MONOCULTIVOS DE EUCALIPTO, REFLEXIVIDADE E ARENA: DIÁLOGOS INTERDISCIPLINARES EM AMBIENTE E SOCIEDADE

Autores

  • Ramon Felipe Bicudo da SILVA UNICAMP/NEPAM- Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais
  • Francisco Javier ARAOS-LEIVA Centro de Desarrollo Sustentable de Pichilemu UNICAMP/NEPAM
  • Juliana Sampaio FARINACI UNICAMP/NEPAM - Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais da Universidade Estadual de Campinas
  • Leila da Costa FERREIRA UNICAMP/IFCH - Instituto de Filosofia e Ciências Humanas

DOI:

https://doi.org/10.5216/teri.v2i2.23287

Palavras-chave:

interdisciplinaridade, modernidade, risco, conflito ambiental, eucaliptocultura

Resumo

Em muitas regiões o impacto social e ambiental dos monocultivos de eucalipto continua sendo amplamente debatido e, por esta razão, essa atividade agroindustrial florestal tem incentivado o desenvolvimento de diversas pesquisas científicas, o surgimento de mecanismos de mercado (selos verdes e certificações) para que o setor atenda às demandas da sociedade e do comércio, bem como o embate entre diferentes atores (sociedade civil, comunidade cientifica e setor florestal) envolvidos. Nesse contexto, onde se enfrentam diferentes discursos e posicionamentos, construídos através do processo histórico de cada grupo social na sua relação com o modelo de desenvolvimento, se firmam as oportunidades para o diálogo e negociação, elementos chave para uma condução, com ampla participação, do atual modelo de desenvolvimento para uma nova plataforma orientada nas bases da sustentabilidade. Este artigo busca discutir alguns elementos teóricos da modernidade que permitam problematizar as questões socioambientais e aplica, sobre a questão da eucaliptocultura, conceitos da sociologia ambiental (modernização reflexiva, arena ambiental e sociedade de risco) a fim de criar um arcabouço conceitual que contribua para: (1) compreender o conflito entre projetos e visões distintas de desenvolvimento; (2) oferecer elementos para pensar a superação dos dilemas socioambientais postos pela modernidade.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Ramon Felipe Bicudo da SILVA, UNICAMP/NEPAM- Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais

Biólogo (UNESP/Bauru), Doutorando (UNICAMP), Msc-Engenharia Agronômica (UNESP/Botucatu), Especialista em Gestão Ambiental (UFSCar). Educação ambiental, pesquisa social, gestão ambiental de paisagens urbanas e agrícolas, sensoriamento remoto e geoprocessamento.  Integrante do Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais - NEPAM/UNICAMP. Doutorando em Ambiente e Sociedade.

Francisco Javier ARAOS-LEIVA, Centro de Desarrollo Sustentable de Pichilemu UNICAMP/NEPAM

Antropólogo Social (Universidade do Chile). Doutorando-NEPAM/UNICAMP. Conflitos ambientais, populações tradicionais e governança ambiental. Participa desde o ano 2005 no Centro de Desarrollo Sustentable de Pichilemu, organização civil que promove o desenvolvimento integral do borde costeiro no Chile

Juliana Sampaio FARINACI, UNICAMP/NEPAM - Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais da Universidade Estadual de Campinas

Possui Doutorado em Ambiente e Sociedade pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP - 2012), Mestrado em Genética e Biologia Molecular pela UNICAMP (2001) e Graduação em Biologia pela UNICAMP (1996). Atualmente é Pesquisadora Colaboradora e pós-doutoranda no Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais da Universidade Estadual de Campinas (NEPAM/UNICAMP). Atua em pesquisa, ensino e extensão com foco nas interações homem-ambiente.

Leila da Costa FERREIRA, UNICAMP/IFCH - Instituto de Filosofia e Ciências Humanas

Prof. Dra. do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas – IFCH/UNICAMP. Graduação em Ecologia (UNESP). Msc. em Sociologia (UNICAMP). Doutorado em Ciências Sociais (UNICAMP). Pós-doutorado na Universidade do Texas-EUA em Políticas Públicas e Ambiente e Pós-Doutorado na Universidade de York - Inglaterra em Teoria Social e Ambiente. Livre Docência em Sociologia Ambiental. Membro do Associate Faculty of the Earth System Governance Project. Profa. visitante no Programa top China-Shangai Jio Tong University/ Summer Course - China. Coordenadora do Grupo de Estudos Brasil/China junto ao Centro de Estudos Avançados da UNICAMP. Atua nos temas: sociologia ambiental, sustentabilidade, interdisciplinaridade, questão ambiental e teoria social. Pesquisadora CNPq-1D. Representante da UNICAMP junto ao WUN Global Challenges/Adaptating to climate change desde agosto de 2012.

