepção de objeto ou de sujeito? A considerar que a prática está permeada pela significação do corpo como objeto, a serviço da sujeição, das regras institucionais, do poder, da mídia e da indústria tecnológica, quais as condições de possibilidade de re-significação desse corpo pela prática da Educação Física?
São questões como essas, que pretendemos discutir, com a certeza de que o problema aqui não se esgota, mas, com a intenção de reacender os discursos nas práticas da Educação Física na escola. Afinal, não existe um discurso e uma prática, mas discursos e práticas que os indivíduos constroem nas instituições.
O corpo, então, é hoje um desafio sociopolítico-econômico importante e diante deste cenário redescobri-lo escreve um movimento que permite re-significá-lo como um potente marcador social da contemporaneidade, e a Educação Física tem um papel fundamental no contexto desse desafio. Tudo isso testemunha que o corpo tornou-se uma referência central, dotado de uma relevância social, suscitando investigações sobre esse fenômeno que especificadamente é objeto de estudo da Educação Física. Mas, quais seriam seus significados sociais?
SIGNIFICANDO O CORPO NA HISTÓRIA
A princípio, enquanto objeto de estudo de vários campos disciplinares, como a Biologia, a Medicina, a Fisioterapia e a Educação Física, o corpo assumiu uma conotação de organismo vivo. Entendido como célula autônoma ou por várias células que funcionam de modo integrado, sugeriu-se com isso a harmonia entre órgãos no desempenho de suas funções. Essa é uma definição advinda do funcionalismo de Durkheim, 2 que vê o corpo de forma biológica, tendo como conseqüência o seu aprisionamento na organicidade, sendo, portanto, apenas um fator individualizador, segundo a função social assumida por seu “dono”. O corpo constituiria nessa perspectiva um “fato social” que pode ser concebido como uma “coisa” viva ou, simplesmente, uma “coisa”.
Mas essa definição puramente biologista de corpo, remanescente do final do século XVIII e início do XIX, que nasce junto com as ciências sociais, mostrou-se insuficiente, isto é limitada, para explicá-lo em toda a sua complexidade, pois tanto poderia expressar a definição de um animal qualquer ou de um ser humano. Assim, o corpo não se constituiria somente em uma coleção de órgãos arranjados segundo as leis da fisiologia e da anatomia; mas, antes, em uma estrutura simbólica, superfície de projeções, possível de unir as mais variadas formas culturais.
Sabe-se, no entanto, que nem sempre foi assim. O corpo na idade média era percebido como centro dos acontecimentos, tendo uma idolatria divina sobre ele e uma conseqüente separação do corpo (res) profano, e espírito-mente (cogito) sagrado, sendo aqui definido como um instrumento de consolidação das relações sociais; e o poder das características físicas como: altura, cor da pele, entre outros, associadas ao vínculo que o indivíduo mantinha com o feudo, eram determinantes na distribuição das funções sociais. A moral cristã tolhia qualquer tipo de prática corporal que visasse o culto ao corpo, pois o mesmo poderia tornar a alma, sagrada, em impura.
Na Renascença, o significado passa a ter bases científicas, servindo de objeto de estudos e experiências, no qual a disciplina e o controle corporais eram preceitos básicos. Todas as atividades físicas relacionadas ao corpo eram prescritas por um sistema de regras rígidas, visando à saúde corpórea. Com isso o dualismo que opõe o corpo e o espírito descrito primeiramente por Platão, que afirmava ser o corpo o cárcere da alma, e vivido por Descartes na forma cartesiana que constituía o homem em duas substâncias: uma pensante, a alma, razão de sua existência; e outra material, o corpo visto como objeto para carregar a alma pensante, passa a ser analisado de outra forma na contemporaneidade.
Já na idade moderna essa cisão corpo-mente tornou-se possível com fundamento no desmantelamento da estrutura feudal e, por conseguinte, com a desestruturação do poder da igreja católica, proporcionando uma reorientação na forma de pensar o homem e sua relação com o corpo. “Os anatomistas antes de Descartes e da filosofia mecanicista fundam um dualismo que é central na modernidade e não apenas na medicina, aquele que distingue, por um lado, o homem, por outro seu corpo” (BRETON, 2003, p. 18).
