Arte fora da norma: a obra de Moacir, o Nô, da Vila de São Jorge
Resumo
Na década de 1980 fui incontáveis vezes à Chapada dos Veadeiros, especificadamente à Vila de São Jorge, que naquela época não passava de um pequeno povoado no cerrado goiano, sem luz elétrica e nenhuma estrutura para turistas, cercado de misticismo, histórias sobrenaturais e uma natureza majestosa.
Moacir Soares de Farias, ou Nô, como é conhecido, já era considerado um personagem da Vila. Vivia em extrema pobreza e era tido como louco e maldito pelos moradores de São Jorge, além de ser o alvo preferido das brincadeiras pouco amistosas das crianças do povoado.
Moacir nasceu com má formação óssea, tem baixa estatura, é surdo do ouvido esquerdo e se comunica com dificuldade por ser fanho. Desde criança até por volta dos 30 anos portava consigo um cobertor que lhe cobria o rosto e parte do corpo. Por um pequeno orifício enxergava o mundo.
O motivo da rejeição por parte da população da Vila de São Jorge estava em seu aspecto físico, no jeito arredio, e, principalmente, nas figuras enigmáticas que costumava pintar com carvão e pigmentos da natureza sobre postes, calçadas ou caixas d’água. Entre as imagens, vários capetas com falos enormes espalhados pela pequena Vila. (...)
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