Referências

ADEODATO, S. Pequeno produtor entra na busca pelo selo verde. Valor Econômico. São Paulo, setembro, 2011. Disponível em: <http://www.valor.com.br/brasil/1013666/pequeno-produtor-entra-na-busca-pelo-selo-verde> Acessado em: 22 de fevereiro de 2012.

ALMEIDA, A. C.; SOARES, J. V. Comparação entre uso de água em plantações Eucalyptus grandis e a floresta ombrófila densa (Mata Atlântica) na costa leste do Brasil. Revista Árvore. Viçosa, v. 27, n. 2, p. 159-170. 2003.

ALVAREZ, S. E.; DAGNINO, E.; ESCOBAR, A. (org.) Cultura e política nos movimentos sociais latino-americanos: novas leituras. Belo Horizonte: UFMG, 2001. 538 p.

ANDREASSIAN, N. Water and forests: from historical controversy to scientific debate. Journal of Hydrology, 291: 1-27. 2004.

BAENA, E. S. A rentabilidade econômica da cultura do eucalipto e sua contribuição ao agronegócio brasileiro. Conhecimento Interativo. São José dos Pinhais, v. 1, n. 1, p. 3-9. 2005.

BALBINOT, R.; OLIVEIRA, N. K.; VANZETTO, S. C.; PEDROSO, K.; VALERIO, A. F. O papel das florestas no ciclo hidrológico em bacias hidrográficas. Ambiência. Guarapuava, v. 4, n. 1, p. 131-149, jan./abr. 2008.

BAUD, M.; CASTRO, F.; HOGENBOON, B. Environmental Governance in Latin America: Towards an integrative Research Agenda. Eropean Review of Latin American and Caribbean Studies 90. Amsterdam: NALACS, p 79-88. 2011.

BECK, U. Risk Society: Towards a new modernity. Londres: Sage Publications. 1992. 232 p.

BECK, U. A reinvenção da política: rumo a uma teoria da modernização reflexiva. In: BECK, U.; GIDDENS, A.; LASH, S. Modernização reflexiva. São Paulo: Fundação Editora Unesp, 1995. p. 11-71.

BLANCO, D. N.; MENDES, J. N. Aproximaciones alanálisis de los conflictos ambientales em La Patagonia. Reflexiones de historia reciente 1980-2005. Ambiente e Sociedade. Campinas, v. 9, n. 2, p. 47-69. 2006.

CAMARGO, A. P.; CAMARGO, M. B. P. Uma revisão analítica da evapotranspiração potencial. Bragantia. Campinas, v. 59, n. 2, p. 125-137. 2000.

CANNELL, M. G. R. Environmental impacts of forest monocultures: water use, acidification, wildlife conservation, and carbon storage. New Forests. Amsterdam. n. 17, p. 239-262. 1999.

CAPRA, F. As conexões ocultas: ciência para uma vida sustentável. São Paulo: Cultrix, 2002. 296 p.

CARDOSO, P. A importância do eucalipto no Brasil. Painel Florestal, Campo Grande, cap. 1, março, 2011. Disponível em: <http://painelflorestal.com.br/noticias/australia/10971/a-importancia-do-eucalipto-no-brasil> Acesso em: 15 de fevereiro de 2012.

CHAVES, I. Povo Mapuche luta pelo direito à terra.A Nova Democracia, Rio de Janeiro, fevereiro, 2008. Disponível em: <http://www.anovademocracia.com.br/no-40/1520-povo-mapuche-luta-pelo-direito-a-terra>Acessado em: 18 de fevereiro de 2012.

COMISSÃO SOBRE GOVERNANÇA GLOBAL. Nossa Comunidade Global. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 1996. 322 p.