Esta visão moderna traz em si um modelo de corpo-máquina, socialmente oprimido e manipulável, visto do prisma do ganho econômico a qualquer custo. Também, não se pode abstrair, desse modelo, o local exercido pelo poder disciplinar, nos termos das sujeições descritas por Foucault (1986). Ainda como decorrência, a exploração recaía, também, sobre o corpo de quem trabalha, no intuito de maximizar a utilização da força de trabalho. Sem dúvida, está implícita uma prática domesticadora que impossibilitava a corporeidade do trabalhador.
No entender de Habermas (1987), esta dualidade e a maneira encontrada pelo homem para lidar com os problemas gerados pela modernidade produziram quadros patológicos na sociedade, determinando crises de direção e até mesmo diminuição na integração societária. Essas crises de direção podem ser compreendidas no sentido da teoria Weberiana como o desencantamento do sujeito no quadro moderno; a vida para o homem aparece sem sentido em função de sua descrença, especialmente, com a vida mundana.
A apropriação e aplicação desses conceitos são percebidas dentro da história moderna e, de acordo com Foucault,
O controle da sociedade sobre os indivíduos não opera simplesmente pela consciência ou pela ideologia, mas começa no corpo e com o corpo. Foi no biológico, no somático, no corporal que antes de tudo, investiu a sociedade capitalista. O corpo é uma realidade biopolítica (FOUCAULT, 1986, p. 80).
Na dinâmica desse processo e com o advento do modelo socioeconômico capitalista, infere-se da obra foucaultiana que a sociedade necessita de corpos fortes, saudáveis e homogêneos para atender à lógica de mercado, em busca da alta produtividade e do lucro, uma vez que seriam utilizados, transformados e aperfeiçoados para atender ao capitalismo e estando, assim, sujeitos às técnicas de disciplinamento.
Mauss (2003), por sua vez, ao apresentar a noção de técnica corporal, consegue situar o diálogo entre diferentes campos disciplinares, especialmente o das ciências sociais e o da Educação Física, extrapolando a visão funcionalista e fragmentada de corpo, definindo-o como o primeiro e mais natural instrumento do homem. As técnicas corporais se definiriam como: “as maneiras pelas quais os homens, de sociedade em sociedade, de forma tradicional, sabem servir-se de seu corpo” (MAUSS, 2003, p. 401).
O referido autor, considerando o homem como ser total, isto é, na constituição humana os aspectos biológicos, psicológicos e sociais se fazem presentes, promove uma ruptura nas defi nições preponderantes no campo das ciências sociais e da saúde, que pretendiam, durante o século XIX, tratar o homem apenas do prisma social; compreendendo a dimensão humana a partir do pressuposto de que o homem se constitui um “fato social total”. 3
Agora, um dualismo contemporâneo aliado ao avanço tecnológico apresenta-se separando o homem de seu próprio corpo que é transformado em um objeto a ser moldado e modificado, conforme o gosto do dia. Desse modo, equivale-se ao homem no sentido em que, se modificando as aparências, o próprio homem é modificado, em razão das exigências nos diversos setores da vida (escola, trabalho, esporte etc.); pois o corpo é a marca do indivíduo, a fronteira, o limite que de alguma forma o distingue dos outros; ou “um fator de individualização”, segundo Durkheim (1995), no qual são feitas modificações no intuito de corrigir as imperfeições e ser mais bem aceito socialmente.
Diante do exposto, qual seria, então, o conceito de corpo na contemporaneidade? A considerar o contexto atual, a complexidade da sociedade e das suas relações, podemos dizer que seria o de um corpo frágil, com limitações e em busca constante de perfeição, visto como um elemento que interrompe, que marca os limites da pessoa, local onde começa e acaba a presença do indivíduo e que sofre infl uência inegável da sociedade; uma condição material da existência da vida no mundo. Em face de tais características, sugerimos, por assim dizer, a existência de uma valoração da aparência desse corpo no social. Mas, como se opera esse valor na sociedade nos dias atuais?
