PAISAGEM, MEMÓRIA E REPRESENTAÇÃO SOCIAL: interpretação de narrativas sobre o “dilúvio” do ano de 1795 em Cananéia (SP, Brasil)
PAISAGEM, MEMÓRIA E REPRESENTAÇÃO SOCIAL: interpretação de narrativas sobre o “dilúvio” do ano de 1795 em Cananeia (SP, Brasil)
Resumo
O município de Cananeia, localizado no litoral sul do estado de São Paulo, inclui a ilha, onde se localiza a cidade, sede do município, e outra parte chamada de Cananeia continente, com serras e morros recobertos pela floresta atlântica, além de planície com manguezais e restingas. Na época estudada, na área rural de Cananeia havia fazendas com cultivos diversos, utilizando mão de obra escravizada. Em março do ano de 1795, ocorreu um evento geomorfológico de movimento de massa, devido às intensas chuvas no verão, trazendo prejuízos materiais, evento este que ficou registrado no livro de memórias da cidade. Desse modo, o objetivo principal do artigo foi analisar e interpretar o evento descrito nesse livro e em outras fontes escritas e orais, associando memórias coletivas e outras representações sociais. Como resultados das análises interpretativas, a memória do evento de 1795 está presente, nos dias atuais, porque foi um acontecimento marcante, envolvendo histórias e simbologias das águas, vividos pela coletividade pertencente e herdados por tabela como diz Pollak (1992). Desse modo, o estudo contribui para o entendimento da paisagem enquanto herança, cujas memórias integram os espaços geográficos vividos.