COSTA, M. H.; FOLEY, J. A. Trends in the hydrologic cycle of the Amazon basin. Journal of Geophysical Research. v. 104, n. D12, p. 14,189-14,198, junho. 1999.

FERREIRA, L. C. Dimensões Humanas da Biodiversidade. Ambiente e Sociedade. Campinas,v. 7, n. 1, p. 47-66. 2004.

FERREIRA, L. C. Idéias para uma Sociologia da Questão Ambiental no Brasil. São Paulo: Annablume, 2006. 110 p.

FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS – FAO. State of The World’s Forests 2009. Roma. 2009.

FREITAS, G. J.; MARSON, A. A.; SOLERA, D. A. G. Os Eucalipto no Vale do Paraíba Paulista: Aspectos geográficos e históricos. Revista Geonorte. v. 1, n. 4, p. 221-237. 2012.

FUNDAÇÃO BRASILEIRA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL – FBDS. Mudanças climáticas e eventos extremos no Brasil. São Paulo. 2011. 76 p.

GIDDENS, A. As conseqüências da modernidade. São Paulo: Fundação Editora Unesp, 1991.

GUIMARÃES, R. P. Desarrollo sustentable en América Latina y el Caribe: desafíos y perspectivas a partir de Johannesburgo 2002. In: LIMONDA, H. Los tormentos de La materia. Aportes para una ecologia política latinoamericana. Héctor. Buenos Aires: CLACSO, 2002. p. 123-150.

HANNIGAN, J. Sociologia ambiental. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006. 270 p.

IGLESIAS-TRABADO, G.; WILSTERMANN, D. Eucalyptus universalis. Global cultivated eucalypt forests map 2008. Version 1.0.1. In: GIT Forestry Consulting’s EUCALYPTOLOGICS: Information resources on Eucalyptus cultivation worldwide. 2008. Disponível em:

< http://git-forestry.com/download_git_eucalyptus_map_PT.htm> Acessado em: 22 de fevereiro de 2012.

KOOIMAN, J.; BAVINCK, M.; JENTOFT, S.; PULLIN, R.(eds.) Fish for Life: Interactive Governance for Fisheries. Amsterdam: Amsterdam University Press, 2005. 400 p.

LIMA, W. P. A silvicultura e a água: ciência, dogmas e desafio. In: PROCHNOW, M. Cadernos do Diálogo, v. 1. Rio de Janeiro: Instituto Bioatlântica, p. 8-54.2010.

MARTINI, A. J. A Introdução do Eucalipto no Brasil completa 100 Anos. Blog Tudo Sobre Plantas, Rio Claro, outubro, 2010. Seção Artigos, Árvores, Cultivo, Meio Ambiente. Disponível em: <http://www.tudosobreplantas.com.br/blog/index.php/2010/10/25/a-introducao-do-eucalipto-no-brasil-completa-100-anos/> Acesso em: 15 de fevereiro de 2012.

MAZZOLLI, M. Mosaics of Exotic Forest Plantations and Native Forests as Habitat of Pumas. Environmental Management, v. 46, p. 237-253, 2010.

MORA, A.; GARCIA, C. H. A cultura do eucalipto no Brasil. São Paulo: Sociedade Brasileira de Silvicultura, 2000. 112 p.

MORAN, E. F.; OSTROM, E. Ecossistemas Florestais: interação homem-ambiente. São Paulo: Senac/Edusp, 2009, 544p.

OLIVEIRA, F. Luta contra o eucalipto se internacionaliza. FASE, Vitória, 2007. Disponível em: <http://www.fase.org.br/v2/pagina.php?id=1545>Acessado em: 10 de julho de 2011.

OLIVEIRA, L. M. T. Diagnóstico de fragmentos nativos, em nível de paisagem, em áreas sob influência da Vera Cruz Florestal, Eunápolis, BA. 1997. 74 f. Dissertação (Mestrado em Entomologia) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG. 1997.

OSTROM, E. Governing the commons: the evolution of institutions for collective action. Cambridge University Press, 1990. 280 p.

PINTO, L. P.; PENIDO, J. L. D. Apresentação. In: LIMA, W. P. A silvicultura e a água: ciência, dogmas e desafio. In: PROCHNOW, M. Cadernos do Diálogo, v. 1. Rio de Janeiro: Instituto Bioatlântica, 2010. p. 8-54.