A VALORAÇÃO DA APARÊNCIA CORPORAL HOJE
A aparência corporal responde a uma ação do ator relacionada com o modo de se apresentar socialmente e de se representar quotidianamente. Engloba a maneira de se vestir, de se pentear e ajeitar o rosto, de cuidar do corpo, entre outras, que muda conforme as circunstâncias e de acordo com o estilo da presença do indivíduo. Segundo Breton 4 (2006, p. 77) o primeiro constituinte da aparência tem relação com as modalidades simbólicas de organização sob a égide do pertencimento social e cultural do ator. Elas seriam provisórias e amplamente dependentes dos efeitos da moda. Por outro lado, o segundo constituinte diz respeito ao aspecto físico do ator sobre o qual dispõe de pequena margem de manobra.
Mas os traços dispersos da aparência podem facilmente se metamorfosear em vários indícios, dispostos com o propósito de orientar o olhar do outro ou para ser classificado à revelia numa categoria moral ou social particular que, posteriormente, se transformará em engajamento social.
A apresentação física de si passa a valer socialmente como se fosse a apresentação moral: pessoas de traços fisionômicos finos, brancas e bem vestidas são vistas como de “boa índole”, angelicais e a elas não seria atribuído nenhum tipo de preconceito ou crime, pois a composição de sua aparência aproxima-se do ideal produzido ideologicamente, e as de traços contrários a esse modelo, estabelecido socialmente, seriam vistas como de “má índole”.
A cultura, contudo, ao marginalizar os que se encontram na “diferença” tendenciona as pessoas a buscarem uma aparência que as torne muito parecidas entre si. Essa semelhança não significa igualdade. Pelo contrário, imputa ao ostracismo àqueles que, as qualidades despertam vergonha e assim, são negadas, escondidas e camufl adas, principalmente pelos negros que se sentem distantes desse modelo, e para tal proximidade muitas vezes renegam sua etnia. Assim, moldam-se os corpos de forma que a peça no “quebra-cabeça social” se encaixe perfeitamente, pois se forem diferentes não servirão adequadamente para a rede que constitui a sociedade.
Breton (2006) expõe que a ação da imagem coloca o ator sob olhar apreciativo do outro e, principalmente, o coloca na tabela do preconceito que o fixa de antemão numa categoria social ou moral, conforme o aspecto ou detalhe da vestimenta e conforme a forma do rosto ou do corpo. Os estereótipos se fixam com predileção sobre as aparências físicas e as transformam naturalmente em estigmas, em marcas fatais de imperfeição moral ou de pertencimento a determinado grupo social.
O corpo torna-se, desse prisma, um acessório, um objeto imperfeito, um rascunho a ser corrigido, Trata-se de usar a tecnologia para de fato mudar o corpo, pois o corpo exaltado não é o mesmo que vivemos, mas um retificado e redefinido para atender padrões sociais estabelecidos como ideais.
Esse caráter disponível e provisório do corpo sutilmente separado de si, mas colocado como o caminho propício para fabricar uma presença à altura da vontade do domínio dos seus atores, faz da anatomia não mais um destino, mas um acessório da presença, uma matériaprima a modelar, redefinir e submeter ao design do momento. O corpo não é mais apenas, nas sociedades contemporâneas, a determinação de uma identidade intangível, a encarnação irredutível do sujeito, mas uma construção, uma instância de conexão, um objeto transitório e manipulável suscetível a muitos emparelhamentos.
Dentro desse cenário, a chamada indústria cultural, de acordo com Detrez (2002), exerce forte poder sobre o corpo humano e o influência com uma exposição de exemplos magros e malhados, idealizando estereótipos invejáveis. Citando o filme Shrek, a autora mostra que há possibilidades de fuga desse contexto, pois ao expor um personagem protagonista de aparência feia, fez o telespectador refletir que não precisamos de transmutações para agradar os olhos alheios, e o que vale é o caráter moral, estar bem consigo mesmo e não ser uma figura linda visualmente, exemplo este exceção diante da galeria de filmes comerciais que ditam padrões de beleza.
