“Aqui sabemos se as pessoas estão isoladas”: (anti)anonimato, cuidado e poder em localidades pequenas e médias em tempos de COVID-19

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5216/sec.v24.65950

Resumo

Este estudo se propõe a investigar as maneiras como a pandemia de doença por coronavírus 2019 (COVID-19) tem sido gerida em pequenas e médias aglomerações na província de Buenos Aires (Argentina) onde as relações “face a face” são predominantes. Nosso material etnográfico se baseia em entrevistas com habitantes de distritos rurais portenhos onde temos realizado trabalho de campo – presencial e agora também a distância – nos últimos oito anos, por meio de reportagens de jornais locais, além de áudios e memes compartilhados em redes sociais e serviços de mensagens instantâneas via telefone celular. Partindo da análise desse corpus etnográfico, apresentamos aqui duas hipóteses. Em primeiro lugar, que, para além das muito faladas mudanças radicais decorrentes da pandemia, as maneiras de geri-la enquanto “problema social” em nível cotidiano, pelo menos em aglomerações nas escalas aqui abordadas, foram organizadas em mecanismos sociais pré-existentes, como a circulação de fofocas e rumores – com frequentes escaladas
para o escândalo, tendo as redes sociais como meio. Em segundo lugar, que, ao mesmo tempo, nem tudo tem constituído uma continuidade atualizada de repertórios sociais anteriores; ao longo da pandemia, observamos que situações com diferenciais de poder anteriormente “indizíveis” passaram à esfera do “denunciável”; ademais, que surgiram
novos repertórios – como o “autocuidado” ou o “cuidado comunitário” – mobilizados para justificar ou até exigir do Estado a circulação de informações pessoais de pacientes reais ou potenciais, uma vez que se entende emicamente que saber quem está infectado pode evitar a transmissão do vírus. Como veremos, nesses contextos específicos, a COVID-19 criou novos interstícios – ou, pelo menos, a busca por novas articulações – entre noções de pessoa mais ou menos centradas no relacional ou no indivíduo, como maneiras de proporcionar cuidados
tanto no âmbito da saúde comunitária quanto no das reputações pessoais.

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Biografia do Autor

Johana Kunin, Universidad Nacional de San Martín, Buenos Aires, Argentina

Docente de la Licenciatura en Antropología Social y Cultural de la Universidad Nacional de San Martín (Argentina) con una beca postdoctoral de investigación Temas Estratégicos para el País del CONICET. Licenciada en Antropología por la Université de Paris VIII, Vincennes–Saint-Denis (Francia) y Doctora en Antropología Social, con tesis cotutelada por la Escuela Interdisciplinaria de Altos Estudios Sociales de la Universidad Nacional de San Martín y la École des Hautes Études en Sciences Sociales (Francia). 

Yanina Faccio, Universidad Nacional de San Martín, Buenos Aires, Argentina

Profesora y licenciada en Letras por la Universidad de Buenos Aires, diplomada en Antropología Social y Política por FLACSO y actual becaria doctoral del Consejo de Investigaciones Científicas y Técnicas de Argentina, con lugar de trabajo en el Instituto de Altos Estudios Sociales de la Universidad Nacional de San Martín. 

Publicado

2021-09-08

Como Citar

KUNIN, J.; FACCIO, Y. “Aqui sabemos se as pessoas estão isoladas”: (anti)anonimato, cuidado e poder em localidades pequenas e médias em tempos de COVID-19. Sociedade e Cultura, Goiânia, v. 24, 2021. DOI: 10.5216/sec.v24.65950. Disponível em: https://revistas.ufg.br/fcs/article/view/65950. Acesso em: 27 dez. 2024.

Edição

Seção

Dossiê: Ciências Sociais e Covid-19