FILMES HISTÓRICOS E GÊNERO: ENTRE VEROSSIMILHANÇA E CARNAVALIZAÇÃO
DOI:
https://doi.org/10.5216/o.v19i1.53472Palavras-chave:
Cinema Brasileiro, Colonização, Gênero, Cultura Histórica, Ficção HistóricaResumo
Este trabalho propõe discutir as construções do conhecimento histórico e das relações de gênero em quatro filmes históricos brasileiros, tendo como recorte contextual o caso da colonização portuguesa: Xica da Silva (Carlos Diegues, 1976), Carlota Joaquina, Princesa do Brazil (Carla Camurati, 1994), Caramuru, A Invenção do Brasil (Guel Arraes, 2001) e Desmundo (Alain Fresnot, 2003). Ao escolher filmes, entendemos que, no uso público de balizas históricas específicas, encontram-se tensões entre a cultura e as referências dos grupos envolvidos e dos padrões de consumo próprios a um objeto da cultura de massa. Esses fatores dão a conhecer a experiência de um passado, mas também estruturam uma narrativa que dá sentido às experiências de vida. Mesmo que o filme retrate certo passado histórico, pode dialogar com as relações de gênero na contemporaneidade. Essas narrativas são como teias de significados, os quais são constantemente relembrados, modificados e trabalhados, o que mantém sua natureza dinâmica e aberta. Isso significa que a prática de construir narrativas históricas se configura num espaço central da própria experiência de vida humana, uma vez que este sentido possível de orientação temporal constrói uma espécie de conexão com os diferentes entendimentos do passado e nossas identidades atuais. A escolha pelos filmes sobre a colonização portuguesa enxerga neste suporte narrativo um espaço de produção de sentido histórico e de referência cultural, um espaço em que o olhar histórico de uma sociedade pode ser analisado de maneira mais ampla.
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