Para melhor se expor ao mundo, são usados todos os meios tecnológicos possíveis: os hormônios ou a dietética aumentam a massa muscular, os regimes alimentares mantêm a silhueta, os piercing ou as tatuagens dispensam os sinais de identidade sobre a pele ou dentro dela, ou seja, o indivíduo tenta reivindicar o remanejamento de seu corpo à vontade e também de revelar modos inéditos de criação. Existem alguns que sonham em até agir diretamente sobre a fórmula genética do sujeito para modelar a forma de seus futuros descendentes e diminuir as remodelagens futuras.
Todas essas condutas isolam o corpo como uma matéria à parte que fornece um estado do sujeito, “Ser o que se é torna-se uma performance efêmera, sem futuro, um maneirismo desencantado em um mundo sem maneiras” (BAUDRILLARD, 1997, p. 22 apud BRETON, 2003, p. 29).
O GRANDE PROJETO DE ARQUITETOS MUTÁVEIS
A crescente evolução e a utilização de novas tecnologias acarretam profundas mudanças nos modos de vida da população, colocando os indivíduos diante de desafios, cuja maioria não está preparada para enfrentar. Com a racionalidade crescente no século XIX, que atribuiu ao homem a tarefa de dominar/explorar a natureza, aliada ao também crescente processo de industrialização, o desenvolvimento centrado na ciência tecnológica é visto, portanto, como sinônimo de progresso.
Assim, ressalta-se que moldamos o nosso corpo com grande auxílio da tecnologia de modo a padronizá-lo, com maior incisão. Percebemos que o avanço tecnológico vai desde simples reparos, utilizando-se de maquiagens até tratamentos cirúrgicos, não acessíveis a todas as classes sociais, pois não seria a qualquer mortal insatisfeito que essas tecnologias estariam disponíveis para fazer um upgrade.
A cirurgia estética, dentro desse contexto, passa por um desenvolvimento considerável, aumentado por esse sentimento de maleabilidade do corpo. Sua transformação em objeto a ser modelado traduz-se de imediato nos catálogos que os cirurgiões depõem nas salas de espera e que mostram aos clientes para assim propor uma intervenção precisa: seios modificados por próteses ou remodelados, vários tipos de liftings, lábios reconstruídos por injeções, lipoaspirações da barriga ou das coxas, implantes subcutâneos, tudo para induzir as proporções físicas desejadas.
A saúde fica, muitas vezes, em segundo plano e os riscos de vida nessas intervenções passam despercebidos, pois o principal objetivo é atender a “necessidade” do momento, no qual a vontade de modificar os olhares sobre si miniminizam os medos, principalmente o de morte. Segundo Breton (2002), a cirurgia estética não é uma metamorfose banal de uma característica física, ela opera, em primeiro lugar, no imaginário e exerce uma incidência na relação do indivíduo com o mundo.
Dispensando um corpo antigo e mal amado, a pessoa goza antecipadamente de um novo nascimento, de um novo estado civil e a cirurgia estética oferece um exemplo impressionante de consideração social do corpo como artefato da presença e vetor de uma identidade ostentada. É um corpo que passa a ser fabricado e incorpora-se como valor, e geralmente quem não se adapta é colocado à margem da sociedade, criando o que se intitula de estigmas, é o caso, por exemplo, dos adeptos do body art 5 que quase são afastados do convívio social por serem diferentes. O homem novo seria um ideal, mas agora ele continuaria sendo “fabricado” socialmente ou seria um produto de laboratório?
Stelarc, artista plástico australiano, por exemplo, para provar a obsolescência do corpo humano, foi muito severo ao dar início a série Suspensões, em 1971, pendurando-se no ar com cordas e arreios antes de radicalizar sua pretensão, a partir de 1976, utilizando alfinetes, para provar que o corpo será futuramente um produto laboratorial. Stelarc permaneceu pendurado por horas no espaço. Entre 1976 e 1988, ele totalizou 20 suspensões em diversas situações.
A obsolescência do corpo é radicalizada pelo artista diante das tecnologias atuais. Para ele e muitos outros contemporâneos, o corpo é uma espécie de carapaça anacrônica que é urgente livrar-se. Sua mortificação e transformação em puro material é uma etapa preliminar antes de sua eliminação ou da fusão necessária de um resto de carne, com as técnicas da informação. Para Stelarc, a estrutura fisiológica do homem determina sua relação com o mundo: modificando-a, o homem modifica o mundo.