REVISTA MADEIRA. Por que Usar Eucalipto? Revista Madeira, n. 75, agosto. 2003. Disponível em:<http://www.remade.com.br/br/revistadamadeira_materia.php?num=394&subject=Caracter%EDsticas&title=Por%20que%20usar%20eucalipto?> Acessado em: 22 de fevereiro de 2012.

RUTKOWSKI, E. W.; PEREIRA, A. S.; MELLO, L. F. Consumo sustentável: o gesto brusco para as mudanças globais? In: RUTKOWSKI, E. W. Mudanças climáticas e mudanças socioambientais globais: reflexões sobre alternativas de futuro. Brasília: UNESCO, IBECC, 2008. 113-122.

SÃO PAULO. Ação Civil Pública. Processo n0 0000950-48.2011.8.26.0220 do município de Guaratinguetá. Assunto: Meio Ambiente. Disponível em: <https://esaj.tjsp.jus.br/cpo/pg/search.do?paginaConsulta=1&localPesquisa.cdLocal=220&cbPesquisa=NMPARTE&tipoNuProcesso=SAJ&dePesquisa=Fibria>. Acessado em: 28 de maio de 2011.

SILVA, C. L.; MENDES, J. T. G. (Orgs.) Reflexões sobre o desenvolvimento sustentável: Agentes e Interações Sob A Ótica Multidisciplinar. Petrópolis, RJ: Vozes, 2005.

SILVEIRA, P. B. Mamíferos de médio e grande porte em florestas de eucalyptus ssp com diferentes densidades de sub-bosque no município de Itatinga, SP. 2005. 76 f. Dissertação (Mestrado em Recursos Florestais/Conservação de Ecossistemas Florestais) – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2005.

SOARES, N. S.; MOURA, A. D.;, SILVA, M. L.; REZENDE, A. M. Fatores que contribuem para impulsionar o comércio internacional de produtos florestais brasileiros. Centro de Inteligência em Florestas, Viçosa, janeiro, 2011. Texto Técnico. Disponível em: <http://www.ciflorestas.com.br/arquivos/doc_fatores_brasileiros_9240.pdf> Acessado em: 22 de fevereiro de 2012.

TIMO, T. P. C. Mamíferos de Grande e Médio porte em áreas de cultivo de eucalipto das bacias do Alto Paranapanema e Médio Tietê, Estado de São Paulo. 2009. 111f. Tese (Doutorado em Ecologia Aplicada) - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2009.

TREVISAN, R. Estudo do balanço hídrico e da dinâmica do nitrogênio em uma microbacia com plantação florestal de eucalipto no litoral norte do Estado de São Paulo. 2010. 111f. Dissertação (Mestrado em Ciências/Química na Agricultura e Meio Ambiente) – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2010.

VELOSO, P. Chile: Monoculture tree plantations on Mapuche territory, certified by the FSC (Forest Stewardship Council)? Climate Connections, fevereiro, 2011. Disponível em: <http://climate-connections.org/2011/02/28/chile-monoculture-tree-plantations-on-mapuche-territory-certified-by-the-fsc-forest-stewardship-council/> Acessado em: 18 de fevereiro de 2012.

VITAL, M. H. F. Impacto Ambiental das Florestas de Eucalipto. Revista do BNDES, Rio de Janeiro. v. 14, n. 28, p. 235-276, dezembro. 2007.

WHITEHEAD, D.; BEADLE, C.L. Physiological regulation of productivity and water use in Eucalyptus: a review. Forest Ecology and Management, 193: p. 113-140.2004.

Downloads

Publicado

2012-12-30

Como Citar

SILVA, R. F. B. da; ARAOS-LEIVA, F. J.; FARINACI, J. S.; FERREIRA, L. da C. MONOCULTIVOS DE EUCALIPTO, REFLEXIVIDADE E ARENA: DIÁLOGOS INTERDISCIPLINARES EM AMBIENTE E SOCIEDADE. Revista Terceiro Incluído, Goiânia, v. 2, n. 2, p. 32–50, 2012. DOI: 10.5216/teri.v2i2.23287. Disponível em: https://revistas.ufg.br/teri/article/view/23287. Acesso em: 28 mar. 2024.