EDITORIAL
Neste ano que passou, sob os mais variados enfoques, não faltaram na área da Educação Física análises sobre os “Jogos de Atenas 2004”. Como não poderia deixar de ser, os interesses, valores e representações que perpassam os Jogos Olímpicos, expressão daquilo que, mundialmente, há de mais desenvolvido no terreno do esporte de alto rendimento e esporte-espetáculo, vêm despertando, em escala cada vez mais ampliada, o olhar investigativo e questionador de um bom número de pesquisadores.
Todavia, de um ponto de vista instrumental, preso à aparência do que revelou o quadro geral de medalhas desta edição dos Jogos, o Brasil registrou a melhor participação de sua trajetória olímpica, o que motivou inúmeros discursos a favor de investimentos em uma política desportiva que possa definitivamente qualificar o país como nação olímpica. E na esteira da intensificação dos negócios para os “Jogos Pan-americanos Rio 2007”, volta à carga o entusiasmo por programas de esporte escolar dirigidos para a formação e descoberta de novos talentos esportivos, o que traz enormes problemas para a identidade da Educação Física como disciplina pedagógica.
Assim, preocupada com o desenvolvimento da Educação Física numa perspectiva socialmente referenciada, ao abordar o tema “Os Jogos Olímpicos e o Fenômeno Esportivo”, a Pensar a Prática objetiva trazer contribuições tanto no sentido de garantir espaço para a difusão de conhecimentos que alargam o horizonte de análise a respeito da problemática em questão, como na direção de disponibilizar aos seus leitores elementos teóricos que, em sintonia com uma visão “desesportivizada” da Educação Física, ajudam a desvelar a ideologia do olimpismo.
Para este número, foram então selecionados oito trabalhos do total dos treze que foram submetidos à apreciação do corpo de pareceristas da Pensar a Prática. A identidade temática de seu conteúdo está dada por artigos que privilegiam as relações dos Jogos Olímpicos e o Fenômeno Esportivo com os interesses econômicos e da política, com a mídia, com a questão de gênero, com a esportivização de práticas corporais tradicionais, com o ensino do esporte, com a realidade escolar e com a formação de professores de Educação Física, agregando enorme potencial reflexivo à discussão sobre a problemática em proposição.
No que se refere ao trabalho editorial, vale registrar que o lançamento deste primeiro número do volume oito da Pensar a Prática marca um acerto de contas com sua periodicidade, até então, vítima constante das dificuldades e intempéries que envolvem a edição de um periódico científico. Com seu cronograma de atividades absolutamente em dia, os Editores, sem descuidar da credibilidade conquistada junto aos colaboradores e leitores deste periódico, o que se traduz pelo compromisso com os prazos de publicação previamente anunciados, passam agora a abrir novas frentes. Além de construírem planos para a indexação internacional da Pensar a Prática, investem no desenvolvimento de um projeto de distribuição que logo lhe conferirá ainda maior visibilidade. Também nesta linha, anunciamos que nos próximos meses a Pensar a Prática inaugura uma nova fase em sua política editorial, disponibilizando em rede os arquivos eletrônicos correspondentes aos seus dois primeiros números, já esgotados para aquisição na forma impressa.
Esperamos com isso colocar o nosso trabalho e a produção teórica sistematizada na Pensar a Prática a disposição de um coletivo cada vez mais ampliado de interlocutores, sempre desejosos em poder contribuir para o qualitativo desenvolvimento da Educação Física.