Por meio do jogo da criação e da opção por considerar o corpo como simples acessório da presença, destinado a um desaparecimento em pouco tempo, Stelarc chega, com suas últimas performances, ao tema máquina humana. A tecnologia vem substituir as funções fisiológicas e transforma o artista em ciborgue, em precursor do que chama de “pós-evolucionismo” – progresso máximo rumo à humanidade modificada – que ele deseja estigmatizando o corpo. Seria o mundo da póshumanidade, isto é, habitado por uma humanidade retifi cada, realçada por próteses, ligada em computadores.
Para Stelarc, o corpo é despojado de valor, tornado insípido e suscetível a todos os emparelhamentos tecnológicos ou a todas as experiências extremas para ampliar suas possibilidades, suprimi-lo ou convertê-lo em simples suporte. O corpo, aqui, deixa de ser o lugar do sujeito e torna-se objeto em seu ambiente. Em suma, ele afirma que a Era Darwiniana está se extinguindo; o homem liberta-se da evolução a partir do momento em que a tecnologia invade o corpo e o recompõe de acordo com as circunstâncias.
É possível, então, aceitar a afirmação de que o corpo humano é obsoleto?As idéias de Stelarc podem ser consideradas o auge da loucura tecnológica que miniaturizada se instalam no corpo tornando-se seu componente ou, ainda, a mais nobre das realizações humanas. O corpo não pode ser visto apenas com um acessório da presença a ser retificado; percebido como um anacronismo indigno, levado a desaparecer para satisfazer àqueles que buscam perfeição tecnológica. Abandonar a densidade do corpo seria abandonar a carne do mundo, perder o sabor das coisas. Felizmente, continuamos a ser carne para não perder o sabor do mundo. Como re-significar o corpo na educação física escolar mediante todo esse aparato tecnológico?
SIGNIFICAR E RE-SIGNIFICAR O CORPO NA PRÁTICA ESCOLAR
Antes de caracterizar aqui o papel da Educação Física, verificaremos, brevemente, o papel da escola no processo de construção da noção de corpo pelos alunos, à medida que a escola constitui uma instituição social que se encontra numa relação dialética com a sociedade onde se insere. Desse modo, ao mesmo tempo em que se reproduzem às estruturas de dominação existentes na sociedade, constitui-se em um espaço onde se pode lutar pelas transformações sociais. Considerando essas estruturas e a possibilidade de transformá-las, os significados conferidos podem, portanto, ser re-significados nos contextos das práticas escolares.
A forma de a escola controlar e disciplinar o corpo está ligada aos mecanismos das estruturas de poder resultantes do processo histórico da civilização ocidental. Nesse processo, as práticas escolares tendem a perpetuar a forma de internalização das relações do homem com o mundo, que consiste na supervalorização das operações cognitivas e no distanciamento do corpo, pretendendo não somente discipliná-lo, mas obscurecer seus sentimentos, idéias, lembranças e até mesmo anulá-lo. Acreditamos que seriam esses os significados tradicionais freqüentemente atribuídos e incorporados pela escola em sua dinâmica ao corpo.
Foucault (1986), em seus estudos, relata como se efetiva o poder disciplinar sobre o corpo nas escolas, onde nos séculos XVIII e XIX era tido como fábricas que reproduziam disposições para ações racionais voluntárias, ao mesmo tempo em que procuravam eliminar, dos corpos, movimentos involuntários. A rigorosa minúcia com que eram estipulados os regulamentos para o comportamento corporal dos alunos, para sua distribuição no espaço e para a divisão do tempo escolar, revela um poder disciplinar que objetiva controlar as erupções afetivas que poderiam surgir do corpo com seus movimentos espontâneos. Com isso os movimentos corporais tornavam-se dissociados das emoções momentâneas, perpetuando controle e manipulação.
A partir dos anos 60 percebeu-se que esse poder não era assim tão indispensável quanto se acreditava, podendo, então, ser imposto um poder mais tênue sobre o corpo. Contudo, não é isso que constatamos em nossas escolas. O que vemos é que esse poder, descrito por Foucault, é vivo e atuante na realidade escolar e não foi atenuado na maioria dos casos. Vemos corpos disciplinados rigidamente por professores que, independente de sua área de estudo, primam por comportamentos mecânicos e homogêneos dentro de um padrão alienante em que a quietude é vista como condição sine qua non para o aprendizado eficaz e dessa forma conduzem seus alunos a uma vida social submissa e com valores preestabelecidos como adequados. Com base nesses pressupostos teóricos, a prática disciplinar pode ser considerada como um significado central na dinâmica de funcionamento da escola.
Segundo Gonçalves (1994), a aprendizagem dos conteúdos é uma aprendizagem sem corpo, e não somente pela exigência de o aluno ficar sem movimentar-se em cadeiras enfileiradas, mas, sobretudo pelas características dos conteúdos e dos métodos de ensino que o colocam em um mundo diferente daquele no qual ele vive e pensa com seu corpo, e o conhecimento é feito de forma fragmentada, abstrata e sem significação para o aluno.
Chegamos à Educação Física, que tem o corpo como seu objeto de estudo e que deve constituir-se em um fator pedagógico que vise à libertação integral do homem e à recuperação de sua dignidade corporal, buscando a autonomia de movimentos corporais.
Recorrendo às contribuições teóricas do filósofo Merleau-Ponty (1980), entendemos que a Educação Física na escola deve possibilitar aos alunos uma outra visão do corpo, fundada na totalidade humana. Desse modo, os movimentos devem estar integrados a essa totalidade, para a busca da concretude corporal. Isso implica, necessariamente, compreender o homem de forma integral.
A Educação Física Escolar deveria constituir-se, portanto, em um espaço para oportunizar aos alunos a compreensão, a crítica e o questionamento desse momento de idolatria à imagem narcisista do corpo, que é veiculada socialmente. Estaria nessa abertura, a condição de possibilidade de re-significação do corpo, com vistas à conscientização da relevância da prática da Educação Física na escola, como uma atividade necessária à própria condição humana, instrumentalizando, assim, os alunos para que possam optar pelo tipo de corpo que querem “carregar” socialmente.
Em que pese à dificuldade de compreender e explicar a transmissão ideológica do sistema dominante do ideal de corpo – como uma estratégia reprodutora, alienante e castradora do ser humano no contexto da prática –, a re-significação deveria ser realizada nas aulas, a partir de discussões sobre o que fazer em termos de atividade: prática de esportes, recreação, aulas teóricas, festivais de jogos, atividades junto às comunidades etc.
Caberia ao professor, a responsabilidade por esse processo de conscientização junto aos seus alunos nas práticas pedagógicas. A compreensão e o conhecimento do professor acerca do paradigma do alto rendimento, da veiculação pela televisão e os demais meios de comunicação, do padrão de corpo imposto pela sociedade, dos mecanismos de opressão, violência e estresse diário dos corpos dos trabalhadores, da ditadura do consumo de alimentos agressivos ao corpo e o tratamento mercadológico do mesmo, na moda e no esporte da alta competição, são horizontes de conhecimento que não podem ser perdidos de vista. Afinal, esses usos e malefícios, que acometem o corpo, reforçam o fato de que este é uma construção social e cultural resultante de um processo histórico que precisa ser considerado e bem fundamentado pelos professores.
A Educação Física Escolar, portanto, não pode ignorar as relações do homem com seu corpo e com a sua saúde, no contexto geral onde o homem se insere como um todo, para estar apta a desmistificar, nas práticas vigentes, seu conteúdo ideológico e contrário aos valores educacionais maiores. Desse modo, a oportunidade e a diversidade de escolhas permitiriam ao aluno pensar e repensar os padrões e modelos impostos pela sociedade e que estão impregnados no “fazer” Educação Física na escola.
Nesta perspectiva, Arroyo (2000), em seus estudos sobre educação e teoria pedagógica, afirma que dar ao corpo centralidade no processo educativo é uma tarefa fundamental da escola e principalmente dos professores de Educação Física e os desafia a buscarem estratégias para recuperar a corporeidade como elemento de formação humana:
A educação dos corpos – não o seu adestramento e controle – merece maior atenção nos processos escolares. É uma das lacunas mais lamentáveis em nossa pedagogia. Recolocar o corpo na centralidade que ele tem na construção de nossa identidade e da totalidade da nossa cultura exige criatividade profissional de todos (ARROYO, 2000, p. 72).
A Educação Física na escola confere, hoje, significados contemporâneos ao corpo, como citados no decorrer do artigo, devido a uma influência inevegável da sociedade no ambiente escolar. Cabe, então, aos professores, em suas práticas pedagógicas, re-significá-lo através da conscientização crítica de seus alunos para uma posterior emancipação, transformando o corpo de objeto social para sujeito. Não há, portanto, uma cultura de movimento, mas culturas de movimentos que estão presentes nas experiências dos educandos.
Acreditamos que as condições de possibilidade de re-significação dos valores, está justamente na mediação entre os conhecimentos culturais e os da escola, o que deve ser feito pelo professor num clima emancipatório.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No presente artigo, buscamos promover reflexões acerca do corpo, enquanto construção social, cultural e histórica, no contexto da prática da Educação Física na escola. A partir das premissas relativas aos significados do corpo ao longo da história humana, a constituição das aparências corporais e as conseqüências dessa busca incessante pelo corpo ideal, além das imposições sociais e culturais, são alguns aspectos que indicam a relevância de debater esse tema. Aliás, a temática do corpo sempre esteve na ordem do dia, não apenas nos discursos, mas nas práticas sociais cotidianas, dentre as quais a Educação Física Escolar.
A partir da fundamentação teórica, construiu-se uma base para reflexões e argumentações. Por meio do que foi exposto, fica evidente a fragilidade do corpo, suas limitações e o que leva as pessoas a buscarem algo mais, como se fosse uma necessidade de superação.
Na história, o desprezo pelo corpo é uma forma de desprezar a si mesmo, o que não é verdadeiro para a maioria das sociedades humanas, tanto que em algumas as transformações do corpo realçam uma dimensão lúdica ou uma construção de si próprio. A corporeidade, contemporaneamente, passa a ser determinada por fatores extrínsecos à vontade do indivíduo. E ao alcance das mãos, de certa forma, o indivíduo descobre, através do corpo, uma forma possível de transcendência pessoal e de contato. O corpo não é apenas uma máquina inerte, mas um alter ego de onde emanam sensações e sedução. Ele se transforma no lugar geométrico da reconquista de si, um território a ser explorado na procura de sensações inéditas a serem capturadas.
Não podemos nos esquecer do perigoso discurso midiático que nos é imposto, apresentado pela figura do ídolo a ser copiado, pois a cultura narcísica mostra pressupostos de beleza física constantemente valorizados e colocados como padrão estético, tornando o corpo descartável. Mas há como fugir desse determinismo e não acatar o que efêmero, descobrindo o que o corpo sente e usando essas infl uências para saber o tipo e estilo de corpo que queremos. Temos que analisar tudo que nos é imposto e, a partir das identificações feitas, criar nossa própria identidade corporal num processo de individuação (relativo ao sujeito/ individual), sem ser “abusado” pelo ambiente social, ou seja, questionar os valores preestabelecidos como corretos, e poder tomar decisões.
A reflexão aqui proposta evidencia, então, a necessidade da criação de formas de reação e contestação aos novos modos de controle corporal estabelecidos pela contemporaneidade.
Por fim a Educação Física tem um papel primordial na busca por concepções que visem à emancipação corporal e sua re-significação, intermediados por um discurso crítico da realidade em que o indivíduo está inserido, não se portando como mera reprodutora, para que mudanças efetivas nos atuais paradigmas que norteiam o corpo possam ser concretizadas e, assim, combater os mecanismos de reprodução dos padrões estéticos referidos e conferir novas formas de interação entre o homem e seu corpo. E a escola é o meio propício para a emancipação, pois somente uma contrapressão poderá exercer um papel decisivo para a libertação de um corpo que possa absorver as ameaças e delas extrair
o alimento de sua renovação. Um corpo que não admita maniqueísmos. Pois será a partir de embates críticos, estimulados durante a intervenção pedagógica do professor (contextualizados social e culturalmente), que conseguiremos conceber uma educação física que trabalhe com corpos, e acima de tudo com sujeitos, donos desses corpos.
Analisar todo esse processo tecnológico que migra para dentro do corpo e que tem implicações profundas na vida das pessoas é tentar entender e buscar ser um agente ativo em todo esse processo.
Reside aqui, ainda, a importância de se trazer pontos de vista diferentes, como alguns que embasam a sociologia do corpo, descritos brevemente neste artigo, de modo a iluminar a compreensão em torno deste que é a essência de nossa área, o corpo.
O corpo, então, desvenda um campo infinito de possíveis pesquisas e a esse respeito, o homem só será “libertado” quando qualquer preocupação com o corpo estiver desaparecida. E isso algum dia acontecerá?
The resignifying the body through School Physical Education in the face of the stereotypes built in contemporary times
ABSTRACT
This interpretative article presents a reflection on the role of school physical education in resignifying the body in the face of the stereotyped body created in contemporary times. It makes reference to the contributions from body researchers, especially Le Breton, and to ideas from sociologists such as Durkheim and Foucault and anthropologists such as Mauss. It also reflects upon the body issue in physical education practices in which teacher and students both hold body resignifying possibilities through an awareness process that helps to overcome fragmentation and proposes interdisciplinarity as a key element. This reflection demands that the reality of pedagogical practices be recognized in school physical education as a freeing social space, and not as a mere emulator of non-critical practices.
KEYWORDS: body – contemporary times – resignification – media – School Physical Education.
La re-significación del cuerpo por la Educación Física Escolar, de frente al estereotipo construido en la contemporaneidad
RESUMEN
El presente artículo, de carácter interpretativo, presenta una reflexión sobre el papel de la Educación Física Escolar en la re-significación del cuerpo, de frente al estereotipo construido en la contemporaneidad. Se recurren a las contribuciones algunos especialistas sobre el cuerpo, especialmente Le Breton, y algunas ideas de sociólogos como Durkheim y Foucault e del antropólogo Mauss. Trata también, de forma reflexiva lo del cuerpo, dentro del “hacer” Educación Física, donde el profesor y los alumnos reúnen posibilidades de re-significación del cuerpo por medio de la conscientización, superando la fragmentación y proponiendo la inter-disciplinaridad en su constitución. La reflexión exige, por lo tanto, el reconocimiento de la realidad de la práctica pedagógica de la Educación Física en la escuela, como siendo un espacio social emancipador y no apenas como siendo un simple reproductor de prácticas sin críticas.
PALABRAS-CLAVE: cuerpo – contemporaneidad – re-significación – media – Educación Física Escolar.
NOTAS
* Aluna do Mestrado em Educação Física Escolar da UnB.
** Professor do Programa de Pós-graduação e de graduação da Faculdade de Educação Física e do Departamento de Sociologia da UnB.
1 Jocimar Daólio (1958), doutor em Educação Física, docente na Faculdade de Educação Física da Unicamp, atua na área de Educação Física Escolar e responsável por embasamentos teóricos sobre a Abordagem Plural da Educação Física, que tem esses elementos como pressupostos.
2 Émile Durkheim (1858-1917). Principal representante do Funcionalismo (funções desempenhadas pelas pessoas para harmonia social), no qual a existência de uma consciência coletiva seria formada pelasocialização do ser humano nessa sociedade. É considerado pai da Sociologia Moderna tendo fortes influências das ciências biológicas e do método científico. Concretizou que os verdadeiros objetos de estudo da sociologia eram os “fatos sociais”.
3 Marcel Mauss (1872-1950), sociólogo e antropólogo francês, sobrinho de Durkheim e por ele influenciado. O “fato social total” foi concebido por Mauss em “O ensaio sobre a dádiva” (1924) para designar fenômenos sociais complexos que abrangeriam interpretações provenientes de diversas áreas do conhecimento, interdisciplinarmente.
4 David Le Breton (1953), sociólogo e antropólogo considerado uma importante referência para os estudos sobre o corpo, é professor da Universidade de Estrasburgo II na França.
5 Corpo arte transformado em objeto, simples acessório da presença, como forma de contestação contra a efemeridade do momento, tendo-o como lugar onde o mundo é questionado.
REFERÊNCIAS
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Recebido: 22 de março de 2007
Aprovado: 23 de maio de 2007
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